Carlos Durão, o nosso colaborador, no seu blogue A Nossa Língua (http://anossalingua.forum-livre.com/t90p50-estrolabio#1716) , entre outras amáveis referências ao Estrolabio e ao "Sempre Galiza!", do Pedro Godinho, responde à questão que ontem eu colocava à Real Academia Galega - por que motivo aquela instituição ignora sistematicamente, ano após ano, Ricardo Carvalho Calero, não o homenageando no Dia da Letras Galegas. Carlos Durão, diz-me o seguinte:
«Pois é; eu não sei se serei malicioso de mais, mas não me parece casualidade que a RAG (a "real" academia presidida por um marxista) ignore Carvalho Calero, como também ignora Guerra da Cal, que têm em comum, além dum claríssimo posicionamento linguístico que derruba toda a "filoloxía" galega instaurada pelo franquismo na nossa Terra, mas ambém o facto de terem empunhado as armas contra o fascismo espanhol aquando a insurreição militar-fascista do 1936; Lois Pereiro, cujos méritos não nego, naturalmente, foi, em palavras de quase todos os seus apologetas, um "punkie"; será então que ao Estado Espanhol não faz mal um punkie mas sim um reintegracionista?
Dá para pensar... em todo o caso, mais uma vez obrigado e feliz Dia das Letras Galegas (há por toda a Terra actos de homenagem a Carvalho Calero e Guerra da Cal: afinal, os novos não se deixam enganar)»
Agradeço a Durão a sua esclarecedora resposta. Grosso modo, ela coicide com o que penso sobre o assunto. Porque ao fazer a pergunta à Real Academia Galega, não tenho qualquer esperança de que tão importante instituição me responda - e para não perder o sono, tenho a resposta à pergunta que fiz. Há quem diga que só devemos fazer perguntas para as quais temos, pelo menos, uma solução. Ricardo Carvalho Calero e Ernesto Guerra da Cal, defendendo para o seu povo a recuperação de um idioma que nasceu na Galiza, prejudicam os interesses políticos e económicos de quem prefere adoptar o castrapo e, com ele, aceitar ordens de Madrid - de governos, partidos e sindicatos que, de direita ou de esquerda, estão centralizados em Madrid. E que dão as suas ordens em castrapo ou em castelhano, já que afinal o primeiro é um dialecto do segundo.
Sempre houve gente assim. E continua a haver. Também cá os temos em Portugal - afinal o estimável José Saramago e o banqueiro Ricardo Salgado, de sinais ideológicos opostos, não coincidiam na ideia de que Portugal e Espanha se deviam fundir num só estado? Os motivos de um e de outro seriam diferentes. Saramago aduziu argumentos que pouco além iam do (falso) pressuposto da inevitabilidade da absorção. Salgado entrava em pormenores, apesar de tudo mais consistentes - a integração permitiria ao banco de Salgado expandir-se nas áreas metropolitanas de Madrid e Barcelona. O realismo, o pragmatismo, o despir as nossas convicções do manto de utopia que às vezes as envolve - o «sejamos realistas» - leva, por vezes, a que atraiçoemos o que de melhor em nós existe - a capacidade de acreditar que o difícil pode ser conseguido. Que as utopias de hoje podem ser a realidade de amanhã.
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