(este post da Andreia está dividido em duas partes e, como o automático não está a funcionar, cliquem às 20,30h para verem a segunda)
Andreia Dias Águia de Bonelli (Aquila fasciata)
(ilustração de Adão Cruz)
Destas águias, não me é particularmente fácil falar. Falo e logo sinto borboletas que me pululam nos pés e rapidamente me chegam às orelhas. E tudo isto, devido ao carinho que lhes tenho. Afinal de contas, dediquei-lhes na íntegra, os últimos 4 anos. Foi um amor à primeira vista… pela sua “fragilidade e robustez”. É um contra-senso, eu sei, mas é daqueles “amores-paixão”, dos que nunca viram ódio.
É difícil falar do que se gosta muito, quase tanto como falarmos de nós próprios. Por instantes, ponho o meu profissionalismo de lado para falar de um animal. Estas águias aniquilam o mais robusto humano, apenas com o olhar. Hoje, quase viro poeta, só de escrever sobre a águia de Bonelli, perdoem-me os tantos (verdadeiros) poetas que me lêem…
Esta espécie foi descoberta para a ciência pelo italiano, Andrea Bonelii (1819) e não fosse a coincidência… a Andreia das Bonellis!
Sei exactamente quando e onde vi o primeiro ovo, o primeiro “bebé”, a caçarem, a dormitarem, a copularem… as que tiveram bebés e com as asas abertas as protegeram do sol ou da chuva, as que ficaram sem ninho porque caiu, as mais exibicionistas e as mais discretas, as mais escuras, as mais clarinhas, …
Qualquer observação fugaz, que aos meus olhos era eterna… inundava-me de alegria para enfrentar os dias seguintes sem novas observações.
E tê-las na mão!? Quando o meu batimento cardíaco se funde no delas e não consigo sequer distinguir qual o que bate mais forte…
As águias de Bonelli, têm estatuto de “Em Perigo” e têm sofrido um acentuado declínio nos últimos anos.
Pode ser encontrada desde a região mediterrânica até ao Sudoeste asiático, em pequenas e fragmentadas populações. Na zona da Indonésia e Timor-leste existe uma forma distinta, sendo defendida por uns como uma subespécie e como espécie diferente por outros.
Em Portugal, existem cerca de 115 casais. Ao contrário do Nordeste Transmontano (ou mesmo do resto da Europa) onde nidificam exclusivamente em rocha, no Sul de Portugal a população tornou-se arborícola e curiosamente encontra-se em expansão.
É a ave de rapina que se reproduz mais cedo na Europa. Podem pôr 1, 2 e raramente 3 ovos (ocorreram 2 casos inéditos em Portugal do nascimento e voo de 3 crias em 2007 na zona do Vale do Guadiana). Os pequeninos quando nascem, assemelham-se a bolinhas brancas de algodão e à medida que crescem, vão adquirindo uma plumagem mais escura. Através da evolução desta plumagem, é possível avaliar a idade das crias.
Quando atingem cerca de 65 dias, começam a efectuar os primeiros voos. Permanecem perto do ninho cerca de 2 meses.
Alimentam-se de coelhos, perdizes, pombos e outras aves de médio porte.
São fiéis ao território e ao companheiro (por vezes ocorrem divórcios). Podemos observá-las todo o ano.
As principais ameaças são os cortes de grandes árvores (devido à sua exigência no que respeita a altura e robustez para suportarem os grandes ninhos), degradação do arvoredo (doenças, incêndios), tricomoníase, linhas eléctricas, disparo e perturbações na época de reprodução.
É talvez a ave de rapina mais discreta que conheço… a mais singela e a mais ágil (atendendo ao tamanho).
Quase se torna mitológica quando avistada, altura em que os sentimentos ficam ofuscados com tanta beleza.
Que sorte a minha, que sorte a minha…
Curiosidades: os juvenis, depois de dispersarem, regressam ao local onde nasceram, pelo menos 1 vez na vida.
Nota informativa: A autora deste texto não tem filiação clubística nem liga nenhuma ao futebol...nem eu. Só gostamos de águias.
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