Do processo de pedofilia, de algumas coisas me lembro bem, das declarações de Durão Barroso a afirmar que agora é que se ia ver como é que a justiça portuguesa ia enfrentar os poderosos, ele que sabia como eu sabia que a origem de classe de Paulo Pedroso não estava distante da dele e da minha também, esta última ainda de mais baixos rendimentos do que as restantes. Não é por acaso que na carta aberta em tempos enviada a Durão Barroso escrevi: “muitas das receitas do sector financeiro não são um valor acrescentado à economia nacional, não são o valor de contrapartida de uma prestação de serviços aos agentes económicos como as contabilizam os sistemas nacionais de contabilidade e o Eurostat, porque simplesmente não as considera sequer como serviços prestados, e muitos dos lucros financeiros são assim considerados para as gentes que vêm do meio social de onde eu venho e o senhor Presidente também segundo julgo, são, dê-se o valor exacto às palavras, são então um verdadeiro roubo”
Lembro-me que, afinal, do lado dos fortes viu-se bem quem estava, era ele, Durão Barroso, viu-se vê-se agora e de novo qual é o único lado onde terá gostado de estar, exactamente ao lado dos mais fortes, neste caso até como aliado supremo dos mercados de capitais.
Lembro-me de um artigo de jornal que mandei pelo grande amigo Fausto Correia, na altura deputado, para entregar ao Paulo Pedroso e neste a mensagem era clara: face aos desígnios de um destino que não construíamos era necessário resistir e era o que eu lhe sugeria . Tratava-se da descrição de dois casos tratados na justiça inglesa sobre o mesmo tema, onde se descrevia o que poderia ser considerado como inacreditável.
Lembro-me ainda das declarações pingadas pelo Director da polícia Judiciária relativamente ao secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues e para acabar por aqui lembro-me ainda de que cada vez que havia dificuldades no plano político o assunto da Casa Pia reacendia-se como rastilho aceso em seara seca no pico do Verão.
Lembro-me de ter falado com um dos relatores de um recurso ou parecer que foi feito sobre o processo Casa Pia conduzido pelo primeiro juiz que dele se encarregou e o que me foi dito pela relatora foi mais ou menos isto: o Paulo Pedroso pode ser o que quiserem. Nada disso discuto mas sei que nunca vi processo tão sem pés nem cabeça. Mas sobre este mesmo processo montou-se um outro processo que ia decapitando a esquerda em Portugal.
O aproveitamento político do caso foi claro como água cristalina e houve gente que politicamente com isso foi queimada, mas nada disso incomodou a nossa direita que até foi para Bruxelas. Falo de Durão Barroso e companhia..
Nada disto tem a ver com as vítimas do processo. Estranho agora que as gentes de esquerda reacendam o processo e desta forma, no sentido inverso, pois que apresentado o tema depois de umas eleições perdidas. Estranho agora também que as gentes de Estrolabio, de direita ou de esquerda agora não discuto, reabram também elas uma polémica que a nada pode levar, porque suporte material para a discussão não há e, bom…se material há então que o entreguem na Judiciária e que se diga isso alto e bom som no Estrolabio, não vá acontecer que o material se perca pelos corredores até porque algum novo director disso se esqueceu. Lamento o paralelismo das afirmações com as eleições perdidas por uns, os socialistas e José Sócrates, e a perder em breve pelos outros que agora as ganharam, Passos Coelho e companhia.
Lembro-me também de um debate televisivo em que Paulo Portas terá dado “um baile” a Carlos Candal e de novo um paralelismo, aparece no dia seguinte alguma vez um folheto a acusar Portas de ser gay, com origem, creio eu, em Aveiro. Assim não, nunca os fins justificaram os meios, nem sequer os meios a arranjar poderão ser justificados pelos fins que se querem alcançar. Isso não é eticamente de esquerda, se de ética aqui se deve falar. Nessa não entro eu e, francamente, sugiro que larguemos mesmo as questões pessoais à volta do tema.
Uma outra coisa é o artigo de grande qualidade que vi hoje no Estrolabio colocando a questão política e económica à volta dos submarinos e esta é uma história que a memória não me falta vem desde Jaime Gama , Guterres e José Penedos, lembro-me eu, se a minha memória de velho não me começa a faltar. Parabéns ao seu autor. Esta questão, a dos submarinos, a da política de defesa nacional sobretudo, mas também a europeia merece mesmo ser analisada e esse é o terreno válido para se poder criticar Portas e aqueles que nesta história de milhões gastos se meteram. Isso sim, é o terreno válido para a discussão. Ou não será que as nossas costas em muito do contrabando são a porta de entrada para Europa e contra este para que nos servem os ssubmarinos? Para ir atrás de barcos ultra-rápidos, talvez se pense então !
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