Quinta-feira, 16 de Junho de 2011

Privatizar a água - Passos Coelho, Berlusconi - a mesma luta - por Carlos Mesquita

(Publicado em oclarinet em 14-06-2011)
 
Na Itália, que decidiu através de referendo ser uma República, desde 1995, (ano em que houve 12 referendos,
 5 dos quais aprovados) que não se conseguia quórum num referendo.
Na consulta popular que agora decorreu, referida aqui, participaram 57% dos eleitores. O governo de Berlusconi, e ele próprio que apelou à abstenção (!) perderam em toda a linha. Humilhado há pouco nas eleições municipais em que perdeu baluartes como Milão e Nápoles entre outros descalabros, Berlusconi enfrenta agora a oposição que deseja a queda do governo, e a ameaça do seu aliado Umberto Bossi, da Liga do Norte, que não quer ser
arrastado na sua queda.
Da votação resultou a oposição em massa (94 a 96%) dos italianos às intenções do governo Berlusconi. Votaram contra a imunidade judicial dos governantes, o regresso da produção nuclear de energia, e a privatização da água.
Para os portugueses, que não têm centrais nucleares (e quem as defende, após Fukushima tem de aguardar melhores dias), nem tem ministros envolvidos em tribunais ou em “bunga-bungas”, o que interessa destas
matérias é a privatização da água.
Sobre a intenção de Passos Coelho privatizar a água aqui escrevi.
Sabe-se o que a Constituição protege, mas sabe-se igualmente das pressões para ultrapassar a Lei fundamental.
O ambiente criado na imprensa (berlusconizada) portuguesa, vai no sentido de que não há tempo para discutir nada, tem de se fazer o que a troika manda e o futuro governo acrescenta, depressa e sob ameaça.
Isso não vai ser assim, há umas guerras concretas a travar. Em Itália a “Acqua” é um “Bene Comune”, em Portugal é um Bem Público.

 
publicado por Carlos Loures às 12:00

editado por Augusta Clara às 01:49
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7 comentários:
De Luis Moreira a 16 de Junho de 2011
Se o Estado fizesse o que só ele pode fazer, a água é sem dúvida um desses sectores. Mas como o Estado faz tudo e mais alguma coisa, a maioria mal, veja-se a situação da Justiça, do ensino, da saúde, da administração pública, das empresas onde está envolvido, então há que saber se quando falamos na água estamos a falar no sector "em alta" (captação, tratamento) ou na distribuição.(em baixa). Na distribuição as perdas rondam os 60% da água captada. Eu acho que "em alta" deve ficar nas mãos do estado.
De Carlos Mesquita a 16 de Junho de 2011
Luís, quando se fala em água é H2O, incolor, inodora, insípida, e tratada - para não ter e-coli e outros cocas.

A água pública não é alta nem baixa, toma a forma do recipiente que a contém, como se aprende na escola pública.

Os privados vão aceitar a gestão da água dos municípios menos populosos e rurais, onde as receitas não cobrem os custos? Como nos transportes quererão a Linha de Sintra e Cascais evidentemente, ou seja a dos centros urbanos ou onde foram feitos melhorametos nas redes. Para o resto, se ficassem com ela só com subsídios do Estado para cobrir os prejuízos. Teriamos água com portagens tipo SCUT, a alternativa seria o princípio do utilizador pagador? Quem poderia pagar a água potável?

As perdas existem porque os fundos de Bruxelas não foram para a modernização da distribuição municipal, foram para a captação e tratamento. Os privados vão fazer as obras necessárias na rede de distribuição em baixa? Ou o Estado faz as obras e dá a torneira aos privados? Com essas obras feitas, os municípios provavelmente nem precisam aumentar tarifas para pagar as dívidas à Águas de Portugal, e ter lucro.

Prometeram dar empresas lucrativas aos amigos, é a única razão para ser governo nestas condições.
É clarinho como água pura.

A água não é um bem comerciável, é um serviço social.

De Luis Moreira a 16 de Junho de 2011
Claro que as perdas da água só se evitam com investimentos, que os municipios não fazem.Mas , se as regras do jogo estiverem claramente definidas, não me custa nada a aceitar que a água, tal como todos os sectores estratégicos, sejam propriedade do estado.Quanto à sua gestão é que já é outra coisa.Assim os contratos fossem honestos e razoáveis.
De Luis Moreira a 16 de Junho de 2011
Basicamente, coloco a questão assim. Do que é preciso que o estado largue a mão para ter uma justiça capaz e célere, sem a qual o país não anda, incluindo a economia? Fazer tudo é não fazer nada, como se vê. E, perguntas destas, podem-se fazer aos montes...são estas opções que é preciso tomar. Largar o quê para que os sectores que só o estado pode fazer funcionem bem.
De Carlos Mesquita a 16 de Junho de 2011
Básicamente o tema era a água e resolveste comentar o ar.
De Luis Moreira a 16 de Junho de 2011
Basicamente, com perdas de 60% na distribuição, o sistema actual é insustentável.Quanto à água estamos de acordo.
De Luis Moreira a 16 de Junho de 2011
E este texto está a ser muito lido.Parabéns, Carlos.

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