Ángel Crespo (Ciudad Real,1926- Barcelona1995), sobejamente conhecido no mundo das letras para que sejam necessárias grandes apresentações, foi um poeta e ensaísta castelhano que traduziu para o seu idioma uma boa parte do nosso Fernando Pessoa – ora vejam - Poemas de Alberto Caeiro (1957); El poeta es un fingidor (antología poética,1982); Libro del desasosiego (1984); El regreso de los dioses (1986); Cartas de amor a Ofelia (1988); Fausto, (1989). Mas traduziu outros escritores portugueses e brasileiros, tais como Eugénio de Andrade, Dinis Machado, António Osório, João Guimarães Rosa...
Quando o conheci era já um poeta consagrado, com uma dúzia de livros publicados – encontrámo-nos nas voltas da política, ambos implicados na luta clandestina contra as ditaduras que, os Aliados se tinham esquecido de varrer da nossa Península – traduzira já o Caeiro. Marxista na política, recusava a estética marxista. Quando em 1960 lhe pedi um poema para a Pirâmide, logo enviou um inédito que, presumo, terá depois incluído numa das suas colectâneas – Voime yendo –
Um dia destes, publico-o aqui ilustrado pelo nosso Adão Cruz. Fica prometido.
Em 1962 fundou a Revista de Cultura Brasileña, patrocinada pela Embaixada do Brasil em Madrid onde daria a conhecer aos leitores de língua castelhana os aspectos mais vanguardistas da cultura do Brasil.
Fomo-nos correspondendo. Em 1967 convidado pela Universidade de Porto Rico irá para aquele país onde ficaria ensinando Literatura Comparada. Não voltaria ao seu país até a ditadura cair em Espanha, em 1975. Mas só em 1988 regressaria em definitivo. Instalou-se em Barcelona, oupando o lugar de Professor Convidado na Universidade Central, sendo depois nomeado Professor Emérito na Pompeu Fabra. Um grande amigo da cultura de língua portuguesa, um resistente contra o franquismo. Pagou a factura do seu inconformismo com a relativa indiferença e ostracismo a que foi votado.
No princípio dos anos 90 encontrámo-nos por acaso na Liber, a feira de livros espanhola – foi em Barcelona (a feira realiza-se alternadamente em Madrid e em Barcelona), um colega editor, apresentou-nos com alguma cerimónia e ficou muito surpreendido quando nos viu abraçar-nos e tratarmo-nos por tu. Prometemos visitarmo-nos e escrevermo-nos. Coisa que não fizemos. Poucos anos depois soube da sua morte.
O que me levou a escrever esta nota? Dois motivos - o estudo de Sílvio Castro sobre a retótica das dedicatórias e o ter encontrado entre os meus livros, um pequeno opúsculo de do Angél - Versos de Alcolea - Na dedicatória, excluindo as referências a um livro meu que lhe enviara, pôs Para Carlos Loures (...), con la luz de la amistad.
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