Domingo, 1 de Maio de 2011

5 - Primeiro de Maio - DIA INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES

Isto anda tudo ligado

 

Quadro de Júlio Pomar

 

 

 

 

 

Eduardo Valente da Fonseca (1928 - 2003)

 

Canto do Ceifeiro

 

 

 

 

Canta ceifeiro canta,
sob o sol de Agosto, canta,
a terra é tão farta e tanta,
que chega para a tua fome
e cresce para a tua manta,

Canta ceifeiro canta
a charneca e não sossobres.
Espanta o medo e o cansaço,
aguenta mais um pedaço
e canta ceifeiro canta
o heroísmo dos pobres.

Canta ceifeiro canta
o Alentejo todo teu,
canta a charneca em flor,
canta o trigo com suor,
canta a lonjura do céu.
Canta ceifeiro canta
em Serpa. Cuba ou Ermidas,
ia que os braços são pequenos
dêem-se as vozes ao menos
que as vozes serão ouvidas.

 

 
Canta ceifeiro canta
canta sempre sem espanto
tudo quanto tanto anseias,
que não vem longe o minuto
do teu suor ser enchuto
e tu seres a própria Paz.
Canta ceifeiro canta
e diz de quanto és capaz,

Canta esses sulcos vermelhos
como as tuas maiores veias,
canta a luta e a tua sede
os azinheiros e o trigo,
canta a carne e o desabrigo
por todo o frio do inverno,
canta a morte dos teus filhos
mais a dos teus companheiros,
canta sempre canta, canta
belas canções de ceifeiro,
que o Alentejo cresceu.
dos teus braços de sobreiro
erguidos ao sol de estio,
e de todo o teu suor
Já do tamanho dum rio.

Canta ceifeiro canta
o Alentejo todo teu,
que nele foi que nasceste
com raízes desde o fundo,
e nele os irmãos da terra
vem sendo há muito ofendidos
nos seus sempre sagrados
e humanos cinco sentidos.

Canta ceifeiro canta
canta com ânsia e bravura
e que o canto que se levante
dê mais força á tua altura.

 

(A Cidade e os Homens e outros poemas, sem data)

 

 

Francisco Fanhais canta, com música de sua autoria, estes versos de Eduardo Valente da Fonseca:

.

 

 

E falando de ceifeiros, como podíamos esquecer o Cantar Alentejano, de José Afonso?

 

José Afonso (1929-1987)

 

Cantar alentejano 

 

 

Chamava-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer

Ceifeiras na manhã fria
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então brotou

Acalma o furor campina
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou

Aquela pomba tão branca
Todos a querem p´ra si
Ó Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti

Aquela andorinha negra
Bate as asas p´ra voar
Ó Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de cantar

 

(Cantares, 1967)

 

 

 

 

 

E, como dizia o Eduardo Guerra Carneiro, isto anda tudo ligado - vejam a gravura que José Dias Coelho fez como homenagem à mesma Catarina Eufémia que inspirou a canção doZeca: 

 

 

 

 

 

 

 

 

 E(isto anda mesmo tudo ligado), ouçamos a canção que o Zeca dedicou a José Dias Coelho que foi assassinado a tiro pela PIDE, em 19 de Dezembro de 1961, na Rua dos Lusíadas, em Lisboa: A Morte Saiu à Rua - uma canção de uma arrepiante beleza:

 

 

 

 

 

 

publicado por Carlos Loures às 03:00
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