Júlio Marques Mota
Promessa cumprida. Até dia 12, uma peça por dia que nos ajude a reflectir em conjunto sobre a crise actual e com particular relevo sobre os problemas da juventude que estará na rua no dia 12 de Março.
Dois textos produzidos no âmbito de uma Fundação de tendência socialista, de influências muito próximas de Lionel Jospin, último primeiro-ministro socialista em França, dois textos da Fundação Terra Nova, são o nosso trabalho de hoje, o último desta série. Textos que em Portugal não veríamos nenhuma Fundação próxima do PS a produzi-los nos tempos que correm, sob o domínio político de José Sócrates, Mariano Gago, Maria Helena André, das diversas Maria de Lurdes Rodrigues ou outros. O recente caso de Ernesto Paiva, meu camarada de Secção de Educação em Coimbra quando outrora discutíamos a sério Educação, é disso um bom exemplo.
Não nos queremos alongar . A leitura destes textos, de todos os textos aliás, publicados sobre a égide do dia 12, mostram-nos à evidência que em Portugal, em Espanha, em França , na Alemanha ou algures, vejam-se os quadros da OCDE por nós reproduzidos, a realidade é a mesma: os jovens são a variável de ajustamento de todos os desajustamento que os diversos governos e de diversos quadrantes políticos executaram ao serviço da tirania dos mercados. Tantos países, tantos governos, tantas cores diferentes, o mesmo problema impõe que se reveja o que há de comum entre todos eles e o que há de comum é que os nossos eleitos continuam a bem servir quem os não serve bem, os ingratos, continuam a servir e garantir a dinâmica dos mercados financeiros e a sua lógica dos bónus de milhões face a tanta gente que já anda sem tostões.
O exemplo recente da subida dos preços dos produtos alimentares, o trigo e o milho, por exemplo, as praças de Tunis, do Cairo, de Tripoli e outras cheias de gente que em comum tinham o facto de ou estar desempregado ou de se estar esfomeado, a queda a seguir dos preços dos produtos alimentares, a perturbação dos mercados do petróleo e a subida vertiginosa do seu preço a seguir, exactamente como em 2008, mostra que durante quase três anos depois de declarada a situação crise, nada de concreto se fez para colocar os mercados financeiros ao serviço da economia , antes pelo contrário continua a ser esta e os nossos eleitos, afinal, que ao serviço daqueles se continuam a prestar.
Os nossos filhos, os nossos netos, estarão na rua, dia 12 de Março. Estejamos pois à sua altura, saibamos apoiá-los, saibamos ouvi-los, saibamos depois defendê-los, o que até aqui concretamente não temos feito, são os votos de um professor em fim de linha como protesto contra a política da ignorância que tem sido levada a cabo pelo actual executivo, que fará brevemente, por este caminho assim será, das Universidades, um campo de professores adjuntos ou a tempo parcial, para o ensino das generalidades a que se referia talvez o Director da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa. Mas uma pergunta aqui deixo: neste caso qual é a missão da Universidade?
Saibamos pois neste dia de luta de gente jovem pelo futuro de um país que é o nosso, saibamos ao menos nesse dia estar com aqueles que talvez pela primeira vez descem à rua a exigir que como gente sejam tratados, saibamos pois nesse dia estar com uma geração que de modo nenhum merece ser de parva considerada e que por esta via talvez passe a compreender que o direito ao futuro, esse, também se conquista. Serão talvez os primeiros passos nesse sentido, para muitos deles.
Sobre esta questão, o presidente da Fundação Terra Nova é bem explicito e passamos a citar:
“
É necessário uma revolução copernicana das políticas públicas. Com prioridade, uma política de investimento social nas gerações futuras: nos mais pequenos, na educação, na universidade, na política activa de primeiro emprego, na fiscalidade e na política social para jovens … Investir no nosso capital humano é um imperativo humanista mais ainda que um imperativo económico.
O governo e o povo conservador consideram que os jovens não têm o seu lugar na rua. Que os partidos de oposição são irresponsáveis ao apoiá-los a manifestarem-se. Mas seremos todos nós, os adultos, que seremos os irresponsáveis se não os ouvirmos. Porque uma sociedade que, como Cronos, devora os seus filhos é uma sociedade que se está a suicidar. “
Obrigado a todos aqueles que me acompanharam na leitura dos textos editados. E é tudo.
Coimbra, 10 de Março de 2011.
Júlio Marques Mota
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