Escrevo, muita vez, molhando a pena
no amargo fel da minha própria dor
versos gritantes em que ponho em cena
fantasmas de ilusões, versos sem cor.
De rubro e negro, pela dor absortos,
como notas vibrantes de clarim,
finda a batalha, abençoando os mortos,
são os versos que eu faço para mim.
Mas outros há, rebeldes como potros,
onde a graça anda imersa, estua e ri,
feitos prò Mundo rir, neles, dos outros,
quando, afinal, neles se ri de si.
Outros, que mal escrevo e andam dispersos
na voz-cristal das moças do lugar,
incontestavelmente os melhores versos
que faço, porque neles sei pintar
verdes de esperança, azuis do céu da calma
que dentro de nós sorri,
rubros de coração, vermelhos de alma,
esses, que mal escrevo e andam dispersos
na voz-cristal do povo,
são os versos
que eu faço para Ti.
Outubro de 1937
De A Poesia de Álvaro Feijó, de João José Cochofel, Portugália Editora, Lisboa, 2.ª edição, 1961.
. Ligações
. A Mesa pola Normalización Lingüística
. Biblioteca do IES Xoán Montes
. encyclo
. cnrtl dictionnaires modernes
. Le Monde
. sullarte
. Jornal de Letras, Artes e Ideias
. Ricardo Carvalho Calero - Página web comemorações do centenário
. Portal de cultura contemporânea africana
. rae
. treccani
. unesco
. Resistir
. BLOGUES
. Aventar
. DÁ FALA
. hoje há conquilhas, amanhã não sabemos
. ProfBlog
. Sararau