As suspeitas de graves irregularidades no negócio de aquisição dos dois submarinos celebrado entre o Estado português e a “German Sumarine Consortium” motivou a “visita”, em 2009, das autoridades às sedes das sociedades de advogados Vieira de Almeida e Sévulo & Associados tendo sido constituídos vários arguidos e apreendidos mais de um milhar de documentos, quer em papel, quer em suporte informático, que, mais de dois anos depois, ainda nem sequer foram devidamente analisados pelo Núcleo de Apoio Técnico (NAT) do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), soube o NOTÍCIAS SEM CENSURA.
Apesar das minunciosas buscas feitas até hoje em vários escritórios de advogados e em muitos outros locais que participaram nas negociações entre o Estado português e o consórcio alemão os investigadores não conseguiram atingir, até hoje, o verdadeiro alvo: o contrato de aquisição das duas unidades destinadas a reforçar a Armada portuguesa que, pura e simplesmente, se “EVAPOROU”. O juiz Carlos Alexandre, do Tribunal de Instrução Criminal prolongou recentemente o segredo de justiça deste caso para mais dois anos, devido à sua especial complexidade.
As investigações ao negócio dos submarinos que muito ajudou ao afundamento da nossa economia, tiveram início em Julho de 2006, tendo na sua origem uma certidão retirada do processo “Portucale”, onde se dava conta ao Ministério Público da identificação de uma conta bancária na Suiça e pela qual terão passado quase 30 milhões de euros pagos pela vencedora do concurso à Escom, uma empresa do Grupo Espírito Santo.
A lista de nomes dos envolvidos neste nebuloso negócio é longa. Entre as figuras que poderão ter influído nos contratos, seu conteúdo e sua forma, entre o Governo de Lisboa e o consórcio germânico encontra-se Paulo Portas, ministro da Defesa aquando da sua negociação e assinatura, bem como os homens de confiança que nomeou para o grupo de trabalho que o assessorou no programa de aquisição dos submarinos e que são: coronel Fernando Serafino (director-geral do Armamento e Equipamentos de Defesa, coordenador do grupo de trabalho), contra-almirante Luís Caravana (da Direcção de Navios da Marinha, responsável pela parte operacional, técnica e logística); Pedro Brandão Rodrigues (presidente da Comissão das Contrapartidas, hoje deputado do CDS), Bernardo Carnall (secretário-geral do Ministério da Defesa, para a área financeira) e Bernardo Ayala (advogado, na altura da Sérvulo Correia e Associados, o escritório que apoiou juridicamente o ministério). Este é, até à data, o único arguido no processo 56/06, ainda em investigação. Gil Corrêa Figueira, representante da Ferrostaal em Portugal e Jürgen Adolff, ex-cônsul honorário de Portugal em Munique, cargo que acumulava com o de consultor do consórcio alemão, também farão, entre outros, parte do rol.
As autoridades portuguesas estão em crer que na documentação apreendida recentemente pela polícia alemã em buscas à sede da Ferrostaal, possa estar a chave para o enigma em torno do paradeiro dos tais cerca de 30 milhões de euros pagos, segundo os investigadores germânicos, pelo German Submarine Consortium (GSC, representado pela Ferrostaal) à ESCOM (empresa que até ao início deste ano pertencia ao Grupo Espírito Santo), com a qual subscreveu acordos de prestação de serviços em 1996, 1998 e 2003. O último pagamento conhecido foi registado a 1 de Julho de 2008.
Os investigadores conseguiram seguir o rasto desse dinheiro até offshores nas Bahamas e nas Ilhas Cayman (Caraíbas), onde o perderam. A suspeita é a de que parte desse dinheiro possa ter sido usada para influenciar a escolha do consórcio fornecedor dos submarinos, sendo que a investigação aponta para uma coincidência de datas (em 2004) entre avultados pagamentos da Ferrostaal à ESCOM e depósitos em numerário, num valor superior a 1 milhão de euros numa conta titulada pelo CDS, partido liderado por Paulo Portas, ministro da Defesa na época.
Aquando da aquisição das unidades navais a NATO alertou que a compra de submarinos era desnecessária e que os milhões em causa deveriam ser investidos por todos os ramos militares. Apesar do conselho, o então ministro da Defesa, Paulo Portas, actual líder do CDS/PP e prestes a formar Governo com o PSD, terá dado o seu aval à compra dos dois submarinos U-214. Acresce que já este mês Portugal perdeu o Comando NATO que funcionava em Oeiras.