Ana Gomes vem num dos jornais da manhã dizer que não compreende como Carlos Cruz foi acusado e dado como culpado no caso Casa Pia, e o argumento puxado para a primeira página é que " eu li o processo". Ora todos os intervenientes no processo leram o processo, esse argumento não colhe é, exactamente por terem lido o processo que estão todos em desacordo. Os que não leram estão todos de acordo, há vítimas tem que haver abusadores, embora ninguém saiba quem são.
Não é o facto de Ana Gomes ter lido o processo e clamar que não compreende a decisão do tribunal que me trás aqui mas sim, chamar a atenção para o total descrédito a que chegou a Justiça. Com uma Justiça credível e respeitada ninguém apresentaria aquele argumento, porque aquele argumento encerra uma desconsideração fundamental. A Justiça, não se enganou. A Justiça errou e de propósito!
Ora a Justiça pode enganar-se, pode errar, mas não o pode fazer discricionariamente, há leis, direitos do acusado, fontes de direito, doutrina, tudo o que não pode ser esquecido por um tribunal mas que Ana Gomes ao formar opinião não leva em consideração. Ana Gomes tem uma opinião que formou ao ler o processo e pode até estar certa, mas não pode dizer que não compreende a decisão do tribunal pelo simples facto de ter lido o processo.A decisão do tribunal fundamenta-se em considerações, testemunhas, reacções a certas situações a que Ana Gomes não teve acesso.Ou apresenta fundamentos que mostram sem rebuço onde e quando o tribunal errou ou então tem que dar, humildemente, pelo menos o benefício da dúvida.
Só se compreende uma afirmação destas no quadro de alguém que quer fazer passar a ideia que nos tribunais a verdade e a mentira são propositadamente esquecidos, que há razões inconfessáveis que influenciam o tribunal , que no tribunal está gente sem crédito e que não quer ver o que está no processo, enfim, quer mostrar que o tribunal não tem direito ao benefício da dúvida a que os acusados da Casa Pia têm!
Ana Gomes é uma voz corajosa, sabe bem melhor o que se passa nos tribunais e na Justiça do que qualquer um de nós, mas se a Justiça fosse credível, fosse respeitada, a senhora deputada não faria uma declaração destas.
É tempo de nos acautelarmos, na Justiça para além da bagunça, dos atrasos, das guerras permanentes há, também, decisões que uma simples leitura do processo faz cair com fragor!
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