Doravante, como já tinha anunciado (alguém me apagou o post, entretanto), estarei aqui (cliquem na imagem):
Nota - O facebook do estrolabio foi hoje apagado por "mãos amigas". Utilizava-o para nele descarregar os posts deste meu novo paradeiro (findo que está, com muita pena minha, este meu estrolabio). Aos 800 seguidores que hoje se foram, deixo a indicação de onde, por essa via, me podem continuar a seguir: no facebook da pegada ou na página da pegada no facebook (aqui basta clicar em e passarão a receber, na hora, os novos posts). Tenho ainda o twitter, que logrei salvar das garras dos sem-destino. Lá vos espero, assim o queiram.
Terminada a viagem do Estrolabio, boa parte dos seus antigos autores lança-se em nova aventura, por outros mares. Poderão encontrar-nos em http://aviagemdosargonautas.blogs.sapo.pt/. Prometemos que todos serão bem-vindos a bordo, sejam marujos inexperientes ou velhos lobos do mar.
Júlio Marques Mota
Compreende-se que as agências existam, existam e assumidas como serviço de interesse geral no caso das empresas nacionais, devendo então elas ser públicas, enquanto para Estados soberanos elas justificam-se também, mas devem estar na órbita das instituições internacionais, sob a égide das Organizações de Bretton Woods. Neste sentido, veja-se a posição de Luc Chardonneret du Ponant:
Os ratings não são serviços financeiros como os outros nem são produtos de consumo de massa; eles participam na “fides”, isto é, na confiança. É por isso que se fala de moeda fiduciária para descrever o sistema monetário moderno que assenta essencialmente no grau de confiança dos actores relativamente ao seu sistema financeiro, bancos comerciais, e banco central incluído. A qualidade é uma exigência sine qua none da perenidade das agências. Não uma qualidade caracterizada pelo número de horas de formação que os analistas recebem anualmente.
É ainda necessário que estas formações sejam boas, pertinentes, úteis, exploráveis, inteligentes. E, depois, que dizer do recrutamento. Na maior parte dos casos, são os analistas de melhor posição nas agências que recrutam os seus colaboradores mais jovens: nada de mais normal, dir-se-á. É sem dúvida verdadeiro, mas as organizações abundam de casos de conflitos e ambições mais ou menos sãs que levam certos analistas mais velhos a criarem obstáculos à partilha de conhecimentos e de know how em relação aos recém-chegados mais novos. Um risco consiste em não delimitar do interior as reais necessidades das agências, tentadas a contratar mais facilmente executantes capazes de absorver enormes volumes de produção de notações, em vez de espíritos curiosos, cultivados e bem formados de base, capazes de navegar sem embaraços tanto no labirinto da macroeconomia internacional como entre as dificuldades da economia política, ao mesmo tempo capazes de evitar os alçapões da micro análise.
Os ratings não são commodities, nem produtos de grande
consumo, se bem que se tenham tornado uma língua viva (calão, talvez) muito
largamente praticada por dezenas de milhares de investidores. Se, por
conseguinte, a qualidade deve permanecer o privilégio da notação financeira,
então os analistas não devem estar permanentemente “com a mão na massa”, mas
pelo contrário devem dispor dos meios para se distanciarem, irem de férias;
devem ter tempo para ler, ouvir os prémios Nobel falar, voltarem à
Universidade, participarem em revistas da literatura especializada, académica,
e profissional; devem passar menos tempo nos aeroportos e mais tempo em
reflexão individual e colectiva; não se devem deixar seduzir pelo pensamento
único nem pelos discursos demasiado orientados pelas instâncias de decisão. É assim,
a este preço, que serão autenticamente “os guardas” dos mercados financeiros,
quer dentro deles quer fora deles.
A actividade de produção de ratings tem basicamente a
ver com a prestação de um serviço público. A vigilância dos mercados do crédito
constitui em si um compartimento dos mecanismos de regulação da finança em
obrigações. A auto-regulação dos mercados mostrou os seus limites. O regresso
dos Estados, que não se deixará de realizar, até para se dar a saída da crise
actual, deverá sem dúvida ser acompanhado da exigência de reconsiderar o papel
das agências de notação. Nesta perspectiva, sair do beco sem saída accionista que
coloca os analistas numa situação incómoda e de esquizofrenia permanente, tanto
eles são apanhados entre a exigência de qualidade e a corrida à rentabilidade,
levar-nos -á fatalmente a fazer a escolha — que não tem nada de Corneille — da
qualidade desta vigilância em detrimento da sua rentabilidade.
Os accionistas privados “da trilogia” toda-poderosa de hoje não estão em condições de
sacrificar as suas margens para o bem público; não é o seu papel, nem é o
mandato que lhes foi dado pelos mercados e, no final, ser-lhes imposto seria
injustificável. Além disso, não se trata aqui de querer nacionalizar as
agências de notação existentes: o mercado tem necessidade delas, hoje mais que
nunca; mas está também fora de questão deixarmos que elas dominem esta actividade
sem qualquer contrapeso nem protecções. Por conseguinte, é tempo de ver emergir
uma agência de notação pública: é necessário entender por esta proposta uma
agência de capitais públicos, não uma agência povoada de funcionários.
O agente público é um dos raros agentes económicos de quem se espera que
não deva ter taxas de lucro exorbitantes e que não tenha uma exigência
excessiva em relação à remuneração dos fundos próprios investidos, sobretudo
quando se trata de assumir a responsabilidade da gestão dos bens colectivos ou
as funções de governança pública. Dito isto, os Estados são entidades muito
mais marcadas ideológica e politicamente, sendo insuficientemente independentes
dos problemas económicos. Por consequentes, um ou vários Estados não poderão
ser os patrocinadores eficazes de uma nova agência de notação constituída por
capitais públicos.
Os mercados têm necessidade de garantias de autonomia e de
independência, bem como de suficientes garantias susceptíveis de conter ao
máximo as presunções de conflitos de interesses. A nova agência pública de
notação deverá necessariamente ser supranacional ou em todo caso detida
inteiramente por capitais públicos supranacionais. Para que os actores globais se
sintam todos eles empenhados, como partes activos e interessadas no processo de
reformas quanto à vigilância dos mercados obrigacionistas, então um actor de
referência emerge como o accionista perfeito: seria idealmente o Banco Mundial,
nomeadamente o seu braço financeiro dirigido para o sector privado, a Sociedade
Financeira Internacional (SFI). Já bem enraizados nas actividades de
financiamento, de desenvolvimento e de subvenção, essencialmente no seio dos
países emergentes, o Banco Mundial e a SFI estão desde há muito tempo bastante
empenhadas nas questões financeiras globais e têm-se defrontado também desde há
muito tempo com as crises proteiformes que agitam o planeta de maneira mais
intensa e mais recorrente desde as duas décadas de desregulação que se
sucederam à queda do Muro de Berlim.
Poder-se-ia imaginar uma agência de notação totalmente controlada pela SFI enquanto
accionista, mas funcionando sobre um regime próximo do sector privado. A sua
sede seria instalada em cheio no coração da City de Londres e poderia apoiar-se
sobre a malha territorial muito extensa do Banco Mundial no mundo.
Naturalmente, uma muralha da China separaria permanentemente as actividades
financeiras da SFI das suas actividades de notação, sob o controlo de uma
equipa de inspectores do Banco Mundial. Sem a pressão da rentabilidade louca,
os analistas desta nova agência poderiam ligar-se a 10 à 15 créditos por analista,
ou seja, em média duas ou mesmo três vezes menos que nas agências do sector
privado.
Os orçamentos de formação e de recrutamento seriam comparativamente mais importantes, para assegurar, por um lado, a manutenção de um elevado grau de competência, o enriquecimento em capital humano, e, por outro lado, a diversidade dos talentos, favorecendo contratações que obedeceriam mais às necessidades estruturais dos mercados em matéria de análise do que aos constrangimentos de produção de notação a qualquer preço, ou mesmo aos seus managers.
O objectivo principal em matéria de gestão dos recursos humanos seria a formação de multi-especialistas, não dos especialistas incapazes de aprofundar assuntos técnicos em profundidade nem de analistas hiper-especializados incapazes de se distanciarem, de ganharem a distância para tornar o mundo económico mais compreensível aos investidores que lhes delegaram esta actividade de vigilância. As remunerações dos analistas poderão permanecer competitivas em relação às dos concorrentes privados, dado que a variável de ajustamento será a margem de lucro, por definição mais fraca, tanto quanto o accionista público privilegiará a qualidade da produção em relação à manutenção das suas margens.
A notação financeira é uma profissão complexa e rica, que se apoia em décadas de recolha de dados e numa muito longa experiência dos analistas. Num primeiro tempo, a agência pública será obrigada a tomar sob a sua responsabilidade as linhas de actividades mais facilmente replicáveis, a notação dos títulos soberanos e as instituições financeiras bem como as grandes empresas. Será difícil encarar um início com grandes resultados imediatos no mundo muito complexo da titularização. Isto suporá previamente a acumulação de uma experiência mais longa e mais rica em notação fundamental (a das entidades fora da titularização), antes de passar a fronteira dos financiamentos estruturados, onde as notas são mais quantitativas, mais modelizadas e mais mecânicas.
É provável que em relação às consequências da crise, numerosos especialistas da análise de crédito, que têm muita dificuldade em encontrar sentido na realização diária das suas actividades e das suas competências técnicas e humanas, tenham assim uma oportunidade única de poderem juntar o útil ao agradável, de praticarem a sua profissão sem pressão excessiva, de continuarem a progredir, a aprender, a descobrir, sem se estarem a comprometer na lógica desumanizante da super produtividade.
É necessário admitir que um tal projecto encontrará ecos favoráveis junto da maior parte dos actores em causa, sem dúvida porque responde às expectativas comuns ainda latentes, mas que começam lentamente a tornarem-se mais manifestas: em economia, como em qualquer outra forma de interacções humanas, os actores têm necessidade de sentido, ou seja, de uma direcção claramente identificada e de um mínimo de significado simbólico. As agências de notação privadas, emparedadas permanentemente entre o lucro que é necessário efectivamente servir aos seus accionistas e a necessidade de assumir a qualidade analítica, dificilmente chegam a conciliar estes objectivos contraditórios.
Pelo meio, estão os analistas: fazem o seu melhor, enquanto todos esperam que eles façam melhor. Se a colectividade pública mundial pode ajudá-los a prestar-nos digna e eficazmente este serviço, então porque não o fazermos? Um ponto de vista nada diferente é apresentado por Norbert Gaillard, quando nos diz:
Como desde há já algum tempo o defendi na minha obra recente sobre as agências de notação, seria necessário eliminar as referências aos ratings em certos quadros regulamentares financeiros para forçar os investidores e os banqueiros a assumirem as suas responsabilidades e a desenvolverem os seus próprios departamentos de risco de crédito (corporate e soberano).
Todos estes têm deixado em demasia as suas estratégias de investimento assentar em notações feita pelas agências. É tipicamente um fenómeno de externalização do diagnóstico de risco de crédito, que atingiu o seu apogeu no momento em que as regras de Basileia II foram postas em prática, em meados dos anos 2000. Hoje, todo este sistema mostrou claramente os seus limites: só os pareceres das três grandes agências contam para os mercados de capitais internacionais e não somente para o americano, como era o caso até aos anos 80.
Uma outra pista, do meu ponto de vista, seria confiar ao FMI a notação soberana
do conjunto dos países do planeta. O Fundo possui um grande número de dados de
primeira mão sobre os países, tem uma capacidade de avaliação inegável, tem os seus
economistas excelentes e não haveria conflitos de interesse ligados ao sistema
do emitente-pagador (recordamos que as agências de notação são remuneradas
pelos emitentes de títulos que estão a classificar, a atribuir a notação, por
outro lado). Seria necessário contudo velar para que os accionistas do FMI, ou
seja os Estados, não interfiram no processo de notação, porque neste caso uma
outra forma de conflitos de interesse emergiria.
Por uma via ou outra, isto seria retomar de novo o caminho já velho e para muita gente já esquecido de Bretton Woods. Os neoliberais não o quiseram, aliás desmontaram tão laboriosamente o trabalho que em Bretton Woods foi feito como desmontaram os mecanismos de protecção dos tempos de Roosevelt. Desembocou-se numa crise medonha, nos Estados Unidos e na Europa, num lado manifestou-se através da crise dita de subprimes e, no outro, manifestou-se através da crise dita da dívida soberana.
Haver agências privadas de rating para dívida soberana é reduzir o Estado a uma empresa, é reduzir o presente e o futuro duma nação ao curto-termismo das bolsas, é considerar que o Estado pode ser visto, analisado e notado como se de uma empresa privada se tratasse, é reduzir a macroeconomia simplesmente a nada e, quando assim é, é então fazer desaparecer o Estado como ecrã de harmonização dos interesses nacionais, como regulador dos mercados, porque é o agente central da política económica que pela via neoliberal deixa de o ser, como os neoliberais assim bem o deixam à evidência, chamem-se eles Passos Coelho, José Luís Zapatero, Sarkozy, Cameron ou outros.
A concluir este texto, debrucemo-nos um pouco mais sobre as agências de ratings
que são o equivalente a uma arquitectura global de risco de crédito.
Combinando a experiência empírica com a lógica
económica, financeira e jurídica, estas constroem e constituem uma malha dinâmica
de ratings sobre as instituições de crédito, a nível nacional,
a nível de governos e de organizações de crédito bilaterais: governos nacionais,
regionais, municipais, locais, bancos públicos e privados,
seguradoras, grandes empresas e projectos e um cada vez mais complexo conjunto de
operações de desenvolvimento de transacções sobre produtos financeiros estruturados.
Como um puzzle, como uma peça do puzzle, cada notação faz parte de um quadro de
análise mais vasto. Como uma mercadoria, o risco é negociado, manipulado, ampliado
e mitigado. A engenharia de risco tornou-se um grande negócio, com os reguladores,
muitas vezes a lutarem para se manterem a par da evolução da indústria.
Pela sua própria natureza, os ratings soberanos são um alicerce fundamental
nesta arquitectura, reflectindo a natureza bem específica da autoridade soberana
para emitir moeda, impor impostos, regular, expropriar e gerir os níveis salariais.
Normalmente, um governo soberano está no máximo das classificações dentro da sua
jurisdição, em que os rendimentos dos seus títulos servem como a “taxa de rentabilidade
de risco zero”, taxa de referência contra a qual as taxas de rentabilidade dos outros
títulos nacionais são comparadas. Alguns emitentes adquirem solvabilidade equivalente
à do crédito soberano, através de garantias como seguros de crédito e, ao fazê-lo,
diluem a especificidade do crédito soberano. Outros protegem-se eles próprios das
intervenções soberanas, mantendo operações ou retendo as receitas de exportação
no exterior e, ao fazê-lo, quebram o tecto “soberano”.
A credibilidade de crédito de cada país soberano, por sua vez, é medida em relação aos créditos soberanos considerados como os mais solváveis, os de menor risco, emissores de triplo A e dentre destes o mais proeminente é o governo dos EUA, cujos títulos são geralmente considerados como os títulos de referência, o benchmark, livres de risco global. As mudanças nos ratings soberanos têm normalmente implicações de longo alcance.
Os ratings soberanos foram postos à prova em 1997-2002. A crise asiática, em 1997, expôs as deficiências existentes quanto ao tratamento da informação e notação baseada esta em classificações determinadas exclusivamente através dos “fundamentos macroeconómicos” e as agências de notação, as agências de rating, sublinharam então a questão da contingência na responsabilidade legal.
A crise russa, em 1998, desafiou e reforçou os tradicionais pontos de vista sobre a relativa probabilidade de incumprimento em moeda local versus moeda estrangeira. A situação de incumprimento do Paquistão em 1999, numa emissão de títulos em euros, eurobonds, assinalou uma nova posição do sector oficial para impor a partilha dos custos pelos titulares das obrigações e sublinhou a necessidade de vigilância, instrumento a instrumento financeiro, em cenários de incumprimento selectivo. A troca de títulos pelo Paquistão e uma vez pelo Equador, em 2000, geraram uma procura de avaliação de solvabilidade de crédito, a notação sobre a qualidade do crédito emitido, que foi indicativa do papel que as agências de rating vieram a ocupar mais tarde como fornecedores imparciais de informação de crédito em situações de reestruturação da dívida soberana.
A crise da Argentina em 2001-2002 resultou na maior situação de incumprimento soberano a nível internacional de toda a história. E quando o Uruguai caiu numa situação de crise financeira em 2002, as classificações das agências, mais uma vez apareceram tarde demais, sublinhando-se por aí as debilidades do sistema de notação do risco de crédito que se mantinham bem presentes.
Aquela forma pausada de falar é mesmo assim ou é técnica de discurso? Fala inspira, pausa, pensa, fala, inspira, pausa...
Mas não é só nisso que é diferente dos outros ministros que nos habituaram a sound bytes e a falarem o mais depressa possível para dizerem o maior número possível de palavras. E, por arrasto, nos dizerem o menos possível.
Reparamos que Passos diz "iremos para além da Troika". Ficamos na mesma, ir além da Troika é sacar mais ou é emagrecer o estado?
Para Gaspar é mudar o sistema, vamos ficar mais perto da sociedade liberal dos Estados Unidos que do estado social da Europa.É bom? Acho que não.
Mas se calhar é necessário. Que precisamos nós para termos um estado social sustentável? E uma Justiça eficaz? E uma economia a crescer?
Eu sou de opinião que tudo vale a pena para conseguirmos manter o Estado Social que cresceu aqui na Europa e que é a mais extraordinária obra social do homem.Mas as condições mudaram. A população envelheceu e produz menos e é mais pesada nas contas; a economia não cresce e não havendo criação de riqueza não se pode distribuir; os jovens não arranjam emprego; aparecem novos conceitos difíceis de assimilar: mobilidade laboral,vários empregos durante a vida activa; mais do que uma profissão;
É uma "desconstrução" que vai ser feita à custa de privatizações dirigidas ao capital externo e ao reajustamento do papel regulador do estado, mas a verdade é que depois de 50 anos de sucesso económico Portugal entrou numa recessão profunda. E, outra verdade, é que o país precisa sair dela. Reinventar um pais sustentável.
Percebe-se a intenção mas os cuidados vão colocar o doente "em coma induzido". Com que saúde sairemos desse estado? Dentro de dois anos saberemos.
in JN
Leio nos teus olhos palavras
interditas
Palavras que oferecem um mar
infindável
Na busca dum fim sublime
Eloquente brilho dum mar
admirável
Palavras e sons intermináveis
Duma missão não cumprida
Palavras solenes interditas
Sílabas vagarosas sumidas
Que se revelam quase perdidas
Nesse caminho indecifrável
Atingiremos novos limites
Tão difíceis e desejáveis
Que se escondem nos alvitres
Nos teus olhos ficaram escritas
Letras das palavras interditas
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desenho de Manuela Justino
entre desejo e sombra
umas pálidas pernas uma fugaz
fornalha o som
do orvalho
como te quero não sei
este veneno puro
esta alga incerta
são os números do fogo
corro com as perguntas e
as pedras ferozes
entrava o ritmo das
aves tempestuosas
que súbitas tenazes
vêm rodopiando
sobre a terra dos nomes
sob o fogo dos caminhos
como nascer hoje
com uma imperícia atroz
o flanco esquerdo ferido
e a moribunda lua
seguirei este atalho
de formigas e fósseis
até ao anel de pedra
ao vislumbre da vespa
Júlio Marques Mota daqui
O verdadeiro debate deveria ser então entre as políticas de austeridade ou as políticas de expansão, a verdadeira indignação deveria estar contra a imposição das políticas de austeridade até agora aplicadas. Como assinalam Victoria 'Chick' e Ann Pettifor, em The Economic Consequences of Mr. Osborne Fiscal’ consolidation: lessons from a century of UK macroeconomic statistics:
A questão é agora a de saber se uma redução das despesas (e um aumento de impostos) vai realmente resultar numa redução do défice ou no seu aumento. Um estudo feito por Ann Pettifor mostra-nos, utilizando dados do Reino Unido de 1918-2009, que um corte persistente nas despesas está associado a um aumento da relação dívida/PIB, e que a expansão das despesas está associada com uma queda na relação dívida/PIB (Para uma pequena síntese, veja-se o resumo publicado por Bloomberg. Para uma descrição mais desenvolvida ver o texto “The economic consequences of Mr Osborne”, publicado em 6 de Junho).
Este resultado surge porque o governo não está em posição de determinar a sua própria situação financeira líquida, ou seja, se é de défice ou se é de excedente orçamental.
A crença de que pode determinar a sua posição de
défice ou de excedente surge assim da generalização feita a partir da
experiência dos indivíduos singulares. É completamente falso estar a falar
desta forma de redução do défice quando se está a falar de governos.
Cada um de nós é economicamente muito pequeno: se
queremos um excedente, cortamos nas nossas despesas com rendimentos dados e/ou
aumentamos os nossos rendimentos e o que fazemos não é importante para ninguém
nem para a economia em geral (a menos que muitos outros estejam a fazer o mesmo).
A despesa pública é mesmo muito importante para que se
possa falar assim, até mesmo para os níveis de 1930 (9-14 por cento do PIB
antes da mobilização para a Segunda Guerra Mundial). A mesma relação, depois da
Guerra nunca caiu abaixo de 20 por cento (estes números excluem
transferências). O volume e o sinal do resultado orçamental (défice ou excedente,
sinal mais ou sinal menos) dependem dos planos de todo o sistema económico e
das suas reacções às acções programadas pelo governo.
Ainda mais importante do que a proporção das despesas
públicas relativamente ao PIB é o facto de que o seu resultado expresso em
termos de défice/excedente deve ser compensado por um excedente/défice noutros
lugares, seja no sector privado ou seja no sector dito externo, na balança
corrente. Se o governo reduz o seu défice, que sector vai reduzir o seu
excedente? Certamente não será o sector privado, que está a tentar equilibrar
as suas contas. A balança corrente, a posição líquida externa?
Para tentar reduzir o seu défice, através do corte das
despesas e ou através do aumento dos impostos num período de baixa procura e de
desemprego substancial é comprometer a recuperação económica, esse argumento
está a ser bem compreendido.
O contra-argumento de que os mercados se recusam a
comprar títulos do governo também é bem compreendido, mas ninguém realmente sabe
qual é ponto de vista do “mercado”: está ele mais preocupado com o volume da
dívida ou com a ameaça de uma recessão ainda maior?
Mas mesmo se uma redução do défice fosse desejável,
surge a questão seguinte que é a de saber então: se o governo quer reduzir o
seu défice, por qualquer razão e estiver equivocado na forma de o conseguir, se
estiver a cortar despesas e/ou a aumentar os impostos, estará o governo a agir
sobre ele, a reduzi-lo? À luz da experiência anterior do Reino Unido a resposta
é não.
Desde que o défice não seja algo que o governo possa controlar,
estabelecer a redução do défice é olhar para o problema pelo lado errado de um
telescópio: o caminho para reduzir um défice num período de desemprego e de
fraca recuperação é aumentar a despesa pública ou privada (de preferência gastar
sabiamente, por exemplo, em tecnologias “verdes”) para promover o emprego assim
como melhorias permanentes nas nossas infra-estruturas, incluindo o nosso “capital
humano”.
Keynes olhou através do telescópio pelo lado correcto:
“Olhou para os défices depois de ter olhado em primeiro lugar para o desemprego
até porque o orçamento vai cuidar de si próprio”. Dito de outra maneira, teria
que se olhar para o crescimento em primeiro lugar, como objectivo primeiro a
alcançar.
Curiosamente até isto aparece na análise feita pela
Moody’s quando afirma:
O crescimento económico pode, por seu lado, vir a ser mais fraco do que o esperado, o que poderá comprometer as metas do governo na redução do défice. Além disso, a consolidação fiscal antecipada e a desalavancagem bancária poderão ainda agravar mais a situação. As estimativas consensuais sobre o crescimento para o país têm sido revista à baixa depois do acordo de empréstimo concedido pela UE/BCE/FMI. Mesmo com estas revisões já em baixa, a Moody’s acredita que há ainda riscos que estas estimativas voltem a descer, daí a perspectiva negativa sobre a economia portuguesa.
No caminho errado e a mostrá-lo claramente temos o texto da Moody’s. Uma crise, uma crise como esta é uma crise demasiado séria para ser improdutivamente “gasta”, é uma crise de que é necessário e urgente tirar as devidas lições e não é apenas a olhar e contra as agências de rating ficar a reclamar que esta percepção e a prática política daí resultante se podem ganhar. Nunca, direi eu.
Esta ganha-se, para além do que anteriormente foi dito, em perceber o que são as agências de rating, quais são as suas razões de ser ou não ser, pois que uma vez que existem há que claramente saber o que é que as justifica e a função que leva a que os Estados gastem fortunas para que lhes digam publicamente o que os analistas de qualidade podem dizer. Uma coisa para já parece certa: não há nem nunca houve razão de ser para haver agências privadas de rating sobre dívidas soberanas. Agências justificam-se, ninguém o quer negar mas, neste caso, sobre dívidas soberanas estas deveriam ter o carácter de instituições internacionais, sob a égide das Organizações de Bretton Woods. Compreende-se bem que isto se exija. Como afirma Norbert Gaillard, consultor do Banco Mundial:
É necessário compreender que não há método quantitativo em matéria de notação soberana. Não existe nenhum modelo pré-determinado fundado sobre um sistema de ponderações que permita estabelecer o rating de um país a partir de certas variáveis tais como a dívida pública ou o défice orçamental. É sobretudo a opinião dos diferentes analistas da agência que importam, mais do que um modelo matemático ou econométrico.
Estes analistas reúnem-se regularmente em comité de notação a fim de debater a notação de um Estado e de determinar o seu rating.
Cada analista expõe o seu ponto de vista. Certos podem, por exemplo, considerar que o nível elevado da dívida pública do país exige uma degradação, outros consideram que a credibilidade política deve ser suficiente para manter o nível de solvabilidade. Na sequência da reunião, procede-se à votação, a cada analista um voto. É pois numa abordagem qualitativa, humana, que assenta a avaliação e a convicção dos analistas.
Apesar de tudo, é possível obter algumas das grandes determinantes das notações soberanas. Trata-se do PIB por habitante, da ratio dívida pública relativamente às receitas públicas, da taxa de inflação, da qualidade das instituições e do histórico de incumprimento quando esse histórico existe, o que no caso das dívidas não é frequente país a país.
Exemplo de um quadro de bordo da Moody’s:
Portugal
Lead Analyst: Anthony Thomas
© 2010 Moody’s Investors Service, Inc.
and/or its licensors and affiliates
Notes:
[1] Sum of Exports and Imports of Goods and Services/GDP
[2] Composite index with values from about -2.50 to 2.50: higher values suggest greater maturity and responsiveness of government institutions
[3]Euro adopted on January 1, 1999
Acontece que entretanto, Olinda teve de se ausentar para o estrangeiro por algum tempo, deixando o sótão bem tratado, habitável e com bom arejamento. Passados alguns tempos e depois de uma boa temporada ausente, o velho sótão voltou ao estado anteriormente encontrado: cheio de pó, de teias de aranha e com ar sombrio. Era esta a situação dum espaço que só Olinda sabia ocupar e com ele se entendia, pese embora, lá de vez em quando, não compreendesse muito bem porque tão facilmente se desarrumasse.
O sol que entrava pelas frinchas do telhado, vinha esmaecido, sem força e sem vida, acentuando-lhe aquele ar pesado que causava aspecto de abandono, tal como antes acontecia. Os caixotes bem arrumadinhos e limpos, começavam a ser corroídos pelo bicho da madeira que entretanto ali tivera penetrado, até as famigeradas vespas encontraram espaço e ambiente para se instalarem à sua maneira sem qualquer dificuldade, tal era o estado de degradação a que tinha chegado o pobre sótão. Era uma lástima
Adivinhava-se que, quando Olinda voltasse, iria ter um ataque de nervos com a surpresa da presença de novos habitantes naquele sótão, pois em vez deles, melhor seria que por ali circulasse ar fresco vindo do Oriente fazendo germinar ideias novas, motivações fortes que dessem inspiração a um projecto de grande envergadura, ou quem sabe o desenvolvimento dum facto amoroso que entretanto ali se acolhesse no desfrute dum belo prazer, com alguma privacidade, claro.
O regresso de Olinda não se fez esperar e cedo se apercebeu que não seria fácil o enriquecimento daquele espaço, porque o velho sótão era um lugar de tamanho irregular, onde qualquer indício de renovação, ou inovação, podia colidir com as suas fronteiras naturais e obstruir o florescimento de novas ideias, o que obrigou Olinda a recorrer a outra parte de casa onde um novo projecto pudesse crescer e o seu espírito conseguisse um pouco de paz.
HARMONIA DOS CONTRÁRIOS
Como nos vemos e nos aceitamos
Como nos distinguimos
e nos amamos
Numa mistura de fel e mel
Sabor agridoce da pele
Amor perdido na idade
Sumo vivo da humanidade
Como nos amamos corremos
e saltamos
Como fugimos e nos encontramos
dentro do nosso descontentamento
Como somos levados no vento
E no vendaval nos encontramos
Como somos e nos propomos
ao deslize
Como nos encontramos depois
no afastamento
Como somos, nos erguemos
e padecemos
Num abraço de entendimento
Como somos e nos inquietamos
Mas só depois… nos aceitamos
Paxiano
Cesso hoje a minha colaboração no Estrolabio. Desejo as maiores felicidades a todos os que cá ficam, amigos, colaboradores e leitores. Foi uma experiência de um ano e alguns meses que me trouxe muitos ensinamentos, os quais, sem dúvida, me vão ser úteis em novos projectos.
Prof Doutor Raul Iturra
Chile Jura a Independência a 12 de Fevereiro de 1818
http://www.youtube.com/watch?v=ddkqqTjN0nE&feature=related
Primeira Versão, 1919, com música do Hino Argentino e letra do Chileno-Argentino Bernardo Vera e Pintado, a pedido do Director SupremoBernardo O'Higgins
Versão definitiva 1828
Terceira versão
O Hino Nacional do Chile tem letra de Eusebio Lillo, Bernardo de Vera y Pintado e música de Ramón Carnicer.
OS HERÓIS DO CHILE
Escrevia ontem sobre as cantineiras ou companheiras, que acompanham aos soldados a guerra, lutam como os seus colegas de armas e recebem um estipêndio do exército pelo qual lutam, neste caso, o do Chile. Escrevia também sobre as Damas da Aristocracia que lutavam pela causa da Pátria, como Paula Jaraquemada e Javiera Carrera, as mais conhecidas, salientadas e honradas por serem da aristocracia.
No caso dos varões, acontecia de forma semelhante. A guerra era para os homens, diz o ditado, apesar de haver mulheres nas escaramuças. Mas os que lutavam sem medo, eram os jornaleiros chilenos convertidos em soldados, enquanto os patrões faziam política no país, ou organizavam a guerra desde o Congresso ou desde a sede dos seus partidos políticos. Em tempos, pensei que os senhores da terra ficavam nas suas fazendas e os inquilinos, que tenho definido como metáfora de escravos que trabalham, se pago em dinheiros, mas sim em terras trabalhadas pela sua família, da que, no entanto, deviam entregar parte ao proprietário eminente - era terra entregue em usufruto.
A guerra era dura, mas aliviava da miséria rural de ser um sem terra dentro de um país rural, com um PIB baseado nas exportações.
O tratamento dado aos inquilinos, como apreciei antes de ser expulso das terras da minha família por ser socialista materialista histórico, era ignóbil. Pensei que os escritos de Grachus Babeuff de 1785 sobre o manifesto dos plebeus, e o de Silvain Marèchal, 1795, sobre a Igualdade, além da revolução francesa, tinham libertado aos servos. Enganado estava eu, e continuo enganado por causa da teoria neoliberal que nos governa. Textos e factos que inspiraram o Manifesto Comunista de Kar Marx, Johana von Westphalen, a sua mulher, e palavras de Friedrich Engels, o terror, também, dos burgueses actuais.
Ideias que influenciaram aos heróis do Chile, os de Babeuf e Marèchal. O de Marx ainda não existia, pelo que a educação de José Miguel Carrera de quem falei latamente no meu ensaio o meu texto sobre as mulheres heroínas, as de Bernardo O´Higgins, José de San Martín, foram diferentes e Simón Bolívar, que coincidiram em Europa para completar a sua educação en épocas diferentes foi mais influenciada pelas ideias libertárias de Benjamim Franklin e o Conde Republicano, venezuelano e em exílio em Paris Francisco de Miranda. Foi uma feliz casualidade estarem juntos maestros e discípulos, os primeiros, após ganhar guerras de independência, os segundos, a aprender como realizar o seu sono de libertar as colónias espanholas de domínios estrangeiros. Também, as causa que serviam e os países em que estavam, apenas permitiu que O´Higgins (Chillán, 20 de Agosto de 1778 – Lima, 24 de Outubro de 1842) fora discípulo de Benjamim Franklin, enquanto José de San Martín ( (Yapeyú, 25 de Fevereiro de 1778 - Boulogne-sur-Mer, 17 de Agosto de 1850) e Simón Bolívar, (24 de Julho de 1783 – 17 de Dezembro de 1830), aprenderam deles. Carrera era oficial da monarquia espanhola, mas, ao tornar ao Chie e pela influência da sua irmã Javiera, em 1811 não apenas era patriota pró Chile, bem como queria o mando, que tomou após um golpe palaciano e acabou em 1814, com a reconquista dos espanhóis que já tinham Monarca espanhol, porém, proprietário das colónias que quis recuperar, mas não conseguiu. A Batalha de Chacabuco foi uma batalha decisiva da independência do Chile, na qual combateram o exército dos andes e o exército espanhol. Ocorreu em 12 de Fevereiro de 1817 na fazenda de Chacabuco, redondezas de Santiago Fonte: Documento de Bartolomé Mitre detalhando a batalha. Pode ser acedido em: http://www.crucedelosandes.com.ar/batalla_chacabuco.asp
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