Adão Cruz In limine
(Adão Cruz)
Pelos caminhos de prantos e sorrisos dentro de um tempo farto de horas sem minutos a vida vai colhendo flores que murcham por não serem simples flores ou flores simples sem exigências de estufa ou jardim flores de terra húmida céu por cima e sol de permeio.
Em tudo o que me é vida interfere a vergonha de ser adulto descortino as janelas que me disseram haver dentro dos homens e só vejo muralhas nada de crianças os homens comeram as crianças os homens comeram-se crianças os homens pariram-se adultos.
Os pongídeos chegaram a homens quinze milhões de anos para o homem ser bicho… bicho erecto rastejo de púrpura.
Eu nasci na erva e dormi no feno e acordei com a voz dos melros e rouxinóis e saltitei com os pardais vesti-me de sol e despi-me de luar estreei o mundo no abraço das árvores e no beijo dos rios meus olhos dormidos casavam a noite e o dia no mesmo silêncio de sonho-menino a vida viveu em mim crescendo todos os tamanhos e medindo todos os céus também eu fui criança e matei em mim a criança que procuro ao pensar que eram de amor as mãos que a mataram.
Passei a vida a correr tropeçando nas sombras arrumei ao canto da luz mil horas vazias sangradas a curricular futuros para ser gente na praça dos homens pisei os passos pequeninos nos avessos da verdade e palmilhei léguas vagarosas a tossir poeira.
Vestido de ausências fui renascendo de amor pela vida fora nos infinitos da fantasia que outros foram lentamente matando com fruído prazer.
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