Segunda-feira, 11 de Abril de 2011

A propósito dos cenários da Standard & Poors- um comentário por Julio Marques Mota

A propósito dos cenários da Standard & Poors- um comentário

De que falamos nós? De que nos fala este texto.  Dos testes de resistência ao  sistema bancário, à economia, à Europa , no caso de, no caso  de haver uma drástica menor apetência  por títulos soberanos europeus, no caso de  se dar um forte aumento de taxas de juro para captar esses mesmos fundos renitentes a serem investidos na Europa, na Europa trancada pelas  Instituições Europeias, pelos  Durão Barroso, pelos  Herman van Rompuy, presidente da União Europeia, pelos   Jean-Claude Juncker, actual presidente do Eurogrupo mas que mais parece o representante de um paraíso fiscal bem determinado, o Luxemburgo que,  fruto da globalização, trocou a dureza de produzir aço  por cofres fortes, mesmo que virtuais, os cofres de um verdadeiro paraíso fiscal.

 

Testes de resistência ao sistema bancário. Crises da dívida soberana, crise do sector imobiliário, recessão económica, forte desvalorização do dólar, trata-se de simular a introdução destes factores de risco sobre o sistema bancário e  ao nível da simulação observar como  é que ele resiste ou onde é que estão os pontos fracos do sistema.  Mas também é preciso ser-se sério e não nos parece que nem o sistema nem a estrutura dos testes o tenha sido. Basta-nos ver o que aconteceu com a Irlanda. Depois dos bons resultados dos testes serem publicados, os bancos irlandeses eram ultrapassados  pela crise do imobiliário! Um desastre que a transparência que os testes assegurariam não permitiu prever, e mesmo para mau entendedor, basta. Nos casos que agora se irão passar, a  Autoridade Bancária Europeia, EBA,  vai estudar o impacto de uma redução na taxa de crescimento de 0,5 por cento na zona Euro, 0,2 em 2012, Considerarão uma queda do valor das acções em 15 por cento e nestas simulações o dólar cairá de 4. Admitir-se-á uma depreciação ( haircuts ) da dívida grega e irlandesa  e actualmente a EBA debate-se com um problema curioso mas extraordinariamente importante:, que é saber o     que é deve ser considerado como capital. Até a este nível o neoliberalismo descapitalizou as nossas cabeças, as deles, pelo menos.

No caso presente dos testes deste texto, a Standard é clara:

 

“Na nossa análise de cenários, que se estende por um período de cinco anos, de 2011 a 2015, um choque em três fases. Na primeira fase, a taxa de rentabilidade financeira aumentará para níveis equivalentes aos das aflitivas taxas que se observaram sobre os devedores que eram considerados como sendo os de maior risco desde que o Lehman entrou em situação declarada de falência em Setembro de 2008, na sequência do fluxo de notícias negativas persistentes vindas das economias da UE. Na segunda fase, o acesso ao refinanciamento deteriorar-se-á ainda mais, especialmente na periferia da zona euro e para os países mais vulneráveis. A terceira fase deste cenário hipotético assume que as economias da Europa Ocidental – mais especificamente, Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha - são atingidas por uma recessão muito severa.”

E continuam:

 

 

“É importante observar que os nossos pressupostos quanto à taxa de juro nominal são extremos e não reflectem o que nós consideramos como sendo o mais provável, e que é, continuamos sempre a admitir que os estados soberanos mais vulneráveis da zona euro beneficiariam por pagarem baixas taxas de juros ​​a médio prazo mais baixas que lhes serão concedidas através do acesso aos mecanismos de apoio da UE. Por outras palavras, tomámos como uma hipótese pouco provável que os países soberanos mais expostos, não teriam pois acesso ao financiamento de instituições supranacionais.”
E para bom entendedor, de forma muito discreta afirmam:

 

“É importante observar que os nossos pressupostos quanto à taxa de juro nominal são extremos e não reflectem o que nós consideramos como sendo o mais provável, e que é, continuamos sempre a admitir que os estados soberanos mais vulneráveis da zona euro beneficiariam por pagarem baixas taxas de juros ​​a médio prazo mais baixas que lhes serão concedidas através do acesso aos mecanismos de apoio da UE. Por outras palavras, tomámos como uma hipótese pouco provável que os países soberanos mais expostos, não teriam pois acesso ao financiamento de instituições supranacionais.”

Por outras palavras, o ultimo período deste parágrafo é terrível  e sejamos nós mais directos, creio que nos estão a  prometer  o inferno em termos de economia. Com descidas possíveis do PIB na casa dos 20 por cento, com quedas na bolsa na ordem dos 70 por cento,  com descidas no sector imobiliário na casa dos 50 por cento, o inferno de Dante trazido pela mão de um futuro doutorado Honnoris Causa por uma Universidade portuguesa.

 

Dão-nos porém uma palavra de esperança, a mostrar também que alguns dos analistas das agências de rating sabem mais de economia  que muitos dos nossos dirigentes  neoliberais bem pagos que nos comandam de Bruxelas ou de algures, seja esse algures, Lisboa, Madrid, Paris, Roma ou uma outra qualquer cidade da zona euro. Com efeito na conclusão final os redactores do relatório afirmam: 

 

“As implicações políticas de uma crise da magnitude acima descrita são difíceis de avaliar, na nossa opinião, por causa do enorme custo social subjacente. Se a história nos pode servir de guia, os eleitores nos países mais atingidos poderiam ser tentados a apoiar  os políticos que apelassem à aplicação de medidas proteccionistas e a uma saída possível  da zona do euro para poderem através da variação da taxa de câmbio reforçar a concorrência e vir a introduzir políticas que favoreçam o emprego e os interesses nacionais a curto prazo. Mais ainda, nós pensamos que o cenário acima descrito também poderia continuar testar  ainda mais qual a força dos laços da EU e possivelmente até  um ponto onde os governos europeus poderão  ter muito pouca alternativa que não seja optar entre uma integração fiscal muito mais vasta e profunda  do que é actualmente o caso ou então a saída definitiva da zona do euro das  economias mais endividadas, com consequências potencialmente ainda piores.”

Deixam  em aberto e isto para nós é curioso, deixam em aberto  que haja ainda hipótese, muita limitada é certo, que as consciências  dos nosso líderes políticos nacionais e ou regionais   despertem face ao drama possível que eles próprios  estão  a construir, e que diabo de verbo este,  aqui e agora,  ainda admitem que estes  ganhem consciência de que   estão  a construir a  destruição da Europa e  que talvez despertem, que talvez evitem esse drama.

 

É tempo, ainda, de evitar o desastre e para o efeito depois deste texto apresentaremos as vias de saída que na linha dos Economistas Aterrados que Dominique Plihon nos apresentará, linhas de saída claramente possíveis, linhas de saída aos nossos políticos claramente exigiveis.

Coimbra, 10 de Abril 2011.

Júlio Marques Mota

 

publicado por Luis Moreira às 20:00
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