Publicado por Luis Moreira
Fui ali ao Blasfémias e pedi emprestado o que vem aí escrito. Tenho alguma desculpa porque já escrevi isto vezes sem conta, é bom saber que há gente que pensa o mesmo e que não compreende como é que a rede de escolas é administrada a partir dos gabinetes do Ministério. E, ainda compreendo menos que os professores não exijam a autonomia das escolas, tomarem nas suas mãos, juntamente com pais e autarquias, o destino dos seus alunos.
Para que serve um Ministério da Educação plenipotenciário, dirigista, centralizado em Lisboa, com tutela sobre uma imensa rede de escolas à escala de todo o país, e projectado pela cabeça de uma senhora ministra e da sua corte de burocratas? E que utilidade tem um curriculum uniforme para o
Ensino Básico das escolas públicas, sempre em eterna e constante «reformulação»? Eu respondo: serve para colocar em confronto permanente ministros, ministérios, professores, pais, alunos e sindicatos, e, obviamente, para fazer descer – se é que isso ainda é possível – a qualidade do ensino público português.
Não poderiam, porventura, os conhecimentos que esse curriculum supostamente quer assegurar ser estruturados localmente, por cada uma das escolas, desde que se garantissem coisas elementares na educação de um cidadão, como, por exemplo, aprender a ler e a escrever, a somar, multiplicar e dividir, e a responder à pergunta «quem foi o primeiro rei de Portugal», matérias a que os nossos «agentes educativos», todos eles quase sem excepção, respondem cada vez com maior dificuldade, embrenhados que andam em pontapearem-se reciprocamente? E não poderia, por sua vez, cada uma das Universidades portuguesas, no exercício daquilo que deveria ser a sua autonomia, admitir os alunos que se lhes apresentassem com melhor preparação, deixando à porta os menos preparados, até que eles conseguissem, pelo menos, atingir o nível suficiente de conhecimentos para frequentarem os cursos a que se candidatam?
É claro que sim. Para tanto, seria necessário que a educação deixasse de ser um assunto da responsabilidade de burocratas, e passasse a ser tratado por professores, pais e de alunos de cada uma das escolas, e, no fim de tudo, certificado pelo mercado. Acabar com o Ministério da Educação, com os curricula uniformes e as suas infindáveis reformas, e com a rede de escolas públicas centralizadas no gabinete dos senhores ministros, são condições sem as quais o ensino público português não abandonará a mediocridade em que há muito se encontra.
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