No âmbito da arquitectura, a sustentabilidade não pode ser considerada como um conceito acessório ou suplementar, aplicado à força, por obrigação, aos edifícios e às cidades, em consequência da actual conjuntura ecológica, económica e social do planeta. Se assim for encarada, a sustentabilidade originará uma espécie de arquitectura apendiciada, formada com adições sistémicas mecanicistas de paradigmas da moda, desviando a arquitectura da ideia primordial de entidade definidora do espaço.
A sustentabilidade deve ser algo intrínseco a toda a obra de arquitectura.
A sustentabilidade é inerente à boa arquitectura.
Sustento este pensamento com as considerações que o arquitecto Eduardo Souto de Moura fez em duas entrevistas:
Eduardo Souto de Moura, em entrevista concedida à jornalista e historiadora Anatxu Zabalbeascoa, do El País.
Anatxu Zabalbeascoa: Quer dizer, então, que o Sr. acha que a 'sustentabilidade' é uma questão de gente rica?
Souto de Moura: Não, é um problema dos maus arquitectos. Estes preocupam-se sempre com temas secundários. Dizem coisas do tipo: "a Arquitectura é Sociologia, Linguagem, Semântica, Semiótica...". Inventaram a 'arquitectura inteligente' – como se o Partenon fosse estúpido –, e agora, a última moda é a 'arquitectura sustentável'. Tudo isso são complexos da má Arquitectura. A Arquitectura não tem de ser 'sustentável'. A Arquitectura, para ser boa, já é, implicitamente, sustentável. Nunca haverá uma boa arquitectura... que seja estúpida! Um edifício em cujo interior as pessoas morram de calor, por mais elegante que seja, será sempre um fracasso. A preocupação com a 'sustentabilidade' denota, apenas, mediocridade. Não se pode elogiar um edifício por ser 'sustentável'. Seria como elogia-lo por ficar de pé!
Eduardo Souto de Moura, em entrevista concedida ao Expresso.
Expresso: Comentou numa entrevista que não fazia sentido falar-se em arquitectura sustentável…
Souto de Moura: Não há boa arquitectura que não seja sustentável. É como dizer que a arquitectura tem de ter uma boa estrutura senão cai. É evidente que cai. Eu conheço alguns políticos que dizem “eu sou muito sério e sou um democrata”. Mas não têm de dizer. Porque se é político deve ser sério e tem de ser democrático pois tem de respeitar as regras do jogo, uma vez que foi eleito dessa maneira. Por isso, não faz sentido quando dizem que há uma arquitectura que gasta pouca energia pois se gasta muita, é contranatura. Se num sítio no meio do deserto fizerem um prédio todo em vidro, isso não é sustentável e as pessoas até reagem negativamente pois não é normal. A boa arquitectura é aquela que é adequada às circunstâncias. Em várias épocas, a arquitectura e as outras ciências, tentam encontrar outras disciplinas para a complementarem. Por exemplo, houve uma fase da arquitectura inteligente, da robótica… Mas ter um edifício inteligente é a coisa mais estúpida do mundo, porque um edifício bonito é inteligente por ele próprio… Agora apareceu esta coisa da sustentabilidade… Acho pretensioso dizer-se que um edifício é sustentável… Acho que é o mínimo que se pede…
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