Quinta-feira, 30 de Junho de 2011

Terreiro da Lusofonia - Apresentação - por Carlos Loures

Vamos voltar a apresentar no nosso blogue o Terreiro da Lusofonia. Começaremos amanhã, 1 de Julho, às 11 horas. A seguir incluímos uma introdução que explica os objectivos que pretendemos alcançar. Pedimos aos nossos colaboradores e leitores a melhor atenção e que pensem como podem colaborar com este objectivo de difusão da cultura portuguesa, nos países lusófonos e não só.

  

 

Camões, Zeca e Uxia - um tandem alucinante

 

Como sabemos, a língua portuguesa é falada em nove países, oito independentes e um não - precisamente aquele que foi o berço do idioma – a Galiza, integrada no estado espanhol. Nestes nove territórios, fala-se o português ou, se quisermos ser rigorosos, o galego-português. Há entre os que defendem que se ponha cobro à aculturação castelhana na Galiza, quem afirme mesmo que o idioma se devia chamar galego e não português. Haveria razões históricas para adoptar essa designação, mas não seria, a meu ver, justo.

 

Foi em Portugal que o idioma se preservou, porque preservada a independência política. Sem as lutas que os portugueses travaram pela sua independência, não haveria galego, nem português, nem galego-português – falaríamos castelhano e, na melhor das hipóteses, haveria investigadores que registariam a remota existência de um idioma na faixa Oeste da Península… Esta posição que alguns galegos assumem é extremista e peca por ingratidão – sim, a Galiza é o berço da língua comum – a mãe, a nai, do galego-português, mas foi em Portugal que ele cresceu, e devido à existência de Portugal e à forma como sempre recusámos ser assimilados, que o idioma se firmou e se espalhou pelo mundo. Hoje somos mais de 200 milhões de falantes. De galego-português, digo eu.

 

Porém, como conclui um estudo encomendado pelo Governo português. a influência da língua portuguesa no mundo não corresponde ao seu número de falantes. Encomendado pelo Ministério da Educação e pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros ao reitor da Universidade Aberta, Professor Carlos Reis, o estudo constatou também a dispersão da política da língua e o fraco empenho dos sucessivos executivos portugueses na sua promoção -"Existe uma grande disparidade entre o universo falante de português e a efectiva influência internacional da língua portuguesa", afirmou o professor.

 

Vamos, a partir de Julho reeditar esta série, com música, poemas, pintura, cinema, teatro… em suma, as artes e as letras do universo lusófono. E, com esta informação, um «tandem alucinante», como o classifica Uxía Senlle – Verdes São os Campos, a composição de Zeca Afonso para um poema de Luís de Camões, na voz de Uxía, a grande cantora galega. Galiza e Portugal foi onde começou e se desenvolveu esta língua, a nossa língua, que será a grande protagonista desde terreiro onde traremos artistas de todo este vasto universo da lusofonia.

 

 

 

 

 

 

publicado por Carlos Loures às 11:00
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Sexta-feira, 10 de Junho de 2011

Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Porquê? - Adão Cruz. Dia de Camões - César Príncipe

 

Luís Vaz de Camões  Amor É Um Fogo Que Arde Sem Se Ver 

 

 

 

Adão Cruz  Porquê?

 

 

Porque é que sendo a nossa língua tão rica e tão versátil, deixando-nos exprimir, como nenhuma outra, de qualquer modo e feitio, permitindo toda uma comunicação inesgotável, desde a mais simples forma à mais sofisticada retórica, abrangendo uma dinâmica e uma capacidade inigualável de nos entendermos, há tanta gente a meter, abusivamente e inesteticamente nos seus textos, em reuniões e conversas, toda uma parafernália de galicismos, anglicanismos e frases inteiras de outras línguas, habitualmente inglês, metidas mais ou menos a martelo, absolutamente desnecessários e, na minha opinião, dando a quem os profere um ar de prosápia, bem longe da erudição que pretendem mostrar, e hoje apenas aceite pela banalidade da comunicação daqueles que não sabem nada de português. À parte um ou outro vocábulo, introduzido por necessidade de uma maior precisão que a palavra portuguesa por vezes pode não permitir, qual a razão para estar sempre a inglesar aquilo que pode e deve ser dito com precisão, beleza e elegância por palavras de português? Penso que uma das nossas maiores riquezas é a nossa fantástica língua. Arrepio-me, por vezes, quando leio aquilo que não queria ler, em tudo quanto é sítio falado e escrito.

 

O piano é o instrumento do pianista. A palavra é o instrumento de quem escreve e de quem fala. Em qualquer dos casos, nem o pianista se pode impor como virtuoso, se tocar mal, nem o que escreve se pode fazer acreditar, se escrever ou falar mal e com erros. Mesmo que a peça tocada seja muito boa ou o tema abordado na escrita seja de grande valor. Tenhamos profundo respeito pela língua, aprendamo-la o mais correctamente possível, e, sem margem para dúvidas, disporemos do mais útil e nobre instrumento de toda a nossa relação humana e social. Não temos o direito de a conspurcar, como hoje se faz a torto e a direito, por ignorância, indigência, snobismo ou exibicionismo, remetendo-a a um mero ingrediente de uma caldeirada anglo-portuguesa.

 

 

César Príncipe  Dia de Camões

 

César Príncipe interceptou o Correio Diplomático entre Berlim e Lisboa. Trata-se do Ultimato do Segundo Mapa Cor-.de-Rosa. O primeiro, o Inglês, de 1890, levou à perda de soberania africana; o segundo, o Alemão, de 2011, implica a rendição da Antiga Metrópole. Há 121 anos, o País indignou-se: o Povo saiu às ruas, cobriu de crepes a estátua de Camões, os artistas compuseram o presente Hino Nacional, A Portuguesa, e até o rei, antes da capitulação, devolveu as condecorações ao Nosso Mais Velho Aliado. O incidente levou ao rubro o ardor patriótico, acelerou a queda da Monarchia e contribuiu para a implantação da República. Agora, após 100 anos de regime republicano, a troika da submissão correu a assinar o memorando do usurpador/ocupante/do Nosso Mais Recente Aliado. Nem sequer devolveu uma insígnia ou redigiu uma nota de desafronta. Espera-se que o povo comece a sair à rua, que os artistas recomponham o Hino e que Camões manifeste o seu pesar. Do Poder nada há a esperar que não seja subserviência, colaboracionismo, rendição.

 

Eis o e-mail, acabado de enviar por CP a Luiz Vaz de Camoens e que muito prezaríamos que algum(a) ilustre agraciado (a), tivesse a audácia e a honradez de ler na Cerimónia de Castelo Branco:

 

Tenho a informar-te que o 10 de Junho, consagrado como Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, vulgo Dia de Camões, passará a denominar-se, a partir de hoje, DIA DE TROIKAGAL.

 

(Por ordem de Angel Merkel, chanceler do IV Reich)

 

 

 

Amália Rodrigues canta Camões  Com Que Voz 

publicado por Augusta Clara às 19:00
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Sábado, 11 de Dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (33), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (33)
  por Carlos Durão

(continuação)

Alguns textos literários reintegracionistas

"Contemporâneos":

Iolanda Aldrei, A palavra no ar, Cadernos do Povo/Poesia, Ponte Vedra-Braga, 1990
Artur Alonso Novelhe, Umha meixela depois a outra, AGAL, 2005
Júlio Béjar et alii, Fogo cruzado, AGAL, 1989
Kike Benlloch, Longe, tão perto, AGAL, 2004
Ângelo Brea, Livro do caminho, Cadernos do Povo/Poesia, Ponte Vedra-Braga, 1989
- id., O país dos nevoeiros, Eds. Espiral Maior, Corunha, 2005
Amado L. Caeiro, Baralha de sonhos, Cadernos do Povo/Poesia, 1985
Carvalho Calero, Cantigas de amigo e outros poemas, AGAL, 1986
- id., Scórpio, 1987, Prémio da crítica espanhola
J.A. Corral Iglésias, Palavra e Memória, AGAL, 1997
-id., Acarom da brêtema, AGAL, 1999
-id., Detrás da palavra, AGAL, 2004
Henrique da Costa, Mar para todo o sempre
Isaac Díaz Pardo, Tentando construir uma esfinge de pedra, Eds. do Castro, Sada, 2007
Carlos Durão, O silencio, nós (novela escrita com a ortografia do Acordo de 1986), CP, PV-B, 1988
- id., "Focagens/Fogagens", Coleção de poesia 5+2=8 Etc aos 4 ventos, Ponte Vedra-Braga, 1991
- id., "Paralaxes", Coleção de poesia 5+2=8 Etc aos 4 ventos, Ponte Vedra-Braga, 1994
J. L. Fontenla Rodrigues, Poemas de Paris e outros poemas, CP/Poesia, Irmandades da Fala, 1985
António Gil Hernández, Luzes e espírito, Cadernos do Povo/Poesia, Ponte Vedra-Braga, 1990
Joel R. Gomes, Quando o Sol Arde na Noite, AGAL, 1990
-  id., A desforra, Ed. Cadernos da Escola dramática Galega, Crunha, 1991
-  id., Teatro à medida e pronto para si, AGAL, 1998
Ernesto Guerra da Cal, Lua de Além-Mar e Rio de Sonho e Tempo, AGAL, 1991
- id., Caracol ao Pôr-do-Sol, AGAL, 2001 (2ª ed.)
João Guisan Seixas, Origem certa do farol de Alexandria, AGAL, 1989
Mário Herrero Valeiro, A vida extrema, Arcosonline, 2005
Manuel Maria, Versos do lume e o vaga-lume, Galiza Editora, Ourense, 1983
- id., A luz ressuscitada, AGAL, 1984
- id., Oráculos para cavalinhos-do-demo, Caixa Ourense, 1986
Jenaro Marinhas, A Vida Escura, AGAL, 1987
- id., Ramo cativo, Sotelo Blanco Ed, 1990
- id., Caderno de Notas, Prensa & Criación, ANT, 2008
Paulo Meraio, 18 Etopeias-Retratos com paisagem, Arcosonline, 2007
Raquel Miragaia, Diário comboio, AGAL/Laiovento, Santiago, 2002
- id., Em tránsito, Difusora das Letras, Ourense, 2007
Alberte Momán, Erótica, Arcosonline, 2005 (2ª ed. Lulu.com, 2008)
J.M. Montero Santalha, Oxalá voltassem tempos idos, Laiovento, 1994 (prémio Carvalho Calero)
Xavier Olariaga: O berro, Toxosoutos, Noia, 1999
João Padrão, Teatro (Ítaca), Cadernos do Povo/Teatro, Ponte Vedra-Braga, 1989
- id., Sememas, Cadernos do Povo/Poesia, Ponte Vedra-Braga, 1990
- id., Poesia (chrónos kai kairós), Cadernos do Povo/Poesia, Ponte Vedra-Braga, 1992
- id., Poemas para Cynara, Cadernos do Povo, Ponte Vedra-Braga, 2000
- id., Sem título, Cadernos do Povo, Ponte Vedra-Braga, 2005
Carlos Quiroga, O Regresso a Arder, AGAL, 2005
- id., Inxalá, Ames, Laiovento, 2006. Ed. portuguesa: Matosinhos-Lisboa, QuidNovi, 2008
José-Ramom Rodrigues Fernandes, Seguindo o caminho do vento, CP/Romance, I. Fala, 1985
- id., Contos de fada em dó maior, CP/Ficção, PV-Braga, 1987
- id., Luzia ou o canto das sereias, CP/Romance, PVBraga, 1989
- id., O sereno (Um guerrilheiro em Estalinegrado), 2ª ed., Renovação/Narrativa, Ourense (Galiza), 1990
- id., Contos do outono, Renovação/Narrativa, Madrid, 1996
Luís Roïz & João Padrão, Poemas lusófonos, CPPVB, 1997
Concha Rousia, As sete fontes, Arcosonline, 2005 (http://www.arcosonline.com/)
Paula San Vicente, Gatos a Lápis sem Ponta, Editora Caminho, 1998
- id., As idades dela, in vol. coletivo Contos da baiuca, Espiral Maior, 2006 (prémio Manuel Murguia)
- id., Fios-de-contas, Laiovento, 2007 (prémio Carvalho Calero)
Crisanto Veiguela, A Vida Sempre e Sobretodo, Arte Tripharia. Madrid, 2001


Revistas de criação:

"Mátria da palavra (antologia de poetas galego-lusófonos)", C. do P., Ponte Vedra-Braga, 1990
"Antologia de poesia lusófona", Cadernos do Povo, Ponte Vedra-Braga, 1994


"Históricos":

Eduardo Pondal, Queixumes dos pinheiros e outros poemas (ed. de Ângelo Brea), CPPVB, N. 35-38, 1996
João Vicente Biqueira (1886-1924), Obra selecta (poesia e ensaio) [ed. ao cuidado de A. Gil Hernández], Cadernos do Povo, Ponte Vedra-Braga, No. 43-46, 1998
Rosália de Castro, Cantares galegos (coordenação de Ângelo Brea), N. 47-50, CPPVB, 1999
- id., Antologia poética. Cancioneiro rosaliano, selecção e organização, adaptações do galego, versões do espanhol, do catalão e do inglês, apresentação e notas de Ernesto Guerra da Cal, Colecção Poesia e Verdade, Guimarães Editores, 1985 [Lisboa]
- id., 1837-1885: Folhas Novas/Rosalía de Castro: ediçom crítica de E. Souto Presedo; prólogo de   F. Salinas Portugal [Corunha?]: AGAL [1985], Col. Clássicos
- id., Cantares Galegos, ed. da AGLP, preparada por Higino Martins Esteves, 2010
Armando Cotarelo Valhedor, Trebón, ed. de Ramom Reimunde, AGAL, 1984
Marcial Valladares, Ayes de mi país, ed. de J.L. do Pico Orjais e I. Rei Sanmartim, Dos Acordes, Baiona, 2010

Anteriormente: “Nos picoutos de Antoim” (Carré Alvarelhos), “Seitura” (Bouça Brei), e revista Quatro ventos nos anos 50 em Braga

(fim)
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Sexta-feira, 10 de Dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (32), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (32)
  por Carlos Durão

(continuação)

Algumas publicações periódicas reintegracionistas

O tempo e o modo (Revista Nacionalista Galega de Política, Economia e Ciências Sociais, Galiza Editora, Ourense, 1o e único no em julho de 1982), revista da Irmandade Galega-Lôstrego (Madrid, 1982), Areia (órgão de Mulheres Nacionalistas Galegas, começou-se a publicar no 1987, substituída por Deliberadamente), Folhas de Cibrão (de universitários compostelanos, 2 nos, 1989/1990), Povo Unido (da Assembleia do Povo Unido, 1990/91), Spesial Zombis (banda desenhada publicada por Frente Comixário desde 1992), A Treu (das Juntas Galegas pola Amnistia, desde 1993), Gaiola Aberta (desde 1993, promovida por profissionais da saúde mental, Compostela), Informaçom Obreira (independentista, desde 1995), O Enchufe (do Colectivo A Corrente, da Faculdade de Biologia compostelana, desde 1996), Mal-Dizer (editada desde 1999 pelo Sindicato de Estudantes Independentistas da USC), O Pedroso (Compostela, de Nós-UP, como também Voz Própria: http://www.nosgaliza.org/principal.php?pag=lernot&id=1387), Outras Vozes (editada em Compostela pelos Comités de Solidariedade com América Latina), Oito e Médio (Noia), A Peneira, Luzes de Galiza, Cadernos da Escola Dramática Galega, A Bategada, Hermes, Vozes Livres, Galiza Livre (http://www.galizalivre.org/), Galiza Ceive (http://www.hi5.com/friend/group/1748843--GALIZA%2BCEIVE--front-html), Sopirrait (http://www.udc.es/dep/lx/cac/sopirrait/), Galiza Solidária (publicada por Comissão Reunificação Nacional da Galiza e Portugal: http://galizaunidaportugal.blogspot.com/2007_02_01_archive.html), Boletim da AGLP (no 1, setembro 2008; com Anexo no 1, abril 2009; saíram tb os nos 2 e 3).

Alguns coletivos reintegracionistas

AMI (Assembleia da Mocidade Independentista, http://www.ami-gz.org/), Aguilhoar, Centro Social da Límia (http://agal-gz.org/blogues/index.php/aguilhoar/), Gentalha do Pichel, Compostela (http://agal-gz.org/blogues/index.php/gent/), Cogarro (Coordenadora Galega de Roteiros, http://www.cogarro.info/), organização Primeira Linha do MLNG (http://www.primeiralinha.org/), A Esmorga, Centro Social, Ourense (http://agal-gz.org/blogues/index.php/aesmorga/), Centro Social Gomes Gaioso, Crunha (http://www.agal-gz.org/blogues/index.php/csggaioso), Baiuca Vermelha, Ponte Areias (http://www.nosgaliza.org/principal.php?pag=cs&id=1), associação Aturujo, Boiro (http://www.agal-gz.org/blogues/index.php/aturujo), Local Social Faísca, Vigo (http://www.faisca-gz.blogspot.com/), Centro Social A Fouce, Amaía (http://afoucedeouro.blogspot.com/), Centro Social Henriqueta Outeiro, Compostela (http://agal-gz.org/blogues/index.php/henriqueta/), Local Social Revira, Ponte Vedra (http://agal-gz.org/blogues/index.php/revira/), Centro Social Revolta, Vigo (http://agal-gz.org/blogues/index.php/revolta/), Sociedade Cultural Madia Leva, Lugo (http://www.agal-gz.org/blogues/index.php/madialeva), Centro Social Roi Soga de Lobeira, Noia (http://roisogadelobeira.blogspot.com/), Casa Encantada, Compostela (http://www.causaencantada.org/), Sociedade Cultural do Condado (http://www.scdcondado.org/), Ceivar (http://www.ceivar.org/principal.php?), Grupo Galabra, Assembleia Reintegracionista "Ene Agá", de Ponte Vedra (www.usuarios.lycos.es/lingua/eneaga.html), Agrupaçom Cultural O Facho, (http://agal-gz.org/blogues//?blog=55) Fundaçom Meendinho (http://agal-gz.org/blogues/index.php/meendinho/); blog Outra Esquerda: http://outraesquerda.blogspot.com/.

(continua)
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Quinta-feira, 9 de Dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (31), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (31)
  por Carlos Durão

(continuação)

2003: Comunicado conjunto de diversas entidades culturais, «A reforma ortográfica e a língua na Galiza», em defesa da unidade da língua. - 2004: «Proposta de reforma do Estatuto de Autonomia da Galiza», de modo a garantir os direitos linguísticos dos cidadãos (http://www.proposta2004.tk//).

2004: Representação conjunta da Galiza (com o MDL e AGAL) no Foro Social Europeu de Londres, em que se expôs a situação da língua na Galiza. Comunicado conjunto de AAG-P, MDL e AGAL para o Foro Social Europeu, o terceiro, em Londres, março de 2004, com participação do grupo “Galegos de Londres” (galegosdelondres@yahoogroups.com), que se organizara como grupo de trabalho para colaborar em ações de protesto depois do afundimento do navio Prestige.

2005: «Petição ao Parlamento Europeu» (http://www.peticao-pe.tk) em defesa da unidade da língua, assinado por AAG-P e MDL, 4 de novembro, em que se solicita «Que as instituições europeias se abstenham de promover a segregação linguística das minorias nacionais, e seja reafirmada a unidade da língua portuguesa, nacional ou oficial na Galiza, Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Timor Lorosae». Em 1 de janeiro de 2006 a RTP emitiu, durante o «Jornal da Tarde», uma reportagem de 8 minutos sobre esta campanha -em que trabalham as entidades promotoras, AAG-P e MDL. (O vídeo é acessível na excelente página da internet do professor Celso Álvarez Cáccamo:

A Petição ao Parlamento Europeu, campanha que continua activa, já tem dado o seu primeiro fruto: a Comissão admitiu a petição e, sem pronunciar-se sobre o fundo da questão, transmitiu-a à Comissão de Cultura, que a deve ter em conta para a elaboração das suas políticas. O primeiro parágrafo desta petição diz o seguinte:1. A língua da Galiza, ou galego, sob o nome de português, já é língua oficial do Parlamento Europeu, e os cidadãos espanhóis lusófonos que se reconheçam como tais podem usá-la nas instituições europeias. Um claro exemplo é o representado pelos ex-deputados galegos que, durante as anteriores legislaturas, decidiram usar, oralmente e por escrito, a língua da Galiza nas suas intervenções: os Sres. José Posada e Camilo Nogueira (ver: http://www.empresas.mundo-r.com/31088W0001/language.htm), que falaram e escreveram habitualmente o português com sotaque e léxico da Galiza, foram traduzidos para as outras línguas pelos funcionários que no Parlamento Europeu realizam traduções da língua portuguesa. Em consequência, os representantes europeus dos estados espanhol e português têm a obriga, por respeito aos seus respetivos cidadãos, de chegar a um acordo sobre os usos do português nas instituições europeias”.

2006: V Colóquio Anual da Lusofonia, outubro; sob o título «Do Reino da Galiza até aos nossos dias: a língua portuguesa na Galiza». Os Colóquios Anuais da Lusofonia são organizados por Chrys Christello na cidade de Bragança.

2007: cria-se em 1 de dezembro a Associação Cultural Pró-Academia Galega da Língua Portuguesa: Presidente da Pró-AGLP: Ângelo Cristóvão; Vice-Presidenta: Concha Rousia; Tesoureira: Isabel Rei; Secretário: António Gil; Vogais: Martinho Montero (2006), Luís Gonçales Blasco (Foz), Ernesto Vázquez Souza, Francisco Paradelo, Rudesindo Soutelo, Luís F. Figueiroa. Na Rede http://www.aglp.net/.

2008: Representantes da AGAL, da pró-AGLP, da AAG-P e do MDL participam em 7 de abril numa Conferência Internacional na Assembleia da República portuguesa. A Conferência Internacional/Audição Parlamentar sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi organizada pela Comissão de Ética, Sociedade e Cultura da Assembleia da República e contou com representantes de diversas instituições, entre as quais uma delegação galega. Intervieram o presidente da AGAL, Alexandre Banhos (que apresentou uma posição conjunta das Entidades Lusófonas Galegas assinada pela AGAL, a AAG-P, a Pró-AGLP, a ASPG-P e o MDL), e o presidente da Pró-AGLP, Ângelo Cristóvão (com um comunicado a respeito da posição galega e o papel da futura Academia Galega da Língua Portuguesa; na Rede: http://aglp.net/index.php?option=com_content&task=blogsection&id=0&Itemid=31&limit=6&limitstart=30).

A Academia Galega da Língua Portuguesa foi constituída em 20 de setembro de 2008; foi eleito presidente o professor Dr José-Martinho Montero Santalha; realizou-se a Sessão Inaugural no Centro Galego de Arte Contemporânea, o dia 6 de outubro, em Santiago de Compostela. Tem como objetivos promover o estudo da Língua da Galiza para que o processo da sua normalização e naturalização seja congruente com os usos que vigoram no conjunto da Lusofonia, e integrar o pensamento galego no âmbito da Lusofonia através do relacionamento com outras instituições semelhantes, galegas e lusófonas. Publica um Boletim, com Anexos (o 1o: “Galiza: Língua e Sociedade”, abril 2009; 2o novembro, 3o abril 2010), um DVD, uma coleção de Clássicos Galegos (o primeiro: “Cantares Galegos”, de Rosália de Castro), um Léxico da Galiza (incluído no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Porto Editora), assinou protocolos (p.ex. para a inclusão da variedade galega no FLiP8 da Priberam: http://www.flip.pt/FLiPOnline/Vocabulário/tabid/577/Default.aspx), etc. (vide sessão inaugural em: http://www.youtube.com/watch?v=Yf74yWreQNs).
2009: Em 17 de março reuniu-se com a Academia das Ciências de Lisboa, na Sala de Reuniões Internacionais da ACL, onde também tiveram lugar as reuniões conducentes ao Acordo Ortográfico de 1990, nas quais participara uma Delegação de Observadores da Galiza. Na reunião trataram-se temas de interesse conjunto, como a aplicação do Acordo Ortográfico e a elaboração do Vocabulário Ortográfico Comum. A Delegação da AGLP apresentou o projeto do Léxico da Galiza, elaborado para ser integrado nesse Vocabulário (http://aglp.net/index.php?option=com_content&task=blogsection&id=0&Itemid=31&limit=6&limitstart=18, e vide supra).
Numa sessão interacadémica, realizada em 14 de abril no Salão Nobre da Academia das Ciências de Lisboa, foi apresentado o Léxico da Galiza elaborado pela Comissão de Lexicologia e Lexicografia da AGLP, e a 5ª edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, elaborado pela Academia Brasileira de Letras sob a coordenação do Prof. Evanildo C. Bechara (vide supra).
Participou no 4º Encontro Açoriano da Lusofonia do 31 março a 4 abril. Fez apresentações do livro “Galiza: Língua e Sociedade” em diversas cidades, dentro e fora da Galiza, inclusive em Bruxelas, onde estabeleceu contato com a representação galega no Parlamento Europeu (4-6 julho 2009: http://aglp.net/index.php?option=com_content&task=blogsection&id=0&Itemid=31&limit=6&limitstart=12).
No Seminário de Lexicologia da AGLP em Santiago (5 outubro 2009) foi anunciada por Evanildo Bechara a inclusão do Léxico galego (800 palavras) no Vocabulário da Academia Brasileira, depois da apresentação do Vocabulário da Porto Editora, por Malaca Casteleiro. Também foi assinado o Protocolo de Colaboração e Apoio Mútuo entre a AGLP e a Universidade Aberta (Lisboa), testemunhado por Adriano Moreira e Evanildo Bechara. Em 21 outubro 2009 a AGLP esteve presente no lançamento do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Porto Editora (Porto, agosto 2009, vide supra), sob a direção de Malaca Casteleiro, no Auditório do Padrão dos Descobrimentos. Fernando Cristóvão fez uma apresentação comprometida, com a língua, o Acordo Ortográfico, Malaca Casteleiro, e especialmente com a Galiza. Chegou a ler um parágrafo do texto distribuído pela Delegação da Galiza, na Assembleia da República, em 7 abril 2008 (http://aglp.net/index.php?option=com_content&task=blogsection&id=0&Itemid=31&limit=6&limitstart=0).
O mais recente Léxico da Galiza, elaborado pela CLL da AGLP, foi plenamente incorporado pela Porto Editora no seu Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, 2009, como tb na Rede (vide supra). A AGLP assinou protocolos de colaboração com diversas entidades lusófonas; iniciou, com a do Brasil, a inauguração das suas delegações no estrangeiro (tb Argentina e Reino Unido).
Em julho de 2009 foi lançado um Manifesto pela hegemonia social do galego (http://www.peticao.com.pt/hegemonia-social-do-galego) que atingiu 1674 assinaturas.
(continua)
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Quarta-feira, 8 de Dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (30), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (30)
  por Carlos Durão

(continuação)

Derradeiros anos

1987: constitui-se em Buenos Aires a Associaçom Civil “Amigos do Idioma Galego” (AIG), que edita o boletim ADIGAL (desde 1996, hoje http://www.adigal.org.ar/antec.htm).

1988: constitui-se a Associaçom Reintegracionista de Ordes (ARO), que publica ARO (entre 1988 e 1992) e o boletim O Mês (desde 1991); depois Associaçom Cultural Foucelhas, http://agal-gz.org/blogues/index.php/foucelhas/2010/01/31/a-associacom-reintegracionista-de-ordes-no-periodico-gralha.

1989: constitui-se o Clube Reintegracionista do Salnês (CRÊS).

Constitui-se em Madrid Renovação. Embaixada Galega da Cultura, que publica o boletim Renovação (hoje em http://www.agal-gz.org/modules.php?name=Downloads&d_op=viewdownload&cid=11) e edita obra de criação.

1990: cria-se a Sociedade Cultural Marcial Valadares, da Estrada, que publica Quarto Crescente (desde 1993), colabora com outros grupos reintegracionistas numa Coordenadora Reintegracionista, e com eles realiza o desdobrável Porque somos reintegracionistas?.

Constitui-se em Ourense o Grupo Reintegracionista Autónomo Meendinho, que publica o boletim cultural gratuito Gralha (1993/97, hoje em http://www.archive.org/details/gralha), depois (1998) transformado em Já!, e distribui autocolantes para os automóveis galegos com o código GZ (http://agal-gz.org/blogues/index.php/meendinho/).

Constitui-se em Compostela a Assembleia Reintegracionista Bonaval, que edita o boletim de língua Constantinopla (http://compostela.agal-gz.org, no 0, outono de 1993), destinado aos alunos de Filologia em Compostela, e colabora com o Instituto de Estudos Luso-Galaicos da AAG-P na brochura O livro vermelho do Reintegracionismo.

Cria-se em Vigo a Associaçom Reintegracionista V Irmandade.

Cria-se na Terra de Trasancos a Associaçom Reintegracionista Artábria, que publica Língua Nacional (desde 1995) e no 1998 passa a ser Fundaçom Artábria e edita um Boletim (http://www.artabria.net/).

Editam-se as publicações Povo Unido, da Assembleia do Povo Unido, A Treu, das Juntas Galegas pola Amnistia, Canha! (Crunha, desde 1994) da Assembleia da Mocidade Independentista, que no 1997 edita Terra Livre; e Abrente, vozeiro de Primeira Linha MLN (desde 1997, hoje em http://www.primeiralinha.org/: a não confundir com a agrupação cultural Abrente, de Riba d’Ávia).

Cria-se em Ourense o grupo A Gente da Barreira (que publica Eirozinho dos Cavaleiros desde 1994), e em Barcelona a Associaçom Cultural Aloia, que editam, com outros coletivos, uma História da Galiza em Banda Desenhada.

1994: o Grupo Meendinho publica o boletim Gralha (até ao 1997).

1996: constitui-se o Movimento de Defesa da Língua MDL (http://www.mdl-galiza.org), que publica Língua Nacional. Boletim de informaçom lingüística, e, no 1998, Em Movimento. Boletim do Movimento de Defesa da Língua.

Constitui-se a Assembleia Reintegracionista NH, que organiza uma Festa da Língua, alternativa do Dia das Letras Galegas, na Praça da Lenha de Ponte Vedra.

2000: a USC e o parlamento galego homenageiam Carvalho Calero com a publicação de Estudos dedicados a Ricardo Carvalho Calero, reunidos e editados por José Luis Rodríguez (2000).

Criam-se na Internet o Portal Galego da Língua (http://www.agal-gz.org/, depois http://www.pglingua.org/), o Fórum do PGL (http://www.agal-gz.org/foros/, depois http://www.pglingua.org/foros/), as listas Agal (http://br.groups.yahoo.com/group/agal/), Galiza (http://br.groups.yahoo.com/group/galiza/), Amizade (http://br.groups.yahoo.com/group/amizadegp/), Assembleia da Língua (http://br.groups.yahoo.com/group/assembleia-da-lingua/), AGLP (http://br.groups.yahoo.com/group/Academia-Galega-da-Lingua-Portuguesa/), dicionário eletrónico Estraviz (http://www.agal-gz.org/estraviz/), portal Lusografia (http://www.lusografia.org/), do MDL (http://www.mdl-galiza.org), blogues, etc., que tornam mais visível este movimento cívico além fronteiras.

Cria-se em Lugo a Associaçom Cultural Alto Minho (http://www.altominho.org/).

2001: Manifesto 15D pelo que se constitui a Assembleia da Língua. “Em 23 de Fevereiro de 2002 ficou constituída em Compostela a Assembleia da Língua, uma plataforma aberta de acção cultural e social em favor da língua.  A Assembleia da Língua é promovida por um numeroso grupo de pessoas e colectivos (entre eles, o Movimento Defesa da Língua, a Associaçom Galega da Língua e a Fundaçom Artábria) após o impulso do Manifesto unitário reintegracionista do 15 de Dezembro de 2001 (http://br.groups.yahoo.com/group/manifesto15D), com o intuito de coordenar esforços de pessoas e colectivos para activar socialmente uma ampla concepção galego-portuguesa da língua e da cultura” (Comunicado da Coordenadora, de 4 de março de 2002, assinado por Aurora Tasende Pombo, Celso Álvarez Cáccamo, Francesco Traficante Peláez, Irene Veiga Durão, José Ramom Pichel, Mário J. Herrero Valeiro, Maurício Castro, Suso Sanmartim e Vítor Meirinho).  Coletivos que assinaram o Manifesto 15D: A Gente da Barreira, A. C. Roaz, Agir, Arma-danças, Assembleia Nacional Antimilitarista (ANÁ), Assembleia Reintegracionista NH, Assembleia da Mocidade Independentista (AMI), Associaçom Cultural Alto Minho, Associaçom Cultural O Pedroso, Associaçom Cultural Reintegracionista Aquém Douro, Associaçom Galega da Língua (AGAL), Colectivo Rádio Rahim-sound system- Embaixada Galega Da Cultura, Fundaçom Artábria, Movimento de Defesa da Língua (MDL), Mulheres Nacionalistas Galegas, Nós-U.P., Primeira Linha, Sociedade Cultural Marcial Valadares, V Irmandade.

2002: começa a publicar-se a revista Novas da Galiza (com O Pasquim, http://www.novasgz.com/).

(continua)
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Segunda-feira, 6 de Dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (28), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (28)
  por Carlos Durão

(continuação)

Mário Herrero Valeiro: “Na Galiza vivemos num paradoxo: existe uma língua que ninguém está obrigado a conhecer, mas que deve ser escrita de uma forma determinada, com as letras doutra língua que é de obrigado conhecimento, mas que ninguém obriga a escrever de uma forma determinada. Paradoxos da democracia" (2006, 85/86: 268); “O português da Galiza está ameaçado de morte, condenado ao extermínio, mas as elites políticas da terra firme ao Sul parecem preferir a companhia, economicamente rendável, dos exterminadores, internos ou externos” (1993, 29-34: 145); “Reintegracionismo. Defende que não existem critérios linguístico-estruturais suficientes que permitam falar de uma língua galega independente do português” (2009, I: 118).

Isaac Díaz Pardo: “O problema da língua está sujeito ao domínio ou entrega dos nossos recursos, o que nos obrigará a falar no idioma de quem tenha a propriedade deles. E este sim que é o verdadeiro problema para a nossa língua porque os que têm estabelecidos os seus poderes aqui e agora som sipaios, som entregadores a troços da Galiza ao domínio forâneo” (2008: 95).
Celso Álvarez Cáccamo: “É evidente que na Galiza actual as únicas tentativas de quebrar o mercado linguístico espanhol são as que provêm do luso-reintegracionismo [...] A opção luso-reintegracionista implica, não um questionamento do funcionamento básico da língua como padrão de troco e mecanismo de selecção social no capitalismo, mas uma ré-territorialização (a ampliação desse mercado), que subleva perigosamente a linha dos estados-nação (o Reino de Espanha e a República de Portugal) [...] As posições luso-reintegracionistas e isolacionistas estão ancoradas estrutural e diferencialmente no processo (económico-social) de produção de saber” (2003, 73/74: 11-13); "O galego e o português sempre foram a mesma língua, desde as suas origens no território da Gallæcia até a sua diversidade actual por vários continentes" (2002). "A reivindicação do nome "galego" para o galego-português da Galiza não deve obscurecer o facto de este galego ser essencialmente português, a par do brasileiro, o moçambicano, o lisboeta ou outras variedades, correspondam estas a países inteiros, regiões, grupos sociais, etc." (2003); “a ditongação do [õ] + [N] em [ãw] não é alheia tampouco, intrinsecamente, à tendência fonética interna dos dialetos galegos, pois é fruto tanto da analogia quanto da nasalação. Poderia chegar a dar-se também na Galiza sistematicamente? Por que não? Tudo dependeria de (a) uma pronúncia habitual e uma ortofonia que mantenha a nasalação do "o" (frente à alveolarização castelhanizante do segmento "m" final, que reduz a nasalação, [teson] em lugar de [tesõN], onde N = nasal velar); e (b) o grau de exposição, a travês dos meios de comunicação, a modelos ortofónicos que ditongam” (2008).

Miguel Cupeiro Frade: “Se os portugueses escrevem cantaram ou cantam, como o pronunciamos
nós, por que não podemos escrever cantarão ou estão, como o pronunciam eles?/ O uso
complementar de -m e til não corresponde melhor aos falares portugueses, nem sequer ao padrão
oral português, do que aos falares galegos. Pelo contrário, é altamente satisfatório para todos./ Isso
mesmo acontece, aliás, com o conjunto da ortografia portuguesa atual. Ela é largamente fonética,
mas não completamente, baseando-se na nossa tradição medieval e procurando supradialetalismo.
Estas circunstâncias é que explicam que essa ortografia, globalmente, responda tão bem às
pronúncias galegas, mesmo quando há leves diferenças fonéticas” (2009, I: 270).

Alexandre Banhos: “A nossa língua, o português, que assim é conhecida internacionalmente”
(2008, 65).

Ernesto Vázquez Souza: “Tenho claro que o grande erro do reintegracionismo, a remora destas últimas duas décadas, é não ter sido roturista com o estadual/institucional... / Ter pretendido debater ideias e consensuar estratégias sentando-se a debater sem ter poder... absurdo. Primeiro é que tinha de ter poder./ Mas em realidade esta é a remora do nacionalismo ou do galeguismo.../ Todos como idiotas temos caído na trampa tendida pelo pinheirismo de sacrificar as nossas trajetórias, vidas intelectuais pelo bem da nação, da língua ou do galeguismo, calado, tolerado e suportado atitudes, gentes, felonias, misérias... por causa de crermos que existia um conjunto e que havia que chegar a um consenso... / Depois de 30 anos de fracassos, purgas constantes, sacrifícios, voluntarismo, esforços tremendos por parte das pessoas sem recompensa... não há nada. [...] há gentes divididas e desanimadas... ocupando pequenas e ridículas parcelas de poder intelectual subalterno./ Mas foi um erro consensuar... não é verdade que mereça a pena tratar de se sentar a debater para chegar a acordos... a nós vai-nos muito melhor, sem dobres linguagens, sem falsas tolerâncias, sem concórdias que só servem para que outros explorem o nosso trabalho, ideias e iniciativas.../ E vai-nos melhor, porque nós TRABALHAMOS. E trabalhamos bem, estruturando com ideia de futuro e projetos, medindo os poucos recursos e tempo, querendo e considerando as críticas” (http://www.pglingua.org/foros/viewtopic.php?f=1&t=2031&p=30170#p30170, 31 outubro 2010)

Vítor Meirinho Guede: “Mostrando-se ser a língua dos galegos e dos portugueses a mesma” (2003, 73/74: 124).

Fernando Venâncio: “«Galego» e «Português» são dois nomes para uma mesma língua. /os galegos exprimem-se, também eles, numa ‘norma’ própria, a ‘norma’ galega do nosso comum idioma./Seria de todo impossível chamar às três normas ‘normas de português’? Impossível não seria. Mas, a ser isso possível, seria incomparavelmente preferível chamar-lhes ‘normas de galego’. Não digo que devesse. Digo só que era, das duas alternativas, a mais óbvia, a mais defensável. É que foi na Galiza que o nosso idioma se formou e ganhou as feições que, hoje ainda, o distinguem de qualquer outro” (2007): «Tambén não se insistirá na questão, entre todas magna, de serem galego e português um ou dois idiomas. Para o autor deste trabalho, eles são variantes dum só e mesmo idioma. Ou, reduzindo a questão ao essencial: todas as estruturas que distinguem galego e português das outras línguas românicas, têm-nas eles em comum. No presente estudo, ‘galego’ e ‘português’ designarão, pois, duas normas, diferentes e marcadíssimas.» (2007, 3: 27); “For now, what is my opinion on this issue? Well, I state that Galician and Portuguese are the same language. I base this opinion on structural grounds. Indeed, all important phonological, lexical, morphological and syntactic features of Galician and Portuguese – that is, the features in which they differ from any other Latin language – are common to both” (2006); “Considero que galego e português são, ainda e sempre, o mesmo idioma. Mas considero, igualmente, que essa identidade, sendo verdadeira, não é óbvia. Por isso trabalho em conseguir demonstrá-la (2008); «Na Galiza a minha língua chama-se galego» (2006, 172).

(continua)
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Domingo, 5 de Dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (27), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (27)
  por Carlos Durão

(continuação)

Júlio César Barreto Rocha: “O que desejo relevar é o fato de que a língua portuguesa, como já se sabe de longuíssima data, não é propriamente portuguesa; ou seja, a língua falada em Portugal, queira-se ou não, veio de fora de suas fronteiras de hoje, e é anterior aos Cancioneiros galego-portugueses, anterior ao Estado português: nasceu numa terra que constitui o que ontem era a Gallaecia e ainda hoje é a Galiza, uma Comunidade Autônoma. Logo, o idioma aqui gerado e desenvolvido deve ser chamado de "galego". [...] Durante quase um milênio foi muito interessante para Portugal ignorar a existência da Galiza, pois isto mantinha o mito de que a língua dita portuguesa fora gerada e era originária exclusivamente de seu território, de seus habitantes, que englobavam os primeiros lusitanos. O ocultamento deste fato histórico se deve fundamentalmente a dois grupos de fatores. Por um lado, os "séculos obscuros" e o esmagamento político da Galiza, aliados à modéstia galega, e à natural soberbia da Pátria de Camões --que com os chamados "grandes descobrimentos" conduziu os estudiosos ao erro de encobrir outros fatos importantes do passado, submetendo a História à Sociolingüística. E, por outro lado, deveu-se esta situação à difícil convivência entre os impérios espanhol e português, que tinham no território da Galiza o ponto nevrálgico de seu relacionamento. Dois impérios globais em confronto necessitaram desta mentira secular. [...] Cabe destacar também que quando se fala no período de "formação da língua portuguesa", fala-se na verdade da língua galega formada, mas que, como qualquer língua, está em constante deriva, evoluindo em alguns traços, incorporando as necessidades lingüísticas dos falantes. Ressaltar o português em oposição ao galego-português antigo é, em grande parte, cumprir uma determinação política imposta pela antiga disputa territorial. A língua, em sua essência, permaneceu indomada, embora esmagada a modalidade escrita do tronco principal galego; fato jamais negado pelos estudiosos de todas as pátrias [...] A presença das vogais mais escandidas no galego atual, que possui menos força ao Sul, em Portugal (cujos falantes obscurecem as ocorrências destes sons, como em "m'nino" ou em "p'ssoa"), permanece mais integral no território brasileiro, cuja população, em sua quase absoluta totalidade, encontra parâmetro distintivo do falante português justamente nesta vocalização mais "perfeita" nossa, por assim dizer, igualando-se ao falante galego --que inegavelmente mantém também mais acesa esta "característica celta". A língua falada na Galiza, que é a real Pátria da Língua, que instituiu o sistema vocálico e a musicalidade do galego, faz-se presente no Brasil. Portugal, deixando-se influenciar pela fala moçárabe (como querem alguns), de certa maneira "capou" a musicalidade galega [...] Portanto, ainda no território da Galiza integral se formaram variantes futuramente tidas como distinções "portuguesas". Podemos dizer, então, que, quando falamos de "português", trata-se da "variante portuguesa" (ou meridional) da "língua galega", porquanto esta já existia antes de a grande e brava nação lusa se constituir em Reino independente; logo, o idioma que se fez mais ao Norte, e deslocou-se posteriormente para o Sul é ineludivelmente o galego./ A língua portuguesa de hoje não é mais que uma variante sulista da língua galega de antanho; um co-dialeto, é certo, mas que também poderíamos chamar de galego-português infra-Douro, o qual, mesmo no território de Portugal, possui distinção com a variante de entre Minho e Douro [...] Afinal, o que conhecemos hoje como "língua portuguesa" é assim considerado não apenas porque o povo galego foi esmagado politicamente pelo centralismo espanhol, mas complementariamente e sobretudo porque o povo português conquistou espaço na comunidade planetária, tanto literária como politicamente [...] Seja como for, a simples discussão, a crua polêmica acerca do nome da língua comum, não é um exercício vão: é benéfica por si só: leva à consciência de existir um fio de unificação lingüístico-cultural, que vem de longe; que procede dos celtas e se reúne com os índios tupis na América, por exemplo, ou com os bantos, na África.[...] Dizer galego, dizer português, dizer "portugalego" ou brasileiro é questão de somenos, mas de necessária discussão entre nós.[...]/ Os portugueses não deixam de ser velhos amigos do povo brasileiro. No entanto, cabe resgatar os amigos galegos, que são amigos ainda mais originários (e não trazem consigo o travo da opressão imperialista), pelo fato de serem os geradores da língua nossa, hoje pertencente a muitos povos do mundo por igual --não importando que rótulo tenha, pelas razões maiores de Estado que advenham da dinâmica dos interesses dos Países e de seus cidadãos.” (1999, 58: 281-283-285-287-290) “Nós, que pronunciamos ou ouvimos pronunciar em algumas zonas do Brasil, normalmente, o artigo indefinido feminino à maneira galega, não entendemos a princípio o porquê de existir grafia diferenciada: “unha” (da normativa admitida oficialmente) ou “umha” (opção presente nesse Estudo Crítico...). Uns e outros grafam de forma diferencialista, acreditamos, para exibir distinção nacional...” (2000, I: 829).

J. Henrique P. Rodrigues: “podemos considerar a norma Agal como um dos grandes alcances intelectuais da história cultural galega e podemos valorizar o seu percurso como brilhante [...] Na actualidade, e sempre aceitando a existência de um continuum nos usos gráficos,[...] podemos afimar que, basicamente, são (sic) usadas duas normas reintegracionistas: uma norma que poderíamos denominar “reintegracionista avançada” e outra que poderíamos denominar “reintegracionista clássica”. A fronteira simbólica entre essas duas estaria marcada polo uso do til na formação dos plurais (nações) frente à forma tradicional em <-ns> (naçons), prévia ao ditame presente no relatório da Comissom Lingüística [...] Trata-se, fundamentalmente, de marcar os limites a respeito do luso-brasileiro para evitar transmitir (e muito mais provavelmente padecer) a sensação de entreguismo provocado pola exogeneidade da escrita. [...] O feito de existirem outros grupos sociais (integracionistas) a adoptarem formas de galego-português lusitano com função identitário-endogrupal impediu ao reintegracionismo, em boa medida, continuar a aproximação gráfica ao luso-brasileiro que demandava uma (sic) boa estratégia aproximativa.” (2001, 65/66: 19-20-26-47); “restituição do galego como língua de cultura [...] O aproveitamento nas escolas e por parte da população galega do corpus literário existente, gerado em diversas normativas e/ou caracterizado por uma extrema heterogeneidade, implicará num futuro, sem dúvida, a necessidade de realizar-se traduções de tipo intralingual padronizador, e para isso será preciso definir previamente de um ponto de vista teórico como deve ser realizada tal actividade” (2004, 77/78: 75-79).

Roberto López-Iglésias Samartim: “integrar nom é substituir. Os dous podem ser processos graduais mas o primeiro implica ao menos a possibilidade de existência dum modelo normativo autónomo para a língua da Galiza [...] enquanto que o segundo significa a adopçom dum padrom igual ao oficial em Portugal como norma estándar da língua da Galiza” (2005, 83/4: 37).

Ramom Reimunde: “essa normativa avançada é a reintegracionista (curiosamente a mais tradicional e antiga tamém). [...] Desta maneira, aliás, os nossos melhores autores e livros poderám ser conhecidos e comprendidos noutras zonas da área linguística galego-luso-ásio-afro-brasileira, saindo fora dos estreitos limites geográficos da naçom galega [...]” (1984: 62-63).

(continua)
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Sábado, 4 de Dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (26), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (26)
  por Carlos Durão

(continuação)

Luís Gonçáles Blasco: “Segundo os usos lingüísticos habituais esta língua [medieval] pode ser chamada Galego antigo, Português antigo ou Galego-Português (antigo ou nom), podo estar de acordo em que por razons históricas o nome mais acaído seria o de Galego antigo, por ter nado na Galiza; mas nom tudo é História nas línguas e, por exemplo, hoje (quase) todos concordamos em falarmos de Espanhol e nom de Castelhano como quereriam as razons históricas [...] Galego e Português fam parte de um mesmo diassistema lingüistico que, geralmente, chamamos Galego-português, ainda que também podemos chamar-lhe Galego à nossa variante particular (e mesmo às outras)” (1998, 54: 241); “devia ficar claro que os independentistas nom podem ter outra normativa do que a histórica: Porque foi a nossa quando éramos independentes, porque cientificamente é a única válida, porque a normativa isolacionista levaria-nos a umha deriva cara ao espanhol por tratar-se de uma normativa espanholista (com algumhas pinceladas de enxebrismo para dissimular), porque é umha normativa imposta polo poder espanhol e nom por um poder galego” (1999, 58: 253).

Manuel Maria: “Galego e português são a mesma língua, com alguma variante” (2009).

Carlos Garrido: “Desde 1978 até o momento presente assistimos, relativamente ao modelo culto do galego, como que à reediçom da dialéctica entre as duas atitudes [...] por um lado [..], na década de 1980 configura-se com força um movimento reintegracionista, partidário de um modelo de galego culto coordenado com o português, que, embora contasse com ilustres precursores, nunca antes atingira um corpo teórico tam sólido e umha praxe tam conseqüente. Mas, por outro lado, no decénio de 80 também se constitui, guiada polo populismo e pola inércia da recente e adulterada tradiçom de galego escrito, uma corrente isolacionista (autodenominada autonomista), que reage contra os postulados reintegracionistas e propugna um modelo de galego independente, na teoria, do português e do castelhano, mas na prática subsidiário quanto a ortografia, morfossintaxe e léxico deste último. A corrente isolacionista, orfa de umha fundamentaçom teórica consistente, apresenta-se, porém, como dominante nesta etapa, devido à sua condiçom de norma demótica nas actuais circunstâncias sociolingüísticas do país, mas, sobretudo, graças à sua instrumentaçom por parte de um poder político que a sente compatível com o seu projecto nacionalitário” (1999, 57: 5).

Valentim Rodrigues Fagim: “A língua portuguesa –além da sua continuadora- é essencialmente a mesma língua que a medieval com as suas lógicas regularizações e posteriores influências como a língua do Cid é essencialmente a mesma língua que o castelhano actual. Não é um produto made in Lisbon. De ser assim palavras como [lenho, espelho, vou, leite, mais, chover, fórmula, Rosa, isso] deveriam ser transcritas lanhu, ixpalhu, vô, laite, maix, xover, formla, Roza, iço e se outro tanto fizeram os brasileiros (como já faz o galego oficial), onde existe uma única língua existiriam, no mínimo três línguas (a ideia pode ser copiada por mais variantes: galego-asturiano, portunhol ou açorense, por exemplo). O problema, realmente, é que o debate e as decisões não estão em mãos dos galegos. Naqueles lugares onde a identidade da língua depende basicamente dos movimentos sociais que se importam com ela, Quebeque, Puerto Rico, Vale de Aosta, Moldávia actual, Flandres, Tirol do sul... o integracionismo é o comportamento dominante. Naqueloutros onde não é assim, e Valência é o paradigma junto à Galiza, o destino da língua fica baixo a direcção dos seus verdugos.” (1999, 58: 243-244); “Que porta-vozes de ideologia gregária espanholista sejam tam entusiastas das “señas de identidad” de galegos/a e valencianos/as, ao mesmo tempo, sustentem políticas quanto ao status que nada fazem por reverter a progressiva espanholizaçom das sociedades que governam deveria, achamos, acender algumha luminária, em especial naqueles contigentes amplos de galegos/as preocupados/as com a cultura, língua e construçom nacional galega, ao menos entre aqueles/as que nom estám a tirar réditos a situaçom actual” (2002, 71/72: 119-120).

José Luís Valinha: “Os grupos regeneracionistas estão a realizar uma regeneração da língua em todos os níveis da linguagem, e nela o espelho do português de Portugal está a desempenhar um papel fundamental [...] o português de Portugal, no campo fonético como noutros campos, funciona como importante critério de correcção linguística, residindo o problema na determinação prática de a quê ponto em cada caso há que adoptar uma ou outra solução [...] o movimento regeneracionista, na teoria, preferiu, por a considerar mais correcta, a pronúncia do “sesseio” à pronúncia com interdental castelhana de palavras como “cedo” ou “fazer”” (2003, 75-76: 151-156); emprega o sintagma “português da Galiza”.

(continua)
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Sexta-feira, 3 de Dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (25), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (25)
  por Carlos Durão

(continuação)

António Gil Hernández: “Prevê-se, com quase total segurança, que nem os poderes públicos do Estado, como a “Xunta” e o Parlamento, nem as autoridades académicas e culturais, como a Universidade ou o “Consello da Cultura Galega”, levarão adiante a normalização dos usos do galego [...] O futuro do galego, está bem claro se o galego tem futuro, não pode ser outra cousa que reintegracionista. Quando os galegos conheçam o seu passado linguístico, quando conheçam as afinidades com o português e brasileiro e quando vejam as possibilidades que um decidido acercamento à normativa luso-brasileira pode aportar a um galego normalizado, não se preocuparão de escolher como normativas formas que tenham uns quilómetros quadrados mais de extensão ou uns milhares mais de falantes. Escolherão, para a escrita, aquelas formas que permitam uma melhor comunicabilidade entre galegos, portugueses e brasileiros. E aí está o futuro, isso é reintegracionismo [...] Nós entendemos que a fidelidade à tradição escrita implica a recuperação das formas, tanto ortográficas e morfológicas como léxicas, legítimas do galego, baseada no confrontamento das falas actuais com a história da língua. [...] Com isto mantemos aberta a via recuperacionista (reintegracionista), inaugurada pelos autores das Irmandades da Fala, Geração Nós e Seminário de Estudos Galegos, entre outros, preferindo e recuperando todas as formas galegas tradicionais que hoje podem mesmo não estar vivas nas falas ou são minoritárias, porque estão suplantadas pelas espanholas [...] Partindo destes princípios o resultado será, sem dúvida, uma normativa de escrita correcta bem diferente às Normas ILG-RAG, substancialmente comum com a luso-brasileira (o que permite a intercomunicação escrita sem esforço suplementar) e fiel ao verdadeiro galego. Deste modo recuperamos o que realmente é património do povo galego” (1984: 149-160-162-166-167); “Na Galiza o processo “normalizador” do galego parece limitar-se, cada vez mais declaradamente, a actos de governo junto com atitudes e condutas de Notáveis, possuidores dalguma parcela de poder (académico ou político), cujo fim quase único é impor o conhecimento da normativa gráfica oficial [...] A normativizaçom do galego, em última instância, está a servir para a sua assimilaçom definitiva na língua nacional do Estado espanhol” (1985, 4/5: 147-150); “a unidade grafica garante a unidade de lingua e a unidade de lingua garante, pola pratica comunicacional, a coesão dos falares; neste suposto entendemos que há Comunidade Linguistica./ [...] o diferencialismo grafico é o que se acha já ao serviço do projeto nacionalista espanhol [...] Não é outro o motivo nem o objeto do separatismo oficializado do galego escrito a respeito do português padrão./ O diferencialismo grafico pode obedecer a questões apresentadas como “de estrategia” ou/e “de tacticas”. Porém, esses procederes amostram de facto uma atitude de vencidos prematuros, politica e cientificamente” (1988, 7-12: 117); “Ao meu razoado parecer, a única resposta viável, por verificada, por universalizante no tempo e no espaço, por tradicional e por respeitosa com o processo histórico “clínico”, seguido contra a Comunidade Lusófona da Galiza (espanhola) é singelamente o português, graficamente unificado em 1990 e oralmente diferenciado nas normas portuguesas (lisboeta e coimbrã), brasileiras (paulista, do Rio, do Norte e do Sul), luso-africana (angolana, moçambicana, etc.) e, entre elas, a galega, ainda por definir” (1992, 30: 238); “numa primeira acomodação glotopolítica do conceito, digo que a maioria dos dirigentes, presumíveis galeguizadores, se acha incluída no conjunto da notabilidade espanhola de modo que, individual e involuntariamente, se conduzem como “notabiliños” ou notáveis secundarizados cuja ação primária na Galiza é inconscientemente verificarem e estenderem entre os cidadãos galegos, sob matizações “regionalistas”, o projeto nacional espanhol. Quer dizer, o seu alvo não expresso é, até hoje e com toda a segurança em adianate, integrarem os homens galegos no processo nacionante do Reino da Espanha, que se exprime em só castelhano (não nos esqueça)” (1999, 58: 270). “É bem conhecido o meu posicionamento a respeito de la questione della lingua galega: 1. O galego literário está já elaborado no português “acordado” em Lisboa (1990). Basta com incluir, completando os propostos, os galeguismos fónicos, sintáticos e sobretudo léxicos. / 1.1. Estabeleça-se a ORTOFONIA galaica./ 1.2. Assinalem-se as PECULIARIDADES SINTÁTICAS. Considero que as apresentadas habitualmente como morfológicas são em defintivo fónicas; v.g. (grafia) -ão>(pronúncia) -om./ 1.3. Elabore-se o dicionário de galeguismos a integrar no dicionário lusofónico./ 2. O objetivo é estender o conhecimento dessa forma gráfica das falas galegas. [...]” (1999, 59: 327-328); “os Notáveis galegos, pretensos nacionalizadores, obedecem demais, submissos até ao aviltamento, as instruções da Notabilidade espanhola, decerto já nacional, que desde as Instituições do Estado-Nação (por interposição, com frequência demais, de aqueles notáveis galegos), lhes ordena que nem imaginem sequer mudar o estado de cousas, outrora factualmente recebido, hoje declarado de iure constitucional; enquanto também procuram obedecer-lhes essoutras instruções por que, ao abrigo da nova legalidade fundamental (a mesma que impede qualquer mudança) se sentem, ao próprio tempo, obrigados a mudarem esse mesmo estado de cousas. [...] a notabilidade espanhola vinculou antano e hogano continua poderosamente a vincular com duplo ligame os cidadãos galegos, sobretudo aqueles que puderem tornar-se em agentes da mudança condutual que acabasse normalizando a Comunidade Lusófona inclusa no Reino da Espanha.” (1996: 40-47); “Se o galego pertence ao mesmo sistema que o português e brasileiro e ‘lusoafricano’, i.e. se as falas galegas podem explicar-se linguisticamente polo mesmo modelo/sistema do que as falas brasileiras, portuguesas e mesmo ‘lusoafricanas’, esse galego, essas falas têm de se corresponder com a mesma escrita -unificada- como se correspondem as falas portuguesas e brasileiras e ‘lusoafricanas’ com essa escrita -unificada-” (1989, II: 425); “Apenas são reintegracionistas os LUSÓGRAFOS, aqueles que, com maior ou menor correção, utilizam habitualmente a NORMA REINTEGRADA (o português padrão e melhor o acordado em Lisboa 1990) nos seus escritos” (2006); emprega o termo “luso-reintegracionismo” (em foros da Internet, desde 2002).

José Luís Fontenla: “nós, os Galegos, não pedimos só uma ortografia unificada como também uma ortofonia comum mínima ou ortologia, ortoépia; e uma dicionarística comum, terminologia uniforme, etc., pelo que nasceu o VOCT, Vocabulário Ortográfico Comum e de Terminologia, para toda a Lusofonia, na negociação do primeiro Acordo Ortográfico de 1986, o que se continuou no Acordo de 1990, mas que infelizmente não se implementou ainda” (2000, 59-65: 15); “a Galiza, ou é lusófona ou não é” (correspondência particular a C. Durão, passim); emprega o sintagma “português da Galiza”.

(continua)
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Quinta-feira, 2 de Dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (24), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (24)
  por Carlos Durão

(continuação)

Ângelo Cristóvão Angueira: “Deve deixar-se bem claro que, apesar de manipulações políticas, o galego não é nem será nunca uma língua regional da Espanha [...] Não é uma língua minoritária, pois é falada atualmente por cerca de 200 milhões de seres nos cinco continentes./ A  nossa língua é, sem embargo, minorizada no território administrativamente espanhol. Neste jogo da minorização a primeira culpável é a consideração do galego como língua diferenciada da portuguesa [...] Esta auto-exclusão, denominada na Galiza isolacionismo é, sem lugar a dúvidas, o intento histórico mais elaborado do regionalismo espanhol por suprimir definitivamente a comunidade lusófona da Galiza, reduzindo o problema ao nível das denominadas “minorias linguísticas da Europa” [...] / O problema da língua portuguesa na Galiza não é, pois, exclusivo domínio dos linguistas e filólogos universitários espanhóis [...] nem das universidades galegas: é também, em boa medida, assunto da comunidade científica internacional e responsabilidade moral e legal dos Estados em que se fala qualquer das variantes da nossa língua. Dentre eles, nomeadamente, a República Portuguesa” (1991, 19-28: 387); “o nacionalismo galego compartilha a ideologia espanhola. Começando polos aspectos mais patentes, “recebe” a distribuição territorial da Galiza nas quatro províncias espanholas [...] Também o nacionalismo galego não tem claro se a Galiza fala português ou galego, como língua diferente, como se evidencia nos intentos de elaborar uma “nova” ortografia para o português da Galiza em vez de tomar singelamente o português comum” (1989, II: 747); “a disputa sobre o modelo de língua para o português da Galiza só pode resolver-se com a aceitação generalizada das convenções gráficas da língua comum, e a assunção do discurso da unidade como garante da unidade e do futuro, conjugado com o reconhecimento das pronúncias, os sotaques, as especificidades lexicais e também, se for o caso, verbais, que têm o seu lugar de expressão privilegiado na literatura” (2006: V); “Se o português é língua nacional é porque existe a Nação Portuguesa. É evidente. O que não resulta tão evidente para alguns nacionalistas galegos é que a única nação galega que existe se chama Portugal, e que a nação galega não existe propriamente. A nossa afirmação não necessita demonstração. O que é preciso provar é justamente o contrário, que existe a nação galega, quer diferenciada da portuguesa, quer diferenciada da espanhola.[...] Se preferível, dir-se-á que não há uma nação galega diferente da nação portuguesa, dentro do território político espanhol [...] É claro que os galegos, considerados no território político espanhol, isto é, as quatro províncias da Corunha, Lugo, Ourense e Ponte-Vedra, mais os territórios limítrofes desagregados em 1833, constituímos una nacionalidade com características étnicas e nomeadamente lingüísticas, diferenciadas, o que até é reconhecido de alguma forma pola legalidade vigente espanhola emanada da Constituição de 1978. Mas a respeito de Portugal, tais características poderiam considerar-se simples e lógicas diferenças regionais, esperáveis em todas as culturas. Assim pode e deve afirmar-se que nada do que os galegos temos de essencial e definitório, em cultura, língua, tradições, etc., é alheio aos portugueses, apesar de ter sido tamisado ou deturpado -que não “livremente evoluído”- através da história e a influência castelhana./ Não existem razões de peso para defender a promoção de uma nação galega diferente da portuguesa” (1991, 26: 239); “língua galega ou portuguesa” (1988, 14: 157); “Pretendemos uma instituição nacional galega criada por iniciativa da sociedade civil, independente dos organismos do estado. Uma AGLP presidida por princípios de responsabilidade e rigor no trabalho, integrada por aquelas pessoas que mais têm apoiado a lusofonia galega, através de diversas formas como a docência, a investigação, a criação literária ou o ativismo cultural. Uma entidade que recupere e ponha em valor o nosso património linguístico e literário, ora maltratado, ora esquecido, ora deturpado” (2007).

Fernando Vázquez Corredoira: “Pode-se formular, como princípio geral, que o carácter distintivo e delimitador da ortografia é singularmente evidente nas situações de contacto linguístico em que os utentes de uma das línguas sentem a necessidade de marcar a distância em relação à outra e que esta necessidade é tanto mais premente quanto menor a distância estrutural entre as línguas em contacto” (1998: 11).

Xavier Vilhar Trilho: “A codificação espanholizadora do galego nega-lhe a este o caráter de língua nacional na medida em que o converte numa simples língua “regional” do Reino da Espanha, num dialeto do espanhol, numa espécie de castelhano antigo ou de português aldeão. Esta normativização, que isola o galego do português, desintegra o galego, ao desagregá-lo da comunidade linguística lusófona, da que faz parte, e ao facilitar a conversão do mesmo num dialeto do espanhol. A estandardização espanholizadora do galego priva ao galego da função de língua de cultura na medida em que o desvincula da própria tradição cultural dos cancioneiros líricos medievais galego-portugueses, na medida em que também o desliga da literatura portuguesa e brasileira (a forma mais culta, mais “cultivada” do galego), na medida em que não se serve do léxico científico já acunhado no português, que segue a orientação erudita das restantes línguas românicas.” (2003) “O reintegracionismo e/ou lusismo ortográfico não precisa de intervenção dos poderes públicos autonómicos para se impor socialmente. Ao lusismo ortográfico bastar-lhe-ia usufruir na Galiza de condições de igualdade com o oficialismo isolacionista, viver com ele numa situação de competência não desleal, sem discriminações legais, para se consolidar socialmente, porque não esquece que o passado do galego são os cancioneiros líricos medievais galego-portugueses e sabe que o seu futuro está na lusofonia” (1994, 35-40: 160).

(continua)
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Quarta-feira, 1 de Dezembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (23), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (23)
  por Carlos Durão

(continuação)

Jürgen Schmidt-Radefeldt: “o galego, variedade dialectal do antigo galaico-português, sintagmaticamente perto do português mas foneticamente mais próximo do castelhano” (1990, 22: 149).

Eugenio Coseriu (Eugen Coşeriu era o seu nome romeno; assinava Eugenio Coseriu os seus trabalhos na filologia hispânica): “a pesar de que durante siglos no ha habido contactos efectivos, el gallego y el portugués siguen perteneciendo al mismo conjunto, al mismo continuum lingüístico [...] Históricamente, el portugués es el gallego de la Reconquista y es hasta hoy, en todas sus formas, la continuación de ese gallego. Esto vale también para el portugués literario y común en su relación con el gallego literario medieval, pues la tradición de este gallego ha sido adoptada y continuada por la lengua literaria portuguesa. Se trata, por tanto, del caso, bastante raro en la historia de las lenguas, de una lengua que, precisamente en la forma que se difunde y se constituye en lengua común y gran lengua de cultura, se llama con otro nombre: ya no gallego, sino portugués” (1989, II: 800); “provavelmente um estudo deste tipo, uma semântica estrutural do galego e do português chegaria à conclusão de que o sistema básico é o mesmo no galego e no português e que as distinções, as oposições básicas, os traços diferenciadores são os mesmos, mas há, como dizia o nosso amigo Leodegário, diferença de norma, como há também diferença de norma entre o português de Portugal e o português do Brasil e também no português de várias regiões de Portugal e no português de várias regiões do Brasil” (1993, III: 100); “Una lengua no se impone por decreto” (1995); “a ninguém se pode impor por decreto uma língua. A língua é sempre um  saber e o verbo saber não se conjuga no imperativo” (1995); “desde el punto de vista puramente lingüístico, el límite entre las “lenguas” es convencional, como también lo es el límite entre los dialectos: depende de las isoglosas que se consideren, pues casi no hay isoglosas que coincidan exactamente en un determinado territorio”; ““lengua” se llama, o se puede llamar, cualquier sistema de isoglosas” (1983); “não são [a maioria das inovações poéticas] quase sempre violações ou ampliações da norma, permitidas pelo sistema?” (1979: 50-51); “existem em cada língua oposições constantes e peculiares, tanto entre as invariantes quanto entre variantes normais, com a diferença de que as oposições entre invariantes são funcionais, enquanto que as oposições entre variantes não têm esse caráter, mesmo não sendo nem indiferentes nem arbitrárias na língua dada” (1979: 54); “o sistema é um conjunto de oposições funcionais; a norma é a realização “coletiva” do sistema, que contém o próprio sistema e, ademais, os elementos funcionalmente “não-pertinentes”, mas normais no falar duma comunidade; o falar (ou, se se quer, fala) é a realização individual-concreta da norma, que contém a própria norma e, ademais, a originalidade expressiva dos falantes./ O sistema é sistema de possibilidades, de coordenadas que indicam caminhos abertos e caminhos fechados: pode ser considerado como conjunto de “imposições”, mas também, e talvez melhor, como conjunto de liberdades, pois que admite infinitas realizações e só exige que não se afetem as condições funcionais do instrumento lingüístico: mais que “imperativa”, sua índole é consultiva. [...] A norma é, com efeito, um sistema de realizações obrigadas, de imposições sociais e culturais, e varia segundo a comunidade” (1979: 74); “é legítimo interpretar foneticamente as vogais nasais do português cindindo-as em vogal+arquifonema nasal” (1979: 122).

Mª do Carmo Henriques Salido: “Labov nos seus trabalhos manifesta que a “norma” é parte constitutiva da estrutura sócio-lingüística e que sem ela essa estrutura desaparece [...] A Assembleia do “Congresso Internacional da língua Portuguesa no mundo”, realizado em Lisboa em 1983, recolheu, entre outras esta proposta: “I.-Atendendo à situação dos estudos linguísticos, o Congresso reafirma a tese de que o Galego e o Português são normas cientificamente reconhecidas de um mesmo sistema, que engloba as comunidades linguísticas luso-galego-brasileiro-africanas”” (1984.1987, 18-22: 236-238); “A primazia do “espírito de campanário” é exponente de complexo provinciano e rústico; corresponde-se, porém, com o “novo” processo assimilacionista do galego, subsidiário do projecto nacional espanhol, embora os seus promotores revistam os seus textos de separatismo lingüístico, aparente a respeito do castelhano, real a respeito do português, que envolvem em retórica patrioteira inconsistente. Em síntese, constitui umha manobra manifesta para substituir o idioma nacional da Galiza polo espanhol” (1988, 14: 186); “lembraremos que a língua real se pode conceber satisfactoriamente como umha instituiçom em equilíbrio nom estático mas dinâmico e a que só por exigência de estudo se imagina como detida. Isto é, dentro do constante constituir-se ou conformar-se de umha língua histórica, cabe detectar um determinado estado de língua, um momento que, por necessidades de estudo, abstraímos do contínuo devir. E neste momento o que se observa é a existência de “variedades” entrecruzadas que, como variedades, remetem  a umha invariante fundamental chamada diassistema. Assim, o que se denomina normalmente “língua espanhola”, “língua galego-portuguesa” e “língua catalá”, som, observadas desde um determinado estado de língua, os diassistemas gerais que presidem aos diferentes sistemas lingüísticos cujas diferenças, vistas desde o respectivos diassistemas, nom som mais que variantes” (1996, 48: 421).

(continua)
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Terça-feira, 30 de Novembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (22), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (22)
  por Carlos Durão



(continuação)

Higino Martins Esteves: “O til deve ser recuperado porque doutro jeito nom há possibilidade nenhũa de integrar os diversos dialectos galegos. Nom só historicamente no passado, mas também no presente” (2008: 56). “Nom descarto escrever na norma portuguesa em contextos amplos. Só quero reservar-me o direito de usar formas galegas legítimas, que nom diminuem a consolidaçom da língua e enriquecem aos mesmos portugueses, que nelas se reencontram./ A norma AGAL foi e é boa para aproximarem-se os de fora, os que andavam desapercebidos da questom. A norma AGAL oficial de máxima (com til) cumpre-lhe aos que já conhecem e entendem a história. Além desse ponto nom há mais formalizações que a portuguesa, a brasileira e a do Acordo do 90 (2008: 69-70)”.

Mª Rosa da Rocha Valente: “Por Galiza resto e resistencia entendo e delimito o Grupo Geracional da Lusofonia que vem das Irmandades da Fala historicas e do seu portavoz a revista NÓS. Grupo hoje reinvestido de uma força nova e nova luz” (1990, 21-26: 37).

Leodegário A. de Azevedo Filho: “os caminhos do reintegracionismo são os únicos que podem garantir ao idioma galego a sua própria sobrevivência” (1986, I: 22); “Assim, é rigorosamente a mesma a origem lingüística do galego e do português, não havendo separação entre eles na poesia medieval cultivada pelos trovadores e jograis daquela época. [...] se o galego é um dialeto rural do português, a sua norma culta só pode ser a portuguesa. Afinal, o português de nossos dias não pertence apenas a Portugal [...] a reintegração ou reincorporação total da Galiza no seu  mundo lingüístico próprio, mundo de que ela é a própria matriz histórica [...] com ampla e evidente expansão cultural do galego, seria a melhor solução do problema. [...] sem reintegrar-se no sistema luso-brasileiro, num processo de revitalização, jamais conseguirá expressão culta e literária [...] no lugar de recuperação do idioma, talvez seja melhor falar em sua revitalização” (1985.1988, 7-12: 96-110).

Gladstone Chaves de Melo: “É preciso abandonar de vez a idéia naturalista e romântica de que o único artífice das línguas é o povo.[...] só o povo é dono e modelador da língua? Qual povo? [...] concluamos que a língua é a mesma e que podemos, tranqüilos, passar do ‘diassistema’ ao ‘sistema’” (1993, III: 91-92-96); emprega também a expressão “reintegração galego-portuguesa” (1980.1985, 4/5: 41-56).

Sílvio Elia: “Vemos, pois, que para a Profª Henríquez Salido não haveria, a rigor, uma língua galega e sim uma norma-padrão galega, dentro do sistema lingüístico galego-português. A minha posição é a da existência de um sistema lingüístico galego-português, historicamente realizado como “domínio lingüístico galego-português”. Por motivos político-militares, houve, em certo momento da história, uma separação (não cisão) entre o galego e o português [...] Língua, tanto numa perspectiva (sic) estruturalista, quanto um enfoque sociolingüístico, realmente o galego não o é, pois a língua de fato historicamente existente é o galego-português. A questão desloca-se, assim, para o plano cultural, onde, só por extensão, se poderia atribuir ao galego a condição de “língua”” (1993, III: 131).

Evanildo Bechara: “há sempre um descompasso entre o que se pronuncia e o que se escreve [...] O problema se torna mais agudo, quando a língua serve a países diferentes, como é o caso da nossa, que está a serviço de brasileiros, galegos, portugueses e das recentes nações africanas. Não ocorrem complicações maiores, porque a ortografia é fonêmica, e não fonética, isto é, não se preocupa com registar variedades de fala [...] Entretanto, brasileiros e portugueses divergiram em pequenos pontos que agora os governos, pelas suas Academias, e os representantes das jovens nações africanas de língua portuguesa além dos galegos querem ver unificados. Tal intento é perfeitamente exequível, sem se perder de vista que unidade ortográfica não significa conformidade de língua se bem que uma língua histórica não deve ter mais de uma ortografia” (1990/91, 19-28: 49-50). “Falar em reintegracionismo do galego é do ponto de vista lingüístico algo pleonástico porque não se pode reintegrar algo que nunca deixou de integrar. /E do ponto de vista lingüístico o galego é uma vertente desta realidade da língua histórica que se chama língua comum, que é o grande guarda chuva ideal, modalizado pela cultura que abriga todas as variedades lingüísticas de todos os quadrantes geográficos em que essa realidade maior que se chama língua portuguesa é falada e é escrita. /De modo que do ponto de vista lingüístico, o galego nunca se separou do português como uma entidade que pertence a essa realidade histórica que caracteriza uma língua de civilização e de cultura como é o português” (2008).

Salvato Trigo: “O Minho, com suas terras e com suas gentes, reservou, desde muito cedo, lugar na literatura que se exprime neste idioma, que nos moldou o carácter e predispôs a alma de “cavaleiros andantes” em busca do mundo. Idioma, que nos uniu na Galécia, sem nos apagar totalmente os rastos celtas que nos imprimiram o acrisolado amor ao torrão natal de que a saudade é a expressão eloquente. [...] Idioma, em fim, que, apesar de alguns ventos contrários, nos fez reencontrar a nós, galegos e portugueses, nos caminhos da História que os gerou” (1993.1994, 35-40: 31); “[...] um galeguista como eu, que muitas vezes afirmo e sempre assumo a minha galeguidade do sul, de entre Minho e Lima [...]” (1996-1998, 51-58: 203).

José da Costa e Silva: «Portugal e a Galliza falaram sempre a mesma língua; e a historia testefica esta asserção. Todos os antigos escriptores hespanhoes chamam língua gallega, ou língua portugueza, ao idioma das duas nações; d’aqui vem que Macias el Enamorado é contado por uns entre os Poetas Gallegos, e por outros entre os Poetas Portuguezes; daqui vem dizerem uns que El-Rei D. Affonso, o Sábio, escrevêra grande número de cantigas para musica em Gallego, ao passo que outros dizem que foram escriptas em Portuguez, mas a verdade que todos dizem a mesma cousa, usando de denominações differentes./ Mas qual é a razão, perguntará alguem, porque o mesmo idioma apparece tão outro na boca das duas nações de quem elle é a linguagem natural ? A razão é mui fácil de deduzir. Portugal constituio-se reino sobre si, teve, e tem tido independencia, e litteratura; Galliza ficou sempre provincia de Hespanha. Portugal poude por isso cultivar a sua lingua, regularisa-la, opulenta-la com muitos vocabulos latinos, gregos, e de outras nações, apurar a sua syntaxe, e tornar flexivel, e harmoniosa a sua prosodia. Galliza, que nunca teve independencia, nem litteratura propria, não poude fazer outro tanto; os homens sabios, que tem produzido, escreveram em castelhano; a lingua popular circumscripta aos usos caseiros, e ás necessidades do vulgo, foi condemnada a ficar na sua rudeza, e na sua barbarez primittiva; de que só poderá sahir, si por algum caso inesperado tornar a unir-se comnosco» (1850).

(continua)
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Domingo, 28 de Novembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (20), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (20)
  por Carlos Durão

(continuação)

“Este ibero-románico occidental, dotado dunha unidade sistemática, realiza-se en diversas falas, suxeita-se a distintas normas, e unha destas normas é o galego comun, que, à sua vez, non é outra cousa que un certo sincretismo de variantes coloquiais e literárias que se dan en Galiza. Dentro do portugués hai tamén distintas falas, distintas normas, entre as que figura o portugués normativo, con superior xerarquia político-social, mas para o lingüista unha de tantas manifestazóns dialectolóxicas do galego-portugués” (1986: 224); “Eu neste aspecto son absolutamente ortodoxo. Os heterodoxos son os que discrepan desta tradizón galeguista na que eu estou plenamente incorporado” (1986: 233); “De nada nos serviria que todo o mundo falase e escrevese en galego se ese galego [...] era realmente un castellano agalegado [...] Non abonda con que se fale galego, é que é preciso que ese galego sexa galego, é dizer, que non sexa un produto que con nome de galego nos apresente un dialecto do castellano. Asi que esta é a significazón que ten o esforzo que están realizando muitos intelectuais galegos en pro dunha reintegrazón do noso idioma no seu sistema próprio [...] apesar do decreto de unificazón ditado para impoñer unha normativa oficial, existe un sector importante do país [...] que insisten na necesidade de ter en conta o galego histórico, e que non cren que se poda normativizar e normalizar a nosa língua sobre a base da realidade dialectal dos tempos modernos, que é consecuéncia dun proceso de degradazón do noso idioma, producido por circunstáncias históricas de sobra coñecidas. Entón constitui ao meu xuízo unha cegueira dos políticos que nos governan, induzidos por estudiosos ou técnicos que non posuen a necesária amplitude de espírito para ver o galego cunha conceizón diacrónica, tratar de esmagar a estas persoas, a este grupo que propugna a reintegrazón do galego dentro do sistema ibero-románico occidental; grupo que se ten acreditado como numeroso, como responsável e como ben informado [...] Non me parece correcta a actitude da Administrazón negando, por exemplo, a sua proteczón económica a empresas culturais importantes, polo feito de que a expresón formal ortográfica dos solicitantes deses apoios estexa orientada à reintegrazón do galego ao seio do sistema galego-portugués. En realidade, eses médios económicos [...] son [...] subvenzóns, son bens, cuxo proprietário é o povo galego. E os reintegracionistas, a verdade, cremo-nos parte dese povo galego, e nos parez unha actitude abusiva, absolutamente anti-constitucional, aquela que nos priva de disfrutar dunha proteczón económica que nos parece ser un ben ao que devemos ter acceso todos os galegos” (1986: 239-240). “Então, uma postura de independentismo a ultrança que não reaja devidamente para recuperar o léxico original, substituído pelas aportações castelhanas, e não mantenha o contacto com as restantes realizações do sistema, condena o galego a um isolamento que não é económico, porque o converte numa curiosidade linguística, sem capacidade de difusão, e carente da mínima competitividade para defrontar a pressão do castelhano [...] Para justificar os esforços que se estão a fazer em prol do uso voluntário do galego, é capital apresentar o nosso idioma como variante de um sistema linguístico de uso transcontinental [...] Não sendo assim [...] as possibilidades de persistência do galego como língua normal de Galiza são bastante ilusórias./ O porvir do galego, pois, está na sua coordinação com as demais polas do velho tronco galego-português. Se, segundo querem os separatistas, se obstinasse em permanecer isolado do português, como se não formasse parte do mesmo sistema, as suas probabilidades de sobrevivência seriam escassas, e, a longo prazo, nulas. Haveria eruditos dialectólogos que poderiam continuar estudando o galego, e mesmo poderíamos estabelecer reservas subsidiadas onde se favorecesse a conservação do uso do idioma. […]/ Mas se queremos que o galego seja uma linguagem viva, que possa ser usada a todos os níveis, como língua privada e pública, deveremos reconhecer que, ainda conservando as suas peculiaridades locais, deve ter em conta a marcha geral do sistema. […] O galeguismo, que foi sempre um movimento cultural, ainda que, como é natural, arbitrou uma política ao serviço dos seus ideais, não pode ser hoje tão reacionário que queira paralisar o curso da história, cegando os caminhos pelos que o galego pode recuperar a sua vitalidade. O campo onde os distintos idiomas hão de competir é hoje um campo internacional, e a língua que não possa comparecer neste terreno de jogo, deve retirar-se e esperar a sua desaparição do mundo dos idiomas vivos. O galego não pode subsistir como língua meramente regional, porque essas limitações são incompatíveis com o dinamismo actual dos instrumentos culturais./ [...] As línguas são sempre uma coordenação de falas. Dentro do português há variantes dialectais e crioulos mui importantes. […]/ Por isso consideramos desacertada uma política preocupada por defender o galego da influência do português. A conversão do galego em língua moderna supõe o contacto com o ramo mais afortunado do ibero-românico ocidental, que pode fornecer ao galego encorado e dialectalizado as soluções ajeitadas para a sua actualização naqueles aspectos da sua estrutura que ficaram antiquados ou desfigurados pela pressão do castelhano./ Ao meu juízo, esta reintegração dentro do seu sistema originário do galego, não tem por que supor a substituição das suas formas peculiares pelas do português normativo. [...] Sem prejuízo de que a osmose natural exerça o seu imprevisível papel, devemos partir de que a unidade linguística galego-portuguesa não supõe a uniformidade burocrática. Temos traços fonológicos e morfológicos que não podem ser reprimidos, a reserva do seu destino no livre jogo do intercâmbio cultural. Mas na medida do possível, e sempre que por circunstâncias sócio-históricas não se ponha em perigo a autenticidade das realizações, uma ortografia coordenada deve cobrir a representação escrita da língua comum, como ocorre no caso das demais línguas de cultura./ De resto, na situação especial em que o galego se acha, parece evidente que a utilização de uma ortografia fundada na história do idioma considerado no seu conjunto [...] não poderia ser implantada senão como consequência de um processo que tivesse em conta a preparação do leitor para receber a reforma; [...] Os meios adequados para alcançar o fim constituem um problema privativo dos galegos. Mas o fim está claro: consiste na reintegração da norma galega dentro do sistema natural a que pertence historicamente, e do qual representa uma parte do tronco comum./ Esta política linguística é a propugnada por Castelão quando exprime o seu desejo de que o galego se aproxime ao português até confundir-se com ele.  Entendemos: até reintegrar-se no seu sistema natural, até confluir com o português no seio desse sistema, sem prejuízo de manter a sua própria norma, como é o caso do brasileiro. [...]/ As fronteiras políticas não podem impor estranjaria a formas dialectais, ou simples falas, do mesmo idioma. [...]/ Nestas condições, o galego não pode viver de costas ao português, pois o Minho não é uma fronteira linguística, e as falas da Galiza bracarense [...] estão estruturalmente mais próximas às da Galiza lucense que as da Lusitânia originariamente moçárabe./[…] Do que se trata é da restauração da língua do país. Esta seria a língua normal. Não haveria uma língua alta e uma língua baixa. O galego seria língua alta e baixa [...] Mas teriam o galego como língua própria utilizável a todos os níveis, mais tingida de peculiaridades locais no uso interno, mais próxima às formas normativas do português no uso internacional. (1986, 4; 1986: 20)

(continua)
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Sábado, 27 de Novembro de 2010

Sempre Galiza! - Síntese do reintegracionismo contemporâneo (19), por Carlos Durão

coordenação de Pedro Godinho

Síntese do reintegracionismo contemporâneo (19)
  por Carlos Durão

(continuação)

/ O reintegracionismo, portanto, não é outra cousa que aquela doutrina que quer devolver a sua própria natureza ao Galego. [...] Não se pode construir um Galego sobre a base do estado actual do idioma nas camadas populares, porque sabemos que durante muitos séculos foi erosionada a língua oral, única realmente existente, por influência do castelhano. Então se queremos escrever e falar um idioma que não seja um mero dialecto vulgar do castelhano, há que restaurar os tecidos danados. [...] O Galego há de preservar a sua natural essência para o qual há que manter o contacto com as demais normas do sistema. [...] devemos entender que as diversas manifestações do Galego colonial, do galego que se foi expandindo a partir do seu nascimento na Gallaecia, são normas, são Falas, são dialectos que podem contribuir a enriquecer o nosso idioma.[...] Por suposto, todo o mundo sabe que eu professo em matéria de Política Linguística as ideias tradicionais, as ideias de Castelão, e como essas ideias são contrárias às ideias que reinam no mundo oficial, no aspecto cultural, pois, não tenho muito predicamento, ao parecer, dentro dessas esferas. Consideram-me como um herege, como um cismático, ou como um corruptor da mocidade, e se me exclui positivamente dos organismos oficiais. Isto é evidente, ainda que tamém é certo que entre as pessoas que formam parte desse “holding” cultural que hoje nos governa há gentes que conservam um respeito pessoal para mim, alguns mesmo um afecto pessoal, mas é verdade que se me considera um obstáculo para o desenvolvimento duma determinada Política Linguística e se me exclui decididamente em geral do mundo cientificoliterário que está servido por pessoas afectas às ideias reinantes, que são mais bem isolacionistas do que reintegracionistas [...] ensinaria o Galego que existiu historicamente e que existe actualmente, propugnando uma norma ampla que não exclua a nenhum sector que tenha importância sem aplicar uma ditadura linguística que resultaria ridícula” (1987, 18-22: 14-17); “Nom hai, dentro do sistema galego-português, duas normas, senom um material sem normativizar. Mais adiante, impom-se a conveniência de umha ordem, e afastadas politicamente a parte norte e a parte sul do domínio lingüístico, aparecem tendências nom coordenadas, e assi, neste estádio posterior, os elementos comuns vam-se decantando nas suas distintas soluçons, de jeito que hai formas mais usuais em Galiza e formas mais usuais em Portugal. Com o que a distinçom a que se chega finalmente entre galego e português está determinada pola referência electiva entre as diversas formas do sistema para constituir as respectivas normas. O isolamento dos territórios correspondentes por pertencer a distintos reinos, e as influências castelhana e moçárabe correlativamente no norte e no sul, acabárom por gerar umha distinçom que também se dá entre as diversas realizaçons do catalám, e de calquer outro idioma em circunstáncias análogas” (1983.1983: 18-19); “O galego nom nace cando renace a sua expressom escrita no século XIX” (1984: 30); “pode-se afirmar que as modalidades existentes na fala nom apresentam caracteres diferenciais suficientemente marcados para que se atribuam ao galego grupos dialectais. Nom existiriam dialectos, senom falares, dentro do galego. Esta vem a ser a opiniom de Vicente Garcia de Diego (1909), e é umha opiniom correcta [...]” (1978.1981: 121); “Nom estamos isolados” (1983: 122); “Nom estamos sós” (1978.1983: 122); “os dialectos do galego estam fora de Galiza” (1978.1981: 79); “Todos os dialectos podem combinar-se ao escrever em galego” (1978.1980.1983: 25); “o livre jogo das forças normativas dentro do sistema determinaria o futuro do galego reintegrado como língua oral e como língua escrita, como fala doméstica e como instrumento internacional” (1989: 900); “o português é umha garantia de supervivência do galego, porque ainda que nas províncias espanholas esta língua deixasse de usar-se, perviveria na forma meridional” (1981.1983: 34); “Nom é científico mutilar umha língua segundo os limites políticos, pólo que nom podemos aceitar que o galego remate exactamente nos limites com Astúrias, Leom, Zamora, Trás-os-Montes ou Entre-Douro-e-Minho” (1982.1983: 78); “Andar ensaiando soluçons que hai tempo forom contrastadas e seleccionadas polos nossos vizinhos, é jogo pueril ou serril, ditado por umha indiferença ou umha xenreira perante o português, que parece resultado da inoculaçom dum vírus preparado por inimigos da pervivência do nosso idioma” (1979.1981: 19); “É certo que en determinadas reunións de lingüistas, por exemplo a celebrada en Tréveris, à que non asistin, houvo duas ou tres persoas que se permitiron combater asañadamente os meus pontos de vista. En realidade eles son os orixinais. Eu sigo a tradizón, eles son os revolucionários.” (1986: 178); “A miña aportazón a estas normas foi tan particular como xeral; pode-se dizer que as fixen case na sua totalidade. Houvo algunhas observazóns que fixeron outros colegas e que se tiveron en conta. Pero en realidade fun eu o redactor principal destas normas [...]” (1986: 182); “[...] o que era Conselleiro de Educazón e Cultura da Xunta de Galiza naquela época, o profesor doutor Alexandrino Fernández Barreiro, falou comigo e pideu-me colaborazón para problemas técnicos relativos aos problemas lingüísticos. [...] a realidade é que [...] non me pideu informes persoais sobre cuestións lingüísticas, senón que me fixo Presidente dunha Comisón Lingüística que teria que abordar os problemas relativos às formas do galego que para o uso interno, para o uso oficial da Consellaria, terian de adoptar-se.[...] as tres persoas que éramos profesores da Universidade nos reunimos unha série de veces no meu despacho e elaboramos unhas normas, un proxecto de normas, a ponéncia de 1979, que constituian para entón un código de expreson normativa mui satisfactório. [...] A ponéncia, pois, foi aprovada unanimemente [...] se introduzian unha série de recomendazóns, polo que se refere a morfoloxia, que supuñan un esforzo para restaurar determinadas formas do galego histórico que foran esquecidas ou adulteradas pola influéncia castellana. De xeito que agora, dunha maneira expresa, havia unha referéncia, unha remisón ao noso galego histórico; [...] Esta ponéncia pasou logo da Comisón ao pleno, e ali se manifestou, por parte dalguns membros da Comisón, unha tendéncia a manter a ortografia usual de tipo castellano [...] à maioria da Comisón pareceu-lle oportuno deixar abertas as duas posibilidades na maior parte dos casos, de xeito que as normas que entón se adoptaron e que no meu pensamento tiñan por obxecto resolver un problema de réxime interior da Consellaria e de nengun xeito impor-se ditatorialmente ao povo galego [...] Esta posizón que, finalmente, se adoptou, ainda que non era idealmente tan satisfactória como a da ponéncia, posibilitava unha concórdia que foi imposível cando despois que esta Comisón se disolveu [...] as persoas que tiñan influxo na Consellaria ou as instituizóns das que a Consellaria se asesorava, plantearon de novo o problema e o resolveron da forma actual, que, como sabemos, tende a ser unha forma que, no pensamento dos seus propugnadores, ten un carácter dogmático, de forma que quedan excomulgados os que non se ateñen a esta opzón” (1986: 218-220);

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