Segunda-feira, 16 de Maio de 2011

DEDICATÓRIAS – Prosadores portugueses, italianos e de outras nacionalidades/5, por Sílvio Castro

 

 

 

 

 

 

 

 

5.3 – Ensaístas e críticos de outras nacionalidades: espanhóis (2), francês (1), alemão (1)

 

 

A partir de minhas atividades italianas, concentradas em Veneza, as mesmas se alargaram para outros países. Desses cuidarei aqui somente nos casos de presenças de seus autores na minha recolha de volumes com Dedicatórias autógrafas. Não é muito ampla esta recolha, pelo contrário é muito pequena, principalmente em proporção às minhas atividades reais na Espanha, na França e na Alemão, países de onde provêm os autores que mais abaixo passarei a tratar.

 

A minha ligação com a Espanha está quase sempre ligada à minha intensa vida portuguesa. Não somente por relações geográficas entre os dois países, mas igualmente por motivos culturais vários. Na Espanha, indo para Portugal, uma vez permaneci quase dois meses em Barcelona, hóspede na casa de meu caro amigo, o diplomata e escritor eternamente inédito, ótimo poeta, Luís Fernando Nazareth. Do poeta relembro um episódio muito especial: fora aberto pelo Suplemento Literário do Diário de Notícias, do Rio de Janeiro, um concurso de poesia versando sobre o tema “ Gavião”. Tendo eu resolvido a participar do concurso, consegui igualmente convencer o meu amigo diplomata a fazer o mesmo. Feito o meu poema e estando pronto a remetê-lo à destinação, me recordo que Luís Fernando ainda não me havia dado o seu, como prometerara. Então fui até a velha sede do Itamraty, ainda no Rio, e lá encontro o meu amigo. Então ele mostra o seu poema e pede que o leia e dele diga a minha opinião. Lido o texto aconselho que do mesmo seja cancelada uma estrofe, a última. Meu amigo não discute, corta a dita estrofe, e me entrega o seu poema finalizado. Resultado, ele vence o concurso e eu fico com o 2º. Prêmio. Logo em seguida, me vendo desconsolado, ele me diz, muito matreiro: “Tudo isso aconteceu porque você é melhor crítico que poeta...”

 

 

Eu viajara para sua casa espanhola por um desejo muito utilitarista: desejava dele uma leitura final dos manuscritos de meu livro A Revolução da Palavra, com críticas e sugestões que eu sabia prontas a receber em face da dimensão cultural do meu amigo de juventude. Tudo corria como eu desejara; Luís Fernando lia os meus textos, eu passeava e conhecia as maravilhas da capital catalã; e à noite nos reuníamos depois do jantar em família, para um grande papo. Assim ia e o tempo passava. Mas passou tanto que eu comecei a envergonhar-me de ser um hóspede que não deixava jamais a deliciosa hospedagem que recebia. Luís Fernando era o maior responsável por tudo, porque a cada minha observação a respeito, me respondia que estava quase no fim da leitura pedida. Porém, as coisas continuavam inalteráveis. Então, descobrindo o mais que amigável truque que desejava manter-me sempre naquela hospitaleira casa, lhe dei um prazo. E, depois disso, tudo apareceu.

 

Principalmente as observações que muito serviram para que o meu livro tivesse o sucesso que alcançou. Depois do acerto, deixei a Espanha para chegar em Portugal, carregando comigo, como tantos como eu sentia naqueles dias, a tristeza pela morte de Allende.

 

Meus conhecimentos diretos com Madrid foram mais normais. Ali tinha como referência o poeta brasileiro Cláudio Murilo, de quem já tratei neste presente trabalho. Cláudio Murilo era então diretor da Casa do Brasil de Madrid. Outro momento espanhol de amplas memórias, já lembrado aqui, foi aquele da visita oficial em nome do Brasil e de sua poesia a Santiago de Compostela, no II Encontro Internacional da Poesia, de 2002.

                  

Com o Encontro de Santiago está ligado um dos volumes de ensaios de autor espanhol que tenho comigo. Trata-se de um dos estudos de língua e cultura portuguesas da ensaísta e linguista galega, Pilar Vásques Cuesta, docente da Universidade da Salamanca, na qual ela foi por longo tempo diretora do Departamento de Língua e Literatura Portuguesa. O volume é A Língua e a Cultura Portuguesas no Tempo dos Filipes , tit. orig.: La lengua y la cultura portuguesas en el siglo del Quijote,  tr. portuguesa de Mário Matos e Lemos, Publicações Europa-América, Lisboa, 1988; que me traz a seguinte dedicatória:

 

Ao ilustre colega brasileiro

Sílvio Castro  neste reen-

contro na minha terra  coa ami

zade da tan amiga sua

 

                   Pilar Vásquez Cuesta

         Santiago de Compostela 2-III-2002”

 

                   A segunda autora espanhola de quem tenho livros com dedicatórias é a minha querida amiga Carmen, esposa de meu querido amigo Giampaolo Tonini, ambos professores da Escola de Tradutores e Intérpretes da Universidade de Trieste. A professora María del Carmen Sánches Montero, linguista de altos méritos, ali ensinava Língua Espanhola, num dos cursos mais frequentados da escola triestina. A sua morte prematura privou o Ateneo de Trieste de uma significativa presença, e para marcar a sua passagem na vida universitária lhe foi dedicado um volume de estudos por seus amigos e colegas, no qual eu participei com um ensaio (cf., a respeito, S. Castro, “Problemas diretos e questões indiretas sobre minha versão em português de L’Infinito, de Leopardi“, in AA.VV., Studi in ricordo di Carmen Sánches Mortero (org. de Graziano Benelli e Giampaolo Tonini), 2 vv., ed. Scuola Superiore di Lingue Moderne per Interpreti e Tradutori di Trieste, Trieste, 2006, vol. I, pp. 75-84). Tenho da Autora espanhola dois estudos: 1) Perífrases verbales en español e italiano (Estudio contrastivo), Edizioni Lint, Trieste, 1993:

 

“Con cariño y

sincera amistad

para Silvio

 

Carmen“

 

2) Grammatica dell’indicativo e del congiuntivo nella subordinazione (Studio contrastivo spagnolo-italiano: lingua e traduzione), Ed. CLEUP, Pádua, 1996: “A Silvio    con sincero afecto    Carmen“

 

Os meu contátos mais intensivos com os ensaístas e críticos franceses começa igualmente com um histórico congresso internacional, o I Congresso da Associação Internacional de Lusitanistas, Poitiers, maio de 1984, ao qual apresentei a seguinte comunicação: “A idéia do Brasil nos cronistas e viajantes portugueses e estrangeiros dos séculos XVI e XVII“.  De Poitiers em diante mantive um profíco sistema de relações com as Universidades franceses onde se ensina o Português, bem como pude começar a estabelecer conhecimentos e trocas com escritores e acadêmicos do País. Assim foi com a Conférence inaugurale du Conceil Européen pour le Langues, tido em Lille, de3 a6 de julho de 1997, reunião convocada pela CE para  definir e programar uma política do plurilinguismo para os Países membros da Comunidade. Neste encontro representei a Universidade de Pádua e tive oportunidade de exaltar a importância do Português e do Italiano para esse programa. Outra significativa oportunidade para o alargamento de minhas relações com os estudiosos franceses se deu na oportunidade do Encontro Internacional “Gilberto Freyre etla France“, realizado em Poitiers, a 15 de março de 2000, para o qual preparei e apresentei a comunicação “Tropicalismo e o Manifesto Regionalista de 1926“.

                       

Entre os confrades franceses com os quais estabeleço um intenso relacionamento devo realçar a figura do professor de português da Universidade de Tours, Florent Kohler. Realizamos juntos vários projetos, o principal do qual, ligado à revista Literature et Nation, número 29 0- 2004, é uma publicação especial que alcançou ampla ressonância na Europa e no Brasil: Machado de Assis en Europe latine (Textes réunis par Florent Kohler et Silvio Castro), Publication de l’Université Francois Rabelais, Tours, 2004.

 

                       Apesar de todos esses expressivos encontros com a cultura francesa, para esta seção de Dedicatórias tenho em mãos somente um volume do ensaísmo da França contemporânea. Trata-se de um trabalho do escritor já citado anteriormente, quando da exposição dos livros dos ficcionistas, William Acher. Dele é o erudito ensaio, Jean-Jacques Rousseau Écrivain de l’Amitié, préface de M. Jean Favre, Editions Nizet, Paris, 1971, no qual ele me comunica a seguinte dedicatória:

 

                                                        “pour Silvio Castro,

avec les hommages

les plus amicaux

 

de   Willy Acher“.

 

                  Para as minhas relações com os meus confrades alemães, além da via dos congressos e conferências, acrecente-se uma outra de natureza inteiramente inédita, aquela ligada às atividades de meu irmão, o filólogo José Ariel Castro como investigador e docente na Universidade de Heidelberg. Por intemédio de sua longa permanência na importante universidade da Alemanha tive oportunidade de passar a conhecer vários estudiosos alemães da língua portuguesa e de suas literaturas. Tais conhecimentos se fizeram em particular nas oportunidades em que muitos desses especialistas se encontravam no Rio de Janeiro para conferências, bem como eu ali me achava gozando as minhas férias italianas.

 

                   Dentre os professores alemães de Português, destaco em particular a pessoa de Richard Schwwaderer, também investigador da literatura italiana, da Universidade de Wolfsburg. Um congresso internacional que muito me ajudou a alargar os meus conhecimentos dos estudiosos alemães foi aquele de Hamburgo, de 1986, da Associação Internacional dos Lusitanistas. Porém, o mais concreto encontro que tenho com um lusitanista alemão é aquele com o Prof. Winfried Kreutzer, da Universidade de Wurzburg. Nesta Universidade pronunciei uma conferência, do título, “Cesário Verde e a poesia urbana“, Institut für Römanische Philologie-Universität Wurzburg, 16 de junho de 1997. O meu colega de Wurzburg logo em seguida retribuiu a minha visita com uma sua a Pádua, onde proncunciou um conferência ligada às suas investigações literárias. Dele tenho agora em mãos um volume com dedicatória autógrafa: Winfried Kreutzer, Estrutura e significação de Os Tambores de São Luís, de Josué Montello, Edição Gabriele Klein Verlag, Colônia, 1991; no qual volume podemos ler a seguinte dedicatória:

 

                                                        “Para o colega Silvio Castro

em recordação do nosso encontro

em Wurzburg e na esperança de

continuar os contactos.

Winfried Kreutzer

16.6.1997“

 

publicado por João Machado às 21:00
link | favorito

.Páginas

Página inicial
Editorial

.Carta aberta de Júlio Marques Mota aos líderes parlamentares

Carta aberta

.Dia de Lisboa - 24 horas inteiramente dedicadas à cidade de Lisboa

Dia de Lisboa

.Contacte-nos

estrolabio(at)gmail.com

.últ. comentários

Transcrevi este artigo n'A Viagem dos Argonautas, ...
Sou natural duma aldeia muito perto de sta Maria d...
tudo treta...nem cristovao,nem europeu nenhum desc...
Boa tarde Marcos CruzQuantos números foram editado...
Conheci hackers profissionais além da imaginação h...
Conheci hackers profissionais além da imaginação h...
Esses grupos de CYBER GURUS ajudaram minha família...
Esses grupos de CYBER GURUS ajudaram minha família...
Eles são um conjunto sofisticado e irrestrito de h...
Esse grupo de gurus cibernéticos ajudou minha famí...

.Livros


sugestão: revista arqa #84/85

.arquivos

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

.links