Vamos ter uma série de artigos do Prof. Júlio Marques Mota sobre esta problemática que se arrasta há anos e que acompanha a reorganização da France Telecom. Trabalhadores que se suicidam por verem os seus postos de trabalho em perigo ou porque a empresa os coloca noutras funções ou, mesmo, noutros locais de trabalho.
O último foi um trabalhador com 58 anos, pai de quatro filhos, imolou-se pelo fogo na garagem da empresa, não sem antes deixar um documento .
A empresa lamentou o sucedido.
A polícia e os bombeiros limitaram-se a verificar que a vítima já era cadáver. Vejamos parte do que escreveu o empregado:
“continuamos todos, empregador, Estado accionista e decisor, sindicatos, assalariados, a ignorar as verdadeiras causas profundas: daqui a dez anos, estaremos ainda do mesmo assunto…enfim não… uma certa categoria de pessoal terá desaparecido quer por ter ido para a reforma quer pelo suicídio: e o problema será resolvido!
Na carta sublinha o facto de ser colocado no caixote do lixo, referenciando que “ aqueles que são abandonados e obrigados a enfrentar o seu falhanço no quotidiano estão muito mal! Eles estão preocupados com a qualidade da sua prestação, tornada impossível, sem via de saída. “ Eu estou nesse segmento. Ratio de gestão da situação nacional: estou mais que farto”.
Em 26 de Abril, mostrou-o da forma trágica que todos sabemos.
Basta de palavras."
Como trata a empresa de todos estes casos de suicídios dos seus trabalhadores?
"Perante cada grande problema que se nos é colocado - quer se trate de desregulação climática, da ameaça de uma nova forma de gripe ou do suicídio de assalariados - tudo se passa como se o que importa é, sobretudo, identificar uma causa, simples e única, a fim de obter ,o mais depressa possível, um suposto remédio para tudo resolver. Infelizmente, como assim efectivamente o deu a perceber René Girard, a sociedade prefere sacrificar um bode expiatório para canalizar, através dele, a violência social."
Por outras palavras, a empresa não está interessada em reconhecer que os 37 suicídios têm causas comuns que nascem da relação da gestão da empresa com os seus trabalhadores, na relação com o ambiente de exigência e de insegurança sociais, antes, aponta os casos como se tratassem de casos individuais de pessoas que não têm capacidade para corresponder às exigências (normais!) da função que lhes foi distribuída !
O ser humano está assim , definitivamente, deslocado do centro das actividades económicas, é mais um meio instrumental para a obtenção de resultados, tal como os factores financeiro ou técnico, tudo se compra ou tudo se vende, no altar do lucro a todo o custo.
PS: Este assunto será tratado em vários textos , a partir do dia 2 de Maio, às 20 horas, pelo Professor Júlio Marques Mota
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