Sexta-feira, 1 de Julho de 2011

Terreiro da Lusofonia - 1 - por Carlos Loures

Um dos maiores pintores do mundo lusófono - Roberto Chichorro

 

É com o pintor moçambicano Roberto Chichorro que verdadeiramente inauguramos este Terreiro da Lusofonia, espaço dedicado particularmente à cultura de todo o universo lusófono.

 

Tratando-se de artistas consagrados evitaremos tecer considerações de carácter crítico sobre as suas obras. Pequenas notas biográficas e às vezes nem isso.


Mais ou menos assim:

Roberto Chichorro nasceu em 1941, no Maputo. Fez a sua

primeira exposição em 1967, mas só em 1980 se dedicou inteiramente

à arte. Em 1982 recebeu uma bolsa do governo espanhol,

tendo trabalhado em cerâmica no Taller Azul e em zincogravura

com Óscar Manezzi, em Madrid. Obras suas fazem parte de

colecções como a do Museu do Chiado em Lisboa e a do Museu de Arte Contemporânea de Luanda. Chichorro ilustrou vários livros, por exemplo, os do grande poeta José Craveirinha. Este é um quadro da série "Karingana-estórias de era uma vez”.

 


 

publicado por Carlos Loures às 11:00

editado por João Machado às 01:42
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Sexta-feira, 17 de Junho de 2011

Amanhã, Sábado. às 18:30 inauguração da exposição de Dorindo na Galeria Municipal de Sintra

publicado por Carlos Loures às 09:00

editado por João Machado em 09/06/2011 às 04:02
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Terça-feira, 14 de Junho de 2011

No próximo Sábado a pintura de Dorindo na Galeria Municipal de Sintra

publicado por Carlos Loures às 09:00

editado por João Machado em 09/06/2011 às 03:54
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Sexta-feira, 10 de Junho de 2011

Dorindo expõe na Galeria Municipal de Sintra a partir de 18 de Junho

publicado por Carlos Loures às 09:00

editado por João Machado em 09/06/2011 às 03:52
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Sexta-feira, 3 de Junho de 2011

A Exposição e a Resposta do Adão Cruz ao António Gomes Marques

 

 

 

O Vídeo da Inauguração da Exposição

 

 

 

O Jardim apresenta hoje uma reportagem da inauguração da exposição de pintura de Adão Cruz na Galeria Zeller, em Espinho no passado dia 14 de Maio. 


 

Adão Cruz  Pequeno comentário ao texto de António Gomes Marques

 

 

Não quero perder tempo a ajuizar se mereço ou não este belo texto do António.

 

Sinto que as suas palavras são de uma tão diáfana espontaneidade e de uma tão notória sinceridade que criam em mim um sentimento de transparência que há muito não tinha, e que me permite ver com mais nitidez que a arte é uma relação de vida, uma profunda e poderosa relação de vida que se estabelece através da poesia, a mais nobre e sublime expressão do entendimento da realidade.

 

As palavras do António conseguem iluminar, como se fosse dia, as ruas da nossa cidade interior, por vezes ensombradas pelo difícil caminho através do qual aprendemos a viver a vida da arte para tentarmos criar a arte da vida. São palavras que nos lembram as amargas trevas que por vezes nos invadem por sermos homens, já que o Homem é um ser atravancado de mitos. E lembram-nos que a arte e a poesia, caminhando de mãos dadas com a razão e a matéria pura, são a força e a energia indispensáveis no espinhoso percurso que vai da prisão à liberdade.

 

As palavras do António são palavras que inesperadamente me conduzem a um local de encontro comigo mesmo, desses muitos encontros que se foram perdendo ao longo da vida. Por isso elas entraram em mim de forma tão agradável.

 

Com esta honestidade de pensamento e com esta suavidade e delicadeza de sentimentos, o texto do António conseguiu tocar o cerne da minha relação com o mundo e criar em mim a magnífica sensação de que essa relação tem vida e é inegavelmente o sangue da nossa existência.

 

Muito obrigado António.

 
publicado por Augusta Clara às 19:00
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Sexta-feira, 20 de Maio de 2011

Rente ao cair da folha - exposição em Espinho do Adão Cruz

 

Encerra dia 14 de Junho
 
Horário de abertura: Dias úteis e sábados
11 às 13   e   15 às 20 horas
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado por João Machado às 08:30
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Quinta-feira, 12 de Maio de 2011

Rente ao cair da folha - exposição em Espinho do Adão Cruz

 

 

A Galeria Zeller tem a honra de convidar V.Exª e família para a inauguração da exposição individual de pintura do artista
plástico  ADÃO CRUZ  no dia14 de Maio, pelas 18 horas. Será servido um Porto de honra.

 

publicado por João Machado às 09:00

editado por Luis Moreira em 04/05/2011 às 02:18
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Terça-feira, 3 de Maio de 2011

Exposição de Adão Cruz na Galeria Zeller em 14 de Maio

publicado por Carlos Loures às 16:30

editado por Luis Moreira em 02/05/2011 às 23:36
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Sexta-feira, 29 de Abril de 2011

A minha forma de pensar - Adão Cruz

 

 

Adão Cruz  A minha forma de pensar

 

 

Fui anteontem à Biblioteca Almeida Garrett ver uma bela exposição do meu amigo e grande pintor Emerenciano. Em mesa redonda foi abordada e comentada a obra do pintor. Por ali passaram estereótipos e formas de ver as coisas que estão um pouco na antítese da minha maneira de pensar. Intervim com alguns comentários mas fiquei com a impressão de que as pessoas não entenderam bem o que eu queria dizer ou então eu não fui capaz de os fazer com a devida clareza. E o que eu queria dizer era o seguinte:

 

A arte e a poesia são irmãs gémeas, mas a poesia é a irmã gémea por excelência. E isto porque a poesia, ou melhor dizendo, o sentimento poético percorre transversalmente qualquer forma de expressão artística, e qualquer forma de expressão artística só será obra de arte se contiver dentro de si o sentimento poético. A poesia é um sentimento como outro qualquer, como, por exemplo, o sentimento do amor. O facto de vermos alguém de braço dado ou alguém numa cena aparentemente amorosa, não é garantia de que entre eles haja amor, pois este sentimento pode não existir ou existir em grau que vai do frágil e superficial ao mais profundo. Com o sentimento poético acontece provavelmente o mesmo. Não é por termos à frente dos olhos uma obra aparentemente bem feita ou um poema aparentemente bem escrito que podemos dizer que ali está a poesia. Pode não estar e muitas vezes não está. Custa-me dizer isto, mas cada vez mais gosto muito de poucas coisas. O que por aí se passa em relação à poesia é, quanto a mim, muito triste, porque fazer poesia, descobrir o sentimento poético não é encastelar versos uns em cima dos outros ou escrever frases labirínticas que ninguém entende, e, com isso tudo, encher as prateleiras das livrarias. O sentimento poético aproxima-se muito do místico sem nunca lá chegar, felizmente. É um sentimento quase indefinível, é um estado de hipersensibilidade, um desejo de ser-se de outra maneira, uma necessidade de sair do não autêntico, um quase sentir a verdade total e o amor universal.

 

Passando à pintura que é a expressão artística que neste momento nos ocupa, podemos dizer que a montante da obra está o artista. Este deita mão de todos os elementos que tem para criar a obra. Desde as suas capacidades inatas, os seus conhecimentos adquiridos, as suas habilidades e experiências, a sua “Arte”, a sua filosofia, a sua visão do mundo e das coisas, até aos elementos físicos como as tintas e os pincéis. Mas o elemento principal, o que está acima de todos os outros é o sentimento poético. Não é um elemento que o artista possa chapar na obra como faz com uma pincelada, ele tem de existir dentro do artista, ele está na essência e na vivência do artista, e como faz parte da alma do artista nasce na obra de forma consciente, subconsciente ou mesmo inconsciente. Sem sentimento poético dificilmente uma obra será uma obra de arte, e muito provavelmente não passará de um entretenimento superficial dos sentidos.

 

A jusante do artista está a obra, como um todo, indivisível e indissociável. E para que a obra adquira grandeza, todos os processos formais devem ser ofuscados pelo seu próprio efeito. Por isso, desnudar esses processos formais, tentar dissecar, escalpelizar, descodificar, fatiar uma obra pode ser muito nefasto, pode ser um fenómeno redutor que empobrece a obra, pode massificar e estereotipar o pensamento, pode tapar os olhos do espectador e pode anular toda a hermenêutica, isto é, a capacidade de gerar forças interpretativas. Que se faça em termos académicos e investigacionais, vá que não vá. Em termos de fruição da obra é profundamente negativo. O próprio título pode ser a primeira fatia. Quase como num bolo de aniversário. Quando entra a faca lá vai o encanto contido na expressão inicial dos convivas: “Que lindo bolo!”.

 

A este respeito, um amigo meu dizia-me ontem, uma obra de arte é como um filme sem legendas. Num filme sem legendas, se o espectador não conhece a língua, imagina histórias muito diferentes daquela que o filme pretende contar. Claro que, embora nem sempre, a intenção e a finalidade de um filme é mesmo contar aquela história e não outra. Na obra de arte pode não haver histórias, e se as há, elas deverão ser tantas quantos os olhos que a contemplam.

 

publicado por Augusta Clara às 19:00
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Terça-feira, 26 de Abril de 2011

Requiem, por Carlos Loures - texto e ilustração

 

O monstro agoniza, o seu hálito apodrece

roubando  á Primavera o claro rosto.

A sua carne canceriza, a mão estremece,

mas mata, mata sempre o seu punhal,

pois quer como sudário o próprio mundo.

Moribundo,  o chacal, seu grito inunda

a terra de destroços e incendeia o vento,

o corpo já vacila e o olhar escurece,

mas mata, mata ainda o seu punhal,

pois quer como mortalha as nossas vidas.

A boca é uma cratera de raiva e pus

e os pés afunda em lama e ódio,

as flores esmaga nesse orgasmo mortal.

Mata, mata ainda a sua faca,

pois quer devorar o sol no seu estertor,

aniquilar o amor, a esperança, a luz,

tudo o que é caro à vida quer matar

e deixar-nos a morte como herança, gravar

nas cinzas da paisagem a sua lápide:

Aqui jaz o capital: em sangue amanhecido,

em sangue anoiteceu,

fez todo o mal que pôde,

depois morreu.

 

Nota: este poema, com ligeiras variantes, foi publicado em A Poesia Deve Ser Feita Por Todos, Cadernos  Peninsulares, Lisboa, 1970.

 

 

 

 

 

Ao assalto, morte ao capital! – quadro de 1969

 

publicado por João Machado às 10:00

editado por Augusta Clara às 22:43
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Segunda-feira, 11 de Abril de 2011

Francisco Relógio no Terreiro da Lusofonia

 

 

 

 

 

 

 

Carlos Loures

 

 

 

 

 

 

 

Francisco Relógio é o artista plástico que hoje trazemos ao Terreiro da Lusofonia. Cores e formas de Portugal, portanto. Nasceu em Beja em 1926 e faleceu em Lisboa em 1997. Pelo final dos anos 40 estava ainda ligado ao movimento neo-realista, seguindo depois por uma linha mais ligada ao surrealismo. Senhor de um traço muito característico, talvez inspirado nas pinturas aztecas, Relógio foi, sobretudo um grande desenhador. Além da pintura, realizou belos cenários para diversas peças de teatro e cultivou também a cerâmica, o desenho e o azulejo. Existem vários painéis seus de azulejos em Lisboa, mas o mais conhecido é o que se encontra no edifício do Banco Nacional Ultramarino de Maputo (cuja fotografia podemos ver acima).

 

 

 

publicado por João Machado às 15:00
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Quarta-feira, 2 de Março de 2011

Um dia falei com A ARTE - Adão Cruz

 

 (ilustrações de Adão Cruz)    

 

 

Adão Cruz  Um dia falei com A ARTE

 

      

 

     

Talvez tenhas dado por mim mas não quiseste mostrar. Ajoelhei meus passos no teu caminho e tu não viste. Sempre tiveste duas pedras brancas nos olhos e cego é o meu coração.

 

      De mármore era o meu  rosto naquela manhã, sempre foi de mármore o teu rosto em todas as manhãs! Parte-me o peito a amargura, sempre que toda tu és apenas figura, retórica figura!

 

      Afogado na tristeza, nunca uma bóia me lançaste! Um fio de silêncio, de lágrimas molhado, foi o espaço vazio que criaste, a tela negra onde cravei os dedos e cuspi as cores sem brilho.

 

      Desonrei o corpo das palavras e o seu  mais alto dizer, para esmolar um verso, um afago ou ... morrer. Tu nada quiseste saber, em todas as  plúmbeas manhãs derretidas em chuva.

 

      Nasço e morro contigo todos os dias, amparado em versos que não têm mãos e logo se quebram aos primeiros raios de sol. Todas as minhas rugas faciais estão assinadas por um roteiro de ansiedades num calendário de esperanças, todos os meus nervos estão marcados pelos dedos vulcânicos da paixão.

 

Tàpies disse que tu eras mais uma manifestação do logro que são todas as coisas, mas não se cansa de procurar o cosmos numa pincelada. Outros dizem que és parcela frásica no caminho do sentido, matérica partícula dando-se ares de insubstancial. Todos os vigorosos loucos e cobardes me falam a verdade... a mentir!

 

Disseste, um dia, que nada havia no dorso de um quadro ou no anverso de um verso. Disseste, ainda, que o homem não é chegada nem partida, mas a vida aquém e além de si mesmo, no espaço intemporal da liberdade e da imaginação.

 

Não olhes para os dias de ontem como se neles tivesse ficado presa uma espécie de estilo. Abraça este agora que parecendo fora do sonho nasceu dos sonhos de outrora, porque aos sonhos não foi dada permanência estilística.

 

A forma configura-se como memória concreta do processo formante e da personalidade formadora. O estilo é o modo de formar, pessoal, irrepetível, a marca subtil da pessoa na obra. Compreender a obra é possuir a pessoa do criador, a sua experiência, a sua vida, os seus sentimentos e ideias. Desta forma, o estilo não é, essencialmente, a envolvência perene e mecânica, mas a razão sensivelmente constante entre a força possessiva e a força possuída. O Homem não é a narração do estilo mas da personalidade concreta, feita modo de formar, na mais diversa e dialógica conversa com a vida.

 

Em todas as manhãs perdidas no leito da angústia, só a ilusão foi minha amiga! Para ela me arrastaram as nuvens e com elas me confundi, com elas me perdi.

 

      O meu lugar é aqui, ainda que eu não saiba o lugar que ocupo. Faço que rio, faço que choro, faço que canto, faço que faço, ao som de um Quinteto para Clarinete.

 

      A arte é a liberdade de fundir a aparência da realidade com a realidade das aparências.

 

      "A arte eleva o Homem à sua verdadeira dimensão!" Que arte, que homem, que dimensão?. Quase me negaste quando te amei, com os pés assentes num determinismo de areia. Hoje, que te amo profundamente na mais sólida racionalidade, prostituis-te com essa dimensão humana que ninguém sabe o que é.

 

      Precisamos da arte, precisamos dela mais do que nunca, para viver o amor, "a mais bela das frustrações"!

 

      Por vezes, a chuva pára de cair, subitamente. Também a chuva chove e a chuva seca a música que soa dentro de nós!

    

 

    De espada em riste, o silêncio parte os teus olhos de pedra e canta. Canta uma qualquer "Chanson Romanesque" a uma qualquer Dulcineia perdida nos montes, algures, para lá do arco-íris.

 

 

publicado por Augusta Clara às 19:00
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Segunda-feira, 14 de Fevereiro de 2011

Sete Cores e Sete Cordas e os Riscos da Felicidade - César Príncipe

coordenação de Augusta Clara de Matos

 

Hoje Falamos de...Poesia e Pintura

 

César Príncipe  Sete cores e sete cordas e os riscos da felicidade

 

 

Adão cruz, como todos os seres, transporta uma história: uma narrativa do que é, do que fez, do que projecta. A pintura, que pratica desde os 49 anos (1986), tem vindo num crescendo de ocupação dos seus tempos e dos seus espaços, dos seus ofícios de viver e de representar a vida. De um viver entre o coração e a decoração, um no exercício de cardioLogista e não de cardioLojista, outra no sentido do ornamento cultural, de uma estética de inquietação e de prazer. Uma inquietação íntima, gregária e cósmica e um prazer lírico, solidário e crítico, que se expressam nas artes da paleta e da caneta. Pintor e poeta de coisas comuns e de causas comunitárias, Adão Cruz, com discreta determinação, tem vindo a fixar um padrão de pintura, um padrão de escrita, um padrão de conduta. Um discurso triface e uno, como se surpreende na presente monografia de pintura, intercalada de poética e finalizada com uma reflexão.

 

Adão Cruz dá corpo, pois, a um discurso estilisticamente modulado e ideologicamente modelado que nos remete para um compromisso lírico, sociológico e filisófico, o empenho de alguém cuja história particular foi e continua assumidamente atravessada pela História Geral. Como pintor e como poeta, ei-lo com Poesia na Pintura e Pintura na Poesia, balanceando entre o figurativo e o abstractivo, as duas ordens plásticas. De tal modo que para entender mais espectralmente a sua pintura, se sugira uma passagem pelos livros de poesia e de prosa poética: Esta Água que Aqui Vem dar (1993), Vem Comigo Comer Amendoim (1994), Palavras e Cores (1995). Este último é a síntese desta complementaridade e desta cumplicidade.

  

Para além de ilustrar as publicaçãoes com pinturas e desenhos, Adão Cruz emprega um dicionário prenhe de alusões colorísticas e visuais: cores, branco, azul, rubro, verde, amarelo, estanho, terra-siena, vermelho, rubi, carmim, violeta, púpura, ocre, Kandinsky, Chagall, Van Gogh, Jordi, paleta, telas, tintas, meias-tintas, pincéis, quadros, forma, espaço, dimensão, matemática, cenérios, retratos, silhuetas, fotocópias, arco-íris, jardins. Recorre também ao jogo de oposições no tocanta à luz, elemento-chave da óptica da criação e da contemplação: fulgor, rútilo, brilho, luminoso, relâmpago, trevas, negro, crude, pálido, baço, sombra. Código semiótico e simbiótico que o pintor e poeta elevou a lapidar: “as sete cores do arco-íris e as sete cordas da lira”.

 

O que corresponde às suas marcas e às suas máscaras, euro-africanas e tão universais. Tão apreensíveis nos percursos da cultura que Adão Cruz, nascido em Vale de Cambra, participa no “Movimento Arte Internacional”, comungando das fontes e dos afluentes das Artes dos século XX, num apuramento da sua via e da sua mão. Via e mão apreciadas já do Porto a Setúbal, de Vale de Cambra a Montemor-o-Velho, de Aveiro à Batalha, de Espinho a S. Pedro do Sul, de Ourense à Corunha e de Bilbau a Madrid, porém ainda não vistas em Lisboa, por vezes a capital mais distante do mundo relativamente aos portugueses. De evocar, neste ponto, que a primeira exposição de Adão Cruz ocorreu no âmbito de uma colectiva, em 1987: “O Médico e a Arte”, no Salão Nobre do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia. Ligação à medicina, natural num perfil médico, estético e ético, que enfileira numa galeria de artistas e escritores deste estrato que, em Adão Cruz, como em tantos outros, mais do que uma profissão é uma profiMissão, com experiências de João Semana do Portugal e da Guiné das décadas de 60 e 70 e de actualizações cosmopolitas do ramo. Fernando Namora, também médico, escritor e pintor, escreveu “Retalhos da vida de um Médico”, relatando episódios de uma carreira nas topografias do abandono. Adão Cruz participou destas itinerâncias da saúde dos nativos lusitanos e dos nativos guineenses.

 

Com este banho rural, colonial e transnacional recebeu igualmente um património de contágio que, na Pintura, se cruzou com Van Gogh e Chagall, Picasso e kandinsky, Mário Botas e outros sinalizadores, e que, nas Letras, integrou dádivas de Cícero e Ortega Y Gasset, Changeux e Gandhi, Proust e Rafael Alberti, Alain Touraine e Alain Prochiantz, Joe Mannath e Umberto Eco, Omar Calabrese e Mukarovsky, Eça de Queirós e Miguel Torga, Jorge Amado e José Saramago, exemplos das suas boas companhias.

 

Assim verte as suas afeições, as suas imaginações e as suas indignações. Uma pictórica de júbilo, melancolia e empenhamento. Em termos de formalidade académica, uma pintura, ora mais legível (paisagens exteriores e interiores, pátrias de acusação e eleição, vertigens de árvores e chaminés, colinas e nuvens, figuras do Amor, do Trabalho, da Paz e da Guerra), ora menos evidente (horizontes desvanecidos, gestos declamatórios, vagas multitudinárias, derrames cromáticos). Para o artista, a pintura advém como pronunciamento e como prenúncio, nas ruínas e nas construções do Homem, nos barcos e pássaros, nas árvores e mulheres, nos astros e frutos, nos corpos e instrumentos musicais. Na maioria, as composições não são suportadas por títulos, mas restam sublinhações literárias, onde ressaltam as antinomias, acentos das dialécticas do real e do ideal: Encontro, Desencontro, Insubmissão, Repreensão, Sonho Adormecido, Sonho Perdido, O Gesto e A Sombra, A Razão e A Sombra, A Senhora dos Barcos, Homem na Praia, Origem-Destino, Do Céu Tombou A Lua, Altar da Utopia, Fantasia, De Luto, Padroeira das Bombas, Senhora dos Anéis.

 

Núcleos temáticos e problemáticos que demarcam climas e convicções, quer em forma geométrica e em forma assimétrica, em tons rectangulares, circulares, cónicos ou cúbicos, quer através da persuasão das manchas, do não expressamente dizível. Aí cabem abóbadas terrestres e celestes, bichos, plantas e homens, objectos e memórias, num tenso diálogo que se desdobra e se sublima, estendendo-se do cósmico ao cómico, do finito amoroso aos amanhãs que urgentemente nos apelam. O solar e o lunar pairam nesta Pintura Poética, que nos recoloca no mapa do autor, entre o Rio Douro e o Rio Cacheu, no meio e nas margensdas inúmeras correntes que nos fazem e nos desfazem, nos libertam e nos cativam.

 

Tais pressupostos impelem o pintor e o seu observador para uma estrutura intelectual de inspiração latina e francófona, típica dos anos 60, com as artes sustentadas pela cidadania e pelo pendor especulativo. Uma das citações de culto de Adão Cruz é paradigmática: “A que mais se deve ligar, senão à Vida, o único presente que o bom Deus nunca faz duas vezes?”(Marcel Proust, “À la recherche du temps perdu”). Logo clarificada com a autenticação de Gandhi: “A certeza da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte”. Desiderato que Adão Cruz tem realizado ou ensejado nas “horas sem tempo”, na “sede de todas as fontes”, sempre que possível num “seio ao vento” ou no “vento preso à cidade”. Tentando, no seu castelo aberto, manter a esperança de que “os vivos ainda não morreram de todo”. O que requere paciência e demais apetrechos civilizadores, estampados neste invento editorial: “Tempo, Sonho e Razão”.

 

No fundo, o confronto de Adão com a sua Cruz, a sua viagem terrenal e a sua voragem temporal, em “consonância com a luz do Universo”. Uma sintonia que, neste Adão, não se perspectiva conforme o lendário do Velho Testamento ou na Cruz do Novo Testamento, em virtude do Pintor, Poeta e pensador haver seguido por outras sendas e com outras senhas.

 

Temos, consequente e coerentemente, um Adão da “biologia do espírito”, com os pés assentes no planeta de Darwin e Galileu, de Einstein e Neruda, com uma iconografia de verdade e usufruto, de braços e abraços partilhados na edificação de uma Terra onde não seja proibido exibir espinha dorsal e existir com dois olhos na cara. Neste tempo de Sonhos exilados e de Razões silenciadas, só ganharemos em retomar os pretextos dos bons clássicos, de eterno retorno às cores que resistem, aos alfabetos de identificação pessoal e social, signos que não devem legitimar alguns bípedes em detrimento da humanidade.

 

A Arte não é artimanha. A Arte não é só artifício. A Arte é um contrato com as agruras da sobrevivência e as aventuras do infinito. Tal mister implica o domínio do já feito para a sua ultrapassagem ou diversificação, domínio teórico e técnico. Exige cumulativamente, sem dúvida, ânimo conspirador para arrostar com os equívocos e as tentações entre mérito e mercado. Compete a Adão Cruz sabê-lo, desde que, no Paraíso, aceitou o pomo da concórdia, cedo metamorfoseado em pomo da discórdia. Recordação bastante para um proceder advertido dos riscos da felicidade. Da felicidade individual e da felicidade colectiva. O que não impede os chamamentos mobilizadores e a correspondência dos que ousam investir Tempo com Sonho e com Razão.

 

Apesar de tudo, “Eppur si muove”: “E contudo (a Terra) move-se”. Não é, Galileu Galilei? E “O sonho comanda a vida”. Não é, António Gedeão? Não é, Manuel Freire? Não é, Adão Cruz?

 

(in Adão Cruz, Tempo, Sonho e Razão, Campo das Letras)

 

 

publicado por Augusta Clara às 14:00
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Domingo, 6 de Fevereiro de 2011

Jean-Léon Gérôme - por Manuela Degerine


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Concluíram-se esta semana em Paris duas grandes retrospectivas que atraíram multidões: a obra de Claude Monet. E, facto mais surpreendente, a obra de Jean-Léon Gérôme.

 

Este pintor especializou-se na chamada pintura de história e as suas imagens da Antiguidade continuam mundialmente conhecidas por o cinema as ter reproduzido: a morte de César, o combate de gladiadores, o cristãos lançados às feras... Pela nitidez da imagem, pelo rigor arqueológico, pelo sentido da encenação e do movimento, valores cinematográficos, Gérome atraiu – e mesmo formou – o olhar dos realizadores, de Enrico Guazzoni (1913) a Ridley Scott. E dos espectadores...

 

Enquanto vivo, Jean-Léon Gérôme foi dos artistas mais cotados, teve todas as honras, sucessos e poderes hierárquicos no mundo da pintura – e soube tirar partido económico disto. Casado com a filha de um editor, o proprietário da empresa Goupil, Gérôme não inventou a reprodução mas deu-lhe projecção mundial. Claro que lhe interessava vender ao duque de Aumale, à família do Imperador ou a milionários americanos mas, negociada uma obra, restavam-lhe ainda os produtos derivados... Não menos lucrativos. Assim, por exemplo, vende o óleo sobre tela dos gladiadores (Pollice  Verso, 1859; que agora pertence à colecção do Phoenix Art Museum) e depois, pelo mundo inteiro, a quem que não pode comprar originais, isto é, à maioria, vende milhares de cópias, da mais barata à mais onerosa: postais, gravuras, fotografias, bronzes com as mesmas figuras. Gérôme beneficiou de um sucesso opulento enquanto os impressionistas morriam de fome; talvez também por isto tenha mais tarde suscitado tão imenso desdém.

 

Gérôme manteve a exigência de nitidez na imagem e a fascinação de um além, que tanto se podia situar no tempo, a Antiguidade ou a cena bíblica, como no espaço (viajou pelo Egipto e Palestina, pintou – no atelier – cenas de rua) ou até no imaginário (alegorias como Tanagra ou a Verdade a sair do poço), por conseguinte rejeitou o que considerava vazio, trivialidade ou inacabado na pintura que passou a ser designada como Impressionismo. Simetricamente os impressionistas e posteriores vanguardas, a partir do momento em que se tornaram estética dominante, troçaram da sua pintura, negando-lhe todo o valor, qualificando o pintor como pompier, "bombeiro", por verem capacetes metálicos nas cenas de circo.

 

Esta exposição do Museu de Orsay foi a primeira desde a morte de Jean-Léon Gérôme em 1904. Passou-se entretanto mais de um século... E o próprio Claude Monet já em 1926, quando faleceu, fazia figura de comendador perante as vanguardas – mesmo com Nymphéas, a fascinante obra, quase abstracta, que legou ao Estado. Por consequência agora, tendo inevitavelmente visto imagens impressionistas reproduzidas até à saturação em canecas e caixas de chocolate, numa época que quase aboliu a pintura e se compraz, há cem anos, em instalações mais ou menos inventivas, podemos observar a pintura de Gérôme com outros olhos. Em primeiro lugar, as cenas da Bíblia ou da Antiguidade interessam-nos pelo que representam no imaginário do século XIX e pela influência que vieram a ter no cinema; também é interessante verificar como Gérôme consegue, com frequência, inventar um ponto de vista novo em temas tão exaustos como – por exemplo – a Crucifixação (1867): os últimos espectadores desaparecem na primeira curva do caminho pedregoso que desce na direcção de Jerusalém. E, no cimo do monte, projectadas no chão, vemos a sombra de três cruzes...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Gérôme é mais do que um pintor académico. Descobrimos  na exposição retratos de figuras contemporâneas: por exemplo do arquitecto da ópera de Paris – Charles Garnier – ou da actriz Sarah Bernardt. Ou imagens que se ligam com o imaginário decadente, simbolista e expressionista do fim-de-século: Cabeça feminina enfeitada com cornos (1853) mostra uma bela e enigmática rapariga; A Verdade a sair do poço (1896) é alegorizada através de uma figura feminina cujo rosto exprime o horror. Gêrome foi igualmente exímio nos jogos de espelho, as obras que contêm outras obras, assim como nas metamorfoses e passarelas entre criação e realidade: um trabalho que ainda nos fascina. Após Pigmalião e Galateia (1890) continua a aprofundar este trabalho. Vejamos o caso da escultura Tanagra... Tanagra é o local onde no século XIX os arqueólogos encontraram graciosas figuras gregas que agora vemos nos museus e que, como muitas outras escultura da Antiguidade, conservam vestígios de policromia. Ora Gêrôme representou alegoricamente este espaço arqueológico através de uma figura feminina nua e sentada num bloco de argila – fazendo portanto parte dele – no qual começam a surgir as tais estatuetas. E Tanagra mostra ao espectador uma destas esculturas (inventada pelo artista). Mas Gérôme também pintou um auto-retrato no qual vemos o artista no atelier acabando o polimento desta escultura com, ao lado da obra, a rapariga que serviu de modelo (O Trabalho do Mármore, 1895). E, noutro quadro, Sculpturae vitam insufflat pictura (1893), representa um atelier onde, na Grécia antiga, se fabricam e vendem as figuras de Tanagra: não só uma rapariga – alegoria da pintura – pinta exemplares da figura de Tanagra por ele inventada, mas até a própria escultura Tanagra aparece exposta no balcão... para ser vendida. Não se pode dizer que os auto-retratos de Gerôme sejam convencionais. Em La fin de la séance (1886) volta a representar-se no atelier de escultura, no momento em que acaba de concluir o trabalho do dia: para a argila não secar, a modelo, ainda nua, com um gesto gracioso, cobre a obra de panos húmidos enquanto, de cócoras, o artista lava o material... A minúcia e dinâmica da representação contém afinal uma grande modernidade, impondo Gérôme como antepassado desta arte plástica ainda por inventar: a banda desenhada.

 

Decorrido um século após a anátema de Gérôme, deixamos de opor este artista aos impressionistas e podemos devolver-lhe o lugar que teve no imaginário e criatividade do século XIX. Reconhecemos Gérôme e Monet como antepassados: sem um ou sem o outro não seríamos os mesmos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado por João Machado às 23:55
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Domingo, 30 de Janeiro de 2011

Adão Cruz fala de Albano Martins - Albano Martins fala de Adão Cruz

coordenação de Augusta Clara de Matos

 

 

Hoje Falamos de ... Poesia e Pintura

 

 

Adão Cruz   Albano Martins

 

 

Como toda a gente sabe, Albano Martins é um grande poeta, reconhecido nacional e internacionalmente, tendo realizado também magníficas traduções de poesia grega, italiana, sul-americana e espanhola. Licenciado em Filologia Clássica, é professor na Universidade Fernando Pessoa. Tem poemas seus traduzidos em espanhol, francês, inglês, italiano, chinês e japonês.

 

Foi galardoado pela República Chilena com o prémio “Diploma da Ordem de Mérito Docente e Cultural Gabriela Mistral ”, no grau de Grande Oficial. Este galardão chileno, considerado o Nobel da América Latina, foi entregue pelo Embaixador do Chile em cerimónia realizada na Universidade Fernando Pessoa, cerimónia organizada pelo Centro de Estudos latino-americanos, a que tive a honra de assistir.

 

Albano Martins é uma voz maior da nossa poesia, sobretudo pela sua rara qualidade e pela sua coerência estético-literária. Uma poesia discreta, que absorve da vida a sua luminosidade, uma poesia em que o autor se empenha na valorização da palavra, depurando-a e procurando dela extrair a sua essencialidade rítmica e significante.

 

Pertenço a esta

geografia, ao lume branco

da resina, ao gume

do arado. A minha casa

é esta: um leito

de estevas e uma rosa

de caruma abrindo

no tecto do orvalho.

 

No livro de José Fernando Castro Branco, cuja capa em baixo se mostra, há um capítulo intitulado “A Pintura dos Poetas e A Poesia dos Pintores”, capítulo que sobremaneira me agrada, pois, como diz o autor, se nota que em Albano Martins, a direcção do movimento metamórfico está bem determinada numa poesia visualizante, em que ele procura  dar-nos a visão e não o retrato.

 

Também os olhos

são de calcário e a pomba

dos lábios a que apenas

falta um sorriso

para se erguerem em voo

rasgado sobre as têmporas.

E de calcário

é a luz

aprisionada

no ouro

das pupilas, o secreto

verniz das pálpebras.

Encimam-lhe

a cabeça duas luas

estreladas e, no rosto

e na cinta

que lhe modela os cabelos, quem pensa

é o próprio pensamento. O da beleza

que de si mesma

nasce, a si mesma

se contempla ou de si mesma

se enamora e a si pertence

unicamente. Ou ao tempo que,

discretamente,

a possui.

 

Foi este título “A Pintura dos Poetas e A Poesia dos Pintores”, que me fez lembrar este grande poeta, e trazer aqui, sobre ele, estas minhas singelas palavras. Mas esta lembrança aflorou em mim, sobretudo por haver duas coisas que a ele me ligam particularmente. Sem qualquer tipo de presunção, mas com muita honra e orgulho, permitam-me que aqui as transcreva.

 

A primeira foi a escolha de um quadro meu para a capa deste livro sobre Albano Martins:

 

A segunda é um belo texto que Albano Martins escreveu sobre a minha pintura e poesia, texto de que muito me orgulho, vindo de quem vem:

  

 

Albano Martins Adão Cruz - O Canto da Arte e da Vida

 

 

Das pinturas de Adão Cruz se poderá dizer com propriedade o que dos desenhos de Federico Garcia Lorca disse um dia Miró: que eles parecem obra de um poeta, sendo esse, nas palavras do pintor catalão, o melhor elogio que pode fazer-se a toda a expressão plástica. No caso de Adão Cruz (como, de resto, no de Garcia Lorca), o dito encerra o seu quê de redundante, uma vez que, além de pintor, ele é também autor de alguns livros de poemas, em prosa e verso.

 

De um poema seu, precisamente “Dedicatória”, é este verso: “Continuo a pintar o vento”. Eis uma declaração que soa como profissão de fé do pintor, mas se serve dos instrumentos do poeta: a linguagem das metáforas. Pintar o vento é acordar “o sonho adormecido”, é dar vida e movimento ao papagaio triste ancorado no chão, à espera do impulso – do vento – que o solte, lhe dê asas e o transforme em pássaro azul. É pôr na boca de um “deus caído” o grito de revolta contra os “sonhos desfeitos” e sacrificar no “altar da utopia” as últimas reses dum carnaval de sombras e de luzes.

 

A história que invariavelmente as telas de Adão Cruz contam é esta: a da caminhada do homem em direcção à “utopia do real absoluto”. E se este, como queria Novalis, é a poesia, então é a poesia, isto é, a essência do real, que Adão Cruz busca através das suas criações pictóricas.

 

Entre a “luz e a sombra”, “a morte da razão” e a “ditadura do tempo”, há uma lua ao alcance da mão. Caída, espera a luz que a restitua ao espaço de onde veio e a que pertence. Tarefa do pintor, essa de, com os instrumentos da arte, resgatar do luto e do vazio os “sonhos perdidos”. Consciente do seu destino, mas também da sua força, por reduzida que seja comparada com a grandeza do universo de que é parte integrante, ao artista cabe (sempre coube, ao que supomos) reencontrar – reinventar – os elos perdidos da cadeia, a decifração dos enigmas que sustentam a casa dos homens e interpretar os sinais que todos os dias nos chegam do cosmos onde, afinal, “risível partícula de poeira”, nos situamos e movemos. Como para Jorge Pinheiro, também para Adão Cruz “não se trata já (…) de procurar um sentido no seio da pintura, mas de, através da pintura, tentar compreender o sentido da vida”. Ou talvez – quem sabe? – inventar “o caminho do sol” com a ajuda de algumas tintas e umas gotas de sangue retiradas do coração ferido do real.

publicado por Augusta Clara às 14:00
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