Sábado, 28 de Agosto de 2010

Cultura. Uma simples opinião.


Marcelo Rebelo de Sousa - culto ou inculto?
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Adão Cruz


Quando li um comentário de Carlos Loures, decorrente do seu próprio texto “A poesia. Para que serve a poesia?”, e em que ele diz “por exemplo, o Marcelo Rebelo de Sousa, de inculto nada tem”, senti uma certa comichão. Claro que seria uma tontice dizer que Marcelo Rebelo de Sousa não é um homem culto. Mas dizer que de inculto nada tem é, a meu ver, uma inverdade.

Em minha opinião, a cultura faz parte integrante da estrutura do ser humano. Mas entre os diferentes graus de cultura, da sua solidez e profundidade, da sua autenticidade e verdade, da sua sábia natureza intrínseca, pode haver diferenças abismais. A cultura constitui-se através da vida como qualquer um dos mecanismos de adaptação, enriquecendo o conhecimento e o saber nos emaranhados mecanismos fisiológicos e neurobiológicos da criatividade.

A verdadeira cultura, a cultura do saber autêntico, a cultura do percurso, a cultura do ser, transparece, muitas vezes, no homem verdadeiramente culto, de forma natural, no olhar, no fácies, na postura, no ser, na primeira amostra de comunicação. Nada em Marcelo Rebelo de Sousa me faz sentir que ele não é vulgar e que a cultura é o cerne da sua estrutura.

Tudo isto é um pouco como a nossa língua, que, como todos sabemos, não deve ser considerada um mero instrumento de comunicação, mas uma parte inseparável do todo que somos e da riqueza anímica que construímos através da vida. Um bom perfume deve ser sentido como parte integrante da personalidade de uma mulher e não como um cheiro. Uma boa decoração deve ser sentida pelo bom ambiente, pelo conforto e bem-estar que cria e não dar nas vistas apenas pelo estilo, pela forma e configuração dos objectos. Ao contrário do que hoje se vê em todos os lados, a cultura não é um enfeite, uma cosmética, uma roupagem mais ou menos vistosa.

Esta cultura do saber, a verdadeira e profunda cultura, nada tem a ver com a cultura-espectáculo, com a cultura-folclore, com a mais que ridícula cultura política, com a cultura do enciclopedismo superficial dos tagarelas, onde, e esta é a minha opinião, incluo, parcialmente, o Dr. Marcelo Rebelo de Sousa. E por isso me dá uma certa comichão quando o amigo Carlos Loures diz que ele de inculto não tem nada.
publicado por Carlos Loures às 14:15
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26 comentários:
De adão cruz a 28 de Agosto de 2010
Pois não voltes. Chama-lhe sabedoria, se quiseres, que até está bem. E podes chamar cultura aos conhecimentos maiores ou menores, mais profundos ou menos profundos, mais completos ou menos completos que sustentam essa sabedoria. E não se trata de mero jogo de palavras, como não se trata de mero jogo de palavras chamar tradição popular em vez de cultura popular, dado que a tradição popular, ainda que muito interessante, é a maior parte das vezes acultural e anticultutal. Não esquecer que o meu conceito de cultura, e já o disse por várias vezes, é a sabedoria que nos permite aproximarmo-nos o mais possível da "verdade" verdadeira, ainda que não saibamos qual é. Os conhecimentos que antecedem essa sabedoria podem ser das mais variadas categorias, e são tanto mais importantes quanto mais ricos forem. Este é o meu conceito e vale o que vale.
De augusta.clara a 28 de Agosto de 2010
Pois é, sabedoria, para mim, é cultura num estadio superior e pouco me importa, agora, defini-la com ou sem competências literárias ou artísticas. Eu vinha lendo por aqui abaixo, com muito agrado,a manifestação de inteliência que tem sido este debate e comecei a perguntar-me "E quando é que alguém fala em sabedoria?". Finalmente apareceu. Eu acho que sabedoria é quase como poesia. Tem um significado inalcansável. Não se explica. Se a poesia é como o sonho, a sabedoria será como o quê? Talvez o poder sereno de um deus que não quer fazer uso dele? Só sendo assim se pode perceber como são tão poucos os sábios.
De paladar da loucura a 29 de Agosto de 2010
tenho que desabafar. Entre Culturas, partilhei convosco um acontecimento inédito na minha vida que me deixava feliz. Pedi desculpas pela mudança de ponteiro, armei-me de coragem e feito uma colegial contei com o vosso apoio. Ou fiz mal, e todos passaram por cima do que disse porque se calhar a importância só a dava eu, ou somos todos pouco atenciosos uns com os outros. Assim fica a vida sem poesia alguma, enquanto catedras discutimos sentimentos. Sem mágoas despeço-me surpresa, perguntando-me a mim mesma, porque continuo tão provinciana?
De Luis Moreira a 29 de Agosto de 2010
Nada disso, eu registei os poemas publicados, mas na altura estava com os neuróneos focados na sabedoria, que a Augusta, muito bem , esperava.
De adão cruz a 29 de Agosto de 2010
Ethel, nada em mim é cátedra, nem nunca foi. Podes ter a certeza. Sou um humilde aprendiz em tudo, embora confesse que sou um entusiasta na discussão dos temas, o que pode levar as pessoas a pensar em presunção. Mas não é, garanto-te. E temas como estes, a maravilha da análise dos sentimentos, são, para mim, muito importantes, e fazem-me desbobinar. Como é importante a poesia, aliás, o sentimento poético.
De paladar da loucura a 29 de Agosto de 2010
Adão, espero agora não estar a fazer um papel de pessoa desagradável. O Carlos levou este meu desabafo para outro post- o meu último texto, hoje publicado, pedindo que eu me expresse aí, no que ele considera ser o lugar adequado. Nesse espaço respondi também ao Carlos. Como expus-me neste desabafo, não me resta alternativa que não seja continuar a expor-me. Mas quero respeitar o Carlos, assim Adão vou continuar debaixo do meu último texto publicado - 'Hoje acordei com saudades tuas'.
Até já

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