3.3 Geração de 56 (Parte III)
Já consideramos na Parte II dessa longa mas, por tantas razões, reveladora análise da Geração de 56, a poesia do mineiro, feito depois por uma intensa vida, brasilense – como certamente foi regra para os primeiros e reveladores anos da existência de Brasília – Anderson Braga Horta. Agora, e por um certa razão de ritmo expositivo deste trabalho, englobaremos num quadro único os poetas brasilenses que entram na história do meu rico rol de dedicatórias autógrafas. Naturalmente, os poetas de Brasília, pela excepcionalidade da vivência pioneira de cada um deles, sendo todos titulares de precedentes experiências de grande maturidade, ao começar aquela da Nova Capital, logo tendem a agregar-se e a criar grupo. Os escritores ensinam assim, de certa maneira, a toda a vida cultural da cidade em formação como demonstrar presente não somente uma revolucionária arquitetura e processo urbanístico, mas igualmente a sociedade civil. Um dos testumunhos mais vivos desta tendência encontra-se na antologia de poemas de 35 poetas participantes do magnífico volume Caliandra – Poesia em Brasília, André Quicé Editor, Brasília, 1995. O meu particular contacto com os poetas pioneiros, eu o devo a um evento especial: em 1962 foi aberto um concurso para proclamar o Primeiro Príncipe da Poesia de Brasília.
Foi nomeada pelo órgão competente do INL uma comissão nacional composta por Manuel Bandeira, Waldir Ribeiro do Val e por mim. A comissão diante das obras apresentadas decidiu pela concessão do título a Joanyr de Oliveira, proclamado Primeiro Príncipe entre os poetas de Brasília. Não tendo sido possível a deslocação para a Capital de Manuel Bandeira e de Waldir Ribeiro do Val, viajei para Brasília com a finalidade de proclamar o poeta vencedor. Foi este o meu primeiro contacto direto com a comunidade literária brasilense em clara formação. Dentre os poetas de Brasília, além do já tratado Anderson Braga Horta, tenho comigo volumes dedicados de Joanyr de Oliveira, Wilson Pereira, Fernando Mendes Viana, José Jerônimo Rivera. De Joanir de Oliveira constam dois volumes de poemas: Luta a(r)mada, ed. S.S. Printing & Graphic Design, California-USA, 1992: “E ao Sílvio Castro, poeta e amigo a quem devo minha premiação em poesia (1962), com o meu abraço - Joanyr de Oliveira Brasília, 16.9.97“; e Pluricanto (Trinta anos de poesia), Anta Editora, Brasília, 1996. De Wilson Pereira são Pedras de Minas, Anta Editora, Brasília, 1994; e Menino sem fim, 2ª. ed., Edit. Miguilim, Belo Horizonte, 1996: “Ao escritor Silvio Castro ofereço este MENINO SEM FIM com o abraço de amizade e admiração Wilson Pereira Brasília, 17/09/97“ Do saudoso Fernando Mendes Viana é o volume Marinheiro no Tempo (1956 – 1986) – Antologia, Thesaurus edit., Brasília, 1986: “Caro Sílvio Castro, lamentando a escarsês de tempo do encontro e a perda de rumo para aqui chegar, (culpa não minha...) Mendes Viana 4 de set. 95 Brasília“. E de José Jeronymo Rivera, Poesia francesa – Pequena antologia bilíngue, Thesaurus Editora, Brasília, 1998: “Ao ilustre escritor Sílvio Castro, com os parabéns pelo seu trabalho de divulgação de nossos grandes poetas, a admiração e o abraço afetuoso do José Jeronymo Rivera Brasília, 15.9.98“.
Estamos chegando à conclusão do grande inventário das obras dos poetas da Geração de 56 que me enriqueceram culturalmente com as ofertas de seus livros de poemas. Mais do que nunca, por tudo quanto exposto neste trabalho, encontro justificação para o trabalho que me prometo há anos de realizar, isto é, uma análise a mais ampla que será possível desta importante Geração da poesia brasileira contemporânea. Por enquanto e para dar continuidade a este meu exercício de agrimensor das letras amigas, passo a considerar um grupo de poetas dividindo-os segundo a região de origem. Assim fazendo encontro três regiões representadas nessa circunstância declaradamente limitada: a Região Sul, excluindo São Paulo; a Região Nordeste, incluindo a Bahia; e a Região Norte, dividindo-a nas grandes áreas maranhense e amazônica. Do Sul temos: o poeta e romancista Miguel Sanches Neto que, como digno autor pertencente ao tempo da Geração de 56, procura o mais possível as concordâncias praticáveis entre prosa e poesia. Dele tenho um volume de poemas que o autor me presentea em duas oportunidades, no espaço de um mês do ano 2000, Venho de um país obscuro, Travessa dos Editores, Curitiba, 2000. Na primeira oferta do volume temos a seguinte dedicatória: “Para Sílvio Castro, estes poemas de uma infância pobre. Abraço do Miguel ctba, 31 07 00”. Descendo para Santa Catarina, tenho a presença do poeta, ensaísta e professor universitário de literatura, Alcides Buss, de acentuada tendência para a pesquisa formal e de linguagem, como o demonstra nos poemas de Sinais // Sentidos, M:A:L: Edições, Ilha de Santa Catarina, 1995: “Ao Sílvio Castro, um abraço do Alcides Buss Ilha de Santa Catarina, 27.02.96“. Do Rio Grande do Sul tenho os presentes do poeta, romancista, ensaísta e professor universitário de literatura, José Clemente Pozenato, como tantas outros representantes da Geração de 56 entregue à criatividade literária oscilante entre prosa e poesia. Na poesia em exemplos como os poemas de Mapa de viagem (poesia reunida), Edição da Universidade de Caxias do Sul-EDUCS, Rio Grande do Sul, 2000, no qual o autor me dirige as seguintes palavras: “Para Silvio Castro, com amizade, José Clemente Pozenato 31/07/01“.
O poeta e ensaísta Itálico Marcon trabalha muito a sua linguagem poética a partir da experiência mais ampla de seu grupo de origem e em correspondência com a sua memória pessoal. Dele é Tempo de exílio, Liv. Sulina Editora, Porto Alegre, 1969:
“Para o querido amigo
Sílvio Castro,
homenagem
e saudade do
Itálico Marcon
- 1969.”
Fabrício Carpinejar faz parte da grande família de poetas que, partindo de uma determinada pesquisa formal, atinge o problema da linguagem como sua verdadeira meta expressiva. Assim acontece com os poemas do volume que tenho em mãos, As Solas do Sol, Edição Bertrand Brasil-Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, 1998: “Para Sílvio Castro, esses figos de sol com admiração Carpinejar 25/08/99“.
Luiz de Miranda é o poeta que provoca a seguinte declaração de Lêdo Ivo: “Augusto Meyer, Mário Quintana, Carlos Nejar e Luiz de Miranda são as quatro grandes vozes da Poesia do Rio Grande do Sul“. Dele tenho em mãos a oferta do volume de poemas, Cantos de Sesmaria, Liv. Sulina Editora, Porto Alegre, 2003: “Ao querido Silvio Castro, que conhece o vôo secreto e azul da Poesia, os Cantos de Sesmaria, e mais o que a pampa inventou o amigo gaúcho Luiz de Miranda Rio, 19 de agosto de 2004“.
Hélio Póvoas Júnior, poeta, diplomata de carreira, completa esta lista de poetas gaúchos empenhados no prosseguimento e alargamento da Geração de 56. Dele tenho em mãos dois volumes de poemas: Pura Lira, Thesaurus Editora, Brasília, 1993: “Para Silvio Castro Mestre do tempo veneziano e do tempo presente homenagem do Hélio Póvoas Júnior outubro/96”; e Sinto muito, Edit. Movimento, Porto Alegre, 1993: “A Silvio Castro que lépido & sagaz percorre veredas líricas romanescas ensaísticas com o abraço cordial do neo-amigo Hélio Póvoas Júnior Roma, outubro/96”
Do Nordeste, terra sempre florescente de poetas ligados ao rigor do solo e ao amor da história brasileira, aqui estão os poemas de Audálio Alves, Adriano Espínola, Pedro Lyra, Sânzio de Azevedo, Ildásio Tavares. Dos livros que tenho deles neste momento, somente o de Ildásio Tavares não toma o solo nordestino diretamente como motivo de seu poetar, mas o faz com um evento símbolo da realidade brasileira, a dita Inconfidência Mineira, para nós verdadeiramente a Conjuração Mineira. De Ildásio Tavares, IX Sonetos da Inconfidência, pref. de Fábio Lucas, Lemos Editorial-Ed. Giordano, São Paulo, 1999, que traz para mim a seguinte dedicatória do prefaciador: ”Ao caro amigo, Silvio Castro, estas lembranças, idéias e emoções da Inconfidência Mineira, e o fraterno abraço do Fábio Lucas S. Paulo, junho, 1999“.
Ao solo, o duro solo nordestino, se endereça diretamente o volume de poemas de Audálio Alves, Princípio Áspero de uma Canção sem terra – Canto agrário, Edição Leitura, Rio de Janeiro, 62:
“Ao Sílvio Castro, para a sensibilidade
de um dos mais fortes críticos da nova geração,
com a estima e admiração do
Audálio Alves
Rio, 23.7.62“
O poeta cearense Adriano Espínola apareceu como um aparente meteoro, mas logo demonstrou que era muito mais de uma estrela cadente. Conservou da estréia a força da linguagem, com ela endereçando-se a muitos universos expressivos. Dele tenho três volumes de poemas, com as respectivas dedicatórias: Táxi ou Poema amor passageiro, Global Edição, São Paulo, 1986: “Ao Prof. Sílvio Castro, a viagem neste TAXI, correndo por algumas ruas do Brasil e da Poesia... Com o abraço amigo do Adriano Espínola Rio, 01.9.95“ Segue: Em Trânsito (Táxi / Metrô), pref. de Eduardo Portela, TopBooks Edit., Rio de Janeiro, 1996: “Ao Sílvio Castro, estes versos em trânsito, com o meu melhor abraço e as lembranças do Adriano Espínola Rio, 30.8.96”. E um terceiro título, Praia provisória, TopBooks Ed., Rio de Janeiro, 2006:
“Ao meu caro Sílvio
Castro, com um apertado
abraço e a admiração
do
Adriano Espínola
Rio, 02/10/2006“
De outro poeta e ensaísta cearense Sânzio de Azevedo, docente universitário de literatura, a experimentação formal na língua portuguesa do haicai, em composições que traduzem o seu predominante espírito de pesquisador da linguagem literária: Lanternas cor de aurora, (haicais), Ed. Imprensa Universitária, Fortaleza, 2006: “Para Sílvio Castro, com a já velha amizade e o apreço do seu ex- aluno Sânzio de Azevedo Fortaleza (Ceará), Brasil, jan., 2008“.
Do poeta, ensaísta, crítico literário, docente universitário de literatura, Pedro Lyra, tenho comigo um exemplar de um de seus livros de poemas que o caracteriza fortemente como o pesquisador e experimentador literário que é: Decisão: poemas dialéticos, 2a. ed., Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 1985; com a dedicatória que segue:
“Ao caro
Sílvio Castro
este protesto contra a realidade
de um mundo que insiste em não
mudar.
Com a amizade do
Pedro Lyra
Rio, 93
Do mais próximo Norte brasileiro, do Maranhão às terras amazônicas, surgem poetas com as mais diversas formas de expressão, porém sempre em sintonia com as perspectivas típicas do poema da Geração de 56. Já antes vimos o processo no trabalho poético de Olga Savary; agora expomos á observação dos leitores desses textos o modo especificamente moderno de um outro poeta amazônico, Fernando Canto. Dele é o volume de poemas Os periquitos comem manga na Avenida, Departamente de Imprensa Oficial, Macapá, 1984, que me traz a seguinte dedicatória:
“Para Silvio Castro, este
este canto amazônico parido
de chuvas.
Rio, 12.01.85
Fernando Canto”
Estranha e fascinante poesia é a do poeta e pintor Guima, com os poemas surrealistas aparentemente fora do seu tempo, mas nele integrado pela grande capacidade de criar poesia a partir da mais profunda imagem do mundo. Assim aparece Guima no volumeto de poesia transcedental, O Poema estende o braço, (Ed. do autor), (s. ref. ao lugar da edição), 1970:
“Ao prof. Sílvio
Castro (que as
circunstâncias de sua
simpatia me possam
permitir o tratamento
“amigo Sílvio“) esta lembrança
muito simples do
Guima
90
(Que espera, algum dia, poder
enviar-lhe livros melhores).
Um grde abraço.
G.“
Júlio Castañon Guimarães, com os seus poemas de Vertentes, ed. do autor, Rio de Janeiro, 1975: “Para Sílvio Castro, com um grande abraço do Júlio”; Marco Antonio Saraiva, Entre Nervuras, Sette Letras, Rio de Janeiro, 1995: “Para Silvio Castro este ENTRE NERVURAS Com o carinho pelo poeta e professor em nossa afinidade pelas literaturas Brasileira e Italiana do Marco Antonio Saraiva Rio, 06/09/1999”.
Das terras de Goiânia, somente em aparências do mal-entendido debruçada nos silêncios das terras centrais brasileiras, chega a voz de um poeta de declarado empenho social e forte tendência à invenção de seus ritmos. O poeta é Goiamérico Felício, o livro de poemas, Do exercício de viver, 2ª. ed., Cerne Edit., Goiânia, 1986, com a seguinte dedicatória: “Para Silvio Castro, daqui pra frente um amigo, estes exercícios de linguagem e o meu abraço. Oxford, 05/09/96 Goiamérico Felício“.
Fecham este magnífico desfile de poetas brasileiros contemporâneos, com suas dedicatórias que projetam tanto trabalho e tantos sonhos, dois dos mais prestigiosos nomes da Geração de 56, Fernando Py e Cláudio Murilo.
O poeta e crítico literário, Fernando Py, por muitas e fortuitas razões, teve a sua ação literária sempre em grande paralelismo com a minha, ainda que os seus atos de gentileza a meu respeito superem em muito aquilo que eu pude fazer para demonstrar-lhe que os meus sentimentos de comparticipação corriam em linhas com os seus. Ainda que em poucas vezes eu tenha sabido traduzir esses sentimentos, vale por todas o empenho que dediquei em incentivá-lo e apoá-lo externamene quando verifiquei quanto as suas pesquisas sobre a bibliografia ativa de Carlos Drummond de Andrade prometiam um grande trabalho. Como em verdade se comprovou com a definitiva publicação da exemplar Bibliografia comentada de Carlos Drummond de Andrade (1918-1930), José Olympio Edit. – INL – Fundação Casa de Rui Barbosa, Rio de Janeiro, 1980 (2a.ed., rev. e aum., 2002). Enquanto isso, o poeta Fernando Py crescia sempre numa criatividade lírica que partia do quotidano mais simples para a eternidade dos temas ligados ao universo físico. Nele o mais raro lirismo subjetivo sempre soube unir-se com o conhecimento do outro e do mundo. De Fernando Py tenho cinco volumes com dedicatórias autógrafas, porém dois deles se referem à mesma obra, Sentimento da morte & Poemas anteriores, Asa Editora, Goiânia, 2003, sendo a primeira dedicatória de 2003, a segunda, do ano seguinte. Na primeira dedicatória, o poeta me escreve: “Ao prezadíssimo amigo e companheiro de andanças literárias conjuntas, Sílvio Castro, este novo livro e o meu afeto sempre renovado, Fernando Py Petrópolis, jan. 2004“. Os outros livros são: Antiuniverso, Sette Letras Edit.-Editora Firmo, Rio de Janeiro-Petrópolis, 1994:
“Ao meu querido e tão raro
Sílvio, este
ANTIUNIVERSO,
com o melhor abraço amigo
de seu
leitor e admirador
Fernando Py
Rio, Sette Letras, set.95.”
Seguem os dois volumes de poesia: Sol nenhum, UAPÊ, Rio de Janeiro, 1998; e 70 Poemas Escolhidos, edição Catedral das Letras, Rio de Janeiro, 2005.
Os presentes artigos sobre as dedicatórias de poetas brasileiros já estavam praticamente concluídos, faltando-me somente a conclusão da última revisão dos mesmos, quando me chegou, numa bela manhã de primavera veneziana, de Fernando Py, Confissão Geral – Poesia Reunida, 1959-2009, Ibis Libris, Rio de Janeiro, 2010. O magnífico volume, muito justamente publicado na oportunidade dos 50 anos de poesia do autor, mais uma vez me contempla com uma muito gentil e amigável dedicatória:
“Ao velho e sempre
lembrado amigo
Sílvio, e a toda
a sua família,
esta
Confissão geral
e o carinho e a
admiração nunca
desmentidas, do
Fernando Py.
Petrópolis, março2011”
O poeta e ensaísta Cláudio Murilo traduz algumas das principais linhas que
caracterizam os autores da Geração de 56, o grande empenho com a linguagem, o correspondente sentido da liberdade da criação poética, a constante pesquisa por um canto sempre em procura de inaugurações líricas. Integrando a sua participação com o grupo geracional de que faz parte, alarga-se continuamente com os melhores exemplos da poesia contemporânea internacional. Tendencionalmente de caráter erudito, a sua poesia transforma os dados de informaçõe culturais em coisa vivida. Assim se verifica nos três volumes do poeta tendencialmente errante,Cláudio Murilo, que tenho com as suas dedicatórias: Cadernos de Proust, José Olympio Edit., Rio de Janeiro, 1982: “Para Silvio Castro, com o abraço amigo do Cláudio Murilo -- 87“; O Poeta versus Maniqueu, “Ao poeta, ao amigo Silvio Castro oferece o Cláudio Murilo --- Veneza dezembro 87”. E o terceiro: As guerras púnicas, pref. de Carlos Nejar, Massao Ohno Editor, São Paulo. 1990:
“Para Sílvio Castro,
com a amizade e
as lembranças de
Veneza
e
Pádua
do
Cláudio Murilo“
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