Foi há 37 anos
A ditadura foi lançada borda fora, a liberdade despontou e a democracia iniciou-se.
A guerra começou a viver os seus últimos dias, a paz acabou com o colonialismo e deu origem a novos países independentes.
O regime despótico e repressivo e o atraso atávico que trazia no seu ventre viam os seus dias contados. Abriam-se as portas ao desenvolvimento e à alfabetização para uma caminhada imparável e vitoriosa.
O isolamento internacional desaparecia, o relacionamento com todos os povos do Mundo provocou a nossa transformação em estrela maior da comunidade internacional,a consequente aceitação nos seus organismos foi um facto.
De repente, as portuguesas e os portugueses acordaram livres, incrédulos com tanta felicidade, mas de imediato fizeram sua a festa, influenciando e determinando-lhe o caminho.
Hoje, passados 37 anos, quando muito do conseguido foi abandonado, quando a crise em que mergulhámos nos faz ter saudades dos dias da libertação, é tempo de reafirmar os valores que nos fizeram avançar há 37 anos e de proclamar bem alto: Claro que valeu a pena! Claro que não estamos arrependidos!
Isto porque, apesar das enormes dificuldades que atravessamos, apesar de Portugal se afastar cada vez mais do que sonhámos com o 25 de Abril, o país que hoje temos é incomparavelmente melhor do que o que tínhamos há 37 anos.
Não nos venham dizer que os males de hoje são da responsabilidade do 25 de Abril!
Há 37 anos abriram-se as portas aos portugueses, para a construção de um país
melhor.
Durante estes anos, não fomos capazes de garantir a unidade de todas e de todos na consolidação de um caminho conjunto, para fazermos mais e melhor. Desbaratámos as nossas potencialidades. Deixámo-nos arrastar para uma crise que, tendo uma enorme componente internacional, é também fruto dos erros cometidos pelos responsáveis políticos, por nós escolhidos.
Hoje poderíamos dizer – é tempo de o afirmar – que há 37 anos estávamos à rasca!
A geração de então conseguiu resolver os problemas e, ao fazer o 25 de Abril, encarou-os numa perspectiva global e não geracional.
É nisso que acreditamos: as novas gerações serão capazes de resolver os problemas que enfrentam, sem que para isso tenham de pôr de parte a experiência dos menos jovens em idade.
É isso que nos ensina a nossa História, de quase mil anos: em tempos de crise, fomos sempre capazes de encontrar soluções. Por isso, vamos consegui-lo novamente.
Desde logo, renovando e aprofundando o sistema democrático, onde o papel dos partidos políticos, sendo indispensável, não é exclusivo.
É necessário que todos aqueles que não se revêem no actual quadro partidário tenham mais do que o voto em branco como forma de expressão da sua vontade política, nomeadamente através da apresentação de candidaturas à Assembleia da República.
É tempo de dizer que os eleitos, ao contrário do que hoje acontece, na generalidade,têm de voltar a representar o povo que os elegeu!
Os males da democracia curam-se com mais democracia, por isso, nas eleições que se aproximam temos de proclamar que não abdicamos do nosso direito de voto
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