A minha lista não contempla livros a levar para uma ilha deserta porque esses são os que estão à espera de ser lidos.
Preferi privilegiar obras que são testemunhas de acontecimentos importantes do Século XX, embora possa haver entre elas algumas consideradas obras de ficção.
Como muitas das traduções portuguesas apareceram já neste século, decidi assinalar apenas, entre parêntesis, o ano da edição original.
A – Documentos/Testemunhos
1) John Hersey, “Hiroshima”, Antígona (1946) – relatos de várias pessoas presentes na cidade de Hiroshima no dia 6 de Agosto de 1945.
2) Norman Mailer, “Os Nus e os Mortos”, Publicações Dom Quixote (1948) - é um exemplo do efeito da guerra sobre os seres humanos, de como a desumanidade não se manifesta só entre as forças beligerantes. Também dentro de cada exército pode haver tanta ou mais crueldade do que a que existe entre facções inimigas em confronto. Para mim é mais um documento do que um romance.
3) Anna Larina Bukharina, “Bukharine, Minha Paixão”, Terramar (1990) – ao mesmo tempo que nos fala duma história de amor, denuncia os crimes de Estaline, que nem poupou muitos dos seus mais próximos colaboradores, e relata pormenorizadamente os processos de Moscovo e o universo dos campos de concentração do Gulag.,
4) Ryszard Kapuscinski, “ O Império”, Campo das Letras (1992) – as deambulações do autor pelo território de uma União Soviética já em colapso. Uma obra-prima do jornalismo.
5) Thomas S. Kuhn, “A Estrutura das Revoluções Científicas”, Guerra & Paz (1962) – o clássico e muito interessante livro que nos explica de que modo a ciência evolui, cria a noção de paradigma e nos diz em que consistem as revoluções científicas, dando exemplos das que ocorreram ao longo da História da Ciência.
6) George Orwell, “Homenagem à Catalunha”, Livros do Brasil (?) – uma das narrativas mais conhecidas sobre a Guerra Civil de Espanha feita por um directo interveniente no conflito.
7) Primo Levi, “Se Isto É Um Homem”, Editorial Teorema (1947) – testemunho do autor, químico, nascido em Turim, do seu internamento no campo de concentração de Auschwitz.
Estes são, também, livros da minha vida, constituindo, embora alguns, relatos dolorosos. Mas obrigaram-me a ver o mundo com os olhos bem abertos e a perceber como os seres humanos são multifacetados: tanto podem usar a sua inteligência na criação do conhecimento e da beleza, como descer aos infernos da maior crueldade e, igualmente aí, serem muito criativos.
B -.Ficção
Sendo tão pouco o espaço restante para os livros que adoçaram as minhas horas de leitura, foi muito difícil escolher. Vão estes sete como poderiam ir outros. Não vou resumir nenhum deles, todos são livros a não perder. Mas não resisto a referir a sensação solar que deixou dentro de mim o livro de Carlos Fuentes, um magnífico fresco sobre os últimos 100 anos da vida no México.
8) Vitorino Nemésio, “Mau Tempo no Canal”, Bertrand (1944)
9) José Saramago “Memorial do Convento”, Caminho (1982)
10) Marcel Proust, “Em Busca do Tempo Perdido” (1913/9127)
11) Marguerite Yourcenar, “Memórias de Adriano”, Ulisseia (1974)
12) William Faulkner, “O Som e a Fúria”, Publicações Dom Quixote 1994 (1984)
13) Gabrial Garcia Márquez, “Cem Anos de Solidão”, Publicações Dom Quixote, (1967)
14) Carlos Fuentes, “Os Anos Com Laura Diáz”, Publicações Dom Quixote, 2001 (1999)
Lawrence Durell, “O Quarteto de Alexandria”, Ulisseia (1957/1960)
Albert Cohen, “Bela do Senhor”, Contexto (1968)
Mário Vargas Llosa, “A Festa do Chibo”, Publicações D. Quixote (2000)
Gabriel García Márquez, “O Amor em Tempos de Cólera”, Publicações D. Quixote (1985)
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