Josep Anton Vidal A en Joquim Vilà, company, amic, germà
(versão em português de Carlos Loures)
(ilustração de José Magalhães)
“Ce toit tranquille, où marchent des colombes...
[...]
Éloignes-en les prudentes colombes,
les songes vains, les anges curieux!”
Paul VALÉRY: Le Cimetière marin
Mentre el dia s’adorm –potser per sempre–
en la llum taciturna de la tarda,
d’aquest teulat tranquil, d’on els coloms s’envolen,
l’aire s’endú les cendres
fredes d’un somni antic.
Havíem parlat tant... De tantes coses...
Veníem del silenci, de la nit,
de llargues travessies per ermots dessolats,
i dúiem el sarró ple d’esperances,
de paraules inèdites, de somnis no estrenats.
Als peus de l’olivera centenària
llegíem els poetes que estimàvem
i parlàvem de tot, hores i hores,
com augurs d’un temps nou, guerrers a la conquesta
de somnis i utopies, armats amb la paraula.
Tot era nou i bell en la nostra mirada,
fins els mots i els accents dels versos més antics.
I era tanta la nit,
que amb una espurna ens fèiem una albada.
Delerós de camins impossibles,
vas marxar a la impensada...
Em van quedar tantes coses per dir-te
i eren tantes les coses que m’havies de dir...!
Porto pols de paraules enganxada a la pell,
als nervis, a la sang, al pensament.
Se m’han mort les paraules de no dir-te-les.
Tot ha passat. És pols.
Ja ni el record serveix.
D’aquest teulat tranquil d’on els coloms s’envolen
s’aixequen somnis nous.
Tu no els veuràs
i potser jo tampoc. Ara, però, la tarda,
amb la claror serena del ponent
ressuscita un moment les paraules perdudes
i em retorna els accents de la vella conversa
barrejats amb els versos d’algun poeta amic...
Cerco la teva veu i sento un batec d’ales...
No saps què donaria perquè fossis aquí!
_______________
Enquanto o dia adormece - talvez para sempre,
no taciturno fulgor do entardecer,
deste telhado tranquilo de onde os pombos levantam voo,
o ar arrasta as cinzas
frias de um sonho antigo.
Tínhamos falado tanto... de tantas coisas...
Vínhamos do silêncio, da noite...
de longas travessias por desolados ermos
e levávamos o bornal carregado de esperanças,
de palavras inéditas, de sonhos por estrear.
Aos pés da oliveira centenária
líamos os poetas que amávamos
e falávamos de tudo, horas e horas,
como augures de um tempo novo, guerreiros à conquista
de sonhos e utopias, armados de palavras.
Tudo era novo e belo ao nosso olhar,
até mesmo as palavras e o ritmo dos versos antigos.
E era tanta a noite,
que apenas com uma chispa
inventávamos a alvorada.
Ansioso por caminhos impossíveis,
partiste sem avisar.
Ficaram-me tantas coisas por dizer-te
e tantas eram as coisas que tinhas para me dizer…
Trago a poeira das palavras colada à pele,
aos nervos, ao sangue, ao pensamento.
Morreram-me as palavras por não tas dizer.
Tudo passou. É pó.
Já nem a recordação serve.
Deste telhado tranquilo de onde os pombos levantam voo,
esvoaçam sonhos novos. Tu já não os verás,
talvez nem eu… Mas a tarde, agora,
com a serena claridade do poente
ressuscita por momentos as palavras perdidas
e devolve-me o eco da conversa antiga
misturado com os versos de algum poeta querido…
Procuro a tua voz e oiço um ruflar de asas…
Não sabes o que daria para que aqui estivesses.
. Ligações
. A Mesa pola Normalización Lingüística
. Biblioteca do IES Xoán Montes
. encyclo
. cnrtl dictionnaires modernes
. Le Monde
. sullarte
. Jornal de Letras, Artes e Ideias
. Ricardo Carvalho Calero - Página web comemorações do centenário
. Portal de cultura contemporânea africana
. rae
. treccani
. unesco
. Resistir
. BLOGUES
. Aventar
. DÁ FALA
. hoje há conquilhas, amanhã não sabemos
. ProfBlog
. Sararau