Terça-feira, 14 de Junho de 2011

Records melangiosos, si voleu e El jorn que m'infantà mori i pereixi - dois sonetos de Luís de Camões traduzidos por Josep A. Vidal

 

Dois sonetos de Luís de Camões traduzidos para catalão por Josep A. Vidal

 

 

Malgrat que amb retard, llegeixo aquesta notícia i no puc deixar d'afegir-me a l'homenatge a Camôes, gran entre els més grans de la poesia europea, l'obra del qual admiro sense reserves. Tot compartint la profunda vibració poètica de la interpretació que Amália Rodrigues fa de Camôes, reto homenatge al poeta amb aquesta versió catalana de dos dels seus sonets:

 

Records melangiosos, si voleu

 

Records melangiosos, si voleu
que fineixi ma vida en tal estat,
no visc pas del meu mal tan enganyat
que no n'esperi encara un mal més greu.

Fa ja molt temps que, constants, m'aveseu
a viure de tot bé desesperat;
ja tinc amb la Fortuna concertat
de suportar les penes que em doneu.

Fermada tinc al rem la paciència
per a quanta dissort la vida em guarda;
que frisi tant com vulgui el pensament,

que, si no hi ha cap altra resistència
per a tan alta i dura rodolada,
li pararé dessota el sofriment.

 

 

Lembranças saudosas, se cuidais

Lembranças saudosas, se cuidais

De me acabar a vida neste estado,

Não vivo com meu mal tão enganado,

Que não espere dele muito mais.

 

De muito longe já me costumais

A viver de algum bem desesperado;

Já tenho co'a Fortuna concertado

De sofrer os trabalhos que me dais.

 

Atado ao remo tenho a paciência,

Pêra quantos desgostos der a vida;

Cuide em quanto quiser o pensamento;

 

Que, pois não há i outra resistência,

Pêra tão certa queda de subida,

Aparar-lhe-ei debaixo o sofrimento.

 

 


El jorn que m'infantà mori i pereixi

 

El jorn que m'infantà mori i pereixi
que mai el temps no el vulgui tornar a dar;
que mai més torni al Món, i, si era el cas,
que un eclipsi, aquell jorn, el Sol cobreixi.

Que li falti la llum, que el Sol negregi,
que d'acabar-se el món doni senyals,
que el jorn engendri monstres, plogui sang,
que al propi fill la mare no conegui.

I que tothom colpit, per ignorant,
els ulls plorant, la cara empal•lidida,
pensi que el món ha estat ja destruït.

O gent poruga, feu fora l'espant,
perquè aquell jorn va donar al Món la vida
més dissortada que mai hom ha vist!

 

 

O dia em que nasci moura e pereça

 

O dia em que nasci moura e pereça,

Não o queira jamais o tempo dar;

Não torne mais ao Mundo, e, se tornar,

Eclipse nesse passo o Sol padeça.

 

A luz lhe falte, o Sol se [lhe] escureça,

Mostre o Mundo sinais de se acabar,

Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,

A mãe ao próprio filho não conheça.

 

As pessoas pasmadas, de ignorantes,

As lágrimas no rosto, a cor perdida,

Cuidem que o mundo já se destruiu.

 

Ó gente temerosa, não te espantes,

Que este dia deitou ao Mundo a vida

Mais desgraçada que jamais se viu!

 

Amália canta Camões  Dura Memória

 



publicado por Augusta Clara às 19:00
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1 comentário:
De Augusta Clara a 14 de Junho de 2011
Uma belíssima homenagem a Camões, esta tradução do Josep , que pessoalmente me sensibiliza muito.

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