Quarta-feira, 22 de Junho de 2011

Dívida grega: a União Europeia e o FMI querem esmagar a resistência dos povos indignados - ATTAC, França

(texto enviado e traduzido por Júlio Marques Mota)

 

Dívida grega: a União Europeia e o FMI querem esmagar a resistência dos povos indignados


A União Europeia e o FMI puseram o cutelo sobre o pescoço  do Parlamento grego : devem votar urgentemente o terceiro plano de austeridade e de privatizações de um  ano, mais draconiano ainda que os precedentes, ou  então cortar-se-ão  os víveres à Grécia que assim deixará de poder  pagar aos seus funcionários.


A mensagem é clara: a finança europeia não tem nenhuma intenção de ceder face aos movimentos sociais que se desenvolvem na Europa do Sul e que estão na origem das  manifestações espectaculares deste fim de semana na Espanha e na Grécia. Os governos grego, espanhol ou português são intimados a  esmagar sob uma austeridade implacável as suas  populações que contra estas politicas se  indignam. É necessário fazer da Grécia um exemplo  para dissuadir os outros países de levantarem  a cabeça.

Cada um sabe no entanto que a dívida pública da Grécia é insustentável: todos os observadores, e mesmo os economistas dos bancos, o reconhecem e o afirmam. As políticas de austeridade colocam a Grécia - mas também a Espanha, a Irlanda e Portugal… - face a uma crise social dramática sem lhes estar a oferecer nenhuma perspectiva de estabilização económica. Os sucessivos cortes orçamentais não permitem de modo nenhum  reduzir o défice, porque mais  as despesas públicas se reduzem  mais as receitas se reduzem-se elas também devido ao agravamento da recessão.

É por isso que “as elites” européias estão divididas. O governo alemão é pressionado por uma opinião pública que não compreende porque só os contribuintes europeus são solicitados a pagar. Esta  quer  que os credores privados da Grécia - geralmente os bancos europeus - assumam uma parte do custo. Um tal reescalonamento parcial da dívida não procuraria  poupar o povo grego; mas antes teria a função de tornar “ duradoura” a cura de austeridade que lhe é imposta, evitando um desmoronamento a curto prazo.

 

Mas, sob as ordens  de Jean-Claude Trichet, presidente  do Banco Central Europeu  e de John Lipsky, o Director Geral adjunto do  FMI, a União Europeia vetou  este modesto empurrão  proposto por Berlim. Lipsky repreendeu  os dirigentes  alemães, tratando como  “criancices improdutivas ” as discussões em redor de uma contribuição do sector privado. Nicolas Sarkozy apoiou sem condições a linha dura do BCE e do FMI que consiste em impôr imediatamente uma prova de força contra os movimentos de resistência. Esta escolha, se for confirmada, empurraria a Grécia para a situação de incumprrimento e tornaria inevitável uma grande crise bancária e financeira a curto prazo. Cegueira  dogmática ou bluff cínico? Trata-se talvez e sobretudo de uma  verdadeira declaração  de  guerra feita  pela finança ao Estado social na Europa, onde a Grécia é o primeiro elo  da cadeia.

Perante esta declaração de guerra, os movimentos sociais europeus devem organizar  uma mobilização geral em apoio ao povo grego. Para além da solidariedade internacional, trata-se de uma causa imediatamente comum: a derrota do povo grego tornaria mais difícil a resistência espanhola e abriria o caminho à generalização dos planos de hyper-austeridade que quer impôr o pacto para o Euro  e, destes, os seus  principais instrumentos serão votados ma quinta-feira no Parlamento Europeu.

Attac France, com a rede Attac da Europa com quem  se reuniu na Grécia a 18 e 19 de Junho, exprime o seu apoio e a sua solidariedade com os movimentos sociais e os cidadãos indignados da Europa. Com eles, Attac exige a criação de mecanismos de auditoria do cidadão sobre as dívidas públicas, que mostrará o carácter ilegítimo de uma larga parte destas dívidas e abrirá o caminho à sua denúncia. As populações  não têm que  pagar a falência da finança. Attac France organiza esta quinta-feira em Paris uma reunião pública com representantes dos partidos políticos de esquerda presentes no Parlamento Europeu, para denunciar o pacto para o Euro e debater as alternativas para a hiper-austeridade e a ditadura da finança.


Attac França,

Paris , 21 de Junho de 2011

publicado por Luis Moreira às 13:00

editado por Augusta Clara às 13:37
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2 comentários:
De Luis Moreira a 22 de Junho de 2011
Aqui em Portugal tudo feito pela mão do PS e de Sócrates, um e outro definitivamente socialistas...
De Inês Aguiar a 22 de Junho de 2011
Belo e grande trabalho do Julio M. Mota, Luís e Augusta.
Enorme preocupação quanto a esta declaraçõa de guerra dos "grandes" da finança.

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