Sexta-feira, 11 de Fevereiro de 2011

Corporações - O Prof Doutor de Coimbra tem razão.

Luis Moreira

 

Começando por atacar o Passos Coelho por ter dito que as reformas não se fazem contra as corporações, acaba por dizer verdades incontornáveis. (Vital Moreira, Público)

 

"...Num país como o nosso, em que os grupos de interesses organizados, dentro e fora do estado,sempre foram os principais obstáculos à mudança, estará votada ao fracasso toda a reforma que antecipadamente contem o aplauso dos seus adversários.. Em Portugal, quase todos os desafios reformistas desafiam intereses estabelecidos, tanto mais que estes encontram quase sempre generoso eco nos media. Todas as reformas que visem limitar ou extinguir privilégios sectoriais ou profissionais ou promover a racionalização e eficiência dos serviços públicos estão antecipadamente condenadas a esse dilema : ou levam de vencida os que se lhes opõem ou ficam pelo caminho.

 

Mercê da sua coesão e organização, os grupos de interesses organizados gozam de visibilidade e de força incomparavelmente maiores que do que a dos interesses gerais difusos que podem apoiar as reformas mais controversas. Os eleitores e contribuintes em geral não têm sindicato nem organização representativa, muito menos a capacidade de manifestação e outros meios de acção colectiva de que as corporações profissionais e outras dispõem. Nessa desigual relação de forças só uma forte vontade política pode fazer prevalecer o interessa geral contra os interesses sectoriais. (...) "

 

O que o Prof Doutor de Coimbra não diz é que isto é assim porque não há alternativa aos serviços do estado, é negado o direito de escolha aos cidadãos e contribuintes e, por isso, as corporações não correm o risco de ficarem a "falar sozinhas". Possam as más escolas estatais serem trocadas por boas escolas privadas e terem autonomia efectiva; os maus hospitais públicos ficarem sem doentes por estes se recusarem a serem lá tratados; as instituições sociais serem confrontadas com o mau serviço que prestam e isso ter consequências; os agentes da justiça deixarem de ter 97% de "muito bons" e de " excelentes" para que todos cheguem ao topo da carreira e possa o cidadão recusar-se a aceitar que os processos se atrazem sete anos e queixarem-se aos tribunais internacionais...

 

O estado está prisioneiro das corporações porque concentra em si muitas actividades em monopólio que a sociedade civil pode fazer melhor. Porque preconceitos ideológicos impedem que reformas que foram levadas a cabo com bons resultados em países muito mais adiantados que o nosso, aqui sejam descaradamente torpediadas ( confunde-se, propositadamente, o direito da "livre escolha" por outra coisa qualquer que ninguém pode provar, como "custo" , "ambiente social", desmerecer os "rankings", as avaliações...) tudo para que nada mude. O centralismo e o estatismo no seu pior!

 

Mas tudo muda menos a mudança!

publicado por Luis Moreira às 13:00
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8 comentários:
De augusta clara a 11 de Fevereiro de 2011
Ai, que cansaço os textos das escolas, das corporações, etc., etc. Desculpem mas vocês são umas autênticas pescadinhas de rabo na boca. Passam dias inteiros a degladiarem-se à volta dos mesmos assuntos. Podem ter muitas razões mas eu confesso que estou exausta destas discussões.
De Carlos Loures a 11 de Fevereiro de 2011
Embora não participe nesta discussão, por não me considerar suficientemente esclarecido, entendo que o tema é central - sem um Ensino capaz, o País não tem futuro. A função principal do Estrolabio é precisamente ser um forum onde os assuntos são discutidos. Segundo o Luís, que está atento às estatísticas, este tipo de discussões e alguns posts mais «pesados», têm muita leitura - o que significa que muitos leitores nossos estão interessados.
De augusta clara a 11 de Fevereiro de 2011
Não é o assunto, Carlos, que evidentemente é importante. É que me parece que está sempre no mesmo ponto. Se calhar sou eu que não leio bem.
De Luis Moreira a 11 de Fevereiro de 2011
É um assunto importante e vamos continuar a publicá-lo mas quanto a discussões já todos percebemos o que está em causa, não vale a pena continuar.Não me interessam as batotas, nem os processos, interessa-me o principio, da livre escolha. É um principio há muito praticado em países muito mais capazes que o nosso. É só copiar.
De augusta clara a 11 de Fevereiro de 2011
Se conseguisses um comentário do Prof. Nuno Crato, era muito interesante.
De Carlos Loures a 11 de Fevereiro de 2011
Tenho lido algumas intervenções do Professor Nuno Crato. É uma pessoa que está muito por dentro da problemática do Ensino. No entanto, as pessoas têm a respeito de todos os assuntos conceitos prévios (a que podemos chamar preconceitos) e não há esclarecimento, por mais credenciado que seja, que possa constituir a última palavra. Para mim, a discussão sobre a casuística do estado do Ensino em Portugal, tem de facto escasso interesse (embora para outros possa ser - e é - importante). Na minha opinião, o que deve ser posto sempre em causa é o modelo de sociedade. Com o modelo de sociedade que temos, dificilmente teremos um Ensino capaz.
De augusta clara a 11 de Fevereiro de 2011
Claro. E eu que não me queria meter nesta discussão, gostava só de salientar o grande paradoxo do poder político português relativamente ao ensino, que vai para além das escolas públicas ou privadas: é que, enquanto nos enreda nesta mistificação, deixa fugir a massa crítica de alto valor que se vai formando na ciência e noutras áreas porque permite que os tais privados, salvo honrosas excepções, não façam o mínimo esforço para absorver esses jovens altamente qualificados. Antes pelo contrário, é preciso apostar na flexiqualquercoisa, um dos eufemismos para o desemprego. Estou-me, agora, a lembrar duma canção do grupo "Os Deolinda" intitulada "Que parvo que eu sou". Espelha muito bem este estado de coisas.
De augusta clara a 11 de Fevereiro de 2011
Grande festa vai no Cairo! :-))

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