Com a devida vénia transcrevemos esta notícia do Jornal de Notícias de 3/4/2011:
O poeta e crítico literário Eduardo Pitta defendeu que a literatura "parece ter-se transformado num campeonato de misses" e que há escritores importantes que foram esquecidos porque "os portugueses são um povo de memória curta".
Eduardo Pitta falava numa mesa de debate sobre "Os Escritores Esquecidos" da primeira edição do Festival Literário da Madeira, uma iniciativa dos consultores editoriais Booktailors e da editora Nova Delphi que reuniu cerca de 20 escritores entre sexta-feira e domingo no Funchal.
Na sua opinião, a literatura transformou-se "num campeonato de misses": "Quem passa hoje nos media é quem tem uma cara laroca. A fama passa por parâmetros que no meu tempo estavam associados à Vogue e agora estão associados à vida literária".
"Entretanto, o escritor perdeu estatuto. Qualquer apresentador de televisão tem mais estatuto que um escritor", comentou, antes de enumerar alguns escritores portugueses esquecidos.
Entre eles, Fernando Namora -- "o mais lido e o mais traduzido, para línguas vivas e mortas. Quem é que hoje lê o Namora?", interrogou-se -, Natália Correia e David Mourão-Ferreira, José Régio, Eugénio de Andrade, José Gomes Ferreira, Carlos de Oliveira, Urbano Tavares Rodrigues, Almeida Faria, Herberto Helder e Ruy Belo -- "uma espécie de patronos da poesia".
Por sua vez, Afonso Cruz pensou primeiro que o escritor esquecido é "aquele que nunca poderá escrever as próprias memórias" e só depois olhou para as suas estantes e concluiu que estava na mesa de debate certa, porque a maior parte das obras nas suas prateleiras pertencem a escritores esquecidos.
Deu alguns exemplos: Maximo Gorki, Giovanni Papini, Dostoievski -- "que não é um autor esquecido, mas algumas das suas obras são" -, Thomas Mann -- "se alguém quiser ler a tetralogia do José, não existe em português" -- e um outro outro, que classificou como "o esteio da cultura ocidental" e que durante mil anos não foi lido.
"Estou a falar de Platão. Só em 1415, com a queda do Império do Oriente, de Constantinopla, é que ele foi traduzido. Até aí, só era lido no Oriente. Até dava um bom título: 'Mil Anos de Esquecimento'", gracejou.
O romancista e ensaísta italiano António Scurati falou da perda de estatuto do escritor, da excessiva mediatização dos novos autores, da perda de valor da palavra literária no seu país e da quota parte de culpa que o primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, tem nesse processo.
Violante Saramago, filha de José Saramago, apresentou-se como "uma leitora", explicou que é bióloga e política e que nunca estudou literatura, e decidiu centrar-se apenas num escritor esquecido, Aquilino Ribeiro, deixando um apelo para a reedição da sua obra completa.
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