(Conclusão)
7. Enquanto o povo grego votou socialista os mercados decidiram…
A febre da curva da crise da dívida na Grécia
Por Markus Frühauf
20 de Fevereiro de 2010
Negociar sobre o risco da insolvência da Grécia nos últimos cinco meses permitiu ganhos fantásticos. Isso fica bem claro pelo desenvolvimento do preço para os seguros de incumprimento em que financeiramente a Eurolândia é fraca. A 16 de Outubro de 2009, os Credit Default Swap (CDS), que os investidores usam para se precaverem contra a insolvência de Atenas, ainda custavam 123 pontos base (1,23 ponto percentual). Isso significou um prémio anual de € 12.300, a fim de garantir um crédito de 1 milhão de euros. Em 4 de Fevereiro, um segurado teve que pagar 42.820 € por um seguro sobre o mesmo valor, uma taxa três vezes maior. O prémio de risco sobre a Grécia - no linguagem calão dos mercados financeiros e dos spreads dos CDS - é a febre da curva da crise da dívida.
O crescimento dos custos do seguro de incumprimento reflecte a reduzida credibilidade do país. A especulação no mercado de CDS começou depois de 4 de Outubro de 2009, quando os socialistas gregos comemoravam a sua vitória eleitoral. Duas semanas depois, o governo recém-eleito informou os seus parceiros da zona euro que as estimativas apontavam para o défice de 2009 atingir 12,7 por cento de rendimento económico (PIB).
Timidamente, mas constante
Isso foi um choque, uma vez que o anterior governo conservador tinha prognosticado precisamente metade. A nova estimativa para o défice orçamental chamou à arena dos mercados os hedge funds em primeiro lugar, relata um especialista em CDS da City de Londres que trabalha para um grande banco americano. Tendo em conta a história anterior da Grécia de aldrabar os dados para entrar para a União Monetária, para a zona euro, com estatísticas sobre o orçamento falsas, a este nível a aposta de que a Grécia ia ter problemas de pagamentos foi promissora. Esta aposta, entretanto, tornou-se óbvia.
O aumento do prémio de risco sobre a dívida da Grécia primeiramente evoluiu de forma tímida, mas constante. Pode-se dizer que os hedge funds foram os primeiros a reconhecer a situação orçamental de Atenas que estava completamente exausta, e por isso apostaram no mercado de CDS e numa queda no valor da dívida grega com pouco envolvimento de capital. Mas o compromisso do novo governo grego em assumir a transparência como prática política desencadeou essa especulação. Os novos aumentos no spread dos CDS foram acompanhadas por factores fundamentais também. A 8 de Dezembro de 2009, a agência de rating Fitch baixou a classificação do crédito à Grécia classificação esta que passou de "A-" para "BBB +". A zona do euro, a Eurolândia encontrava-se na mesma categoria como a Estónia ou a África do Sul, na sua capacidade de crédito. Uma semana depois, a Standard & Poor's fez a mesma coisa. Aqui, também, os gregos saltaram da "classe A", que expressa uma solvência particularmente boa. Neste período, o preço dos CDS ultrapassou a marca de 200 pontos-base, pela primeira vez.. Com estas reduções nas classificações do valor do crédito o medo de uma possível insolvência grega cresceu a passos largos nos mercados financeiros e entre os seus países parceiros europeus.
Juros invulgarmente elevados
Um primeiro ponto alto foi atingido quando o ministro das Finanças grego emitiu um novo empréstimo a cinco anos no final de Janeiro. A oferta de 8 mil milhões de euros encontrou uma procura entre os investidores três vezes maior. Este foi um sinal de apaziguamento, mas apenas à primeira vista. Para a Grécia teve que se ajustar a um empréstimo de taxa de juro que era anormalmente alta, com um cupão de 6,1 por cento. Com isso o país estava a actuar com com um prémio de risco do mesmo nível do Vietname. Isto alimentou a dúvida sobre o mercado de dívida quanto à Grécia se nestas condições, poderia suportar o seu serviço da dívida a longo prazo - em primeira instância, quando em Abril e em Maio de 20 mil milhões de euros teriam que ser refinanciados.
Para além de tudo, isto levou a um efeito técnico. Os antigos empréstimos já existentes no mercado tinham ainda um cupão de juros mais baixos. Eles foram emitidos anteriormente quando o rating de crédito, para a Grécia ainda estava no " nível A- ". Alguns investidores viram-se levados a mudar para os novos instrumentos de dívida com os juros mais altos. Na onda de vender os títulos a dez anos a dívida grego aumentou em mais de 7 por cento. Quem em Outubro tivesse apostado nas dificuldades de pagamento da Grécia foi agora recompensado: o spread do CDS estabelecia-se agora claramente em mais de 400 pontos-base, 4 pontos percentuais. O investimento inicial mais do que triplicou quando o pagamento de protecção foi pago.
O mercado de CDS é influenciado pelos mesmos factores que o mercado de dívida. Isso ficou evidente a partir da redução dos spreads dos CDS quando os sinais de apoio financeiro para Atenas pelos países europeus seus parceiros se multiplicaram. Mas o problema com os CDS é que este mercado é muito mais opaco. Estes contratos são tratados fora da bolsa, caso a caso, um a um, over-the-counter, entre os bancos, ou seja num ambiente não regulamentado. Cada um de nós pode também especular muito mais favoravelmente com o auxilio dos “ crédito-default swaps" do que no mercado de empréstimo, do short selling ou especulação a descoberto, pois o capital de garantia exigido por o mesmo valor de aposta é nos CDS significativamente menor do que na venda a descoberto.
Em todo o caso, a aposta em CDS subiu porque mais e mais verdadeiros crentes no Estado grego têm vindo a sentir a necessidade de segurar os seus activos. Esta rapidamente crescente procura por seguros foi desencadeada pela escalada da crise da dívida. Mas é o Governo grego anterior que tem de responder em primeiro lugar pela situação orçamental completamente esgotada. A maior procura por protecção contra a insolvência, que tem impulsionado o preço dos CDS resulta evidentemente da estimativa mais pobre sobre o valor do crédito concedido à Grécia
Os bancos gregos como seguradoras
Por outro lado, quem espera ou acredita no resgate da Grécia pela parte dos países europeus seus parceiros teria de se posicionar no mercado de CDs como uma seguradora, ou seja, como um vendedor de protecção de pagamento. O valor dos prémios de seguro de protecção vendidos permite um aumento das receitas. Mas é sobre o lado do vendedor que aparecem os pontos fracos do mercado de CDS- são evidentes. Não é ainda claro quem é que vendeu protecção do seguro para a Grécia. Num estudo de analistas do grande banco francês BNP Paribas sobre o referido mercado fala-se de rumores de que terão sido os bancos gregos que seguraram uma grande quantia dos CDS. Se isto estiver correcto, então o pagamento da protecção recebido não vale mesmo nada. Os bancos gregos seguraram a dívida do Estado em mais de 40 mil milhões de euros. Isto corresponde aproximadamente à totalidade do capital no mercado de crédito grego. A falência do Estado levaria a um colapso do sistema bancário.
O banco de investimento AIG de Londres é mais um vendedor de segurança, vendedor de CDS, sobre este mercado na Grécia. Esta empresa teve de ser nacionalizada durante a crise financeira devido a ter nos assumido seguros sobre empresas insolventes negociantes de hipotecas americanas. A carga desta dívida teria levado ao colapso da maior seguradora do mundo. Antes da crise financeira diz-se que a AIG teria largamente títulos de crédito de alto risco sobre Estado. Se é verdade que há então fortes posições da AIG como vendedora de seguros sobre a Grécia então o governo americano teria o mais forte interesse em impedir a falência deste país.
Mesmo que tudo isto sejam meros boatos sobre os bancos e sobre a AIG na Grécia, este exemplo deixa claro a fragilidade dos mercados de CDS. Esta protecção é vendida por bancos ou seguradoras que apenas têm acesso a recursos limitados de capital. Eles têm em regra claramente menos valor de crédito do que os Estados relativamente a quem estão a vender a protecção contra a insolvência. Os seguros pelos CDS poderão vir a tornarem-se mais uma bolha
. Ligações
. A Mesa pola Normalización Lingüística
. Biblioteca do IES Xoán Montes
. encyclo
. cnrtl dictionnaires modernes
. Le Monde
. sullarte
. Jornal de Letras, Artes e Ideias
. Ricardo Carvalho Calero - Página web comemorações do centenário
. Portal de cultura contemporânea africana
. rae
. treccani
. unesco
. Resistir
. BLOGUES
. Aventar
. DÁ FALA
. hoje há conquilhas, amanhã não sabemos
. ProfBlog
. Sararau