Quinta-feira, 19 de Maio de 2011

Catarina Eufémia e a poesia - por Carlos Loures

 

 

 

A trágica morte de Catarina, transformou-a num símbolo da resistência à ditadura. Não havia, nos tempos que se seguiram, uma ideia clara sobre o que ocorreu naquele dia 19 de Maio em Baleizão. Uma ceifeira fora morta a tiro pela GNR era o dado comum a todas as versões. Em 1962 ou 63, chegou-me às mãos um livrinho editado em França – Le Portugal de Salazar, de Christian Rudel – da colecção Ruedo Iberico. E aí fazia-se uma descrição do trágico acontecimento que não andava longe do que vim a apurar. Nota-se que os poemas sobre Catarina escritos antes do 25 de Abril de 1974 não revelam, por parte dos autores, um conhecimento cabal do que se passou.

 

 

Vou tentar fazer um balanço provisório da poesia escrita sobre o tema antes de Abril de 74. O primeiro terá sido o de Alexandre O´Neill (1924-1986) que,  no entanto só muito mais tarde foi divulgado. O’Neill escreveu sobre o seu poema uma nota muito curiosa. Nele se revelam as dificuldades existentes para se conhecer o que se passara a começar pelo nome da vítima.

 

 Um poema que circulou na clandestinidade

 

«Não sei se foi o Carlos Brito ou o Fernando Correia da Silva quem teve, primeiro, a ideia de «vingar» poeticamente a morte de Catarina Eufémia, que, por deficiência de informação, nós julgávamos, ao princípio, chamar-se Maria da Graça Sapinho. O nome de quem a metralhou, esse, parece não deixar lugar a dúvidas: Carrajola.» (…)«Fechei-me em casa. Meditei o trágico acontecimento e logo senti que, de certo modo, ele era «abstracto» para mim (…).Senti, ao mesmo tempo, que não me podia ficar por palavras, que era preciso experimentar amor ou ódio. Entrei pelo desprezo. Foi então que me surgiu, antes de qualquer verso, este: És como um percevejo num lençol! A partir daí, a linha de força do poema estava encontrada. A segunda estrofe, endereçada a Catarina, é algo convencional. (…) Esses meus versos, que transcrevo de cor, juntaram-se a outros de gente amiga, e assim surgiu, tirado do copiador, um pequeno cancioneiro clandestino em memória de Catarina Eufémia.»

 

À memória de Catarina Eufémia

 

Podes mudar de nome, carrajola

pôr umas asas brancas, arvorar

um ar contrito,

dizer que não, que não foi contigo,

disfarçar-te de andorinha, de
sobreiro ou de velhinha,

podes mudar de nome, carrajola,

de aldeia, de vila ou de cidade

— és como um percevejo num lençol!

Quando tivermos Portugal nos braços

e pudermos amá-lo sem sofrer,

quando o Alentejo se puser a rir,

Catarina Eufémia, minha irmã,

então o teu filho há-de nascer!

(in Coração Acordeão, Lisboa,  2004)

 

Cantar alentejano, de Vicente Campinas

 

O poema de António Vicente Campinas (1910-1998) Cantar Alentejano foi publicado na edição com que o Manuel Simões, o Júlio Estudante e eu, inaugurámos a Nova Realidade, um editora artesanal que publicou obras que o circuito editorial «normal» recusava por receio das represálias. Em 1966 lançaríamos, com prefácio de Manuel Simões, a 1ª edição de Cantares, onde a autoria do poema Cantar Alentejano é, por omissão, atribuída ao Zeca (talvez pelo facto de o Campinas ser perseguido pela polícia política). Na nota que publica no final do livro, José Afonso diz:«A mulher a quem é dedicada esta tentativa de ABC é uma heroína popular bem conhecida no Alentejo onde há anos se deu o facto a que o autor faz discreta mas comovida referência. Numa versão primitiva o tenente dirige-se à ceifeira e diz-lhe: Quando eu te furar a pança/Muda a dança/P'ra vocês. Para além do episódio, Catarina vive na memória dos homens e da própria terra que a viu nascer e morrer. Os versos foram modificados por carência de elementos biográficos, mas as ceifeiras continuam a pôr flores na campa de Catarina».

 

Não sendo talvez o primeiro poema a ser escrito em homenagem à ceifeira de Baleizão, foi o primeiro de que tomei conhecimento. Posteriormente musicado por José Afonso no álbum "Cantigas de Maio" editado no Natal de 1971. José Mário Branco, descreve como decorreu a gravação num estúdio situado numa quinta dos arredores de Paris. A certa altura, disse «Vamos a isto Zeca" "- Não tens nada para ir metendo ?”, respondeu. Não estava ainda pronto; a  alma do Zeca, apercebi-me depois estava toda no Alentejo, nos olhos de Catarina Eufémia. Como tantas vezes lhe acontecia, andava pelo estúdio, de cá para lá, como um jovem leão na sua jaula. Até que, já ao fim da tarde, disse: `Vou lá fora ver as vacas» (...) «Desapareceu durante uma ou duas horas. Quando voltou já era quase noite: `Vamos gravar a Catarina. Zeca em metade do estúdio, só e às escuras cantou. Uma só vez. E é essa que está no disco. Nós, privilegiados espectadores, estávamos na central técnica todos a chorar, incluindo o técnico francês. `Acham melhor que cante isto outra vez ?” `Não, Zeca, não. Está muito bem assim».

 

Vicente Campinas publicou também um pequeno volume bilingue (português/francês) – Catarina/Catherine – com ilustrações de Miguel Flávio. A data de publicação é a de Junho de 1967 (edição em Bruxelas), É um poema longo e, quanto a mim, não tão bom quanto o Cantar Alentejano.

 

A Ode a Catarina Eufémia de A Voz e o Sangue

 

No meu livro A voz e o Sangue, editado em Dezembro de 1967, incluí também uma extensa “Ode a Catarina Eufémia”. Começa: Contigo estou Catarina  minha irmã/Contigo estou Eufémia na indignação… E aqui faço notar a coincidência com o penúltimo verso do O’Neill: Catarina Eufémia, minha irmã… Coincidência mesmo – nem eu nem ele podíamos ter lido o poema do outro. Voltando à Ode, descrevo: Trazias  Catarina/um filho no teu ventre/ e querias minha irmã/ que não nascesse escravo/ que vivesse livre entre homens livres/Pediste Justiça/ - Deram-te três tiros… Só muito depois tive acesso ao relatório da autópsia. Mas foram, de facto três tiros, que destruindo vértebras de Catarina lhe deram morte imediata. Foi, por certo, no ensaio de Christian Rudel que colhi esta informação e também aquilo que parece ser um mito – o da sua gravidez. No entanto, a notícia publicada no Diário do Alentejo de 21 de Maio, dizia «A Catarina Efigénia tinha mais dois filhos de tenra idade e estava em vésperas de ser novamente mãe». Pelo que o erro dos poetas está justificado. Se é que devemos confiar no médico legista que afirmou peremptoriamente que Catarina não estava grávida.

 

Não tenho que inventar desculpas para a demagogia do meu texto, que mais para o fim clamava: É de guerra o tempo minha irmã/ e tu bem o sabias ao desfraldar ao sol/ a bandeira rubra do teu sangue… A raiva que nos possuía contra a estupidez do regime, fazia perder a cabeça a alguns de nós. Um amigo, depois de ler o meu livro, disse-me que eu ia ser preso (isso também eu sabia) e que publicar poemas assim era prestar um mau serviço à democracia, pois no estrangeiro iam pensar que o regime afinal era liberal ao ponto de deixar circular livros como o meu. Em suma, o meu livro evidenciava uma liberdade de expressão que não existia. Claro que lhe respondi o que era óbvio – não existindo censura prévia toda a gente podia publicar o que quisesse, sujeitando-se depois às consequências. Porém o regime tinha instalado um censor dentro da cabeça de cada um de nós. E esse era mais terrível e castrador do que a própria PIDE.

 

O livro foi proibido quando ia já na 2ª edição e fui preso (não só pelo poema sobre Catarina, mas também). O inspector Tinoco, num dos interrogatórios, andou à minha volta a ler em tom declamatório poemas meus – um encontrado em manuscrito sobre o Salazar (designava-o por o cão) e a Ode a Catarina Eufémia, comentando para o estagiário que se esforçava por não desatar a rir - «Qual Camões, qual carapuça! Isto é que é poesia!”.

 

Catarina de Eduardo Valente da Fonseca

 

O poema de Eduardo Valente da Fonseca (1928-2003) é o mais antigo em publicação (Maio de 1966);

talvez antecedido pelo do

Alexandre O´Neill, que foi o último a ser divulgado.  Não é da melhor poesia que o autor fez, mas o «tempo era de guerra». A impressão rudimentar é eloquente. Deve tratar-se de uma edição semi-clandestina de pequena tiragem e distribuída cautelosamente. Transcrevo os primeiros versos:

 

Cala-te amigo
Ouve... é a flor do trigo
Chorando Catarina assassinada
Cala-te amigo
Nós não somos flor de trigo
Choremos doutro modo camarada

Que sejam nossas lágrimas passadas de firmeza
No posto de combate dos nossos ideais
Rumo à vitória até que não haja nunca mais
Quadrilhas de assassinos na terra portuguesa

Cala-te amigo! Forjemos na unidade
De Catarina o sonho de rutila beleza
Um Portugal feliz em paz e liberdade

 

Muitos mais poetas dedicaram poemas a Catarina Eufémia - António Ferreira Guedes, Carlos Aboim Inglez, José Carlos Ary dos Santos, Sophia de Mello Breyner Andresen, entre muitos outros. O de Sophia é particularmente belo. Mas hoje só quis referir-me aos que foramPapiniano Carlos,  escritos antes de 25 de Abril de 1974 em circunstâncias diferentes. Muito diferentes.

 

 

 

 

 

publicado por Carlos Loures às 12:00
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6 comentários:
De Mário Lima a 8 de Dezembro de 2016
Carlos Loures

Como se pode verificar após pesquisa, o 'Cantar Alentejano' tanto é atribuída a sua paternidade a Vicente Campinas como a Zeca Afonso.

Caso seja de Vicente Campinas, porque razão Vicente não constatou o facto do poema ser atribuído ao Zeca já que teve tempo para o fazer já que só faleceu em 1998 e Zeca em 1987.

Escrevo sobre a vida e obra do Zeca e gostaria, se houver possibilidade da sua parte Carlos Loures, que me fornecesse dados plausíveis para que de uma vez por todas se esclarecesse a questão.

Obrigado desde já.

Mário Lima
De Anália Gomes a 1 de Fevereiro de 2017
Tanto quanto soube recentemente, foi o próprio Carlos Loures, autor deste post, o editor do livro "Cantares" de José Afonso, pela Nova Realidade, em 1966, o qual inclui o poema "Cantar Alentejano". Ora, afirma Carlos Loures que por omissão a autoria foi atribuída a Zeca Afonso e avança uma explicação (a de que seria para proteger Vicente Campinas, militante comunista). Desde que tive conhecimento da polémica em torno da autoria da letra da canção que José Afonso dedicou a Catarina Eufémia, sempre estranhei que, a ter existido esse "lapso", não tivesse sido corrigido após o 25 de Abril. Depois de meses a tentar esclarecer este assunto, a semana passada fez-se luz, ao descobrir no site da AJA uma carta que Zeca Afonso escreve aos pais após ter cantado pela primeira vez em Grândola, em 17 de maio de 1964 (sabe-se que foi na sequência dessa ida a Grândola que Zeca fez a canção "Grândola Vila Morena". Nessa carta escreve José Afonso: "Eu e a Zélia estivemos em Grândola numa sociedade operária. Aí actuámos, eu e o Paredes (o filho é ainda melhor que o pai) no meio de uma assistência atenta e compenetrada, toda ela de operários e mulheres de xaile e lenço. Ofereci-lhes uma canção feita na véspera (16-5-64), uma espécie de evocação da terra alentejana e do seu símbolo ainda vivo na lembrança do homem do povo: a Catarina Eufémia, uma ceifeira de Baleizão morta pela Guarda Republicana em circunstâncias, que forneceriam matéria para uma canção de gesta." http://www.aja.pt/%C2%ABo-carlos-paredes-e-um-grandalhao%C2%BB/
Portanto, caro Carlos Loures, não houve qualquer omissão da sua parte. Zeca Afonso gravou a canção apenas em 1971 (LP CANTIGAS DO MAIO), mas criou-a em Maio de 1964 e cantou-a pela primeira vez em Grândola, cantando-a várias vezes em público antes de a gravar.
Vicente Campinas também escreveu um poema dedicado à heroína alentejana, sob o título "Catarina", mas um ano depois, em 18 de Maio de 1965. Este dado foi Mário Lima, que aqui comentou em dezembro de 2016, quem o conseguiu recolher, nesta segunda-feira, dia 30 de Janeiro de 2017, no blog de Pacheco Pereira, Ephemera. https://ephemerajpp.com/2010/08/12/comissao-democratica-eleitoral-cde-documentos/
Eis o poema de Vicente Campinas:
https://drive.google.com/file/d/0B8qf4EMOlMBkYTAxNzY3ODktMTUxNy00YmFlLWE0NTctMmJiNGE2YTA3MDk2/view?ddrp=1&hl=pt_PT
De CARLOS LOURES a 1 de Fevereiro de 2017
Agradeço o seu depoimento. Só agora respondo porque, por um lado, por motivos de saúde, a minha operacionalidade tem estado muito reduzida, por outro lado faltavam-me elementos básicos. Fui amigo de ambos, fui muitas vezes almoçar com o Campinas ao INATEL e estive em numerosas ocasiões com o Zeca. Nunca me ocorreu perguntar-lhes por que motivo o Zeca incluía nos CANTARES um poema alheio sem referir o nome do autor- quem o tenha conhecido, certamente concordará que ele seria incapaz de se apropriar de um trabalho de outra pessoa.
Tive esperança que um volume publicado em Bruxelas pelo Campinas -CATARINA , com a versão em francês, esclarecesse tudo. Mas não - o poema é completamente distinto do CANTAR ALENTEJANO.
Lembrei-me então da antologia que o José Casanova publicou em 2014, com poemas de diversos autores. E na página 138, lá está o CANTAR ALENTEJANO, com a indicação Poema de Vicente Campinas musicado e «cantado por José Afonso.

Portanto, caro amigo, o problema fica por esclarecer - talvez o Luís Cilia ou o José Mário Branco, saibam algo sobre o tema..
Farenos ua edição dedicada A wca

lia oiu
De Anália Gomes a 1 de Fevereiro de 2017
Caro Carlos Loures,
Obrigada pela sua resposta. Espero que se encontre em melhor condição de saúde.
Quanto ao assunto que aqui me trouxe, desculpar-me-á, mas não pode ser uma publicação de 2014, da responsabilidade de alguém alheio ao processo e após a morte de ambas as pessoas visadas na questão, publicação essa baseada eventualmente num erro fossilizado - vá-se lá saber porquê -, que vem destronar a autoria do poema por parte de José Afonso. Se a si faltava chegar à edição do poema de Campinas em Bruxelas, apresentei ontem aqui a prova encontrada por Mário Lima no blogue Ephemera, de Pacheco Pereira. Compreendo que o link aqui deixado não funcione, mas posso enviar-lho por mail, se assim o pretender, basta que me envie um mail para gomes.analia@gmail.com . De resto, os poemas nada têm a ver um com o outro, estão a anos luz; qualquer crítico de literatura ou especialista em análise textual provará facilmente que não podiam ter sido escritos pela mesma pessoa. Além do mais, conforme também deixei aqui expresso ontem, o poema de Zeca Afonso foi criado um ano antes do de Vicente Campinas.
Já agora, peço desculpa por ontem publicado a mesma mensagem duas vezes, pretendia apenas editar o texto, para corrigir um ou outro pormenor, acabaram por ficar dois posts.
Grata pela atenção,
Anália Gomes
De Mário Lima a 2 de Fevereiro de 2017
Carlos Loures a Anália já aqui disse tudo. Ter em conta uma antologia de 2014 onde aparece o "Cantar Alentejano" de José Afonso atribuído a Vicente Campinas não é de hoje. O José Casanova baseou-se no que está por aí inserido em diversos sítios. Não é de hoje.

O que nunca vi foi o tal livro de poesia do Vicente Campinas onde esteja o poema cantado pelo Zeca, antes de 1966, altura que o Carlos Loures, juntamente com o Manuel Simões e o Júlio Estudante editaram pela primeira vez o "Cantares" de José Afonso e onde estava inserido (por envio do Zeca de Moçambique) o poema.

O próprio Carlos refere aqui e passo a citar:

"... Zeca incluía nos CANTARES um poema alheio sem referir o nome do autor- quem o tenha conhecido, certamente concordará que ele seria incapaz de se apropriar de um trabalho de outra pessoa."

Fim de citação

Se ele seria incapaz de se apropriar de um trabalho de outra pessoa, logo o poema que enviou seria dele e não do Vicente Campinas.

Diz que o poema que saiu no livro de Bruxelas e posteriormente em Lisboa em 1973 (com capa de uma gravura do de Bruxelas) é completamente distinto do de Zeca, por isso mesmo, porque o do Zeca não era do Vicente Campinas. Nem parecido nem tão pouco tem a haver com a qualidade da do Zeca, mas isso é uma opinião minha.

Para mim e de certeza que para a Anália e outros que já leram sobre a nossa pesquisa feita e os resultados da mesma, já não têm dúvidas. O poema "Cantar Alentejano" é do José Afonso e não do Vicente Campinas.

Já não há que esclarecer nada a não ser que alguém me apresente o poema que Zeca canta numa edição anterior a 1964 do Vicente Campinas.

Envio um link onde poderá ler sobre o assunto se assim o entender (basta copiar e colocar no "adresse" já que aqui não dá link direto)

http://tributozecaafonso.blogspot.pt/2017/02/cantar-alentejano-jose-afonso.html

As melhoras e um abraço.



De Anália Gomes a 1 de Fevereiro de 2017
Tanto quanto soube recentemente, foi o próprio Carlos Loures, autor deste post, o editor do livro "Cantares" de José Afonso, pela Nova Realidade, editora que criou em 1966, o qual inclui o poema "Cantar Alentejano". Ora, afirma Carlos Loures que, por omissão, a autoria foi atribuída a Zeca Afonso e avança uma explicação (a de que seria para proteger Vicente Campinas, militante comunista). Desde que tive conhecimento da polémica em torno da autoria da letra da canção que José Afonso dedicou a Catarina Eufémia, sempre estranhei que, a ter existido esse "lapso", intencional ou não, o mesmo não tivesse sido corrigido após o 25 de Abril. Depois de meses a tentar esclarecer este assunto, a semana passada fez-se luz, ao descobrir no site da AJA uma carta que Zeca Afonso escreve aos pais após ter cantado pela primeira vez em Grândola, em 17 de maio de 1964 (como se sabe, foi na sequência dessa ida a Grândola que Zeca fez a canção "Grândola Vila Morena"). Nessa carta escreve José Afonso: "Eu e a Zélia estivemos em Grândola numa sociedade operária. Aí actuámos, eu e o Paredes (o filho é ainda melhor que o pai) no meio de uma assistência atenta e compenetrada, toda ela de operários e mulheres de xaile e lenço. Ofereci-lhes uma canção feita na véspera (16-5-64), uma espécie de evocação da terra alentejana e do seu símbolo ainda vivo na lembrança do homem do povo: a Catarina Eufémia, uma ceifeira de Baleizão morta pela Guarda Republicana em circunstâncias, que forneceriam matéria para uma canção de gesta." http://www.aja.pt/%C2%ABo-carlos-paredes-e-um-grandalhao%C2%BB/
Portanto, caro Carlos Loures, não houve qualquer omissão da sua parte. Zeca Afonso gravou a canção apenas em 1971 (LP CANTIGAS DO MAIO), mas criou-a em Maio de 1964 e cantou-a pela primeira vez em Grândola, cantando-a depois várias vezes em público antes de a gravar.
Vicente Campinas também escreveu um poema dedicado à heroína alentejana, sob o título "Catarina", mas um ano mais tarde, em 18 de Maio de 1965. Este dado foi Mário Lima, que aqui comentou em dezembro de 2016, quem o conseguiu recolher, nesta segunda-feira, dia 30 de Janeiro de 2017, no blog de Pacheco Pereira, Ephemera. https://ephemerajpp.com/2010/08/12/comissao-democratica-eleitoral-cde-documentos/
Eis o poema de Vicente Campinas:
https://drive.google.com/file/d/0B8qf4EMOlMBkYTAxNzY3ODktMTUxNy00YmFlLWE0NTctMmJiNGE2YTA3MDk2/view?ddrp=1&hl=pt_PT

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