Chegámos ontem a Madrid, num voo da Easyjet. Pude mais uma vez constatar o que é estar numa cidade minimamente organizada. Saímos facilmente de Barajas, apanhámos um autocarro e, em pouco mais de meia hora, chegámos ao hotel, na Atocha. Pagámos dois euros cada bilhete.
A cidade pareceu-nos novamente magnífica. É verdade que estamos talvez na melhor parte, onde há museus, monumentos, jardins, muitos transportes. Voltei a ficar impressionado com a vastidão das praças e a largueza (prefiro a largura, termo muito geométrico) das avenidas. Mas ainda não vai ser desta vez que vou percorrer Madrid mais demoradamente, mas insisto: que diferença para as cidades portuguesas! Não é só uma questão de dimensão. O urbanismo é sem dúvida uma ciência, que recebe contributos de outras ciências e das mais variadas artes, e as suas técnicas hoje em dia são decisivas para se alcançar um nível de vida decente numa cidade. Estamos sem dúvida noutro país, embora mesmo ao lado.
A vida aqui sempre bastante animada. Vi um pouco de televisão, cujos programas não parecem, de uma maneira geral, muito melhores que os nossos. Também dizem que os nossos canais de televisão vêm buscar aqui muita inspiração. Nunca acompanhei o problema de perto, mas não me custa acreditar.
Há algumas notícias interessantes. Ontem, domingo, houve uma manifestação enorme contra a despenalização do aborto. Embora sabendo o peso que a Igreja Católica tem em Espanha, não consigo deixar de ficar espantado. Há que ver que aqui as pessoas aderem mais a causas, mesmo a causas como esta. Mas custa-me que tanta gente não aceite que as pessoas, nomeadamente as mulheres grávidas devem ter liberdade de decisão num problema tão marcante para a vida de cada um, e, mais importante ainda, que as vidas de todos estão profundamente limitadas, que é fácil cometer erros, e que todos merecemos oportunidades.
Aqui no hotel distribuem jornais. Consegui ficar com um exemplar de La Vanguardia de ontem, domingo. Muito interessante, como muita informação e artigos de fundo. É um jornal de Barcelona. Aqui em Espanha estão a preparar as eleições autárquicas e regionais (vão incluir as autonomias), que vão serem Maio. Parece que o PP queria que fossem eleições gerais. Mas isso não acontecerá. O Zapatero reuniu-se com os grandes empresários, e estes acham que a legislatura é para ser levada até ao fim. Comentários para quê?
Mas o melhor do La Vanguardia de ontem, 27 de Março, é um artigo de opinião de Gabriel Magalhães, dedicado, imaginem, a Portugal. Intitula-se Radiactividad Moral. Comece assim: Em Portugal temos um problema muito sério: há no país demasiadas coisas que não verdade. Fala muito de José Sócrates e do PEC IV. Diz alto aquilo que todos nós sabemos, mas de que pouco falamos. Remata dizendo: O país vive naquele cepticismo infinitamente triste que surge nas sociedades quando se conformam com a falta de honradez.
Gabriel Magalhães é português. Se bem percebo, vive na Catalunha. A distância muitas vezes melhora a visão das coisas, e também solta a língua. Parece também não confiar muito na oposição portuguesa. Permitam-me aqui um desabafo: temos que arranjar maneira de confiar uns nos outros aqui em Portugal, ou então o melhor é fechar a porta. Vou levar o jornal comigo e traduzir o artigo para o Estrolabio.
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