Não tive julgamento, nem advogado, nem sentença. Os meus filhos e familiares continuam a procurar-me. Até quando?
É com variações desta frase que cineastas, actores, músicos e escritores dão voz a 15 assassinados pelo franquismo; cada relato é separado pelo som da descarga dum pelotão de fuzilamento.
O primeiro relato é do cineasta Pedro Almodóvar que interpreta Virgilio Leret Ruiz, aviador, chefe da Força Aérea da Zona Oriental de Marrocos e que foi o primeiro militar assassinado pelos seus camaradas militares, sublevados, por se ter recusado a aderir ao golpe franquista.
A iniciativa foi da Plataforma contra la impunidad del franquismo
Para os portugueses da geração de Abril toca particularmente ver a página desta com dois cravos vermelhos.
Os crimes franquistas, durante e após a guerra civil, foram perdoados ao abrigo de uma amnistia de 1977, anterior à aprovação da Constituição do estado espanhol, e, pior, os principais partidos de poder comportam-se como se tivessem um pacto tácito para não falar sobre o assunto e enterrá-lo no esquecimento do tempo.
Para que tal não aconteça constitui-se a Asociación para la recuperación de la memoria histórica
, uma das impulsionadoras da Plataforma contra a impunidade do franquismo.
Também em Portugal ficaram impunes muitos dos crimes e abusos da ditadura salazarista. Importa não esquecer e contar o que aconteceu, para impedir futuros branqueamentos, é o mínimo dos mínimos. Vejam a página do Movimento Cívico Não Apaguem a Memória!
O que está inscrito no visual e sonoro deste trabalho contém uma força que arrepia. Será bom reavivar a memória das gerações mais jovens quando já é perceptível o renascer de certa linguagem e atitudes de quem supõe que um tempo de mudança está a chegar.