Quarta-feira, 8 de Junho de 2011

In limine - Adão Cruz

 

Adão Cruz  In limine

 

(Adão Cruz)

 

 

Pelos caminhos de prantos e sorrisos dentro de um tempo farto de horas sem minutos a vida vai colhendo flores que murcham por não serem simples flores ou flores simples sem exigências de estufa ou jardim flores de terra húmida céu por cima e sol de permeio.

 

Em tudo o que me é vida interfere a vergonha de ser adulto descortino as janelas que me disseram haver dentro dos homens e só vejo muralhas nada de crianças os homens comeram as crianças os homens comeram-se crianças os homens pariram-se adultos.

 

Os pongídeos chegaram a homens quinze milhões de anos para o homem ser bicho… bicho erecto rastejo de púrpura.

 

Eu nasci na erva e dormi no feno e acordei com a voz dos melros e rouxinóis e saltitei com os pardais vesti-me de sol e despi-me de luar estreei o mundo no abraço das árvores e no beijo dos rios meus olhos dormidos casavam a noite e o dia no mesmo silêncio de sonho-menino a vida viveu em mim crescendo todos os tamanhos e medindo todos os céus também eu fui criança e matei em mim a criança que procuro ao pensar que eram de amor as mãos que a mataram.

 

Passei a vida a correr tropeçando nas sombras arrumei ao canto da luz mil horas vazias sangradas a curricular futuros para ser gente na praça dos homens pisei os passos pequeninos nos avessos da verdade e palmilhei léguas vagarosas a tossir poeira.

 

Vestido de ausências fui renascendo de amor pela vida fora nos infinitos da fantasia que outros foram lentamente matando com fruído prazer.

publicado por Augusta Clara às 19:00
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16 comentários:
De Augusta Clara a 8 de Junho de 2011
Adoro este quadro. Quem dera fosse meu.
O poema é lindíssimo. Esta é umas página de hino ao Amor.
De adao cruz a 8 de Junho de 2011
Pois será mesmo teu, já que o dizes dessa forma.
De Augusta Clara a 8 de Junho de 2011
Obrigada, Adão, Não te incomodes :-)))
De Luis Moreira a 8 de Junho de 2011
bela poesia sem "escadinhas"...
De António Gomes Marques a 8 de Junho de 2011
Continuas a espantar-me, Adão. O quadro é um poema ao Amor sem necessidade de qualquer comentário escrito. Já vi muita pintura, inclusive em alguns dos mais importantes Museus do Mundo, mas um quadro assim, que tanto me faz retroceder nos momentos de amor que vivi, provocando a minha imaginação em completa liberdade, nunca tinha visto (Felizmente, a minha mulher não tem por hábito visitar o blogue!). Oh, Augusta, tens de me deixar ver ao vivo o quadro!
A forma como passas de um motivo a outro mantendo a mesma qualidade estética (conteúdo e forma), deixa-me sem mais palavras... ou apenas duas: abraço amigo.
(Como já ofereceste o quadro à Augusta Clara, senti-me à vontade para este comentário).
De Augusta Clara a 8 de Junho de 2011
Claro que deixo António. Quando ele cá estiver, se quiserem, podem fazer uma excursão :-)))
De Augusta Clara a 9 de Junho de 2011
Só um pequeno esclarecimento para não me chamarem pedinchona: o Adão já me tinha oferecido este quadro. O que eu fiz aqui foi uma pequena rábula em que ele alinhou :-))
De adao cruz a 9 de Junho de 2011
Obrigado a todos, especialmente a ti, António, por essas palavras que me deixam assim...a modos que meio babado.
De Israel Cohen a 9 de Junho de 2011
Do Israel Cohen
Estás, sempre estiveste, em grande forma poética...tal como na pintura...cor, estrutura, dinâmica, equilíbrio, textura, luz e sombra, ambiguidade e ambivalência.
Parabens.
Um abraço
De adao cruz a 9 de Junho de 2011
Obrigado caríssimo Israel por tão belas palavras que, além de ti, colega e amigo, vêm de um humanista e de um artista pintor.
De adriano pacheco a 16 de Junho de 2011
Não desvalorizem o poema com o quadro; ambos são lindos. Então leiam:

"Vestido de ausências fui renascendo de amor pela vida fora nos ifinitos da fantasia que outros foram lentamente
matando[...]"

Outras leituras fantásticas se podem fazer.

Parabéns Adão
De Augusta Clara a 16 de Junho de 2011
Quem é que desvalorizou o poema com o quadro? O quadro é do mesmo autor do poema e são os dois valiosos. Aqui, no Estrolabio , costumamos falar à vontade. Se vai entrar, é muito bem vindo, mas é assim que nós funcionamos: cada um com a sua cabeça e o seu sentir.
De ethel feldman a 16 de Junho de 2011
vestida de ausências supus-me até te ler, Adão.

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