Que Portugal possuía colónias de uma excessiva dimensão para a sua pequenez territorial e para o seu reduzido peso na política internacional, era tese quase consensual na Europa do princípio do século XX. Sobretudo a França, a Alemanha e a nossa velha aliada, a Inglaterra estavam de acordo quanto a esta «aberração». Mas havia outros pretendentes a «ajudarem-nos» a tomar conta das colónias – Itália e Bélgica, por exemplo. O valor económico e geoestratégico do império colonial português era motivo de cobiça por parte das grandes e médias potências da época que alegavam que um país tão pequeno e pouco desenvolvido carecia de capacidade para promover o desenvolvimento de territórios tão vastos.
Quando deflagrou a guerra em 1914, perceberam os nossos políticos que quando o conflito terminasse uma nova divisão se faria na Ásia e em África. Para quem não percebesse o que estava por detrás, estranharia a posição britânica que se opôs enquanto pôde á entrada de Portugal no conflito. É ridículo, mas a diplomacia portuguesa obteve um vitória quando foi aceite o envio de tropas portuguesas.
Outros motivos houve para que entrássemos na guerra, como, por exemplo, a vontade de nos afirmarmos no concerto das nações e, principalmente, o de esconjurarmos o eterno fantasma da anexação pela Espanha que, desde a implantação da República, ganhara corpo e aparecia como uma ameaça muito real. O vídeo que se junta, com a participação de historiadores especializados, é bastante elucidativo sobre os motivos que levaram Portugal e entrar na guerra.
Limitemo-nos a recordar o dia 9 de Abril de 1918. À batalha de La Lys. - Faz hoje 93 anos. A batalha durou quase três semanas, até 29 de Abril e ocorreu no sector de Ypres, na região da Flandres, em território belga. A frente desenvolvia-se numa linha de 55 quilómetros. Cerca de 84 mil homens compunham o 11° Corpo Britânico, no qual estava integrada a 2ª divisão do Corpo Expedicionário Português (CEP) - aproximadamente 20 mil homens, com 15 mil ao longo das primeiras linhas, sob o comando do general Gomes da Costa.
Na madrugada de 9 de Abril, oito divisões do 6º Exército Alemão, com cerca de 55 mil homens comandados pelo general Ferdinand von Quast atacaram o sector português, sabendo-o mais vulnerável – era a operação com o nome de código Georgette. Não entro em pormenores – Nas primeiras quatro horas de combates, as tropas portuguesas, entre mortos, feridos, desaparecidos e prisioneiros, perderam cerca de 7500 homens.
Para este desastroso resultado contribuíram pormenores como, por exemplo, as forças britânicos, mais bem equipadas e mais disciplinadas, terem logo ao eclodir da ofensiva, recuado para posições à retaguarda. Os flancos do nosso Corpo Expedicionário ficaram expostos, sendo envolvidos pelas sucessivas vagas da infantaria germânica apoiada por artilharia.
A Batalha de La Lys foi uma das mais desastrosas de toda a história portuguesa. Os mitos foram muitos, quase criando no imaginário popular a ideia de que se tratou de uma vitória. Mas, sendo uma inegável derrota, parece ser evidente que o sacrifício dos soldados portugueses proporcionou aos britânicos tempo para se estabelecerem em posições favoráveis. É caso para dizer que, com amigos assim, para que precisamos nós de inimigos?
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