Com o devido agradecimento ao Esquerdanet
Dezenas de intelectuais e personalidades públicas israelitas realizaram um protesto, quinta-feira à tarde, em frente à Sala da Independência de Tel Aviv, no boulevard Rotshschild, onde David Ben-Gurión pronunciou a declaração do Estado de Israel em Maio de 1948. Os participantes do acto, entre eles 17 ganhadores do Prémio Israel - o maior galardão israelita no campo das artes, ciências e letras -, expressaram o seu apoio à criação de um Estado palestiniano de acordo com as fronteiras de antes da guerra de 1967.
Os manifestantes também planeiam assinar a sua própria declaração por escrito para expressar o seu apoio e convidaram o público em geral a unir-se a eles na assinatura do documento. “O povo judeu surgiu na terra de Israel, onde forjou o seu carácter. O povo palestiniano está a crescer na Palestina, onde se forjou seu carácter”, afirma o documento.
“Fazemos um apelo a todos os que buscam a paz e a liberdade para todos os povos para que apoiem a declaração de um Estado palestiniano e actuem para estimular os cidadãos dos dois Estados a manter relações pacíficas com base nas fronteiras de 1967 (...) O fim total da ocupação é um requisito fundamental para a libertação dos dois povos”, prossegue a declaração.
Os promotores da manifestação insistem que ela não é um protesto simbólico, mas faz parte de um processo mais amplo que conduza a uma legítima alternativa à política actual de Israel. “A nossa iniciativa não é uma demonstração de ingenuidade”, disse Sefi Rachlevsky, um dos organizadores do acto e colunista do jornal Haaretz. “Em lugar de ser o primeiro a estender a sua mão e apoiar a independência palestiniana, Israel está a trabalhar contra ela. Isso não é apenas um desastre moral, como também pode provocar uma catástrofe na qual se Israel se isolará e se transformará em uma espécie de África do Sul”.
O ponto de vista sionista
“Israel age desta maneira com a falsa ilusão de que pode continuar com o seu comportamento colonialista, que se baseia no racismo antidemocrático que contradiz a própria declaração de independência”, acrescentou Rachlevsky.
“
Estou a falar desde um ponto de vista sionista”, explicou o professor Yehuda Bauer. “O sionismo propõe-se como objectivo a preservação de um lar nacional judeu com uma maioria judia sólida. Este era o sonho da esquerda, da direita e do centro do sionismo clássico. Mas a continuidade da ocupação garante a anulação do sionismo, ou seja, descarta a possibilidade que o povo judeu possa viver na sua terra com uma maioria forte e o reconhecimento internacional. Em minha opinião, isso torna claramente anti-sionista o actual governo de Israel”.
Bauer considera a criação de um Estado palestiniano nos moldes das fronteiras de 1967 como “a realização do nacionalismo judeu genuíno que existirá em paz na região e dentro da comunidade internacional”.
Tradução de Katarina Peixoto
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