(Continuação da segunda lição)
Qual, porém, a nossa realidade, orientada pela ética das relações? Bem diz um membro do meu seminário de doutorandos que há várias ideias que levam ao entendimento social da criança, antes de ser passada pelo crivo da terapia, psicanálise, entendimento normal do inconsciente e observação punida do consciente. Ideias retiradas do quotidiano que nos governa. (Hoje Doutor José Manuel Cravo Pombeiro Filipe)
Não é que todo o dito até este parágrafo não pertença à nossa cultura e ao nosso modo de ser, pensar, sentir. Fala-se imenso do mundo globalizado, pelo que não é possível abandonar a ideia da influência em nós, dos grupos sintetizados por mim até esta página e desenvolvidos de forma prudente e sintética, nas seguintes. O mundo é apenas um e a dita globalização não é apenas de economias, mas também de emoções deveres pensamentos.
Pelo menos, Tony Giddens fala assim no seu texto sobre essa Terceira Via[1]: como ultrapassar as desigualdades económicas dos diversos países do mundo, por meio de estratégias de organização estatal, política e económica e organizar o mundo em apenas uma forma de comportamento quanto à manipulação de recursos, como comento no meu livro sobre reciprocidade e mais-valia, publicado em 2008, Afrontamento, Porto. É parte do real dos pais preparar suas crianças na ideia de interagir com grupos além fronteiras, classe social e género, para poder ensinar a essa criançada as formas de interacção entre grupos sociais tão diferentes.
Talvez os Muçulmanos Árabes, Chitas e Sunitas do Paquistão, os Palestinianos e Israelitas da Faixa de Gaza, não tenham a paciência para se juntarem, pelo menos os seus maiores. É dever dos membros destes diferentes grupos da maior religião do mundo, ensinar a diferença teórica e teológica, os planos políticos que fazem dos Sunitas grupos Talismã para a guerra, políticas de investimento que cada grupo tem, o que os obriga a manter uma distância entre si, incluindo disputas de território sobre bases históricas, lei e hierarquia estatal. Tal e qual como acontece entre Cristãos Romanos, Cristãos Ortodoxos Russos, Cristãos Arménios, Cristãos Curdos do Líbano, Ortodoxos Gregos, Luteranos, Calvinistas, Anglicanos e outros grupos da mesma religião, que mal se entendem ou conhecem uns aos outros.
É histórica a ideia de dividir o mundo do Século XV em dois grupos, conforme quem for, falam assim: os Romanos englobavam tudo o que não estava com eles, no conceito Protestante, enquanto os outros denominavam os Romanos de Imperialistas. Nem falo da diferença entre Benfica e Sporting e os debates que causam. Muito mais relevante que esse é o caso Casa Pia, e a pedofilia que tem acontecido, dizem, desde há vinte anos. Mas o que o senso comum nos leva a pensar e a saber é que os mais velhos procuram crianças para prazer físico dentro da linha definida por Charcot, Freud, Klein, Miller, Winnicott e outros que, tal como eu nos meus textos, representamos uma análise e um grito de protesto, um levantamento do protesto queria dizer, dando voz aos mais novos, que não têm epistemologia adequada para se defenderem dos abusos dos adultos. Levantamento de protesto perante as autoridades e os pais que não tiveram atenção com o que acontecia com as suas crianças.
Quais destas ideias são as que os pais, na vida real, devem ensinar aos seus rebentos? Será pensar antes de julgar, procurar antecedentes e factos, como na pesquisa que tem sido feita e que me tem levado a mim e a um grupo a entender os comportamentos eróticos e dar a voz aos pequenos para os pais entenderem que sentem desejo desde a nascença? Será que os pais, na vida real, debatem com os seus filhos o que acontece no mundo, com a dúvida natural que exprimem de não estarem certos sobre se deve ganhar o defensor da criança denominada abusada, ou se na circulação da criança há uma vantagem para a sua família, quanto ao dinheiro que ganham ao prostituir os mais novos? Freud, como Malinowski, ao falarem de Aberração Sexual, definem o conceito e não adjectivam os factos. Há a ética emotiva que pode fazer pensar que as fellatios referidas por mim são abusos de poder sobre as crianças. O pensamento contrário nunca tem sido ouvido por mim: se a criança gosta ou não da relação erótica com um adulto. Na gravidez, por exemplo, estabelece-se, sabemos hoje, uma luta entre um embrião de um ser humano de três meses e um adulto que, sem saber, lhe está a tirar o seu alimento, quando o pai penetra a mãe grávida, Até onde a rapariga deve ouvir dos seus pais esta realidade e qual a cronologia adequada para saber que amar é também fornicar? Ou, como entender que o conceito adultério não é apenas um facto criminoso, bem como uma rebelião do bebé dentro da mulher por ter entrado no líquido amniótico uma química desconhecida para quem não tem capacidade de entendimento, mas sim sempre muita fome e come pela passagem passiva de líquido da mãe ao bebé, por meio do cordão umbilical? Porque, como diz Malinowski nos Argonautas, ou Godelier para os Baruya, ou Iturra ao analisar os Picunche, não há relação carnal entre progenitores enquanto dura a gravidez? O motivo de tanta mulher a viver com ou o marido, se é Maori, ou o homem da mãe se são da Melanésia ou de Samoa, Silva Pereira nos Mapuche Rauco, não tem relação, como relatam pessoalmente os Hugh-Jones, meus colegas e amigos de Cambridge, para os Barasana da Amazónia Colombiana, se não é para evitar termos adultos de mau humor no crescimento, a seguir a luta com o mundo desde o ventre materno? Qual a opinião sobre incesto, a seguir à morte em Março de Keith Hopkins, ou o silêncio da televisão portuguesa sobre a minha defesa da sua existência em sítios de Portugal? O comportamento humano, a sua relação com a sexualidade, é apresentado como um romance dentro do lar e a intimidade, a libido dos pais, um segredo de portas fechadas ou incontinência enquanto se pensa que a criança dorme. Como mais uma narrativa desse outro meu amigo Christopher Hann, quem devia dormir na única cama dos camponeses polacos, por ordem de hierarquia: os pais numa ponta, a carreira de filhos a seguir e, no fim, o meu amigo, hoje catedrático de Antropologia na Universidade de Bona na Alemanha.
Um número inacreditável de questões brota na minha mente, ao pensar apenas na temática. A análise de Etnopsicologia da Infância, como diz Leopold Szondi na sua obra, trata de entender os elementos da cultura por meio dos quais a realidade é impulsionada – fala de pulsões. Mais um Húngaro a contribuir para o entendimento do comportamento das crianças por parte dos adultos e, especialmente dos eruditos, para desenvolver um comportamento que não retire esse novo ser da proximidade dos seus progenitores. Uma modalidade de entendimento usada por Émile Durkheim, na base de testes, organizados pelo mal conhecido autor[2], salvo de um campo de concentração e que até aos 90 anos trabalhou com crianças. Este teste criado por ele foi usado e impulsionado por Émile Durkheim para o seu texto sobre O Suicídio. Trata o autor de explicar, a seguir aos seus testes em crianças, que o introspectivo das pulsões nessa idade, não é apenas a transferência de factos do exterior para o interior mas, sim, uma interpretação do real que a criança é capaz de desenvolver. Tal como Durkheim prova no seu estudo do suicídio, denominado por ele anômico, causado pelo sentimento do delírio de perseguição que o baixo salário provoca no adulto e na sua família. “Le grand mérite du test de Szondi, c'est à nos yeux qu'il soulève des questions pertinentes davantage qu'il n'apporte de réponses "malheureuses" - "La réponse est le malheur de la question", comme l'a écrit Maurice BLANCHOT dans "L'Entretien infini" - dans le sens où elles ferment les possibilités de dialogue.
La structure du moi "primitif" peut trouver un éclairage utile à la lumière de la théorie kleinienne du fonctionnement psychique.
On sait que Mélanie KLEIN confère un poids particulier au second dualisme pulsionnel de FREUD (Eros-Thanatos) et au mécanisme de clivage en tant qu'il aboutit à distinguer radicalement le bon (objet) du mauvais, premiers représentants représentations des pulsions érotiques et thanatiques comprises dans le sens strict de l'acception freudienne: est érotique ce qui lie, unit et rassemble, est thanatique ce qui sépare, détruit et morcelle.
Mélanie KLEIN prolonge et enrichit les développements de la pensée freudienne inaugurés avec l'introduction de la pulsion de mort dans "Au-delà du principe de plaisir".[3]
[1] Giddens, Anthony, 2000: The third way and its critics, Polity Press, Cambridge Grã-Bretanha. Website para comentários e debate http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&ie=UTF-8&q=Anthony+Giddens+The+third+way&btnG=Pesquisar&meta=
[2] Szondi, Léopold, 1930 foi o ano decisivo para o desenvolvimento de sua teoria, “A Psicologia do Destino”. A partir dos dados colectados de famílias com filhos com algum tipo de deficiência, começou a delinear a teoria da electividade genética e propensão para determinadas doenças. Numa época de muitos perigos, principalmente para a população de origem judaica da Hungria, desenvolveu o “genoteste” e a análise do destino. Muitas famílias fugiram para outros países, mas Szondi, não. Ele lá permaneceu pois o seu trabalho estava num estágio muito avançado
Em 1941, foi obrigado a abandonar o seu status académico, o professorado e a direcção do laboratório de psiquiatria da Universidade Real Húngara. Em Julho de 1944 foi levado, junto com sua mulher e seus dois filhos para um campo de concentração em Bergen-Belsen, próximo a Hamburgo, deixando para trás todo o seu trabalho. No entanto, lá ele continuou difundindo suas ideias para seus colegas de prisão. Em Dezembro de 1944, os americanos conseguiram negociar uma troca com os alemães, que resultou na libertação de 1365 pessoas, entre elas Szondi e sua família, esta acolhida pela Suíça.
Há evidências que sugerem que C.G. Jung foi um dos que activamente contribuíram para sua libertação. O contacto entre ambos era próximo, embora Jung jamais tenha mencionado Szondi em sua obra. O texto mais importante é de 1947: Traité du dignostique éxprimental dês pulsions, base do teste que, durante dez anos, fez em crianças entre os 8 e 10 anos para poder entender se as pulsoes eram coordenadas ou autónomas. Website http://www.gwconsult.com.br/Szondi.asp , para o autor o Website é http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&ie=UTF-8&q=Szondi+&btnG=Pesquisar&meta=
Para o texto: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&ie=UTF-8&q=Leopold+Szondi+Trait%C3%A9+du+diagnostic+experimental+de+pulsion&btnG=Pesquisar&meta =
[3] Melón, Jean e Stasaart, Martine, 2004: «La contribution du Szondi à l’Ethnopsicologie », em website, com texto e comentários http://www.Szondiforum.com/szondiet.htm
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