José de Brito Guerreiro
O arquitecto Eduardo Souto de Moura ganhou o Prémio Pritzker de Arquitectura 2011, o maior galardão mundial na área da
arquitectura.
Souto de Moura é o segundo arquitecto português a receber esta distinção, que foi atribuída a Álvaro Siza Vieira, em 1992.
O Prémio Pritzker, considerado o Nobel da arquitectura, foi criado em 1979, é anual e tem como objectivo distinguir um arquitecto vivo.
É extraordinário para um país com a dimensão de Portugal ter dois prémios Pritzker. São poucos os países que se podem orgulhar de terem dois arquitectos vivos com este galardão.
O júri do prémio destacou, entre outras obras, o Estádio Municipal de Braga, erguido numa antiga pedreira «um trabalho musculado, monumental e de acordo com a poderosa paisagem». Sobre esta obra o arquitecto declarou o seguinte: «É uma obra que tive a oportunidade de fazer no sítio e no momento certo. Fazer uma obra que vai desde uma intervenção de paisagem – mudei a geografia daquele sítio – até ter conseguido desenhar os puxadores das portas. É uma obra...em que os defeitos são meus. Não tive nenhuma pressão, agora tenho, há problemas financeiros, mas na altura isso não aconteceu.»
Segundo o júri do Prémio Pritzker «Ao longo de três décadas, Eduardo Souto de Moura produziu um compêndio de obras que pertencem ao nosso tempo mas que também têm uma forte conexão com as tradições arquitectónicas. Os seus edifícios têm a habilidade única de combinar características aparentemente contraditórias, como o poder e a modéstia, o atrevimento e a sublimidade, o peso da autoridade pública e uma sensação de intimidade.»
Souto de Moura revelou que é muito importante receber este prémio agora «Primeiro, porque praticamente só trabalho lá fora. Estou a ficar cansado e não é razoável. Segundo, por causa dos escritórios de arquitectura em Portugal. Não há emprego, está tudo a emigrar. Temos bons arquitectos e a chamada geração à rasca está mesmo à rasca. E não há para onde ir. O único sítio para onde os arquitectos portugueses estão a ir é para a Suíça – a Europa não está famosa – e estão a ir para o Brasil. Há um certo prestígio das escolas e dos arquitectos portugueses. Um país com dez milhões de habitantes ter dois prémios Pritzker não é muito comum.»
O arquitecto disse ainda: «Este prémio se mo deram a mim não é por ser excepcional, eu prefiro pensar que sou normal. Eu adivinho que com a crise económica os arquitectos excepcionais não vão ter nenhum futuro. Acabou um certo estrelato da arquitectura.»
E concluiu: «Como dizia Mário Cesariny o país está com o tecto muito baixo e estes prémios – já é o segundo Pritzker para Portugal – são alavancas para levantar o país. Isto acontece não só na arquitectura, no futebol, na ciência mas também na literatura.»
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