A Sinfonia da Morte
Carlos Loures
Âncora Editora, 2008
A Sinfonia da Morte , terceiro romance do autor, utilizando como pano de fundo o tema do Regicídio de 1908 e a escaldante situação política em Portugal na primeira década do século XX, traça-nos uma interessante trama ficcionística, onde são colocadas questões eternas, tais como a existência ou a inexistência de Deus, a prevalência (ou não) do amor sobre os interesses materiais, a vitória ou a derrota da bondade na sua luta contra a ferocidade que o homem herdou da sua condição animal. Esta obra é uma co-edição com as Edições Colibri.
Carlos Loures nasceu em 1937 em Lisboa. Entre 1958 e 1960, foi um dos organizadores da Revista Pirâmide, na qual colaboraram numerosos escritores. Com Manuel Simões, organizou uma série de antologias temáticas de poetas portugueses. Talvez um Grito (1985) e A Mão Incendiada (1995), são as suas anteriores incursões no território da ficção.
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A Situação Política
Alfredo Pimenta
Lisboa, 1918
…como o regímen republicano que é diferente da pessoa do sr. Sidónio Pais, não merece confiança á Nação, esta, nas eleições de 28 de Abril, manifestando-se como se manifestou, deu provas evidentes do seu sentir monárquico, cercando os deputados e senadores, monárquicos de uma votação bem significativa.
A situação politica só se esclarecerá definitivamente no dia em que a Nação puder responder livremente á pergunta que se lhe faça sobre as instituições politicas que prefere. Por ora, sabemos isto apenas: a Nação é conservadora, e aclama quem lhe garantir, eficazmente e honradamente, o princípio da Autoridade. Nada mais.
l0 de Maio de 1918.
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Sidónio
(Contribuição para a história do presidencialismo)
José Brandão
Perspectivas & Realidades, 1983
«Súcia de imbecis que somos (perdoem que o diga), súcia de feiticistas das palavras a quem as palavras bastam, súcia de adoradores do Verbo que se não fez carne nem peixe mas que se pode fazer peixe-espada, súcia de escravos vis sobre que os aventureiros trepam, às escaladas inconfessáveis e às torpezas sem nome!» (Raul Proença, Março de 1924).
Vale a pena começar qualquer livro com as palavras de um homem como Raul Proença.
Se o que Proença diz em 1924 tem ou não alguma coisa a ver com o momento presente, é problema que não se torna obrigatória e muito menos vital para a leitura do livro que está agora a ser apresentado.
Nele se pretende falar do Sidónio Pais de 1918 sem que isso signifique qualquer desprendimento em relação ao presente.
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O Dr. Sidónio Pais e a República Nova
1910-1918
Sérgio Gouveia
Lisboa, 1918
Depois da extraordinária manifestação que lhe fez a população de Caminha – sua terra natal – e ainda após os estrondosos aplausos de que foi alvo por parte do povo e da Academia de Coimbra, regressou o sr. dr. Sidónio Pais a Lisboa, e então a recepção que lhe foi feita, tocou as raias do delírio, ascendendo até ao deslumbramento de uma verdadeira apoteose, destas que não esquecem mais e que profundamente devem ter calado no ânimo de S. Ex.ª, dando-lhe a mais nítida impressão de que o país está com ele e nele vê a figura predominante da redenção da Pátria saturada de desmandos, de tiranias e de crueldades sem nome.
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A Revolução Portuguesa
1907-1910
Machado Santos
Sextante Editora, 2007
«Escrito pouco depois do Cinco de Outubro e publicado em 1911, o famoso relatório de Machado Santos intitulado A Revolução Portuguesa constitui. sem dúvida, uma das fontes fundamentais para a história da Revolução Republicana, especialmente para a narrativa dos factos ocorridos entre a noite de 3 de Outubro e a manhã do próprio dia 5. Desde logo porque o seu autor é unanimemente reconhecido como o actor principal no teatro das operações, a partir do momento em que tomou a decisão de resistir na Rotunda com um punhado de escassas centenas de militares e alguns civis, quando tudo parecia já perdido para as forças republicanas.
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A Revolução Portuguesa
Jesús Pabón
Lisboa s/d
Não são pretensiosas as intenções deste livro, nem meritória a sua consecução. As suas bases não assentam na investigação histórica e ao seu desenvolvimento falta um profundo exame político. Pretende apenas apresentar uma exposição clara de determinados factos.
Ligado a um passado que conhecemos e a um futuro imprevisível – como o de todo o mundo, actualmente em crise essencial –, observamos na vida do Portugal dos nossos dias, um drama de um interesse político extraordinário: delineamento, processo e solução de um problema nacional. A velha Ordem morre: o Rei D. Carlos representa a sua última resistência eficaz. Durante o breve reinado do filho – já vencida a Monarquia – a República é sinónimo de Desordem. Salazar cria a Nova Ordem. Três factos, pois, naquilo a que chamo a Revolução Portuguesa.
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Responsabilidades Históricas – II
Teixeira de Sousa
Coimbra, 1917
Julgo haver nisto um grande equívoco o uma grave injustiça: equivoco no tocante ao apego que Júlio de Vilhena tinha ao júri nos delitos por abuso de liberdade de imprensa; injustiça, reduzindo a obra colossal de Lopo Vaz ao simples facto de meter os delitos de imprensa no julgamento correccional. Júlio de Vilhena saíra da pasta da Justiça, como saíram das demais pastas todos os outros ministros pela demissão do gabinete. Organizado o novo governo, não tomou parte nele porque, sendo Lopo Vaz a figura de maior destaque e de maior influência no partido regenerador depois do Fontes, tendo por isso de ser ouvido acerca da constituição do gabinete, desde que ele aceitasse a pasta da Justiça nenhum outro partidário poderia ser chamado a geri-la.
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A Revolução de 5 de Outubro de 1910
Rocha Martins/Lopes D’Oliveira
Lisboa, s. d.
O grupo de Machado Santos chega à porta das armas de Infantaria 16, e encontra-a fechada. Aos vivas que ergue, de dentro do quartel ninguém responde. E ficam esperando, em concentrado silêncio.
Mas um vulto se aproxima: é um cabo do 16, Pedro da Cruz, que estava de guarda em Vale do Pereiro, e acaba de abandonar o serviço: conhecedor do quartel, leva Machado Santos porta duma arrecadação, que ele próprio arromba à coronhada.
Sobem uma pequena escada, forçam um alçapão, e entram na parada, recebidos por aclamações de soldados insurreccionados.
À 1 hora menos 15 o cabo Manuel António Correia soltara, da sua caserna, um forte e prolongado assobio. Era o sinal combinado. Os soldados que estavam na conjura, e se tinham deitado vestidos, correm à parada, soltando vivas à República.
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Duarte de Almeida
Edição Romano Torres, s. d.
Antes que a revolução proclamasse a República já o povo havia demonstrado, pela voz das urnas, a sua adesão aos ideais democráticos.
As eleições gerais de deputados em Abril de 1910 deram retumbante vitória aos republicanos. A vereação de Lisboa era já também composta totalmente de entidades republicanas.
Assim faltava apenas o gesto decisivo que a Carbonária vinha de há muito preparando.
Nomeou-se o comité executivo da revolução, sendo os principais dirigentes o vice-almirante Cândido dos Reis e dr. Miguei Bombarda.
O primeiro partiu para a província em propaganda activa onde encontrou ardentes adesões. No seu regresso a Lisboa reconheceu este ilustre oficial que o movimento revolucionário poderia ter imediata acção, mas o governo, desconfiando que qualquer coisa de grave se passava ordenou rigorosas prevenções…
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O Reino da Traulitânia
(25 Dias de Reacção Monárquica no Porto)
Campos Lima
Porto, 1919
Estava achada a expressão própria, que dai a poucos dias, durante a conspiração republicana no Porto e mais tarde após a contra-revolução se iria generalizar a toda a cidade.
A viagem é longa, fastidiosa. E enquanto os outros passageiros dormem, eu passo a noite a evocar todo esse ano de República Nova, a penetrar-me dum grande receio de que os monárquicos, que obtiveram uma situação de favor nos postos de confiança da República, tenham a influência bastante para a dominarem e vencerem, e a audácia de prepararem um movimento revolucionário.
Sidónio Pais, com o pretexto de introduzir na Constituição o princípio da dissolução parlamentar, começara algum tempo depois de chegar da Alemanha a aliciar militares, aos quais era dada a revolução…
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Raul Proença e a “Alma Nacional”
Fernando Piteira Santos
Publicações Europa-América, 1979
Da leitura da revista Alma Nacional, e sem esquecermos que além do seu fundador, António José de Almeida, nas suas páginas se nos depara uma plêiade de escritores, críticos, publicistas políticos, sobressai a colaboração de Raul Proença. E se tivermos em conta a relevância que, após 1921, virá a assumir a sua actividade polémica e doutrinal, particularmente nas páginas da revista Seara Nova, não poderemos furtar-nos à evidência do interesse destas páginas, que, quase totalmente, foram votadas ao esquecimento pelos compiladores da Obra Política de Raul Proença. Não é culpa do autor de um modesto ensaio sobre a existência e função ideológica da revista Alma Nacional se, ao debruçar-se sobre a estratégia e a táctica do Partido Republicano, a presença de Raul Proença adquire relevo e exorbita da moldura que fora concebida. O âmbito da pesquisa era mais vasto.
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O Regicídio
Maria Alice Samara
Rui Tavares
Editora Tinta da China, 2008
No primeiro ensaio, «Memória do Atentado», de Maria Alice Samara, constrói-se o roteiro do evento que viria a alterar de forma indelével a história de Portugal, descrevendo-se o palco, as personagens e os acontecimentos, recorrendo ao testemunho dos principais escritores, políticos e jornais da época: «Certo é que até aos dias de hoje, cem anos depois, há ainda perguntas por responder. É, sem dúvida, importante procurar conhecer a verdade sobre os factos, ou, pelo menos, encontrar uma linha coerente de explicação dos mesmos.
Em «O Atentado Iconográfico», Rui Tavares seleccionou uma vasta colecção de imagens - fotografias e gravuras - publicadas na «Ilustração Portuguesa», usando-as como mote para um texto que explora o modo como o regicídio português foi recebido e tratado nesta importante revista, até à deflagração da Primeira Guerra Mundial, em 1914.
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A I República Portuguesa
Uma cronologia
Fernando de Castro Brandão
Livros Horizonte, 1991
Hoje em dia reconhece-se a cronologia como um instrumento imprescindível para a análise histórica. As datas existem como marcas insubstituíveis a partir das quais se articulam os factos inseridos no tempo e no espaço. A referência cronológica ganha ainda mais relevância quando o material de investigação e as obras de referência são escassas ou pouco rigorosas, criando dificuldades quase insuperáveis aos investigadores e a todos quantos se interessam pela história por falta de indicações cronológicas precisas. Daí esta cronologia da I República Portuguesa, um período aliciante e fundamental da história contemporânea portuguesa mas ainda com muita informação por desbravar.
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O Primeiro Congresso do Partido Comunista Português
César Oliveira
Seara Nova, 1975
Este é um volume cujo principal objectivo é dar a conhecer ao público as teses, resoluções e outro noticiário referente ao I Congresso do Partido Comunista Português realizado em 1923, dois anos após a sua fundação em 1921.
Não se pretende neste volume iniciar uma história do P.C.P. para cuja continuidade nos faltariam, necessariamente, elementos dadas as condições de clandestinidade em que foram obrigados a viver, durante dezenas de anos, os militantes deste partido. Por outro lado não é nosso propósito mostrar com a publicação deste material a fraqueza teórica patente no referido congresso: isso seria, exactamente, desconhecer ou ignorar deliberadamente o contexto social e económico da época em que nasceu o partido…
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Memórias e Trabalhos da Minha Vida
(4 Volumes)
Norton de Mattos
Editora Marítimo Colonial, 1944
Não é uma obra de recriminações ou de combate, nem tão pouco, de propaganda politica.
É uma obra serena, em que através das 1.200 páginas que os quatro volumes compreenderão, o general Norton de Matos evoca figuras esquecidas e factos longínquos, discute problemas que não morreram, defende pontos de vista e apresenta opiniões, numa exposição calma, reflectida, sem espírito doentio de classe ou de partido olhando, acima das pugnas que separam os homens, o interesse nacional que os deve congraçar.
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O Meu Depoimento
(Da Monarquia a 5 de Outubro de 1910)
António Maria da Silva
República, s. d.
Vem agora o lume o primeiro volume de memórias de António Maria da Silva, intitulado «O Meu, Depoimento», título que ele resolveu, adoptar por alturas de 1943, quando iniciou a sua escrita, numa conversa tida comigo e durante a qual vieram à baila outros, nas acabando por preferir aquele.
Até quase pouco tempo antes de ter adoecido gravemente e da sua morte, António Maria da Silva, entre aquele ano de 1943 e 1950, ano em que faleceu, escreveu as suas memórias, que vão desde 1906 a Maio de 1926. É um eximo trabalho de que agora sai o primeiro e que virão surgindo sucessivamente a curtos intervalos.
Pena foi que a doença e a morte não lhe tivessem consentido prosseguir a feitura das suas memórias …
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Memórias Políticas
Volume – 1
José Relvas
Terra Livre, 1977
Estas rápidas páginas são o depoimento duma testemunha, que acompanhou a Revolução portuguesa, desde o seu período de preparação mais activa até à proclamação da República.
Na sucessão vertiginosa dos acontecimentos, decorridos desde o advento de João Franco, frequentes vezes verifiquei como se originavam versões erradas, como se desvirtuavam intenções, ideias e factos, que mais tarde podem concorrer para uma falsa noção histórica desse período de gestação, tão atormentada, da democracia republicana. Para reconstituir com exactidão a História são indispensáveis as Memórias redigidas com a serenidade de quem está já isento de paixões, alheio às lutas, que, após a Revolução e em todos os países, sempre acompanharam os primeiros tempos dum regime novo.
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Memória Políticas
Volume 2
José Relvas
Terra Livre, 1978
Escrito sob a forma de «Cartas a um amigo», o III e último capitulo deste volume é a narrativa dos trabalhos e canseiras em que o autor se consumiu, como chefe de Governo de curta duração que se encarregou do rescaldo da tentativa de restauração monárquica que naquele ano foi o epílogo do consulado sidonista, período laivado de sangue e luto que ia destruindo a República e cavou entre os republicanos um fosso jamais colmatado.
José Relvas pôs, na execução dessa tarefa, a sua capacidade de conciliador e muito conseguiu no meio da tempestade que era a herança de uma época – o sidonismo – das mais tristes e sangrentas da nossa história. Foi essa a última e assinalada contribuição que prestou ao regime.
A República contou-o, com razão, entre os seus mais dedicados obreiros.
Carlos Ferrão
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As Memórias do Chefe da Polícia Pereira dos Santos
Manuel Nunes
Editora Marítimo-Colonial, 1945
Nem sempre a biografia é o homem. Mas neste caso é – e longamente vivida, agitada, sofrida. Pereira dos Santos pode considerar-se hoje, dentro da sua profissão, um nome nacional. Todos o conhecem, até mesmo os que não passam pelas malhas da Justiça. Tem um passado e um presente. Aquele serviu-lhe de lição, e agora, já com cabelos brancos, e uma folha magnífica de serviços pode ser considerado o policia n. º 1.
Na Inglaterra ou nos Estados Unidos, dar-lhe--iam o titulo de detective e já teria figurado num daqueles filmes da série «Crime e Castigo».
Em Portugal, até à data, nem sequer um livro de memórias, alguma coisa de vivo e flagrante que registasse a sua actividade ao serviço do bem.
José Sarmento pensou escrever esse livro. O projecto não se converteu em realidade porque a morte arrefeceu a mão do brilhante jornalista.
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Memórias Duma Época
Sá Cardoso
Lisboa, 1973
Eu sei que é muito mais simples, mais rendoso e menos perigoso, concordar do que discordar, eu sei que é preciso um pouco de pertinácia e talvez até um pouco de coragem para dar expressão ao pensamento, quando ele é discordante do ambiente. Eu sei; mas mais alto de que o nosso sossego ou que a nossa vida, está o ideal pelo qual lutamos: o bem da Pátria.
E demais, para que serve o pensamento se o não podemos expandir?
Foi a falta de expansão de pensamento, a abulia e a impotência intelectual, cultivadas e criadas neste Pais durante os 40 anos da «Era de Salazar» que geraram um povo atrofiado e apático mentalmente.
Não me vou ater ao obrigatoriamente «estabelecido» e as minhas «Memórias» que podem enfermar da fraqueza dos assuntos ou da sua ordenação, são, contudo, alicerçados na verdade dos factos…
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Ensaios de História da I República Portuguesa
A. H. de Oliveira Marques
Livros Horizonte, 1988
A. H. de Oliveira Marques nasceu no Estoril (1933), tendo-se licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas e doutorado em História na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Foi Assistente daquela Faculdade e Professor em diversas Universidades norte-americanas.
Reúne-se nesta colectânea um conjunto de artigos, conferências e prefácios a livros, escritos e proferidos entre 1966 e 1986. Todos eles conservam actualidade, embora os objectivos que nortearam alguns e, como consequência, a estrutura de base e o próprio estilo, se afastem um tanto do habitual escrito histórico.
Julgamos que o estudioso do período continuará a encontrar utilidade na leitura dos vários ensaios. Na maior pane dos casos, aliás, eles valem exactamente como ensaios e não como análises eruditas. Por isso foram reduzidas ao mínimo as notas e aligeirados, tanto quanto possível, os textos.
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