Quinta-feira, 12 de Maio de 2011

DEDICATÓRIAS – prosadores brasileiros: ensaístas, críticos, historiadores etc., etc. / 4, por Sílvio Castro

 

 

 

 

 



 


  

PARTE IV – Ensaístas, críticos, historiadores, memorialistas

 

 

                   Começo esta nova Parte do meu estudo sobre as dedicatórias focalizando um exemplo de um gênero muito presente na produção literária moderna, mas que pouco aparece no rol das dedicatórias que recebi de meus confrades. Porém, tenho em mãos um exemplo muito especial do gênero que muitos consideram pouco compatível com a predominante estrutura psicológica do brasileiro, as memórias. Diante de livros como este de Octavio Mello Alvarenga todas as afirmações nessa direção não passam de uma reiterada forma de lugar-comum. O livro a que me refiro, memórias sofridas, por isso mesmo duras e chocantes em muitos de seus pontos, mas ao mesmo tempo frascinantes pela sinceridade e espontaneidade com que nascem, é: Rosário de Minas (memórias e sugestões), capa de Dan Palatnik, Lidador Editor, Rio de Janeiro, 2003. O autor me dedica o exemplar de seu livro claramente sofrido com as seguintes palavras:

 

                                                                  “Ao caro Sílvio Castro

companheiro do Congresso de Crítica

Literária em Pernambuco, amigo

a quem admiro (e invejo também)

com o abraço afetuoso do

 

Octavio Mello Alvarenga

 

Rio, 22/set/2003“

 

                   Retornando ao ensaio direto, vamos encontrar outro livro de forte impacto, ligado a um momento muito difícil da história do Brasil contemporâneo: de Reinaldo Cabral, Literatura e Poder pós-64 (Algumas questões), Edições Opção, Rio de Janeiro, 1977, no qual o autor me envia o meu volume de sua denúncia com essas palavras fortes:

 

                                                        “Sílvio Castro

este pequeno manifesto

sobre o sombrio estado da

nossa literatura pós-64.

A discussão está aberta, (reaberta)

c/abraços

do   rcabral

ABI, 12

  /09_____

                77“

 

                       O ensaio histórico de  Geraldo Pieroni, A Inquisição e a lista dos cristãos-novos condenados a viver no Brasil, capa de Simone Villa-Boas, Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 2003, é outro livro de forte impacto sobre um dos problemas de grande importância para a história brasileira, aquele dos degredados portugueses para o Brasil do período colonial e, em correspondência, da questão muitas vezes esquecida do anti-semitismo no pensamento nacional. O autor me oferece o seu livro de convincente pesquisa e erudição com as seguintes palavras: “Para Prof. Silvio Castro    com minha estima     e agradecimento,     Geraldo Pieroni     Padova 09.12.2004“.

 

                    

Já que estamos no plano do ensaio histórico, aqui ficamos. E em companhia de um volume, numa tradução francesa, de Mário Maestri, docente do Curso de Especialização em História da Universidade Católica de Porto Alegre e pesquisador da Escravidão dos Negros no Brasil: Trata-se da tradução na França de um de seus livros mais conhecidos, A Servidão Negra. Trabalho e Resistência no Brasil escravista, Ed. Mercado Aberto, Porto Alegre, 1988 – Mario Maestri, L’esclavage au Brésil, traduit du  portugais par Florence Carboni et revu para Lyne Strouc, intr. de Jacob Gorender, Ed. KARTHALA, Paris, 1991;  com a seguinte dedicatória do Autor,

 

“Para Sílvio Castro,

com sincera admiração, do

amigo

 

Mario Maestri

 

Bruxedlas, 26.11.98“

 

                   O estudo do professor da Universidade de Brasília, ensaísta e historiador de grande notoriedade, Amado Luiz Cervo, é o volume que agora tenho em mãos, num estudo de grande especialização - As relações históricas entre o Brasil e a Itália: O papel da Diplomacia, capa de Luís Eduardo Resende de Brito, apr. de Giovanni Agnelli, Editora da Universidade de Brasília-Istituto Italiano di Cultura, Brasília, 1992. No volume por ele a mim oferecido, tenho a seguinte dedicatória:

 

                                                        “Ao Prof. Silvio Castro

recordando um agradável

encontro em Brasília

25/09/92

 

Amado“

 

                   Deslocando um pouco a perspectiva da análise histórica, tomo em mãos um exemplar de um dos nossos mais salientes historiadores literários contemporâneos, Massaud Moisés, ensaísta e professor da USP, autor de vastos estudos sobre as dimensões históricas não somente da literatura brasileira, mas igualmente daquela portuguesa. Aqui tenho dele o volume Hstória da Literatura Brasileira – Simbolismo, Editora Cultrix-Editora da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1984, no qual leio a seguinte dedicatória:

 

                                                        “Para o

Prof. Sílvio Castro,

agradecendo-lhe os últimos

livros recebidos, com a

admiração e o melhor apreço

do

 

Massaud Moisés

25.2.86.“

 

                   Dos historiadores em geral a um outro historiador da literatura e igualmente estudioso de teoria literária de grande fama, docente da Universidade de São Paulo, Antônio Soares Amora. Comigo tenho um exemplar de sua Introdução à teoria da literatura, 4ª. ed., Edit. Cultrix, São Paulo, 1981:

 

                                                        “A Silvio Castro agradeci-

                                                        mentos atrasados (pois só

agora recebi os três estudos camo-

nianos) e a modesta oferta

do amigo e admirador,

 

a. s. amora

9.11.89”

 

                   Leodegário A. de Azevedo Filho preencheu com sua ampla e valiosa obra espaços significativos da cultura literária brasileira, bem como daquela portuguesa. Pesquisador e docente universitário, a sua presença em todos esses setores foi sempre marcada por uma ação e produção de alto significado. Nele, o estudioso moderno se confundia igualmente com o medievalista. Deste último campo é o volume que tenho agora diante de mim: Três ensaios de literatura medieval galego-portuguesa, Editora Ágora da Ilha, Rio de Janeiro, 2000; com a seguinte dedicatória do meu primeiro presidente da Academia Brasileira de Filologia:

 

                                                        “Para Sílvio Castro,

com o abraço fraterno

da admiração

de Leodegário A. de A. Filho“

 

                   A linguista e ensaísta Edith Pimentel Pinto, docente da Universidade de São Paulo e pesquisadora de raros méritos, é outro nome que recobriu grande espaço nas atividades culturais brasileiras contemporâneas. Estudiosa da língua e da literatura, deu uma sua prestigiosa contribuição à minha História da Literatura Brasileira (Lisboa, 1999-2000). Dela é a seleção e apresentação da matéria que compõe o volume, O Português do Brasil – Textos críticos e teóricos, 1 – 1820/1920 ‘- Fontes para a teoria e a história, Livros Técnicos e Científicos-EDUSP, Rio de Janeiro-São Paulo, 1978; volume que me traz a dedicatória:

 

                                                        “Para

Sílvio Castro,

com muita simpatia e apreço,

 

Edith Pimentel Pinto

                            S.P. V.91.“

 

                   O filólogo e historiador, ensaísta e editor crítico, Maximiano de Carvalho  e Silva é um dos nomes marcantes da moderna filologia brasileira. Professor titular da Universidade Federal Fluminense, por muitos anos ali exerceu um alto magistério em benefício dos jovens estudiosos de filologia e linguística. A sua edição crítica de Camilo Castelo Branco, Amor de perdição (Memórias de uma família), estudo prévio histórico-literário de Anibal Pinto de Castro, Real Gabinete Português de Leitura-Lello & Irmão, Editores; Rio de Janeiro-Porto, 1983, é um dos modelos para o gênero. No volume que me pertence desta obra, sobre a qual escrevi uma resenha-crítica (S. Castro, “Amor de perdição“ (s. a ed. crit. de M. de Carvalho e Silva de Amor de perdição (Memórias duma família), de Camilo Castelo Branco), in Rassegna Iberistica, n. 23, Venezia, 1985), está presente a seguinte dedicatória:

 

                                                        “A Sílvio Castro,

que na Itália tanto se dedica

à divulgação dos valores mais

altos da cultura luso-brasileira,

as devidas homenagens de

 

Maximiano de Carvalho

 

Rio de Janeiro, sabadoyle do 15/07/1984“.

 

                   Ângela Vaz Lobo, ensaísta e linguista mineira, representa um dos pontos mais altos da presença feminina na literatura crítica brasileira contemporânea. Os seus trabalhos primam por grande sentido metodológico e pela profundidade constante da pesquisa dos temas, os mais diversos, tratados pela autora. Como é o caso do pequeno, mais substancioso volume, Sôbre a Estilística de Spitzer, Imprensa da Universidade de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1960; no qual me vem doada a seguinte dedicatória:

 

                                                        “A Sílvio Castro,

com os meus cumprimentos

pela feliz realização que

é o “Anuário da Literatura Brasileira“

 

Ângela Vaz Leão.

B. H., dez° 1960“

 

                   Seguindo as pegadas de seu ilustre antepassado, marco dos estudos ligados à historiografia literária no Brasil, o Pe. Fernandes Pinheiro,  M. P. Ferrnandes Pinheiro se dedicou desde cedo ao campo dos estudos teóricos e históricos da literatura em geral, e da brasileira, em particular. Dele tenho um exemplar do seu ensaio, A Exatidão e a Pesquisa Literária – II, edição do Autor, Rio de Janeiro, 1957; no qual o Autor me diz: “Ao prezado confrade     e amigo Silvio Castro,    cordial lembrança de     M. P. Fernandes Pinheiro   Rio, 22-1-1959”.

 

Sônia Brayner, ensaísta e professora universitária de literatura, tem a sua história cultural muito ligada àquela de Afrânio Coutinho, de quem foi a segunda esposa. Personalidade intelectual de intensidade, ela muito pesquisou junto do Mestre Afrânio, alargando, de certa maneira, as indagações do mesmo, porém dando aos seus trabalhos pessoais sempre uma dimensão de plena independência crítica. Isso se pode constatar no ensaio que tenho agora em mãos, A Metáfora do corpo no romance naturalista (Estudos sobre “O Cortiço”), Edição da Livraria São José, Rio de Janeiro, 1973: “Para Sílvio Castro,    com os cumprimentos de    Sonia Brayner    julho   1975“.

 

                       O ensaio erudito tem no pernambucano Joel Pontes um dos seus representantes dos mais significativos. Assim o demonstra o seu estudo-conferência, O Infante D. Henrique na literatura portuguesa dos séculos XV e XVI, Imprensa Oficial, Recife, 1961:  “Para Sílvio Castro,     com um abraço do   Joel Pontes    Natal, 10/12/67“.

 

Para concluir, nesta Parte IV, a análise de volumes de prosadores brasileiros contemporâneos, englobo um grande grupo de autores do Sul brasileiro, mais precisamente de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Comecemos com os catarinenses, Nereu Corrêa, Raúl Antelo, Alcides Buss, todos eles representantes de um ensaísmo de nível significativamente remarcável, em particular quando contagiado pelo método universitário, como acontece mais diretamente com os volumes a serem tratados aqui de Antelo e Buss.

 

Nereu Corrêa, um dos colaboradores do Anuário da Literatura Brasileira, no qual representava o seu Estado e analisava a produção anual catarinense, se apresenta com um dos seus volumes em que o autor divulga, como faz em muitos de seus livros, um escritor de Santa Catarina, neste caso o grande Cruz e Sousa. O volume que apresento em seguida é formado de conferência e de artigos vários: Nereu Corrêa, O canto do Cisne Negro e outros estudos, 2ª. ed., revista e aumentada, capa de Sílvio J. Macedo, Edição Fundação Catarinense de Cultura, Florianópolis, 1981: “Ao Sílvio Castro – prezado confrade e amigo -   esta homenagem muito    afetuosa  do    Nereo Corrêa    Fpolis, 26/11/81“.

 

Raúl Antelo, ensaísta e professor universitário de literatura, nos apresenta um dos seus melhores exemplos de pesquisa literária aplicada: Literatura em Revista, capa de Ary Almeida Normanha, Editora Ática, São Paulo0, 1984:

 

                                                        “Para Sílvio Castro, esta

pioneira

 

LITERATURA  EM

REVISTA

 

que ainda paga a

pena de ser vista.

(ou não?)

 

Cordialmente,

 

Raúl Antelo“

 

                   Alcides Buss é outra figura de proa para o moderno ensaio brasileiro, ligado às atividades acadêmicas da Universidade Federal de Santa Catarina, onde ensina literatura brasileira. Pesquisador incansável, erudito sempre em dia com as novidades bibliográficas de sua especialidade, ele dá uma ótima demonstração de seu método de trabalho com o ensaio, Cobra Norato e a especificidade da linguagem poética, capa de Silvio J. Macedo, Fundação Catarinense de Cultura, Florianópolis, 1981; com as palavras em dedicatória:

 

                                                        “Sílvio  Castro

 

com prazer dedico-lhe

este modesto ensaio,

sobre o belo ‘Cobra

Norato’. Sua ajuda

está presente. Agradeço!

Com admiração, o

 

Alcides Buss

Ilha de Santa Catarina, 06.6.82“

 

                   Outra figura feminina de grande presença nos estudos literários modernos do Brasil é a gaúcha Tânia Franco Carvalhal, ensaísta, editora, professora universitária. Atenta analista do texto literário, ela contribui com o seu trabalho de pesquisadora moderna à melhor compreensão das criações literárias contemporâneas brasileiras. O seu livro que agora tenho em mãos é um exemplo dessas qualidades: Tania Franco Carvalhal, A evidência mascarada – Uma leitura da poesia de Augusto Meyer, capa de Péricles Gomide, L&PM Editores-INL, Porto Alegre-Brasília, 1984; no qual ela me comunica: “Para Sílvio Castro,     com a saudosa lembrança    de Veneza, esta primeira   remessa das ‘obras completas’    e a amizade da    Tania Carvalhal     jan. 94“

 

                        Igualmente de proveniência do ensino universitário é  Gerd A. Bornheim, porém autor dedicado de preferência à teoria literária e ao ensaísmo filosófico. Nestes campos os seu ensaios apresentam grandes novidades, como acontece com o presente O Idiota e o Espírito objetivo, capa de Leonardo Menna Barreto Gomes, Editora Globo, Porto Alegre, 1980; com a dedicatória: “Para Silvio   Castro, com o   abraço amical    do   Gerd    Rio, 1° de abril 89“.

 

                     De José Clemente Pozenato, ficcionista de que já tratamos larga e justamente na Série precedente deste nosso estudo, agora vem apresentado sob uma uma outra sua face, a do ensaísta, estudioso e pesquisador, tudo isso apoiado numa alta personalidade de docente universitário. Aqui tenho dele um pequeno livro que oferece uma atenção especial à teoria literária, nele tratando Pozenato problemas de grande importância para o universo das idéias que formam o universo da literatura. Trata-se do ensaio O Regional e o Universal na literatura gaúcha, capa de Mário Rőhnelt, Editora Movimento-Instituto Estadual do Livro, Porto Alegre, 1974; com o qual o Autor me comunica:

 

                                                        “Para Silvio Castro,

em homenagem

ao trabalho que faz

pela Literatura Brasileira,

José Clemente Pozenato

24 / 8 /97”.

 

publicado por João Machado às 21:00
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