In Memoriam
A una profesora de historia
Aprendí
la interminable lista
de reyes godos y el mundo
no fue mío
ni tu historia
violeta como tus ojeras de doncella
(1939 - 2003)
si acaso
en las cálidas tardes con principiante trompeta
como fondo melódico
tu mano de profesora culta
dividió mi mundo proletario
saber o no saber
la cuestión era aceptar
un blanco destino de burócrata
o emigrar al mundo
de los que nada habían perdido
nunca, ni tan siquiera cuando
cruzó el estrecho el último rey godo
fabulosas tus historias de hijos
buenos, redentores de su madre
lavandera, cajeros de Banco, aspirantes
a directores de Banco, asépticos
buenos, higiénicos, sin remordimientos
inútil historia la de mi clase,
por ti y por mí desconocida entonces
cuando eras una princesa omnipotente
y yo tu juglar de versos vergonzosos
ni siquiera
conocedor de tu sexo, ni tu tiempo
pasaron rápidos años como tardes,
aprendí tu lista y tu frontera, tu nombre
tu nostalgia y cuando acaso
tenía respuesta a tus palabras
incluso a tu bella patraña de hijos ─ godos-
-reyes ─ buenos
ya era tarde
y te enterraron ignorante de mi sabiduría
que tú empezaste y nadie concluirá,
de mi amor de juglar
princesa de una Historia
nada dialéctica, por la que tú pasaste
como pasa un rey bueno, con majestad.
Aprendi
a interminável lista
de reis godos e o mundo
não foi meu
nem a tua história
violeta como tuas olheiras de donzela
se acaso
nas cálidas tardes com principiante trompete
como fundo melódico
tua mão de professora culta
dividiu o meu mundo proletário
saber ou não saber
a questão era aceitar
um branco destino de burocrata
ou emigrar para o mundo
dos que nada tinham perdido
nunca, nem mesmo quando
cruzou o estreito
o último rei godo
fabulosas as tuas histórias de filhos
bons, redentores de sua mãe
lavadeira, caixeiros de Banco, aspirantes
a directores de Banco, assépticos
bons, higiénicos, sem remorsos
inútil história a da minha classe,
por ti e por mim então desconhecida
quando eras uma princesa omnipotente
e eu o teu jogral de envergonhados versos
nem sequer
conhecedor de teu sexo, nem de teu tempo
passaram rápidos anos como tardes,
aprendi tua lista e tua fronteira, teu nome
tua nostalgia e quando por acaso
tinha resposta para as tuas palavras
incluindo a tua bela patranha de filhos ― godos-
reis ― bons
já era tarde
e enterraram-te ignorante da minha sabedoria
que tu começaste e ninguém concluirá,
do meu amor de jogral
princesa de uma História
nada dialéctica, pela qual tu passaste
como passa um rei bom, com majestade.
. Ligações
. A Mesa pola Normalización Lingüística
. Biblioteca do IES Xoán Montes
. encyclo
. cnrtl dictionnaires modernes
. Le Monde
. sullarte
. Jornal de Letras, Artes e Ideias
. Ricardo Carvalho Calero - Página web comemorações do centenário
. Portal de cultura contemporânea africana
. rae
. treccani
. unesco
. Resistir
. BLOGUES
. Aventar
. DÁ FALA
. hoje há conquilhas, amanhã não sabemos
. ProfBlog
. Sararau