Quinta-feira, 30 de Junho de 2011

Sigmund Freud - por Raúl Iturra

Sigmund Freud (Příbor, 6 de Maio de 1856 — Londres, 23 de Setembro de 1939) foi um médico neurologista judeu-austríaco, fundador da psicanálise. Nasceu em Freiberg, Morávia (hoje Příbor), quando esta pertencia ao Império Austríaco. Em 833 era parte da Magna Morávia, que incluía ao povo Magyar ou Hungria. Freud era Magyar de origem histórica, de origem civil austro – húngaro pelas políticas europeias de anexar territórios de nações fracas ou empobrecidas aos Estados mais fortes.

 

O método básico da Psicanálise é a interpretação da transferência e da resistência com a análise da livre associação. O analisado, numa postura relaxada, é solicitado a dizer tudo o que lhe vem à mente. Sonhos, esperanças, desejos e fantasias são de interesse, como também as experiências vividas nos primeiros anos de vida em família. Geralmente, o analista simplesmente escuta, comentando apenas quando no seu julgamento profissional visualiza uma crescente oportunidade para que o analisando torne consciente os conteúdos reprimidos do seu Id, que são criados supostos, a partir de suas associações.

 

Escutando o analisado, o analista tenta manter uma atitude empática de neutralidade. Uma postura de não – julgamento para criar um ambiente seguro. A descoberta da orientação do comportamento pela mente humana pelo eu, o super eu e o igual a si ou Id teve começo em 1890. Época na qual ainda pensava-se que havia dois tipos de seres humanos: os civilizados, povos que eram resultado dos progressos da humanidade na sua evolução social e intelectual: agiam com a razão que dominava ou orientava os seus sentimentos e as suas emoções, como explica em uma dezena de livros escritos na base da sua pratica psicanalítica.

 

Essa prática foi incrementada e também dissociada pelo próprio Freud e os seus discípulos, na base das suas descobertas. Cada novo texto, trazia uma novidade. Tempos em que se pensava também sobre povos não civilizados, pensados como pessoas que não tinham razão, apenas emoções: não pensavam, agiam. O seu comportamento era conjuntural. No meu ver, como explico em outro livro meu: O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade, editado Repositório ISCTE-IUL, parece-me bem ao contrário: Se os seres humanos não civilizados orientam o seu comportamento individual e social pelas emoções sem nenhuma racionalidade, as formas de vida para estruturar relações sociais, o sistema de parentesco, as formas matrimoniais, o cuidado com o saber genealógico, os monumentos totémicos e especialmente o agir ritual, religiosos e económico, não teriam essa delicadeza que obriga aos analistas estudar com cuidado as formas e processos da vida social. Para comprovar este acerto, o meu antigo amigo e colega, Georges Devereux, no Collège de France, ensinou-me a arte de entender a psicanálise que pratica a etnia Mohave que habita ao Sul dos EUA. No Sudoeste dos Estados Unidos e Noroeste do México, quatro desertos ligam-se entre si. O Deserto da Grande Bacia é o que fica mais a Norte. É um deserto frio: tem chuva em abundância e neve no Inverno.

 

O arbusto é a vegetação dominante. Ocupa a quase totalidade do Estado do Nevada e estende-se para norte a Idaho, Oregon e Wyoming, para leste ao Utah e Colorado, e para sul ao Arizona. Ocupa uma área de 305 mil quilómetros quadrados (mais do triplo de Portugal, que tem 92 mil quilómetros quadrados). Os outros três desertos são o Mohave, o Sonora e o Chihuahua. São desertos quentes, com altas temperaturas durante o longo Verão e com vegetação típica das planícies áridas. O deserto de Mohave começa no Sul do Estado de Nevada e desce para a Califórnia. Ocupa 40 mil quilómetros quadrados. Alberga o Vale da Morte, que é a região mais funda da América. Está 85 metros abaixo do nível do mar. Vários leitos de lagos de outrora são depósitos de sal. Joshua é a árvore deste deserto. O deserto de Sonora cobre 193 mil quilómetros quadrados no Sul dos Estados norte-americanos da Califórnia e do Arizona, e no Norte dos Estados de Sonora, Baixa Califórnia e Sinaloa, na República do México. Inclui as regiões áridas do Colorado e de Yuma. O Colorado tem o Grand Canyon, um desfiladeiro que o rio Colorado cavou durante milhares de anos. Por fim, o Chihuahua ocupa cerca de 322 mil quilómetros quadrados. Uma parte fica nos Estados norte-americanos do Novo México e do Texas. Mas mais de 80 por cento situa-se no México, nos Estados de Chihuahua, Coahuila, Durango, Zacatecas e San Luís Potosí. É cortado pelo rio Grande que faz de fronteira entre o Estado norte-americano do Texas e o mexicano de Chihuahua. As palmeiras yucas e os agraves caracterizam a paisagem. Só tem 8000 anos. A desertificação acentuou-se nos últimos 150 anos. Georges Devereux foi morar com eles ao longo de vários anos e em 1961 escreveu o seu livro Mohave Ethnopsychiatry The Psychic Disturbances of an Indian Tribe, Smithonianan Institute, reeditado em 1972 e traduzido ao francês em 1996. Se os Mohave foram o povo escolhido, era por causa de ter uma teoria da mente semelhante a nossa, o que facilitava a compreensão para um austro-húngaro. A interpretação da vida dos Mohave é a partir dos sonos. A diferença entre a análise Mohave e a nossa, é pelo tipo de tecnologia e ecologia empregue e trabalhada. A vida de luta contra uma natureza não domesticada, é diferente a nossa. Entre nós, é a divisão de classe social e o império do capital como forma de produção, que marca essa diferencia.

 

Ecsreve Devereux que entre os Mohave há alegria e divertimento, bondade e entretenimento. Os comportamentos considerados abomináveis entre nós, são entendidos pelos Mohave como uma iluminação xamanista, donde, não da sua responsabilidade individual. Fonte: Devereux, Georges, (1961) 1996 Ethno-psychiatie des indiens Mohaves, Synthébalo Group, Paris. Sobre o autor: George Devereux (nascido Dobó György em 13 September 1908 — 28 May 1985) foi um American – French ethnologist e psychoanalyst, nascido no seio de uma família Jewish de Banat, Roménia. Foi um dos pioneiros da ciência da ethnopsychoanalysis e ethnopsychiatry. A sua biografia e obra podem ser lidas em: http://en.wikipedia.org/wiki/George_Devereux . A sua vida entre os Mohave foi tão feliz e as suas crenças de vida após falecimento tão sedutoras, que solicitou ser enterrado com os rituais Mohave e no seu campo profundo ou vale dos mortos. Referia o texto de Freud, Totem e Tabu. Freud nunca fez trabalho de campo, como Devereux. Retirou os dados dos estudos dos Aranda ou Arunta da Austrália, analisados por Durkheim, sem nunca citar ao pai da Sociologia. Até dá a impressão de ter retirado os seus dados de James Frazer, MacLennan e William Hass Rivers Rivers. Os livros de Devereux não estão em linha, mas há uma introdução de Tobie Natham no livro sobre a Etnopsiquiatria dos Mohave, que pode ser lida em:http://www.ethnopsychiatrie.net/GDengl.htm Biografia e livros escritos por ele, em: http://en.wikipedia.org/wiki/George_Devereux. Op. Cit. nota 6. A obra citada na nota 6, refere a obra de Émile Durkheim de 1912: Les structures élémentaires da vie religieuse, Félix Alkan, Paris. Texto comigo, editado pelas Press Universitaires de France. O livro é um debate entre até, para se centrar nas formas da vida religiosa da etnia Arunta – também denominada Aranda – de Austrália. Durkheim e Max Müller sobre o animismo e as formas de religiosidade. No entanto, Durkheim ultrapassa o devia Central e como as crianças são ensinadas a saber domesticar a natureza, a dominar e a reproduzir. Apesar de ser um cientista muito conhecido, penso que a sua biografia e ideias chaves dêem ser lembradas brevemente. Sigmund Freud, 119:Totem and Taboo. Resemblances between the Psychic lives of savages and neurotics, Routledge & Sons Ltd: Londres, 1919. É um livro de Sigmund Freud publicado em German. O original en língua Austro-húngara, [não alemão, engano da fonte que me informa] é de 1913: Totem und Tabu: Einige Übereinstimmungen im Seelenleben der Wilden und der Neurotiker. Traduzido para o francês em 1923, pode ser acedido em: http://classiques.uqac.ca/classiques/freud_sigmund/totem_tabou/totem_et_tabou.doc Antes de continuar, parece-me necessário definir o conceito de neuroses, central na problemática da análise de Freud por ser parte da cultura do comportamento ocidental: O termo neurose foi criado pelo médico escocês William Cullen em 1769 para indicar "desordens de sentidos e movimento" causadas por "efeitos gerais do sistema nervoso". Na psicologia moderna, é sinónimo de psico neurose ou distúrbio neurótico e se refere a qualquer desordem mental que, embora cause tensão, não interfere com o pensamento racional ou com a capacidade funcional da pessoa. Essa é uma diferença importante em relação à psicose, desordem mais severa. A palavra deriva de duas palavras gregas: neuron (nervo) e osis (condição doente ou anormal). A neurose, na teoria psicanalítica, é uma estratégia ineficaz para lidar com sucesso com algo.

publicado por Carlos Loures às 14:00

editado por João Machado em 29/06/2011 às 18:19
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Quarta-feira, 15 de Junho de 2011

LIÇÕES DE ETNOPSICOLOGIA DA INFÂNCIA - XIII, por Raúl Iturra

 

 

 

 

(Continuação) 

 

 

  O comentário de Vitz é suficientemente explícito e provado, para apoiar a minha tese da análise terapêutica e procurar a unidade que Durkheim definia entre o grupo social. Era impossível que um intelectual, sem conhecer a teoria religiosa, pudesse criar uma análise sobre o tabu a partir, apenas, da teoria dos australianos. O que procura Freud é elucidar a mente ocidental e a das crianças, enquanto analisa comportamentos à luz do seu próprio saber da sua própria cultura. Os textos que trabalham esta temática estão fundamentados em formas bíblicas e patrísticas de Pater famílias, como mostrei no Capítulo 2.É possível advertir que a maior parte das análises terapêuticas estão baseadas em temas bíblicos que governam a nossa vida. Como o autor faz ao construir uma tábua analítica das definições Freudianas e das dos Evangelhos, como faz Françoise Dolto na sua obra, já referida.

 

Table 5-1. Jesus as the Anti-Oedipus: A Summary of the Ways in Which

 

The Life of Jesus is the Negation of the Life of Freud’s Oedipal Man

 

http://www.paulvitz.com/FreudsXtnUncon/169.html

 

Oedipal Man: The old man

(from Freud)

 

Jesus: The new man

 

(from Gospels)


 

1. 

The son hates the father.

2. 

The son shows radical disobedience to the father.

3. 

The son wants sexual possession of the mother (or all women of the group)

4. 

Radical disobedience results in death of the father, in fantasy or supposedly in fact in the ancient past.

 

1. The Son loves the Father.

2. The Son shows radical obedience to the Father.

3. The Son renounces sexual possession of all women.

4. Radical obedience results in death of the Son

 

 

 

 

 

 

 

5. 

Death of the father is caused by the son or by a band of brothers (sons) who hate the father.

5. 

Death of the Son is caused by a band of brothers who hate the Son.

6. 

Death of the father is followed by failed resurrection in the form of a created father-totem, by emotions of guilt and remorse, and by permanent separation and estrangement of father and son.

6. 

Death of the Son is followed by resurrection of the Son, by the emotions of joy and happiness, and by the complete reunion and identity of Father and Son.

7. 

Death of the father leads to the son’s identification with the father, now incorporated as superego, or to the band of brothers’ identification with the father-totem.

7. 

Resurrection leads to the sons’ identification with the Son, who is the center of morality and of ideals (a new Superego); the new band of brothers identifies with the “totem” Son.

8. 

The old sons identify with the father in a totemic meal in which the father is eaten

8. 

The new sons (or band of Christians) identify with the Son in a “totemic” meal in which the Son is eaten.

9. 

The new band, feeling guilt partly from their sexual motives, renounces the women and creates the rule of outmarriage (exogamy). Thus, the women take the name of some other group’s father.

9. 

The new band of sons and daughters takes the name of the Son (Christians); the women are not excluded from the “tribe,” but take the same name.

10. 

In short: Hatred and disobedience leading to death of the father bring original sin.

10. 

In short: Love and obedience leading to death of the Son bring redemption.

 

 

 

Se lembrarmos páginas anteriores, vamos recordar o debate Freudiano-Kleiniano, com um Bion no meio a opinar de forma sabida e muito real sobre a dinâmica da mente. O debate mencionado é de especialistas esotéricos na ciência da felicidade ou da sua procura e qual seria o motivo da dinâmica de procura da libido definida por mim em páginas anteriores. É um debate de culpa, a definir a crueldade dos mais novos que ainda não entendem a circulação do mundo, apenas as ordens e normas entregues pelos adultos que, por sua vez, usam os seus textos sagrados, definidos à Durkheim: seres humanos a viverem em grupos de objectivo comum, como se fosse uma Igreja. E, no entanto, até Melanie Klein tem um olhar clínico cristão na definição da sua hipótese principal sobre a teoria das pulsoes e a angústia da morte, como dinâmica do comportamento, exposta no texto mencionado sobre Inveja e Gratidão de 1957: "Her later theories on constitutional envy, the primary importance of the mother, and reparation bear close parallels to the doctrines of original sin, the Immaculate Conception, and Christian atonement"[1]. De facto, analisa a relação do bebé, com o seio materno e a mãe, como gratificante, criadora da vida e isolada de qualquer outra relação. “O bebé não deseja apenas alimento, deseja ver-se livre de ansiedades persecutórias e impulsos destrutivos. O sentimento é da mãe ser omnipotente...Um dos principais derivados da capacidade de amar é o sentimento de gratidão.....gratidão ligada à generosidade...à bondade...ao desejo de retribuir com amor...”[2]. Análise retirada não apenas dos autores clínicos citados, como Abraham, Freud, Winnicot, mas principalmente de Chaucer e o seu texto Canterbury Tales, Milton, a Bíblia Luterana, entre outros[3]. A mãe, o seio e o bebé, são uma análise sem outro interveniente que cause inveja...e no texto não há. O Cristianismo Kleiniano é usado para entender o crescimento dos bebés isolados dos pais: apenas o alimento e o carinho reciprocado a quem o dá.

 

 

publicado por João Machado às 14:00
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Segunda-feira, 13 de Junho de 2011

LIÇÕES DE ETNOPSICOLOGIA DA INFÂNCIA - XI, por Raúl Iturra

(Continuação)

 

4. A lógica da cultura.

 

A questão está em entender o amor, já definido ao começo, e ver a bases religiosas que desenvolvem a psicanálise, como prometi referir. Toda criança procura que o seu pai seja quem comande, não perca a omnipotência. O totem faz parte dessa autoridade. Aí é bem tempo de definir o conceito de omnipotência e de totem, e o melhor, mais uma vez, é o estudante de Wundt, Freud, que diz baseado no seu professor: “In the first place, the totem is the common ancestor of the clan; at the same time it is their guardian spirit and helper, which sends them oracles and, if dangerous to others, recognises and spares its own children”[1]. Mas, um totem é também a forma de organizar as relações individuais das pessoas, definir o conceito polinésio de proibição ou tapu ou tabu, pelo que Wundt, Frazer, Durkheim e Freud, salientam uma segunda parte: “It is as a rule an animal (whether edible and harmless or dangerous and feared) and more rarely a plant or a natural phenomenon (such as rain or water), which stands in a peculiar relation to the whole clan”.[2]  No entanto, Freud salienta, no Capítulo 4 da sua obra, que denomina “The return of totemism in chilhood” o agir da infância perante a ideia totémica, essa história à qual vou retornar, a de Jesus e Moisés, porque é importante para entender as diferentes formas de ver o real entre adulto e criança. Vejamos. Para um adulto, o totem organiza a interacção; para uma criança, diz Freud ao analisar o caso do pequeno europeu Hans e do pequeno australiano Arpád, que os dois amam aos seus pais e sentem o orgulho de serem pessoas com uma certa reputação pelo lugar que ocupam na hierarquia[3] e as felonias causadas na base desses factos relacionados com as hierarquias que usufruem, de modo que aprendem – e esse é outro papel do totem, o transferir o saber e as regras de comportamento em sociedade – o respeito aos artefactos e comportamentos associados aos ancestrais, especialmente as duas proibições principais: nunca matar o totem – directamente ou relações e aprender a exogamia, que é analisada em outro capítulo.

 

O que interessa é a base na qual Freud e os seus discípulos organizam a análise que nos leva ao saber da criança. Para Freud, estava nas tábuas mencionadas, ao comparar Jesus e Moisés, ou, por outras palavras, as explicações que permitem perceber o engano primário da psicanálise, que a levara a seguir, pela definição do próprio Freud, a Etnopsicologia.

Talvez, seja necessário antes definir conceitos usados no livro de Moisés, tais como libido, trauma[4], latência,[5] recalcadas·, repressão, referidas antes. Para entender repressão é preciso referir antes a Estrutura da Personalidade.

 

 

 

publicado por João Machado às 14:00
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Sexta-feira, 6 de Maio de 2011

“Yo, María del Totoral” - Ensayo de Etnopsicologia de la Infancia – 25 – por Raúl Iturra


 

Para entender este especial  análisis o fantasía de María de Botalcura, es preciso ir más allá de los hechos y confrontarlos con la teoría. Desde 1917, Freud hace un análisis de los niños y divide su crecimiento en fases, siendo la primera la fase oral[1], a la cual Karl Abraham y Melanie Klein, agregan otro tipo de estadios en el desarrollo de la infancia. Acontece que, hasta los estudios de Freud y de Jean-Martin Charcot, la crianza no tenía sexualidad.                                                                                                                                                                                           

 

Es su análisis y todos los posteriores, especialmente en Etnopsicologia, que se descubre el desarrollo libidinal infantil. Es éste análisis que lleva a los seres humanos a entender la interacción social de los niños y las rabias que puedan tener, especialmente en el caso de la búsqueda erótica de los mayores. Sentimientos que el niño no entiende, pero que siente para disgusto de sus adultos, que están siempre a velar de que los pequeños no se masturben, no jueguen con sus zonas genitales, etc., creando todo un conjunto de reglas que aparece en el Catecismo de toda Iglesia y de toda teoría religiosa.                                                                                                                                                                                     

 

La religión Baloma de los Kiriwina, estudiada al comienzo del Siglo XX por Bronislaw Malinowski, enseña las reglas de relación sexual entre los varios pueblos Kiriwina[2] El análisis de Malinowski es contradictorio. Su análisis se basa en el complejo de Edipo. El Complejo de Edipo es el amor de un consanguíneo por otro, descendiente o ascendiente. En el caso Baloma, existe la prohibición del incesto si la relación sexual es entre miembros de un mismo clan.                                                                                                                                                                                   

 

Esta es la razón por la cual está tan vigilados los niños y niñas, para el incesto no acontecer. Así, Freud retira de estos análisis y de sus estudios de los Aborígenes Australianos, en 1913, analizados en su texto Tótem y Tabú, el análisis de las neurosis que acontecen por la contención del erotismo entre personas que viven en grupo y están prohibidos de tener intimidad. Es de éste tipo de estudios, que define, en 1905, los diferentes estadios por los que pasa, sexualmente, la infancia, comenzando por el estadio oral[3].


 

publicado por João Machado às 14:00

editado por Luis Moreira às 14:27
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Quinta-feira, 20 de Janeiro de 2011

Mis Camélias – 4 – por Raúl Iturra

(Continuação)

MEMÓRIAS DE PADRES INTERESADOS - ENSAIO DE ETNOPSICOLOGIA DE LA INFANCIA

El día del juicio final de Eugenia, se aproximaba. Ella jugaba a los papás con Panchito. Mariana llegó un día para decirnos que encontraba poco simpático este juego, que era darse besos y tocarse el poto y, a veces, bajarse los calzones. Por casualidad, llegué a esa conversación y  sin casualidad, lacé una homilía a las tres -porque quejosas eran tres, Mariana, nuestra vecina y amiga Jimena Barrientos y Gloria, las dos amigas a contar las historias de que Eugenia jugaba de forma erótica con los niños. Mis palabras fueron serenas y directas y comenté de inmediato que los niños eran sexuados desde antes de nacer- un saber precoz de las ideas de Sigmund Freud,[6] Wilfred Bion[7] e de Mélanie Klein[8], que más tarde me llevaran a escribir el libro presentado en el día que nació nuestro primer nieto, Tomas van Emden, por título: O saber sexual das crianças. Desejo-te, porque te amo[9], publicado a tiempo y horas, por mi Editora Afrontamento, en la ciudad de La Guarda, en Portugal, a 20 de Junio de 2000, el día del nacimiento de mi primer nieto.

 

La conversación de las Señoras quedó interrumpida por mi entrada y alocución en defensa de los niños. Les dije de inmediato si a ellas no les gustaba hacer el amor. Quedaron con la cara colorada. Les dije que a los niños también y que lo peor que se podía hacer, era estimular la sexualidad, que ya estaba en ellos, pero peor aún era ocultar que los adultos hacen el amor solos y en su cama, que no era juego. Y por ahí fuimos hablando, hasta que Jimena, la más virgen de las mamás presentes, salió y se fue, toda cortada. Nosotros tomamos onces y hablamos de otras cosas. Mariana me dijo que había sido un encuentro genial y que salía con nuevas ideas en la cabeza.

 

Es el Chile que Eugenia conocía y que Camila nunca llegó a conocer ni a saber, excepto de la historia del país, ¡si por acaso sabe alguna cosa! Lo que nuestras hijas ni sueñan, es la inspiración que me dieran para desarrollar, mas tarde, las ideas de la sexualidad de le infancia, que me llevara a crear los doctorados y maestrados en Antropología de la Educación y en Etnopsicologia de la Infancia, que hasta el día de hoy, enseño y escribo.

Quién era más recatada en su sexualidad infantil, era Eugenia, siempre preocupada si tenía amigos o no, ahí donde Camila gustaba, en sus tres años de edad, jugar con sus genitales, lo que nunca fue prohibido por nosotros. Lo que normalmente hacíamos Gloria y yo, era distraerla para otras actividades, que la hacia olvidar del deseo ya instalado en su cuerpo, como en todo ser humano acontece.

 

No fue por acaso que en esta novelada biografía sobre nuestras, haya introducido citaciones de tres autores. Freud, en su texto, analiza lo que él denomina aberraciones sexuales, como homosexualidad, masturbación, pedofilia, y el análisis que hace en las páginas 127 a 155, del texto en inglés, en el cual resume las, en su tiempo y creencias, aberraciones sexuales, como una interrupción hecha por otros, a la libido de la infancia. Hoy en día, excepto la pedofilia, no son ni delito ni pecado, como está definido por la ley en varios países y como reformuló Karol Wojtila o Juan Pablo II en su Catecismo de 1991. Así como Klein define envidia (inveja en portugués), como la defensa que hacen los niños de su fuente de alimentación, después de analizar el caso de su sobrino Richard, referido en el volumen tres de las obras completas de Klein, ya citada, y que en síntesis dice: el ego de la criatura es  muy inmaduro e el  superego muyo débil para establecer un proceso psicoanalítico, y que, en consecuencia, el analista debería adoptar el papel de apoyar al ego y fortalecer el superego, en consecuencia, el analista debería adoptar el papel de guía para sustentar o ego e fortalecer el superego. Melanie Klein sostenía que el superego de la infancia es mas perseguidor y rudo de lo que es en fases posteriores de desarrollo, e así, el papel del analista debería ser disminuir la severidad do superego, permitiendo, con eso, que el ego se desenvuelva mas libremente. Esta incumbencia, así como otros aspectos teóricos de la obra de Melanie Klein, levantaran contra ella una fuerte oposición en los medios psicoanalíticos, habiendo así la propuesta, en 1945, de excluir a los kleinianos de la Sociedad Británica de Psicoanalice[10], lo que no llegó a acontecer. Su discípulo Wilfred Bion fue más lejos, pare decir que el problema de la alimentación de bebé comienza ya en el útero materno, bien como su estado erótico, desde el tercer mes de embarazo de la madre[11]. Bion prueba esta hipótesis a lo largo de toda su obra, que es creíble y usada en estos días, ideas retiradas de su profesora, la Psicoanalista Húngara ya citada, Mélanie Klein.

 

¿Por qué estas citaciones, al hablar de nuestras hijas? Es apenas para recordar a las personas de que la educación de ellas está muy basada en teorías que, en el tiempo del nacimiento de ellas, era un rayo de luz, para entender como criarlas. Para ser padres, parece que nada es importante, excepto colocar hijos en el mundo, resultado de una pasión. Como educador, no puedo admitir esa ilusión, los niños deben tener no un analista, como no estoy de acuerdo con Klein, cuya teoría nos clasifica a los papás y mamás, como seres ignorantes, incapaces de educar a sus hijos. Lo que es muy importante en el pensamiento de Klein y Bion, eso sí, es que los padres  puedan ser orientados por ellos talvez, para criar a sus hijos y dejar de pensar que lo que está en el útero materno sea apenas el fruto del amor. ¿Qué estas ideas rompen la ilusión del bebé que se espera? Recuerdo la voracidad nuestra en busca de libros para saber criar a nuestros hijos. Estaba en la moda, en el tiempo del nacimiento de Eugenia y Camila, el libro del Dr. Benjamín Spock[12], era, prácticamente nuestro libro de cabecera, especialmente si los niños se enfermaban. Pero lo que más buscábamos era la referencia de cómo curarlos, no de cómo cuidarlos de forma afectiva y amorosa. Parecía que estaba dentro de nosotros el hecho de saber ser padres cariñosos, pero no, éramos padres con miedo, sin orientación, que nos cansaban en noches sin sueños o días enteros con el bebé a llorar.

 

 

publicado por Carlos Loures às 15:00

editado por Luis Moreira às 17:49
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Quinta-feira, 13 de Janeiro de 2011

A MATERIALIDADE DOS AFECTOS - por Raúl Iturra

 

 

 

As crianças observam-nos. As crianças sabem de nós. As crianças descortinam-nos. Esses pequenos seres entre os 12 meses e os cinco anos, imitam-nos. Procuram em

nós uma satisfação sentimental das suas emoções e colmatar os seus desejos de uma resposta simpática no difícil processo de amar. Um processo que requer um parceiro, esse processo de ida e volta, conjugado no verbo amar: de simpatia, de antipatia, com raiva, ou, simplesmente, não amar. Em síntese, uma complexidade entre as relações baseadas nas emoções, nos sentimentos e na intimidade do desejo. É esse descortinar dos nossos afectos que permite aos mais novos aprender a ser adultos, com bem ou

mal-estar na cultura, como referia o nosso mestre Freud no seu texto de 1930 [5], ao desenhar aberrações sexuais do seu tempo. Os mais novos escrutinam o nosso agir, decidem se é bom ou mau para eles e não vão a votos, é um observar sem democracia. Ditadura dos mais novos que obriga os mais velhos, a um comportamento adequado

aos seus sentimentos definidos pela epistemologia cultural, que os mais novos desconhecem.

Há uma procura de empatia simpática, a mais primária das emoções, referidas no meu livro de 2000 - O saber sexual da infância e no anterior de 1998,

Como era quando não era o que sou ou O Crescimento das Crianças, para os quais remeto ao leitor, por falta de espaço. Ditadura, essa, referida ao adulto como uma entidade que ensina, predica, pratica sentimentos agradáveis e é observada com toda a atenção.

publicado por Carlos Loures às 15:00

editado por Luis Moreira às 18:15
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Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2011

E A DOENÇA FILHO? O NOVO FASCISMO QUE NOS PUNE COM TERRAMOTOS - 3- por Raúl Iturra -3

(Conclusão)

O novo Presidente do Chile, essa doença…

Permita-me, filho, que diga que a nossa doença advém daí. Do desapreço que recebemos, dos desapreços que sentimos. Quando o fascismo torna a ser dono de um país destruído. Quando a terra tremeu as 11.25 da manhã de hoje, ao ser transferida a banda presidencial da socialista Michele Bachelet ao novo Presidente: o que faltava por cair no Chile, derrubou-se nesse minuto. Da concorrência, à qual esse sentimento do lobby que ganha, nos obriga sentir. Do correr entre milhares, para sempre chegar primeiro. Sem reparar que há os que não querem correr. Ou, não podem. De que há os que querem calma e paz e silêncio, e nós ouvimos barulho. Esse que não é das Canções sem palavras de Schubert, que me acompanham enquanto faço este texto para ti.


A doença social acaba na individual, acaba no acamar para descansar do olhar crítico dos que possuem o que nós já tivemos e que o tempo nos fez deixar. Acaba por nos acamar quando há um patrono que manda trabalho sem nos consultar, com horas a mais, sem segurança social que nos garanta esse dia de repouso, esse dia de contar as horas para poder dançar sem mais fazer que rir. Esse dia, que é o tempo de estar com aqueles que fizemos. E ter essa companhia para passar os dias. Uma doença, que nasce de se habituar a andar em silêncio, a seguir o tanto falar que a ocorrência concorrencial da vida nos impingiu na alma, no pensamento, na ideia, na cultura de crime e castigo que tivemos de viver. A doença aparece no olho, no estômago, no pé, mas é a alma que aí a quis colocar, que a quis pôr. Ao longo da vida, corremos mil provas para a ganhar. E, provas corridas e ganhas ou perdidas, o que queremos é que a vida seja a lealdade carinhosa dos que acompanhamos e quisemos nós próprios, acompanhar. Desses que não guardam silêncio e podem falar de si perante os seres amados, os seres em quem nós confidenciamos, os seres que constroem o elo da nossa vida de prazer.
A vida, que Freud nos diz, tentamos fazer e não conseguimos, porque, como lhe diz Malinowski, em 1926, através de Jones, esse discípulo de Freud com quem o nosso pai da Antropologia discute, a vida está definida antes de nós nascermos e à mesma ficamos colados. Colados para sermos premiados se andamos pela via do meio, punidos se andamos pela via contrária. Via pela qual, tantos gostam de andar.


publicado por Carlos Loures às 15:00

editado por Luis Moreira às 01:57
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Terça-feira, 14 de Dezembro de 2010

Fala que não entende-3 por Raúl Iturra

(Continuação)
Esta citação revela o império do desejo de entender que a relação cultura - indivíduo, não é apenas uma problemática denominada por Kraepelin um problema civilizacional, é apenas, como referi antes, uma relação de interacção social entre as leis que governam o comportamento humano, orientam a educação dos mais novos e desenvolvem um adulto capaz de se separar da vida social, por mutações biológicas causadas na base de situações emotivas contraditórias, manifestadas pelo adulto, como no caso das formas rituais paranormais de amok, lata, koro, comportamentos que observa nas culturas citadas no paragrafo anterior e redige no seu texto de 1904: Psychiatrie comparée [120], onde refere formas de agir perante o que eu denominaria a traição da cultura ao indivíduo que, até essa altura, vivia em paz, no meio dos ditames da lei escrita ou tradicional, rituais e mitos, sentimentos definidos e formas materiais de os exprimir que não feriam as relações das pessoas entre si, sempre que essa forma de agir prescrita for cumprida.

Situações observadas, sentidas e a desenvolver sentimentos na educação dos mais novos. Eis o motivo pelo qual os organicistas não se ocupam apenas com processos de transtorno mental, mas também de teorias educativas, da forma observada por Edwin Guthrie, Melanie Klein, François Dolto e os outros terapeutas referidos. Formas educativas que procuram dar a entender que não é apenas a relação entre adultos e descendentes de uma mesma família o facto social de importância para a resposta epistemológica da criança perante o grupo, também o é o comportamento do grupo em frente de si próprio, grupo que inclui os mais novos como a parte maior e mais vulnerável e que a pouco e pouco reparam, na sua autonomia e independência perante a vida, sem poder ser independente da alimentação e do carinho que os outros indivíduos devem dispensar. Dai que a criança não seja um subentendido: a criança não entende o que se fala e fica mais exposto ao que vê fazer de diferente aos costumes culturais. Este é o contributo que Kraepelin retirou de Java e abriu um caminho para que os eruditos da mente pudessem comparar e retirar formas de comportamentos convenientes á formação do indivíduo. é impossível não sintetizar os comentários que aparecem no livro, esse pioneirismo de reparar [121]em dois conceitos fundamentais para a nossa análise: o etnocentrismo que acaba por ser o elo que orienta o comportamento: o que nós somos é o melhor, ou o que fazem os outros é com eles; e o peso do comportamento cultural e a sua manipulação, que acaba por ter um limite, o da racionalidade emotiva do comportamento entre pessoas. O etnocentrismo define tabus e dinâmicas de comportamentos, traça a linha limite das formas de reprodução humana no saber e entre quais das pessoas da população a afectividade é possível e a relação empática define -se como simpática ou antipática. é o que os autores que introduzem Kraepelin manifestam.
Roudinesco e Plon consideram que "historiquement, l"ethnopsychoanalyse est née de l"ethnopsychiatrie fondé par Emil Kraepelin », texto no qual concluem que a etnopsicologia « c"est l"expresion trnasculturelle qui a fini par s"imposer en lieu et en place d"ethnopsychiatrie ou d"ethnopsichoanalyse, trop chargé d"ethnocentrisme"[122].

Segundo ponto que queria comentar antes de entrar pelo texto das idades da criança e do seu entendimento do mundo: uma definição de Etnopsicologia para entendermos a parte do processo educativo que a Etnopsicologia da infância trata e que fica referido nas páginas anteriores, com o acréscimo do etnocentrismo, conceito fundamental para nos entendermos com a infância.

Etnocentrismo definido mais tarde por Claude Lévi-Strauss a pedido da UNESCO e que teria feito as delicias do autor da Etnopsicologia[123] que acabou por dedicar a sua obra a relações de imigração para entender de forma comparativa as formas de pensamento, fossem estes etnocentricos ou a fugir das formas mandadas pela interacção social: o etnocentrismo é o desenvolvimento do meu Eu entre os meus, ou do meu grupo social, regras, normas e, especialmente, o fechar as relações aos "selvagens" ou pessoas que vivem á beira do nosso agir, com regras não aceites por nós, ou, pelo menos, para nós, apenas para os outros, enquanto que "indígena" é o habitante natural de um grupo que tem a sua geografia e os seu território, que defende por todos os meios, até pela guerra ou pela união parental.

E um terceiro e final, o comentário do próprio Freud sobre a temática. Discípulo de Wundt na Alemanha, influenciado por Kraepelin e os outros intelectuais germânicos, Freud não consegue não comparar as suas análises sobre a história e processo formativo das neuroses e a histeria, sem estudar grupos australianos com os quais compara a conduta europeia. O resultado é o texto Totem and taboo. Some Points of Agreement Between the Mental Lives of Savages and Neurotics, escrito em 1913[124]. O texto de Róheim que tenho organizado, diz: «Si nous avons commencé cette partie en nous référant á la définition même de Freud, c"est pour souligner le fait que l"ethnopsychanalyse n"est pas une discipline nouvelle ; elle est contenue dans la psychanalyse. Elle est une facette et plus précisément (et en premier approximation) celle que questionne l"interface entre psychisme et culture… ». [125]. é assim, comenta o escritor, como Freud se afasta da clínica para entrar no modelo comparativo de comportamentos nem sempre da sua cultura. Um Freud, como comenta o texto que tenho preparado sobre La Psychanalyse Française [126], que coloca o autor fora do campo analítico francês, muito anti judaico para aceitar as ideias filosóficas do autor. E, no entanto, são ideias que ajudam a perceber essa diferença epistemológica que permite dizer que se pode falar perante as crianças, porque não entendem. Muito embora o caso contrário seja também real: o que a criança diz, não é percebido pelos adultos.

3. O começo da teoria analítica. Entender.

Entre outros motivos da não percepção, está a formação diferente, quanto a imaginário, entre adultos e crianças. O conjunto de adultos que procura entender a criança, vive de forma pragmática e pensa de forma material. O caso mais conhecido, é o do fundador da psicanálise, Sigmund Freud [127]. Como o autor diz, " Sigmund Freud is part of a group of thinkers who have reacted against religion in its formal expression (E.g. Church, liturgy, the belief that God lives in the heavens etc.), but at the same time seeks to internalise key religious concepts and then relate them to the human psyche. However, unlike modern non-realists who see value in religion as a means for promoting certain social and moral values in society (see God as the Sum of our Highest Ideals), Freud is more akin with the likes of Karl Marx who saw religion as an immediate expression of some deeper human problem which needed to be 'cured' (see Marxism). Although Freud was Jewish he never practiced his religion and in fact he believed that all religion was an illusion which had developed to suppress certain neurotic symptoms in humans " e acrescenta uma frase do autor: " [Religion] must exorcise the terrors of nature, [Religion] must reconcile men to the cruelty of fate, particularly as it is shown in death, and [Religion] must compensate them for the sufferings which a civilised life in common has imposed on them".[128] Formas de pensar que dizem respeito ao pragmatismo usado pelos analistas, que retiram das suas formas de pensar, o pensamento simbólico criado pela mente humana entre a natureza e a crença na existência de uma outra vida. Acrescenta o autor da biografia de Sigmund Freud: "In the end Freud believed, as did Marx, that the religious instinct in people was curable (even childish), and so at some point in the future could be abandoned. This would happen once people left behind their psychological illusions and live as restored people in a world of scientifically authenticated knowledge. Yet despite this negative assessment of religion Freud's theory can open up other possibilities for explaining why humans have the religious instinct" [129]. Ideias que Freud desenvolve nos seus textos sobre Moisés[130]para comparar uma ideia fundamental da sua teoria: 'If the relation of a human father to his children is, as the Judaic-Christian tradition teaches, analogous to God's relationship to humanity, it is not surprising that human beings should think of God as their heavenly Father and should come to know God through the infant's experience of utter dependence and the growing child's experience of utter dependence and the growing child's experience of being loved, cared for, and disciplined within a family" [131]

A questão que se coloca para não se entenderem adultos e crianças, é a ideia de, como Freud diz, a religião causa histeria, retira o pensamento positivista e cartesiano e causa uma doença psicopata ao confrontar o que eu faço e penso com o que pode ser feito e pensado por uma criatura não humana. A sua análise começa ao tratar do conceito totem, no seu livro de 1913, Totem e taboo, já citado. A ideia é que o imaginário infantil cria estas entidades, classifica as relações entre os seres humanos e pode pensar que o seu pai é o totem do seu clã, ao qual é retirada a capacidade de mandar, retirando a si a capacidade de amar e criando uma histeria no mais novo. é por isso que Freud retira uma parte do diálogo cultural, entre adultos e crianças, das suas próprias formas de pensar monoteístas e bíblicas, como é possível verificar na sua análise das tábuas para usar o conceito Jesus como Anti édipo. Por outras palavras, a análise do pensamento omnipotente, retirado dos mais pequenos do grupo, que não querem deixar de ser quem manda[132]. Jesus é o Filho do Pai que em tudo obedece e a tudo fica submetido: vive para cumprir a vontade do Pai, elo central da pesquisa de Freud e da sua escola. Se soubéssemos bem a teoria da nossa cultura, nem era preciso acrescentar nada para entender a figura desse Moisés denominado Jesus. A análise leva em si os conceitos de trauma, libido, latência, recalcamento, repressão, conceitos associados á ideia de erotismo, mas que têm sido definidos antes, como a subordinação de um ser humano a outro, como é o caso dum Moisés que serve e libera o seu povo da servidão, da subordinação a uma família proprietária de seres humanos, como os faraós do Egipto Antigo, enquanto Jesus baixa como ser humano ao meio do seu povo para o redimir - o salvar - de comportamentos que a subordinação a outros povos - no caso Israelita, ao Romano do Ocidente primeiro, e ao de Bizâncio mais tarde - causa entre eles: a luta pelo mais forte, a traição aos seus concidadãos, as formas de cumprir deveres que, para viver em paz com os invasores, se tornam atitudes estimadas de mágoa e zanga para com a sua própria divindade. O denominado Complexo de édipo, já analisado antes, passa a explicar, no caso de Freud, qual a dinâmica das crianças no seu comportamento infantil. O que movimentaria a um ser humano entre o ser amamentado e a idade de entender que existe como entidade própria e pode procurar a sua alimentação, seria o amor ao pai do sexo oposto e os ciúmes ao do mesmo sexo: a luta entre o desenvolvimento da pessoa e a aquisição da autonomia. Talvez, nas próprias palavras de Freud possamos entender o que as metáforas totémicas Moisés e Jesus, significam entre os povos israelitas e, para Freud, o seu derivado, o cristianismo, como refere na sua obra, especialmente no importante texto Totem e Tabu.[133] . Mas, em conjunto com este texto de 1913, existem dois, analisados por tantos autores, que no meu texto actual, devo omitir toda a crítica e apenas citar: « Au delá du principe de plaisir»[134], que começa logo com esta frase "La théorie psychanalytique admet sans réserves que l'évolution des processus psychiques est régie par le principe du plaisir.", para passar, a seguir, a definir o que é o prazer: "Aussi nous sommes-nous décidés á établir entre le plaisir et le déplaisir, d'une part, la quantité d'énergie (non liée) que comporte la vie psychique, d'autre part, certains rapports, en admettant que le déplaisir correspond á une augmentation, le plaisir á une diminution de cette quantité d'énergie. Ces rapports, nous ne les concevons pas sous la forme d'une simple corrélation entre l'intensité des sensations et les modifications auxquelles on les rattache, et encore moins pensons-nous (car toutes nos expériences de psycho-physiologie s'y opposent) á la proportionnalité directe ; il est probable que ce qui constitue le facteur décisif de la sensation, c'est le degré de diminution ou d'augmentation de la quantité d'énergie dans une fraction de temps donnée. Sous ce rapport, l'expérience pourrait nous fournir des données utiles, mais le psychanalyste doit se garder de se risquer dans ces problémes, tant qu'il n'aura pas á sa disposition des observations certaines et définies, susceptibles de le guider » . Este texto seleccionado é apenas para indicar que, ao longo de 58 páginas, Freud debate o investimento psicológico e fisiológico que todo ser humano faz para dar resposta á sua libido. Libido, conceito referido antes, que denota a distribuição de actividade para possuir, como diz na página 48, o lucro de ganhar a batalha de lutar pelo Eu e pelo princípio sexual, incipiente já na infância. A luta para além do princípio do prazer, é a procura de manter unidas dentro do Eu, a sobrevivência. Engano seria pensar que o princípio libidinal é a procura do prazer sexual, diria eu, bem como a procura do prazer de si próprio, de se gostar, de se conhecer, de desenvolver a auto estima, o gosto narcísico de si, definido como está no outro texto referido, Capítulo 3, que começa pelo título de "O Eu, o super-eu e o ideal de si" Há uma certa parte de nós próprios que aceita e gosta do outro e dos outros, enquanto que o ideal de mim orienta a minha interacção no mundo que vivo. Os textos de Freud definem, no meu ver, as formas culturais de interagir entre Eu e os outros, orientados pelas regras da cultura do grupo social que nós temos em frente ou dentro do qual vivemos. é este argumento que faz pensar um Freud erótico e não um Freud na procura de explicar esta correlação: eu - outro - regras de comportamento. é aí que devemos pensar a dinâmica do denominado Complexo de édipo e, finalmente, entrar pela definição de totem. No caso do Complexo de édipo, Freud diz de forma simples nas suas aulas introdutórias á psicanálise: "childdrendesire to sleep with the mother and to kill the father ", ou por outras palavras, as crianças desejam dormir com a mãe e matar ao pai[135]. Esta hipótese é desenvolvida por ter causado grande escândalo na sociedade austríaca e, em geral, entre as pessoas que acreditavam que a família era a paz e a tranquilidade. De facto, não é que a história de Sófocles tenha causado escândalo como ideia cultural. O escândalo é causado pela descoberta de ideias eróticas que têm as crianças e que os adultos não entendem ou não querem acreditar que existam ou sejam reais. O facto de um neo-nato descobrir que a continuidade de sua vida advêm do seio de uma mulher e que essa mulher é repetida e denominada mãe, transfere o prazer que causa a manutenção da vida e a satisfação de comer, a mais básica das necessidades humanas, para a pessoa que a satisfaz. Sentimento emotivo associado a idade que tem a criança, que entende do seu eu e da sua própria super vivência e não do papel histórico - económico que joga o pai dentro de família ocidental. O que interessa é a descoberta feita por Freud da existência da uma vida genital na criança, definida como atracção de corpo a corpo, com emotividade no meio desta atracção[136]. O interessante é o que Ernest Jones[137] tem estudado e, recentemente, tem-se analisado: o evitar do incesto através da criação da ideia de édipo. O próprio Freud mais tarde analisa os seus textos sobre o édipo: "Freud claimed in Civilization and Its Discontents (1930)[138]provide the historical and emotional foundations of culture, law civility and decency. I find it embarrassing to admit that when I asked myself how much of this I carry around as my normal conceptual baggage; it turned out to be a light valise. First, there is the oedipal triangle, whereby a child somewhere between three and a half and six wants the parent of the opposite sex and has to come to terms with the same sex. "[139] Não é o caso do autor estar a dizer não ás suas ideias sobre o Complexo de édipo, mas sim de pensar o papel que a cultura tem entre entidades que têm desejo, altura em que o incesto passa a ser uma realidade mais importante ou mais gritante, que o saber que a criança sente desejos sexuais, desejos que devem ser evitados para manter o que denominamos em Antropologia a exogamia que caracteriza a organização social da nossa cultura.

A noção da sexualidade infantil como realidade estava já estabelecida. Nos seus ensaios, o próprio autor que estamos a analisar, diz: " The source of infantile sexuality...is to trace the sources of sexual instinct [and] has shown us so far that sexual excitation arises a) as a reproduction of a satisfaction experienced in connection with another organic processes, b) through appropriate peripheral stimulation of erotogenic zones and c) as an expression of certain "instincts" (such as the scopophilic instinct and the instinct of cruelty) …The direct observation of children has the disadvantage of working upon data which are easily misunderstadable…"[140]. O próprio autor reconhece a dificuldade, mas é capaz de demostrar factos que a idade pré-Freud não falava e que Michéle Foucault comenta: "As we have seen Freud"s contemporaries viewed sexuality as flowing directly from nature, directed otherwise resulting in perversions and vice. Freud begins his research along side Breuer whose notoriety for treating female hysterics with hypnosis and surgical removal of the ovaries had shocked and captivated public attention. While his earliest scientific endeavours were founded upon a purely physiological understanding, Freud"s work would increasingly lead him toward formulating a theory of the mind encompassing and integrating the physiological, psycho-sexual and social dimensions. Freud"s legacy to the twentieth century is to have brought sexuality into the social; the sexualisation of the social. "[141]

É a louvável forma de entender o que o adulto não fala porque não entende. Ou que a criança não diz, porque não sabe. Mas é a descoberta que abre as portas ao entendimento de adultos e crianças para sabermos que a dinâmica do ser humano consiste em socializar a sexualidade, reconhecer os seus factos, entender o que a criança faz e diz, aceitar e orientar. Como diz Young já citado, durante anos carreguei com o fardo de pensar que a criança era violadora, invejosa e assassina, até reparar que havia um facto mais importante, organizar as formas de troca matrimonial, quer no Ocidente, quer em outras etnias. Já Melanie Klein tinha andado pelas teorias de Freud, como referi antes, mas não consegue ir mais longe do que entender que a dinâmica infantil é o erotismo.
4. A lógica da cultura.
A questão está em entender o amor, já definido ao começo, e ver a bases religiosas que desenvolvem a psicanálise, como prometi referir. Toda criança procura que o seu pai seja quem comande, não perca a omnipotência. O totem faz parte dessa autoridade. Aí é bem tempo de definir o conceito de omnipotência e de totem, e o melhor, mais uma vez, é o estudante de Wundt, Freud, que diz baseado no seu professor: "In the first place, the totem is the common ancestor of the clan; at the same time it is their guardian spirit and helper, which sends them oracles and, if dangerous to others, recognises and spares its own children" [142]. Mas, um totem é também a forma de organizar as relações individuais das pessoas, definir o conceito polinésio de proibição ou tapu ou tabu, pelo que Wundt, Frazer, Durkheim e Freud, salientam uma segunda parte: "It is as a rule an animal (whether edible and harmless or dangerous and feared) and more rarely a plant or a natural phenomenon (such as rain or water), which stands in a peculiar relation to the whole clan".[143] E, no entanto, Freud salienta, no Capítulo 4 da sua obra, que denomina "The return of totemism in chilhood" o agir da infância perante a ideia totémica, essa história á qual vou retornar, a de Jesus e Moisés, porque é importante para entender as diferentes formas de ver o real entre adulto e criança. Vejamos.

 Para um adulto, o totem organiza a interacção; para uma criança, diz Freud ao analisar o caso do pequeno europeu Hans e do pequeno australiano Arpád, que os dois amam aos seus pais e sentem o orgulho de serem pessoas com uma certa reputação pelo lugar que ocupam na hierarquia [144] e as felonias causadas na base desses factos relacionados com as hierarquias que usufruem, de modo que aprendem - e esse é outro papel do totem, o transferir o saber e as regras de comportamento em sociedade - o respeito aos artefactos e comportamentos associados aos ancestrais, especialmente as duas proibições principais: nunca matar o totem - directamente ou relações e aprender a exógama, que é analisada em outro capítulo.
As notas de rodapé serão publicadas em outro ensaio
publicado por Carlos Loures às 07:00
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Segunda-feira, 13 de Dezembro de 2010

Fala que não entende -2 - Raúl Iturra

Mas, e a criança, como Freud, Klein, Dolto, analisam? Não há razão da parte delas para essa infelicidade? E para a infelicidade que não conhecemos, que não sabemos por falta de observação e de aprendizagem especializada? Mas, que elas no seu agir, palavras e comportamentos individuais e em grupo, nos ensinam quase sem palavras? Porque não há apenas o silêncio do saber proscrito e a infelicidade adulta do pequeno dotado. Há também uma realidade que nasce da própria realidade, enquanto a criança, cuja idade muda e situação social é "retalhada", o ter uma percepção do real, que Wilfred Bion denominaria entender que há um infinito ao qual pertencemos, como seres finitos que somos e que essa finitude deve entender a relação para não entrar na omnipotência que define parte psicótica do nosso ser[112]. Essa criança passa por diferentes estádios enquanto repara que a base da sua vida - a alimentação -, vem de um corpo estranho[113]. Estas idades podem-se apreciar na seguinte tábua:

cours de
psychologie
Grossesse
Naissance
Petite enfance
Latence
Adolescence Age adulte
Couple
Travail
Vieillesse
Agonie
Hoje em dia sabemos que a relação adulto/criança começa bem antes do nascimento da mesma, como tinha já indicado no Capítulo anterior ao comentar textos de Eduardo Sá. O facto de recentemente se ter descoberto do papel que joga o líquido amniótico entre o corpo da mãe e o mundo exterior - um ouvido que amplifica o que acontece fora do ventre materno, faz com que os sons passem a ser naturais, costumeiros, ou desagradáveis e pouco simpáticos. Ou se ouve Mozart e se fica habituado á melodia calmante, ou podem ouvir-se debates e mas palavras.Relações simpáticas ou antipáticas, estudadas pelos nossos analistas e a sua influência no futuro adulto. Não esqueço o bebé que chorava ao ser amamentado: faltava-lhe a viola com Granados a ser tocado, enquanto a mãe brincava com a viola no colo [114]. A análise da função do líquido amniótico, é já antiga, faz mais de 50 anos que médicos, pediatras e terapeutas, procuram uma relação com a capacidade de autonomia da criança ou com a capacidade de comandar os outros, que vários autores analisam, a ditadura da Infância. Anos de estudo e o saber vai-se acumulando, até chegarmos hoje em dia á procura da genética do genoma humano. "O córtex é soberano e, ao mesmo tempo, deixa-se suplantar docilmente pelo reptiliano. O carácter não se sente ameaçado e por isso cede, derrete-se docemente, permitindo que o cerne fique exposto, pulsante, vibrante. "é a necessidade "libertar-se" da actividade mental, com o intuito de reencontrar a unidade psicossomática", como diz Winnicott"[115].

2. Primeira etapa: a pré-existência.
Se a criança entende ou não, é a pergunta para o começo da vida da mesma, definida desde a sua aparente pré-existência. Como já tenho dito e gostava de repetir, a criança é mais um facto cultural de como pequenos e adultos entendem aos cronologicamente mais novos do que um processo da realidade social. A questão é simples: o que é esse entender ou não de se ser criança e o que é que é possível falar em frente do, cronologicamente, mais novo? Os mais novos caracterizam-se por chorarem, ás vezes sem motivo entendível. O pranto dos pequenos pode ser resultado de ouvir uma voz autoritária que faz correr, pensar, sentir, desesperar, se não conhecemos o motivo e a pessoa. Esse ser novo chora e ri desde o seu primeiro dia de existência. Os analistas de pequenos têm defendido que o bebé, como ser humano que sente e é emotivo, começa na gestação e, antes ainda, no imaginário dos pais que pensam produzir um ser humano. Defensor desta ideia é o referido Winnicott, bem como o conhecido Cyrulnik. é a ilusão dos adultos que leva a este tipo de pensamentos. "Como é que será o bebé, semelhante a quem, a cor dos olhos? E outras questões que são colocadas pelos progenitores. Não resisto sintetizar o que a escola francesa organicista de psicologia tem acumulado em saber no assunto do imaginário e da gestação de um outro ser humano e o papel de destaque atribuído aos progenitores durante a gravidez, especialmente o papel cultural alimentar e emotivo da mãe. A história analisada por eles, é assim:
"L"histoire de l"enfant commence dans l"imaginaire des parents. On l"imagine grand, beau, fort et plus tard riche. A partir du moment oú on est deux (couple), on est déjá trois, même si l"enfant n"est pas encore pensé consciemment. Il y a toujours dans le désir d"avoir un enfant un besoin personnel á assouvir. Durant les 9 mois de grossesse, les parents font le deuil de l"enfant imaginaire. On divise les 9 mois en 3 périodes :
1ére période : Incorporation. Il faut acquérir l"identité maternelle, l"assimiler d"aprés la propre histoire de la femme : Quand elle était nourrisson, d"aprés ses rapports avec sa propre mére, son propre pére, sa conception de l"enfant. Cela provoque chez la femme une régression. Elle se voit petite-fille, elle rêve beaucoup de son enfance (souvenirs). Elle pourra aborder sa grossesse soit comme un événement heureux, valorisant, soit avec l"angoisse due á la déformation corporelle, á la fatigue. L"ambivalence des sentiments de refus et d"acceptation pourra entraíner des vomissements, des malaises, des dégoûts…de l"instabilité. Les modifications hormonales toucheront l"humeur, la sexualité… La femme s"installe dans son nouveau statut, non sans heurts.
2éme période : L"enfant est accepté, il bouge, se distingue de la mére. C"est une période sereine. La femme se suffit á elle-même, son corps s"épanouit. Elle ressent une grande sensibilité au monde extérieur. Elle a retrouvé son dynamisme et éprouve beaucoup de bonheur á fabriquer son fÅ“tus. (Notons qu"á ce niveau lá, certaines femmes ressentiront de l"angoisse á l"idée de porter un être vivant, étranger á elles et vécu comme un parasite). La femme commence á concevoir son enfant comme différent d"elle. Le pére acquiert son identité de pére. Il aide psychologiquement la mére á porter l"enfant.
3éme période : Travail de séparation. Les parents confrontent l"enfant imaginaire á l"enfant réel. Un processus de deuil commence. L"enfant existe. Le processus de deuil doit être achevé á l"accouchement. L"enfant naítra réel, autonome et différent. La femme pense á son accouchement, craint les douleurs, le risque de l"enfant mort-né, ou anormal.
L"enfant imaginaire est lá pour combler un manque chez les parents. Aprés la naissance, l"enfant devient d"un coup réel. Cela n"est pas toujours accepté par les parents. Le deuil est donc lá nécessaire.
Cas de malformation á la naissance : Ce qui est important n"est pas qu"un enfant soit incomplet mentalement ou physiquement, mais la façon dont les parents vivent cette incomplétude. Ils pourront y voir une punition, renforçant ainsi la tare chez l"enfant, le confirmant dans son état d"infériorité. Il pourra aussi y avoir de la culpabilisation vis á vis des grands-parents, qui eux ont bien réussi leur travail. Le role maternal será alors plus difficile á acquérir. [116]"
Esta extensa citação da Escola da Etnopsicologia francesa comenta-se por si só., apesar de tanto autor me ter obrigado a entregar estes elementos para saber e lembrar o argumento da procriação e criação de pequenos e dar assim bases analíticas aos leitores. é preciso lembrar apenas três pontos: o primeiro, é que esta é uma, citação do texto da Associação Géza Róheim[117], que define a fundação da Etnopsicologia - atribuída também ao Húngaro Róheim, mas que a História entrega e atribui ao alemão Emil Kraepelin por causa dos seus estudos de método comparado entre europeus de diversos grupos sociais, e os nativos de Java com os artefactos da sua cultura reunidos no Museu que orientava em Hamburgo, e cujas viagens á Índia tiveram por objectivo comparar os conceitos fundados sobre Esquizofrenia e Mania Depressiva, com doenças dos nativos de Java no asilo [118] gerido pelos holandeses. Os seus primeiros textos contextualizam culturas e delimitam a influência que as formas de comportamento normativo social exercem sobre as, nesse tempo, denominadas demências: a forma cultural ensina que não há alcoolismo, mas sim epilepsia, causada pela traição da mulher amada, ou ver o sangue á morte de uma pessoa querida, ou, ainda, ver derramar sangue dos seus consanguíneos ou o facto de entidades míticas denominadas l"amok e le latah, entidades culturais legendárias a agir entre o povo, facto perante o qual se reage, como descreve Gilmore Ellis no The Journal of Mental Science. Doenças que são comportamentos, estudados e descritas por Kraepelin e que Gilmore Ellis analisa na referida revistam: "A ideia que insanidade é rara entre os povos primitivos e que ela tende a aumentar em proporção ao processo civilizatório surgiu pela primeira vez no século XIX. Psiquiatras importantes daquela época defenderam a ideia que existiria uma íntima relação entre civilização e doença mental. A ideia do "bom selvagem", proposta pelo filósofo e reformador francês Russeau, ainda era forte.... Começaram a descobrir doenças mentais que eram restritas a povos primitivos, tais como o amok e o latah, entre os nativos de Java; koro, entre os chineses em Java; o myriath, na Sibéria, pilokto entre os esquimós, etc. Assim, nasceu uma nova abordagem, a assim chamada "psiquiatria cultural do exótico", a qual evoluiu até o presente conceito de síndrome delimitada pela cultura ( "culture-delimited syndrome") Pela primeira vez, o pensamento psiquiátrico buscava fora do seu berço de nascimento uma prova para o valor universal de suas categorias de doença mental. O grande psiquiatra Emil Kraepelin foi um dos primeiros a fazer extensas viagens ao Oriente e examinar pacientes psicóticos entre povos primitivos, tais como na ilha de Java. [119]. O conceito de síndrome culturalmente limitado é central para o entendimento de não termos doentes mentais, mas sim uma relação entre pessoas, etnocentrismo e a sua cultura, com o perigo do afastamento das definições comandadas pela prática e a tradição.
publicado por Carlos Loures às 07:00
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Sexta-feira, 3 de Dezembro de 2010

A materialidade dos afectos, por Raúl iturra.



Retirado do meu livro A ilusão de sermos pais, põe aceder ao livro completo, em:
http://br.monografias.com/trabalhos913/licoes-etnopsicologia-infancia/licoes-etnopsicologia-infancia2.shtml#xintro

http://www.youtube.com/results?search_query=Wagner%20Die%20Valkyrie&search=Search&sa=X&oi=spell&resnum=0&spell=1

Wagner: Die Walkure: Walkurenritt (Karl Böhm)


As crianças observam-nos. As crianças sabem de nós. As crianças descortinam-nos. Esses pequenos seres entre os 12 meses e os cinco anos, imitam-nos. Procuram em nós uma satisfação sentimental das suas emoções e colmatar os seus desejos de uma resposta simpática no difícil processo de amar. Um processo que requer um parceiro, esse processo de ida e volta, conjugado no verbo amar: de simpatia, de antipatia, com raiva, ou, simplesmente, não amar. Em síntese, uma complexidade entre as relações baseadas nas emoções, nos sentimentos e na intimidade do desejo. É esse descortinar dos nossos afectos que permite aos mais novos aprender a ser adultos, com bem ou mal-estar na cultura, como referia o nosso mestre Freud no seu texto de 1930 [5], ao desenhar aberrações sexuais do seu tempo. Os mais novos escrutinam o nosso agir, decidem se é bom ou mau para eles e não vão a votos, é um observar sem democracia. Ditadura dos mais novos que obriga os mais velhos, a um comportamento adequado aos seus sentimentos definidos pela epistemologia cultural, que os mais novos desconhecem. Há uma procura de empatia simpática, a mais primária das emoções, referidas no meu livro de 2000 - O saber sexual da infância e no anterior de 1998,

Como era quando não era o que sou ou O Crescimento das Crianças, para os quais remeto ao leitor, por falta de espaço. Ditadura, essa, referida ao adulto como uma entidade que ensina, predica, pratica sentimentos agradáveis e é observada com toda a atenção. Observação, capacidade baseada na existência de uma expressão material dentro da qual os sentimentos adquirem uma materialidade que possibilita o descortinar de sentimentos. Materialidade emotiva, como e porquê? A primeira ideia que me ocorre, é a da relação adulto e criança, esse carinho imenso que leva ao contacto físico, no dormir juntos, esse sadio relacionamentos de beijos, abraços, apertos que, eventualmente, poderia levar ao prazer do orgasmo ao mais novo na sua natural procura de afecto. Ou do mais velho, facto delituoso definido pela lei como pedofilia. Esta materialidade também acontece em outras sociedades, tal como a referida pelo antropólogo Maurice Godelier [ 6] entre os Baruya da Nove Guiné, no seu texto de 1981. Baruya ou etnia que pensa de forma analógica que a reprodução é possível quando acontece nos factos: tem-se sémen se é transferido entre jovens portadores e dado a beber ao pré - púbere, materialmente incutido para a continuação social da vida na História. O jovem Baruya mais velho deve casar com a irmã do iniciado, mulher que passa a ser a mãe dos seus filhos. Esses beijos e abraços entre irmãos de qualquer idade, são denominados na nossa lei europeia delito de incesto, caso acabe, como tenho observado no meu trabalho de campo, em prazer erótico. Prazer que em outras sociedades, não é delito. Refere Bronislaw Malinowski[7], o fundador da Antropologia Social Britânica, no seu texto de 1928, que entre os grupos sociais da Melanésia, não há incesto se acontecerem relações eróticas entre parentes de clãs diferentes: os filhos o são apenas da mãe, e o homem, parceiro da mulher, necessariamente de outro clã. Não existe pai. Porém, não incesto.

Para nós, o incesto é punido porque é corrente o seu acontecimento no processo da prolongada permanência sob o mesmo tecto de pessoas de família consanguínea. Ocorre-me também pensar em outra materialidade de afectos descortinados pelas crianças, como a masturbação ou formas de auto erotismo, retiradas de qualquer espécie de código falado em família, notícias comentadas, da catequese e a confissão. Conversas que levam a perguntar se a criança tem "acarinhado as partes proibida do corpo", ou definições de catecismos anteriores ao actual, sobre debilidade mental consequência do auto erotismo. Costume social que intima a fazer parte do fair-play ou divertimento erótico entre adultos que a criança pode não ver, mas sabe que a porta do quarto, sempre aberta, ocasionalmente se fecha e fica proibido de entrar.

Relação sexual íntima que passa a ser social porque aos adultos fala, sem explicar, em conversas de mesa. Diferente das formas referidas por Freud em 1913 [8] entre os nativos australianos, ou por Georges Devereux [9]ao falar dos nativos da Europa em 1932 ao compara-los com os Mohave dos EUA em 1961. Ritos organizados por adultos do mesmo sexo, como transferência dos mais novos para uma nova hierarquia social. Baseada, necessariamente, na sexualidade. Conversa ausente da vida familiar europeia. Ou, como Malinowski diz no texto invocado, ao perguntar aos ilhéus do Arquipélago Kiriwina se acontecia fellatio, amor entre o mesmo sexo, relações físicas entre adultos e crianças, os habitantes riram por causa do autor não saber do jogo sexual entre parceiros de diferentes clãs, no primeiro caso, o do carinho procurado entre amigos, no segundo caso, e a iniciação ritual para a vida adulta, no terceiro. Comportamento da prática material de sentimentos que entre todos nós existe e que tem lançado vários Códigos orientadores da conduta sexual, individual e em grupo, como os Dez Mandamentos [10], a Lei Hebraica, as XII Tábuas da Lei Romana, do Código de Justiniano[11]que legislou na Europa entre 527 e 1453 até causarem guerras entre Estados por causa de se avassalar ou não, ao Vaticano. Disputas que levaram ao Direito Canónico a governar Europa, até á separação do Continente entre várias alternativas cristãs para o entendimento do real. Direito, berço da lei civil napoleónica que hoje orienta as nossa vidas. é possível apreciar o elo de toda legislação vigente, no controlo da sexualidade. O processo da sua materialidade não tem pensamento, a paixão carece da racionalidade que a teoria económica desenvolveu recentemente. Ou porque essa racionalidade não prevalece no campo da paixão. A ditadura dos mais novos é necessária para que adultos de emotividade mal desenvolvida, ajustem os seus sentimentos á éticos culturais. A geração que substitua procure esse único valor possível: amor oferecido, amor correspondido. Comportamento amadurecido capaz de entender as inúmeras mudanças da expressão material da afectividade na cronologia da vida. A ditadura dos mais novos é o grito de batalha que procura verdade, amor, definições do que não vê e não compreende. A adolescência, essa etapa difícil da vida, procura respostas empáticas e não apenas: "isso não é contigo", ou análises de pais em desesperada procura de Françoise Dolto [12], Alice Miller[13] e Daniel Sampaio[14]. Derradeira lição que recebe um ser humano ao passar da juventude á paternidade. Paternidade que devia conspirar com a infância e escrever o livro da vida que tem por título a materialidade dos afectos.
publicado por Carlos Loures às 08:00
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Segunda-feira, 15 de Novembro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade - 27 - por Raúl Iturra



(Conclusão)

Anexo 2


O pater romano não era um "pai" no sentido moderno, e essencialmente ocidental, da palavra, mas um "chefe de família", ou um chefe da domus (casa) familiar. Pater é, assim, um conceito diferente do de pai biológico, designado pelos romanos de Genitor. O poder do pater familias era chamado patria potestas (poder paternal). Potestas era diferente da auctoritas, também detida pelo pater. O poder do pater era sobre a sua familia iure proprio (não necessariamente baseada no parentesco, correspondendo, sim, a uma unidade política, económica e religiosa) e a sua família doméstica (baseada no parentesco e na co-residência). É da definição referida nesta linha que a ideia de poder paternal, potestade marital e Chefe de Família, foi retirada, a partir da Lei das Doze Tábuas, da República Romana, circa 462 antes da nossa era, ditada pelos Pontífices Romanos e os Patrícios – homens de posses e de famílias antigas, especialmente para gerir o trabalho dos plebeus, a maior parte da população romana: Os patrícios, cidadãos de Roma, constituíam a aristocracia romana, eram a sua elite. Desempenhavam altas funções públicas no exército, na religião, na justiça ou na administração. Eram grandes proprietários de terra e credores dos plebeus, os quais viviam sob a constante ameaça de se tornarem escravos. Os patrícios, descendentes das famílias mais antigas da cidade, ou seja, dos chefes tribais da região do período pré-romano, eram donos das maiores e melhores terras e os únicos a possuir direitos políticos. História completa em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Patr%C3%ADcio. Não foi em vão que referi, no texto central, o proletariado, as condições económicas e sociais são muito semelhantes, excepto a escravidão. Porém, um proletário vive do trabalho e do seu salário correndo o risco de encerramento da indústria ou de despedimento por causa provada, do proprietário dos meios de produção. Para os Pontífices, a história diz: Os primeiros sacerdotes eram obviamente os reis. A sua posição como mediadores entre os homens e os deuses dava-lhes um carácter sagrado. Com a sua expulsão, foi criado um sacerdote (o rei dos sacrifícios) herdeiro das atribuições religiosas, mas unicamente dessas, dado o pavor que os romanos tinham de adquirir um novo rei. Entre a monarquia e os primeiros tempos da república foram sendo criados uma série de sacerdócios, pois, entre os romanos, era considerada ser função do estado assegurar uma boa relação com os deuses. O colégio das vestais era um dos mais famosos. Na Roma Antiga, o termo latino Pontifex Maximus ("Sumo Pontífice") designava o sumo-sacerdote do colégio dos Pontífices, a mais alta dignidade na religião romana de Rómulo e Remo. Historia completa em: http://roma-antiga.blogspot.com/2006/10/religio-romana-iii-os-primeiros.html


Infância: Essa inexplorada fonte do saber.


Por Alice Miller, Ph.D.

Este tipo de textos de Alice Miller, faz-nos pensar no imaginário da criança. No seu livro de 1986: Bilder einer Kindheit, Suhrkamp Verlag, Franckfurt am Main, traduzido para inglês em 1995: Pictures of a Chilhood, com novo Prefácio da autora, editado por Virago Press, Londres, livro que tenho comigo, a psicanalista diz na página 7: “Ainda me lembro desses tempos em que queria ser uma pintora “real”, munida com as minhas ideias e técnicas, expondo e vendendo a minha obra...… o que estava oculto em mim, era esse desejo de identificação como artista. No entanto, o que realmente interessa é entender a história contada por essa criança nos seus desenhos.

Desde o início da civilização a humanidade debate-se sobre o surgimento do mal e de como poderá ser combatido. Parece-me ter existido sempre uma convicção difusa e intuitiva de instintos destrutivos dentro das crianças, isto é, que as sementes do mal, aliás, do demónio, podem-se encontrar nas crianças. A lei que domina esta triste ideia é a imaginação da existência, esta tendência de pensar que as sementes do Demónio, do mal entre as crianças, são congénitas. A manifestação de instintos destrutivos inatos pode ser corrigida em bondade, decência e nobreza de carácter, tratando-se a criança com uma boa quantidade, muito liberal, de castigos corporais.

Esta é a posição que frequentemente triunfa. No entanto, hoje em dia, ninguém pensa seriamente que o Mal tenha o poder de se intrometer entre as coisas, introduzindo desafios dentro do berço da criança. Maldade que nos obrigue a usar métodos punitivos para submeter este pequeno demónio às forças da ordem social. Apesar de tudo, ouvimos, a partir de vários universos sociais, a séria e severa proposta da existência de genes que predispõem crianças para a delinquência. A perseguição destes genes “marotos” tem inspirado vários e respeitáveis projectos, parte deles realizando, até, inquéritos. Apesar da hipótese por detrás desta ideia não ser suficiente para provar um número de factos em que se acredita. Os defensores da teoria da existência do “mal congénito”, deveriam explicar, por exemplo, porque é que 30 ou 40 anos antes do Terceiro Reich, o gene do mal parecia mostrar a sua hedionda cabeça, bem como o surgimento da imensidão de crianças com “genes perversos”, para que Hitler, mais tarde, tivesse uma desculpa para justificar a morte e humilhação de milhares de seres humanos.

Há hoje evidência científica suficiente e bem provada, para refutar a noção de que há certas pessoas que nascem com o “gene do mal”. Este mito absurdo encontra-se em várias culturas e tem sido investigado de forma efectiva. O mito tem sido aniquilado, todavia, entre a população, subsiste. Bem sabemos hoje em dia, que o cérebro com o qual nascemos, não é um produto acabado como se pensou em tempos. A estruturação do cérebro depende mais das experiências no decorrer da vida, especialmente nas primeiras horas do nascimento, dias, horas e semanas da vida de um indivíduo. O estímulo indispensável para desenvolver a capacidade de empatia, é a experiência de carinho amoroso. Ao faltar esse carinho ao longo do seu crescimento, a criança sente-se negligenciada, cheia de fome de emoções positivas e sujeita a crueldades físicas, pelo que ele ou ela, pode-se sentir confiscado de amor e desenvolver uma capacidade inata de crueldade.

Como sabemos, não nascemos limpos como a alvura. Todo o recém-nascido traz consigo a sua própria história. A história dos nove meses entre a concepção e o nascimento, para além da herança genética dos seus pais. Estes factos podem determinar o tipo de temperamento que a criança venha a ter no seu futuro, as suas inclinações, dotes e pré-disposições. Tudo depende se a pessoa recebe amor, protecção, ternura e compreensão nesses seus primeiros anos que a vão estruturando. Se fica exposta à rejeição, frieza, independência e crueldade, o seu carácter, no futuro pode ser negro e cruel.

Da imensidão de infantes que comete assassínios, normalmente, são crianças nascidas de pais adolescentes, ou de mães toxicodependentes ou aditas a drogas. A negligência, a falta de convívio afectivo e outro tipo de traumas, são as regras que governam estes comportamentos.

Os neurobiólogos, nos últimos anos, têm aprofundado as suas análises; dizem que crianças traumatizadas e negligenciadas, desenvolvem lesões neurológicas severas que afectam até 30% das áreas do cérebro que controlam as emoções. Traumas severos inflectidos nas crianças, que sofrem o escarafunchar/remexer dos pais nas suas emoções, incrementam a libertação de adrenalina, destroem as hormonas que controlam o stress acabando por aniquilar o sistema neuronal recentemente formado e as suas inter conexões. O dano cerebral é imenso.

O médico neurologista e psicanalista da infância, Dr. Bruce D. Perry, é um dos defensores destas descobertas que nos ajudam a estudar e a compreender o crescimento das crianças e o efeito retardado do trauma infantil, que aparece apenas na idade adulta. Os seus estudos vêm confirmar o que eu analiso no meu livro For Your Own Good. The roost of violence on Child-rearing escrito há pouco mais de 20 anos [em 1987], resultante da observação dos meus pacientes e das minhas pesquisas sobre estes casos. No trabalho supra, menciono diversos manuais que contêm a teoria do que eu denomino a pedagogia do envenenamento. Insisto na importância de refutar ou tamborilar princípios de obediência e de trato correcto para com os bebés, especialmente nos seus primeiros dias de vida. Este estudo tem-me ajudado a entender os indivíduos, como Adolf Eichmann, que funcionam como robots assassínios, sem a menor emoção pelos crimes cometidos. Pessoas como Hitler, têm que prestar contas pelo seu agrado em matar desde esse primeiro, até ao último morto. Foram pessoas que jamais prestaram contas pela falta de amor inflectidas sobre elas em crianças. O seu potencial destrutivo não corresponde ao que Freud denomina “síndrome de morte”. Era apenas a supressão, na sua vida de criança, de reacções emotivas naturais.

A monstruosa instrução sobre ser bons pais disseminada por educadores na Alemanha de 1860 teve pelo menos 40 edições. Este facto, levou-me a concluir que a maior parte dos pais leram esse manual escrito por docentes, leitura feita de boa fé. Pais que puniam os seus filhos, batiam-lhes desde o início das suas vidas, por serem ensinados que o castigo educava a ser bom cidadão. 40 Anos depois, esses filhos, já pais, fizeram o mesmo com os seus descendentes. Nem sabiam o que faziam. Nascidos 30 ou 40 anos antes do Holocausto, essas crianças mal tratadas e traumatizadas aderiram a Hitler, adularam-no e fizeram dele um guia. Isto é, a meu ver, o resultado de uma infância desgraçada/infeliz sentida desde muito cedo nas suas vidas. A crueldade experimentada foi transferida para seres emotivos coxos de afeição. Incapazes de desenvolver qualquer empatia pelo sofrimento dos outros. Passaram a ser bombas de tempo para matar, sem consciência, aguardando uma oportunidade para punir e matar, de transferir para outros a raiva que tinham por causa das suas tristes vidas. Hitler forneceu um bode expiatório legal. Podiam assim, agir para deitar fora os seus tristes sentimentos.

As recentes descobertas sobre o cérebro humano, podem levar-nos a uma mudança radical sobre o que pensamos acerca das nossas crianças e das formas como as tratamos. No entanto, como sabemos, os velhos hábitos perduram. É preciso, pelo menos duas gerações de pais jovens, para mudar, libertando-se do jugo pesado que herdaram, essa “sabedoria” de bater nos próprios filhos. Duas gerações até ser impossível dar uma palmada “inadvertida” à criança. Duas gerações até que o novo conhecimento entre para evitar essa “inadvertida” palmada, dada sem “pensar”.

Há a crença de que a correcção ao longo do tempo muda hábitos, sem detrimento da educação. Opiniões somente passíveis quando se pensa que o que acontece na infância, cobra-se na vida adulta. Os nossos espertos (em educação) citados, também sofreram na sua infância a punição paterna, punição que pesou bem mais do que o seu saber erudito, saber que, apenas, ajudou a colocar a afectividade de uma outra forma: virada do avesso!

Esta minha ideia, lançada detalhadamente no meu livro Paths of Life, de 2005, talvez demonstre a imensa importância que dou e adscrevo à educação infantil e porque lhe são tão significativos os primeiros dias de vida, semanas e meses. Debato-me, não pela transferência da minha experiência para os pais, bem pelo contrário. Do que uma criança traumatizada ou negligenciada necessita é de encontrar “apoio” ou uma testemunha avisada dentro do seu círculo pessoal. Testemunha que somente pode ajudar se entender as privações afectivas pelas que a criança passou, sem brincar com esses sofrimentos. É disseminar a informação adequada de quem sabe contextualizar o acontecido com uma criança, que faz dessa pessoa uma testemunha que está a cumprir uma missão. É o que vejo em mim mesma: essa é a minha missão, testemunha do entendimento da dor do mais novo.

Durante um tempo lato, a significância desses primeiros dias de vida da criança, mais tarde adulta, não tem sido considerada pelos analistas nem pelos psicólogos. Em vários dos meus livros, tenho chamado à atenção sobre esta matéria, ao estudar as biografias de ditadores como Hitler, Stalin, Ceaucescu e Mao, demonstrando como reviviam, de forma inconsciente, em adultos, já no universo da política e do poder, as dores da infância. No texto que agora escrevo, quero, no entanto, que esta temática não seja focalizada na história, no passado. Estou convicta que várias áreas da vida prática podem ajudar-nos melhor se fixarmos a nossa atenção na infância tal como ela é hoje. Vejamos alguns exemplos:

A área mais evidente de negligenciar voluntariamente o factor infância, como tenho constatado, é o sistema penal. As estatísticas revelam que 90% dos presos norte americanos foram abusados na infância. Esta estatística é altamente acusatória se considerarmos os factores de impedimento e repressão na vida social. Certamente, o número de pessoas aprisionadas deveria, assim, corresponder a 100%. Uma criança cuidada, agasalhada e respeitada, nunca é uma criminosa. A maior parte dos delinquentes, não confessam os sofrimentos passados na sua infância. Apesar destes factos, temos, ainda, esta alta e eloquente percentagem. Para nossa desgraça, pouco ou mesmo nada tem sido feito no sentido de introduzir este saber nos programas para reabilitar pessoas presas. Como é evidente, pode-se publicamente apreciar que as prisões e penitenciárias de hoje estão longe de serem essas tormentosas, ameaçadoras e obscuras fortalezas do Século XIX. Pelo menos, perante o conhecimento público. Todavia, uma questão fica sem explicação: qual o motivo que faz de um ser humano, um prisioneiro, um criminoso? Esta dúvida levanta-nos outra: qual o traço fisionómico que na sua tenra idade o orientou para estas desventuras? E, ainda, uma terceira: o que causará a reincidência? O que o faz cair uma e outra vez dentro das mesmas desventuras e, raramente, tomar uma atitude firme para mudar. Estas interrogações levam-nos a uma última: o que é que é possível fazer para evitar a reiteração da delinquência? Para responder a si próprio, sobre as questões acima colocadas, o prisioneiro deve ser encorajado a falar, escrever e pensar sobre a sua vida em criança e partilhar esses factos em terapia de grupo.



No meu mais recente livro, reporto a um programa para este tratamento, no Canadá. Devido a trabalhos em grupo, um grande conjunto de pais, que tinham abusado sexualmente as suas filhas na infância, entenderam, pela primeira vez na vida, que as suas acções tinham sido criminosas. Foi de grande importância para eles entenderem o seu comportamento abusivo, falarem da sua própria infância em frente de outras pessoas em quem confiavam. Assim, aprenderam a saber que tinham transferido um trauma da sua própria infância de forma quase automática, essa sua experiência traumática da qual nem tinham consciência.

Estamos habituados a calar os sofrimentos da nossa infância. Pelo que é frequente que se haja de forma cega e inconsciente. Foi a oportunidade de falar sobre os seus sofrimentos em crianças o que os levara a libertar-se da sua prisão silenciosa do trauma, da sua cegueira perante o facto. Com esta terapia em grupo e esse falar, ganharam o seu crescimento passando a serem adultos capazes de se protegerem de si próprios para nunca mais serem criminosos com as crianças. Infelizmente, este tipo de programas é ainda uma excepção. O outro que eu conheço, decorreu numa prisão de Arizona, onde violentos criminosos foram capazes de falar da sua infância, com a colaboração da terapia em grupo. O grupo ajudou a entender o que estava escondido na sua lembrança de criança. Tenho visto vídeos destas sessões de grupo, tendo ficado impressionada pela mudança das expressões faciais destes homens após a terapia. Estes programas ajudariam, se realizados com frequência, a poupar dinheiro dos contribuintes. Estes programas não são caros na sua organização, e o perigo da incidência no mesmo tipo de delito, diminui de forma muito significante. Face a estes resultados, é duplamente surpreendente que não tenham sido introduzidos em mais prisões.

Pode-se apreciar uma semelhante falta de interesse por estes programas na esfera da vida política. Quanto mais o perigo da nação ameaça o nosso mundo, mais perigo existe do aparecimento (surgimento) de ditaduras. Ditadores que são apenas um subgrupo de pessoas que, na sua infância, estiveram expostos a ameaças mentais e físicas. Investem toda a sua energia e talento inatos, em reprimir qualquer ameaça de desamparo que possa tornar a acontecer. Desenvolvem uma mania persecutória odiosa, para com um grupo da sociedade com o qual se sentem ameaçados (Judeus, intelectuais, grupos étnicos). Representam para eles, de forma viciosa e simbólica, os seus antigos perseguidores, os que devem superar ou erradicar a todo o custo, para o ditador sobreviver. Gastos militares altamente dispendiosos são usados para se protegerem de um perigo que já não existe, que já cessou, excepto no seu imaginário. Imaginário inacessível a argumentos lógicos conectados com a fantasia do perigo infantil. Para curar este problema convertendo-o em atitudes construtivas e produtivas, é preciso conhecer um bom troço da história da infância do ditador, bem como saber muita teoria da dinâmica infantil em geral. Infelizmente, é difícil que isto aconteça. Como, também, é difícil encontrar uma pessoa preparada para desobstruir o resultado de tão difícil pesquisa. A tendência na população, por medo ou adesão, é confiar nas medidas destrutivas de confronto directo em vez de abordar directamente a comunicação, o que seria um meio bem mais frutífero. Estamos a lidar com um indivíduo perigoso que deveria ser “retirado da circulação” social antes de matar (mais) pessoas, ou estar consciente que o grupo étnico é apenas um símbolo.









Anexo 4



Para entender esta parte do anexo, é preciso saber o conteúdo do texto de Freud de 1925, Psychanalyse et médecine ou La question de l'analyse profane, texto em francês, que pode ser lido em:

http://www.uqac.uquebec.ca/zone30/Classiques_des_sciences_sociales/classiques/freud_sigmund/psychanalyse_et_medecine/psychan_et_medecine.html,



“Psychanalyse et médecine” ou “La question de l'analyse profane” (1925) Posfácio

Posfácio do livro de Freud de 1925, escrito e publicado em 1927.

Versão em língua lusa do livro de 1925 : Freud, S. (1926) A questão da análise leiga. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, volume XX. Rio de Janeiro: Imago Editora; 1976, pp. 203-93.



Este texto é uma edição electrónica realizada a partir do Posfácio de 1927, da obra La question de l'analyse profane ou “ Psychanalyse et médecine”. Tradução do Posfácio de "Frage der Laienanalyse" in Sigmund Freud, Frage der Laienanalyse Gesammelte Werke, Werke aus den Jahren 1925-1931 (p.287 à p.296), 1948 Imago Publishing Co., LtD., London. Posfácio publicado com base no debate organizado pela publicação Revue Internationale de Psychanalyse, no verão de 1927 (ano 13, N° 2 e 3), sobre a questão da análise (nota do texto escrito em língua alemã). Tradução original realizada pelo nosso colega e amigo, Philippe Folliot, professor de filosofia do Liceu Ango de Dieppe, responsável do sítio web Philotra.

Posfácio (1927) (note 1)

Tradução do Posfácio do livro que em alemão se intitula: "Frage der Laienanalyse"

in Sigmund Freud, e em português: Análise Profano.

Texto Original, publicado em Janeiro de 1925, em língua alemã - Em língua inglesa, 1931 e 1948 (p.287 à p.296), por Imago Publishing Co., Lt., Londres.

Tradução de Philippe Folliot, professor de filosofia do Liceu Ango de Dieppe.

Outubro de 2002.



«O motivo pelo qual escrevo este posfácio, deve-se ao facto das discussões que o livro tem causado (Note 2), debates que irei aqui refutar.

As discussões abordam a actuação de um leigo, nosso colega não médico, o Dr. Reik, na análise de pessoas, acusado pelas autoridades de Viena de ser um charlatão. Pode-se dizer que ele é conhecido por todos e que, após indagações sobre o seu saber e actuação, foi absolvido. O sucesso, parece-me, não é devido ao meu livro. As circunstâncias advêm do pouco suporte da acusação ao considerar o acusado pessoa de pouca confiança. O caso do Dr. Reik foi travado, quando se indagavam dados para o processo. Não me parece ser um princípio justo de um tribunal de Viena. Impedir o desenvolvimento do processo não me parece ser correcto por não ter o significado de um julgamento de princípios de um tribunal de Viena, que inquire sobre um julgamento de análises feitas por um denominado profano. Ao outorgar fé à imagem da testemunha « imparcial » no meu livro que defende essa tese, fi-lo porque ao questionar um dos altos funcionários, um homem de espírito brilhante e de uma integridade pouco comum, sobre o caso entreguei-lhe, pela confiança que me inspirara e depositara nele, um texto, uma tese de defesa pessoal acerca do assunto Reik. Estava consciente de não estar a intervir na justiça, pelo que não me parecia credível que ele adoptasse o meu ponto de vista, encerrando o caso com um acordo imparcial.

Os analistas têm adoptado uma opinião comum sobre a análise profana, da qual discordo, o que me tem levado a não solicitar as suas opiniões. Quem, na pesquisa, tem comparado a opinião da Sociedade húngara com a de Nova Iorque, deve talvez presumir que o meu texto não tem colaborado em nada para a defesa do caso, e, porém, mantém a opinião defendida antes de charlatanearia. A pessoa que critica o « charlatão » está isolada, pois numerosos colegas têm moderado a sua opinião aderindo, à minha análise, ou seja, a ideia que a análise profana não tem que estar baseada em costumes tradicionais, mas que pode nascer de uma situação inédita. Assim sendo, este caso necessitava de um julgamento com outro desfecho.

O meu ponto de vista é simples: não se trata de saber se o analista acusado está munido de um diploma médico, importa, isso sim, saber se adquiriu formação específica necessária para o exercício da análise. O assunto em discussão é, pois, saber qual a formação mais apropriada para um analista. Penso e teimo que não é a que a Universidade ensina ao futuro médico. A denominada formação médica, parece-me ser uma caminhada penosa que entrega ao analista, é verdade, muito do que é indispensável, mas também o obriga a outras matérias em nada necessárias à análise. A universidade ensina matérias que podem desviar o saber e as capacidades do analista para um trabalho demasiado teórico e pesado para o analisado. Pode ocorrer o perigo do seu interesse na psicanálise ser perturbado e a sua maneira de pensar distanciar-se dos fenómenos psíquicos. O programa para a formação de um analista deve consistir, em primeiro lugar, a aprender a elaborar, para globalizar, tanto quanto possível, as ciências do espírito : a psicologia, a história da civilização, a sociologia, saberes que a anatomia, a biologia e a história da evolução, mal podem transmitir. Há tanta matéria para aprender, que ao futuro analista pode muito bem ser retirado do programa essas não consideradas fundamentais, por não serem coerentes para entender a mente, por não conferirem directamente com a actividade analítica. Só apenas lateralmente. O que o analista deve saber é tudo o que permita entender os pensamentos da mente analisada, saberes que colaborem para a formação da mente que analisa, ao intelecto da observação sensível.

É fácil esta critica. Não há escolas superiores de análises que satisfaçam este pensamento ideal. É, de facto, uma idealização que pode e deve passar a realidade material. As nossas instituições de ensino, apesar de toda a sua insuficiência juvenil, são o começo dessa realidade sonhada.

Os meus leitores já devem ter entendido, das minhas palavras precedentes, que estou a propor ideias que, nas discussões, são violentamente debatidas: a psicanálise, por exemplo, ainda não é uma especialidade da medicina. Não consigo tão pouco imaginar o porquê da psicanálise não ser reconhecida como tal. Não consigo perceber como é possível, ainda, não ser uma especialidade médica. A psicanálise é parte da psicologia, não apenas da psicologia médica no sentido antigo, ou da psicologia de processos mórbidos, mas sim, e com muita boa vontade, da psicologia como ela é, apenas com mais conteúdo e saber, essa base que passa a ser a psicanálise. Essa análise que não induza a errar na base do seu uso com finalidades médicas. A electricidade e os raios x têm adquirido uma aplicação médica, como teoria física que trata de duas entidades. Tal como os argumentos históricos : nada podem mudar sem provas. Toda a teoria da electricidade faz parte de uma observação, de uma preparação neuro – muscular, porém, ninguém hoje em dia pode pretender que seja parte da fisiologia. Quanto à psicanálise, tem-se comprovado que foi criada por um médico que se esforçava em curar os seus pacientes. Contudo, não avançou muito, mas ajudou no desenvolvimento da teoria psicanalítica. Este argumento histórico é altamente perigoso. Se o continuarmos, poder-se-ia denominar este médico, um mau curandeiro. O corpo médico oferece uma grande resistência ao saber analítico e somos criticados. Não apenas a esse esforçado médico solitário, bem como todos nós. Um dos argumentos parece ser que hoje em dia ninguém está preparado para estudar a mente, ou que exista o direito de a analisar. Na realidade, ainda que recuse esta conclusão, sinto o ímpeto de recusar a ideia dos médicos. Parece-me bem recusar testemunhas como as referidas. Ainda hoje desafio e pergunto-me se as formas médicas de curar não precisam de saber, pelo menos em parte, da teoria analítica, para saber da libido, o primeiro ou segundo dos sub-estágios da dinâmica da vida, como define Abraham, essa dinâmica de se apropriar ou destruir o nosso objecto amado.

É preciso travar, de momento, a análise histórica: por se tratar de uma análise feita por mim, ofereço, aos que se interessem, as minhas motivações para ser analista. A seguir a quarenta anos de prática médica, o meu saber, sobre mim próprio, acusa-me de não ter sido um bom médico (Note 3). Desviei-me, para ser médico, do meu desejo original, desvio imposto sobre mim. Desvio que me levara a um triunfo, de regresso à minha intenção inicial. Desde muito novo, não tinha reparado no meu desejo de ajudar outros seres humanos a curarem-se dos seus sofrimentos. Uma predisposição sádica da minha parte, que não me parecia muito importante. Esta minha necessidade, não precisava de desenvolver a rejeição que outros sentiam por mim. Nunca gostei de brincar a ser “doutor “ A minha curiosidade infantil procurava outras vias. Na minha juventude, sentia a necessidade de entender os outros e os seus mistérios e os mistérios do mundo para os curar ou encontrar uma solução, isto passou a ser para mim um objecto imoderado. A inscrição na faculdade de medicina, parecia-me ser a melhor via para resolver o meu objecto do desejo de colaborar, embora sem sucesso. Experimentara a zoologia e a química, mas a grande influência que tinha sobre mim von Brücke, por mim considerado como a maior autoridade, levou-me à fisiologia (Note 4) E em fisiologia comecei, apesar de ser, nesses tempos, apenas histologia. Fui bem sucedido em todos os exames. Como em medicina, mas sem me interessar ser médico. O meu venerado professor convenceu-me que ia evitar que eu fosse um teórico. Foi assim que troquei a histologia do sistema nervoso à neuropatologia. Estas novas motivações, orientaram-me para estudar neuróticos. Contudo, a ausência de uma orientação real para ser médico, não abalaram os meus pacientes, a doença nada ganha com o entusiasmo de ser ou não médico. Para um doente, é melhor um médico frio mas correcto no seu trabalho.

O exposto antes é apenas para esclarecer a razão da terapia profana. Apenas para corroborar a minha legitimação, ou não, pessoal para analisar. É preciso somente independência e valor para psicoanalisar e afastarmo-nos do saber médico. Pode-se objectar nesta análise, que o saber psicanalista é um sector da medicina como ciência. Mas, medicina ou psicologia? Eis a questão. Confesso que todo o meu interesse é provar que a terapia não mata a ciência. Estas comparações levam a minha reflexão actual para muito longe das minhas anteriores reflexões. A análise é diferente da radiologia. Os físicos não precisam de doentes para estudar os raios x. O analista apenas tem esse material dos processos da psicologia humana. Estudo que só pode ser realizado com seres humanos. Há relações simples para comprender os neuróticos. São um « material » mais flexível e acessível que o ser humano normal. Se esse material é retirado a quem quer ser analista, as suas possibilidades de aprender ficam reduzidas a metade. Nem por isso, penso eu, criar neuróticos para ensinar analistas. Procriar neuróticos seria levar ao sacrifício seres humanos que já sofrem, para entregá-los àqueles que procuram saber científico. Este pequeno texto sobre a análise profana, é apenas para demonstrar as precauções necessárias que o analista deve ter quando trata deste tipo de doentes, devendo, também, fazer bem ao neurótico. Precauções já alertadas por mim. Posso afirmar que a discussão sobre o sujeito perseguido, anteriormente nomeado, é um debate que nada tem de novo. É preciso chamar à atenção que ele tem analisado sem reparar em essa realidade. Tudo o que foi dito sobre o diagnóstico diferencial, é verdade. O sistema corporal, necessita de um médico para diagnosticar. Mas, como o nome da pessoa não aparece, não sabemos se o saber médico é necessário. Não há qualquer interesse científico, mas a análise leiga tem uma imensa importância na vida social e nas vidas dos pacientes. Ao analisar um colega doente, eu próprio não precisei de usar o meu saber médico pessoal, até o próprio colega não confiava da análise médica. Eu próprio não sou muito favorável a análises médicas na psicanálise. O analista profano, antes de consultar os médicos, recorria a massagistas ou a outras pessoas semelhantes. O analista profano de profissão, apenas usava ou o massagista referido ou passava a ser um orientador de consciência laica. Orientação que passou a ter uma fórmula : "direction de conscience laïque" (Note 5), que servia para não procurar especialistas científicos. E curava…a questão está na fama social que estas pessoas adquirem. Os nossos amigos sacerdotes protestantes, e também católicos, libertam aos seus fregueses das suas inibições, com lições de crença e uma rudimentar orientação psicológica para resolução dos seus conflitos. Os psicólogos, os nossos adversários de psicologia individual da teoria de Adler, fazem o impossível para modificar comportamentos. Estes dois processos, o da orientação laica e o dos teóricos de Adler, têm inserido nos seus cuidados, teorias analíticas. Nós, analistas, damo-nos por completo na análise dos nossos pacientes, profunda e completamente, que até parece uma comunidade protestante, católica ou socialista, tentando aprofundar no processo de negação que o inconsciente faz, esse negar da realidade bem como outros que, como eu, se vê forçado, de forma pouco frutuosa, a reprimir as suas ideias e instintos ou orientações. O que nós fazemos é orientar a consciência até encontrar a melhor associação. Na psicanálise, desde o começo, é necessária uma união entre a cura e a pesquisa, um procurar do saber de si que triunfa e cura. É apenas, quando somos capazes de orientar a consciência analítica e aprofundar a nossa compreensão do paciente, que curamos. É essa a mais-valia científica, o prémio do analista.

Este debate fez nascer em mim a suspeita que, ao escrever sobre o analista profano, o texto é mal entendido. Os médicos estão contra este meu texto como se eu os tivesse declarado universalmente inaptos em frente dos seus colegas. Não é essa a minha intenção. Devo declarar que os médicos analistas sem formação, são bem mais perigosos, aparentemente, que os profanos. A minha opinião real pode ser transferida ao copiar uma reportagem cínica emitida por Simplicissimus (Note 6) sobre as mulheres. Um dos interlocutores desespera-se das fraquezas do belo sexo, enquanto um outro responde remarcando que a mulher é o melhor que há dentro do género humano. As mulheres são o que há de melhor como material entre os analistas. Apenas existe o direito que a sua preparação não tome vantagem sobre a aprendizagem do sexo masculino, sem tomar vantagem de serem mulheres para ganharem melhores lugares entre os estudantes da faculdade. (Note 7). Da mesma maneira, partilho o apoio dos que usam os materiais somáticos em relação aos problemas psíquicos e os seus fundamentos orgânicos, anatómicos e químicos, como fazem os analistas médicos. Não é possível esquecer, também, essa quantidade de pessoas que fazem psicanálise por um lado, e por outro procuram ajuda entre pessoas formadas em ciências do espírito Por motivos práticos, temos o hábito de separar as análises médicas das análises da psicologia. Isto não é correcto. Na realidade, a linha de demarcação está entre a psicanálise científica e a sua aplicação no sector medicamentoso e no não medicamentoso.

Os nossos colegas americanos sabem fazer tudo muito bem. A recusa à análise profana aparece nos seus debates. Estou em crer, que apenas se trata de um abuso do analista e das suas finalidades polémicas, relativamente à resistência médica à análise profana, por motivos pragmáticos. Os Americanos reparam que os analistas profanos no seu país são abusivos e excessivos. Consequentemente, apresentam-se aos seus pacientes como os verdadeiros analistas e cobram muito dinheiro. Ora ai é que é compreensível o desgosto dos analistas clínicos e a distância definida entre eles e os profanos

A resolução dos nossos colegas americanos contra os analistas profanos, ditada apenas por assuntos práticos, ao não poder, por lei, acabar com eles, parece-me sensata. Se não é possível afastar os analistas profanos, é, pelo menos, inapropriado desconhecer a sua existência. O que seria sábio, era reconhecer a possibilidade de uma aprovação no universo dos médicos. Aproximação que visasse colaboração, como no caso da Europa, quer a nível intelectual, quer a nível moral».

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NOTAS.



Note 1: Cette traduction ne prétend à aucune originalité. Elle est motivée par une question de droits. La traduction Gallimard (Janine Altounian, André et Odile Bourguignon, Pierre Cotet, avec la collaboration d'Alain Rausy) (qui n'est pas du domaine public), en effet, semble difficilement améliorable, étant d'une très grande fidélité au texte freudien (les seules infidélités sont motivées par la légitime nécessité d'éviter des redondances ou des formulations que la traduction aurait rendues incorrectes). Les différences de traduction sont insignifiantes, et la traduction Gallimard de la postface doit demeurer la référence. Il eût fallu être infidèle à Freud (dont le texte allemand est d'une grande clarté) pour s'écarter sensiblement de cette traduction. (NdT) (Retour à l'appel de note 1)



Note 2: Cette postface a été publiée à l'issue d'une discussion organisée par la Revue Internationale de Psychanalyse, en été 1927 (13ème année, N° 2 et 3), sur la question de l'analyse profane. (Note du texte allemand) (Retour à l'appel de note 2)



Note 3: La redondance est dans le texte de Freud. (NdT) (Retour à l'appel de note 3)

Note 4: On pense aussi évidemment à Charcot. (NdT) (Retour à l'appel de note 4)



Note 5: L'édition Gallimard ajoute à cette formule la deuxième formule "cure d'âme laïque", à laquelle rien ne correspond dans le texte allemand. Cet ajout se justifie très certainement par une volonté d'atténuer le caractère normatif de l'expression "weltiche Sellsorge". (NdT) (Retour à l'appel de note 5)



Note 6: Personnage de l'écrivain allemand Grimmelshausen (Les aventures de Simplicius Simplicissimus). (NdT) (Retour à l'appel de note 6)



Note 7: Le passage est délicat : "Wo es darauf ankommt, psychologische Tatsachen durch psychologische Hilfsvorstellungen zu erfassen". Ou nous considèrons que "Hilfs" renforce "durch" ("à l'aide de") ou nous considérons que les concepts sont ici des concepts de remplacement (un des sens possi-bles des mots commençant par "Hilfs"), des concepts qui se substituent à des modèles d'inter-pré-tation non psychologiques (voir juste avant la remarque sur l'endocrinologie et le système nerveux autonome). C'est là mon interprétation. (NdT) (Retour à l'appel de note 7)
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Dernière mise à jour de cette page le Mardi 15 octobre 2002 12:03

Par Jean-Marie Tremblay, sociologue.


Anexo 3
publicado por Carlos Loures às 15:00
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Sábado, 13 de Novembro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade –25 por Raúl Iturra.



Anexo 4

Para entender esta parte do anexo, é preciso saber o conteúdo do texto de Freud de 1925, Psychanalyse et médecine ou La question de l'analyse profane, texto em francês, que pode ser lido em:

http://www.uqac.uquebec.ca/zone30/Classiques_des_sciences_sociales/classiques/freud_sigmund/psychanalyse_et_medecine/psychan_et_medecine.html,

“Psychanalyse et médecine” ou “La question de l'analyse profane” (1925) Posfácio

Posfácio do livro de Freud de 1925, escrito e publicado em 1927.

Versão em língua lusa do livro de 1925 : Freud, S. (1926) A questão da análise leiga. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, volume XX. Rio de Janeiro: Imago Editora; 1976, pp. 203-93.

Este texto é uma edição electrónica realizada a partir do Posfácio de 1927, da obra La question de l'analyse profane ou “ Psychanalyse et médecine”. Tradução do Posfácio de "Frage der Laienanalyse" in Sigmund Freud, Frage der Laienanalyse Gesammelte Werke, Werke aus den Jahren 1925-1931 (p.287 à p.296), 1948 Imago Publishing Co., LtD., London. Posfácio publicado com base no debate organizado pela publicação Revue Internationale de Psychanalyse, no verão de 1927 (ano 13, N° 2 e 3), sobre a questão da análise (nota do texto escrito em língua alemã). Tradução original realizada pelo nosso colega e amigo, Philippe Folliot, professor de filosofia do Liceu Ango de Dieppe, responsável do sítio web Philotra.

Posfácio (1927) (note 1)

Tradução do Posfácio do livro que em alemão se intitula: "Frage der Laienanalyse"

in Sigmund Freud, e em português: Análise Profano.

Texto Original, publicado em Janeiro de 1925, em língua alemã - Em língua inglesa, 1931 e 1948 (p.287 à p.296), por Imago Publishing Co., Lt., Londres.

Tradução de Philippe Folliot, professor de filosofia do Liceu Ango de Dieppe.

Outubro de 2002.

«O motivo pelo qual escrevo este posfácio, deve-se ao facto das discussões que o livro tem causado (Note 2), debates que irei aqui refutar.

As discussões abordam a actuação de um leigo, nosso colega não médico, o Dr. Reik, na análise de pessoas, acusado pelas autoridades de Viena de ser um charlatão. Pode-se dizer que ele é conhecido por todos e que, após indagações sobre o seu saber e actuação, foi absolvido. O sucesso, parece-me, não é devido ao meu livro. As circunstâncias advêm do pouco suporte da acusação ao considerar o acusado pessoa de pouca confiança. O caso do Dr. Reik foi travado, quando se indagavam dados para o processo. Não me parece ser um princípio justo de um tribunal de Viena. Impedir o desenvolvimento do processo não me parece ser correcto por não ter o significado de um julgamento de princípios de um tribunal de Viena, que inquire sobre um julgamento de análises feitas por um denominado profano. Ao outorgar fé à imagem da testemunha « imparcial » no meu livro que defende essa tese, fi-lo porque ao questionar um dos altos funcionários, um homem de espírito brilhante e de uma integridade pouco comum, sobre o caso entreguei-lhe, pela confiança que me inspirara e depositara nele, um texto, uma tese de defesa pessoal acerca do assunto Reik. Estava consciente de não estar a intervir na justiça, pelo que não me parecia credível que ele adoptasse o meu ponto de vista, encerrando o caso com um acordo imparcial.

Os analistas têm adoptado uma opinião comum sobre a análise profana, da qual discordo, o que me tem levado a não solicitar as suas opiniões. Quem, na pesquisa, tem comparado a opinião da Sociedade húngara com a de Nova Iorque, deve talvez presumir que o meu texto não tem colaborado em nada para a defesa do caso, e, porém, mantém a opinião defendida antes de charlatanearia. A pessoa que critica o « charlatão » está isolada, pois numerosos colegas têm moderado a sua opinião aderindo, à minha análise, ou seja, a ideia que a análise profana não tem que estar baseada em costumes tradicionais, mas que pode nascer de uma situação inédita. Assim sendo, este caso necessitava de um julgamento com outro desfecho.

O meu ponto de vista é simples: não se trata de saber se o analista acusado está munido de um diploma médico, importa, isso sim, saber se adquiriu formação específica necessária para o exercício da análise. O assunto em discussão é, pois, saber qual a formação mais apropriada para um analista. Penso e teimo que não é a que a Universidade ensina ao futuro médico. A denominada formação médica, parece-me ser uma caminhada penosa que entrega ao analista, é verdade, muito do que é indispensável, mas também o obriga a outras matérias em nada necessárias à análise. A universidade ensina matérias que podem desviar o saber e as capacidades do analista para um trabalho demasiado teórico e pesado para o analisado. Pode ocorrer o perigo do seu interesse na psicanálise ser perturbado e a sua maneira de pensar distanciar-se dos fenómenos psíquicos. O programa para a formação de um analista deve consistir, em primeiro lugar, a aprender a elaborar, para globalizar, tanto quanto possível, as ciências do espírito : a psicologia, a história da civilização, a sociologia, saberes que a anatomia, a biologia e a história da evolução, mal podem transmitir. Há tanta matéria para aprender, que ao futuro analista pode muito bem ser retirado do programa essas não consideradas fundamentais, por não serem coerentes para entender a mente, por não conferirem directamente com a actividade analítica. Só apenas lateralmente. O que o analista deve saber é tudo o que permita entender os pensamentos da mente analisada, saberes que colaborem para a formação da mente que analisa, ao intelecto da observação sensível.

É fácil esta critica. Não há escolas superiores de análises que satisfaçam este pensamento ideal. É, de facto, uma idealização que pode e deve passar a realidade material. As nossas instituições de ensino, apesar de toda a sua insuficiência juvenil, são o começo dessa realidade sonhada.

Os meus leitores já devem ter entendido, das minhas palavras precedentes, que estou a propor ideias que, nas discussões, são violentamente debatidas: a psicanálise, por exemplo, ainda não é uma especialidade da medicina. Não consigo tão pouco imaginar o porquê da psicanálise não ser reconhecida como tal. Não consigo perceber como é possível, ainda, não ser uma especialidade médica. A psicanálise é parte da psicologia, não apenas da psicologia médica no sentido antigo, ou da psicologia de processos mórbidos, mas sim, e com muita boa vontade, da psicologia como ela é, apenas com mais conteúdo e saber, essa base que passa a ser a psicanálise. Essa análise que não induza a errar na base do seu uso com finalidades médicas. A electricidade e os raios x têm adquirido uma aplicação médica, como teoria física que trata de duas entidades. Tal como os argumentos históricos : nada podem mudar sem provas. Toda a teoria da electricidade faz parte de uma observação, de uma preparação neuro – muscular, porém, ninguém hoje em dia pode pretender que seja parte da fisiologia. Quanto à psicanálise, tem-se comprovado que foi criada por um médico que se esforçava em curar os seus pacientes. Contudo, não avançou muito, mas ajudou no desenvolvimento da teoria psicanalítica. Este argumento histórico é altamente perigoso. Se o continuarmos, poder-se-ia denominar este médico, um mau curandeiro. O corpo médico oferece uma grande resistência ao saber analítico e somos criticados. Não apenas a esse esforçado médico solitário, bem como todos nós. Um dos argumentos parece ser que hoje em dia ninguém está preparado para estudar a mente, ou que exista o direito de a analisar. Na realidade, ainda que recuse esta conclusão, sinto o ímpeto de recusar a ideia dos médicos. Parece-me bem recusar testemunhas como as referidas. Ainda hoje desafio e pergunto-me se as formas médicas de curar não precisam de saber, pelo menos em parte, da teoria analítica, para saber da libido, o primeiro ou segundo dos sub-estágios da dinâmica da vida, como define Abraham, essa dinâmica de se apropriar ou destruir o nosso objecto amado.

É preciso travar, de momento, a análise histórica: por se tratar de uma análise feita por mim, ofereço, aos que se interessem, as minhas motivações para ser analista. A seguir a quarenta anos de prática médica, o meu saber, sobre mim próprio, acusa-me de não ter sido um bom médico (Note 3). Desviei-me, para ser médico, do meu desejo original, desvio imposto sobre mim. Desvio que me levara a um triunfo, de regresso à minha intenção inicial. Desde muito novo, não tinha reparado no meu desejo de ajudar outros seres humanos a curarem-se dos seus sofrimentos. Uma predisposição sádica da minha parte, que não me parecia muito importante.
 
Notas:
 
Do It. Ciarlatano s. m., vendedor, em lugares públicos, de drogas cujas virtudes apregoa exageradamente; aquele que explora a boa-fé do público; impostor; intrujão; pantomineiro;



deprec., mau médico. Definido em: http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx A nota é minha, não de Freud.


publicado por Carlos Loures às 15:00
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Quarta-feira, 10 de Novembro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade –22 por Raúl Iturra.

Anexo 2
O pater romano não era um "pai" no sentido moderno, e essencialmente ocidental, da palavra, mas um "chefe de família", ou um chefe da domus (casa) familiar. Pater é, assim, um conceito diferente do de pai biológico, designado pelos romanos de Genitor. O poder do pater familias era chamado patria potestas (poder paternal). Potestas era diferente da auctoritas, também detida pelo pater. O poder do pater era sobre a sua familia iure proprio (não necessariamente baseada no parentesco, correspondendo, sim, a uma unidade política, económica e religiosa) e a sua família doméstica (baseada no parentesco e na co-residência). É da definição referida nesta linha que a ideia de poder paternal, potestade marital e Chefe de Família, foi retirada, a partir da Lei das Doze Tábuas, da República Romana, circa 462 antes da nossa era, ditada pelos Pontífices Romanos e os Patrícios – homens de posses e de famílias antigas, especialmente para gerir o trabalho dos plebeus, a maior parte da população romana: Os patrícios, cidadãos de Roma, constituíam a aristocracia romana, eram a sua elite. Desempenhavam altas funções públicas no exército, na religião, na justiça ou na administração. Eram grandes proprietários de terra e credores dos plebeus, os quais viviam sob a constante ameaça de se tornarem escravos.

Os patrícios, descendentes das famílias mais antigas da cidade, ou seja, dos chefes tribais da região do período pré-romano, eram donos das maiores e melhores terras e os únicos a possuir direitos políticos. História completa em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Patr%C3%ADcio. Não foi em vão que referi, no texto central, o proletariado, as condições económicas e sociais são muito semelhantes, excepto a escravidão. Porém, um proletário vive do trabalho e do seu salário correndo o risco de encerramento da indústria ou de despedimento por causa provada, do proprietário dos meios de produção. Para os Pontífices, a história diz: Os primeiros sacerdotes eram obviamente os reis. A sua posição como mediadores entre os homens e os deuses dava-lhes um carácter sagrado. Com a sua expulsão, foi criado um sacerdote (o rei dos sacrifícios) herdeiro das atribuições religiosas, mas unicamente dessas, dado o pavor que os romanos tinham de adquirir um novo rei. Entre a monarquia e os primeiros tempos da república foram sendo criados uma série de sacerdócios, pois, entre os romanos, era considerada ser função do estado assegurar uma boa relação com os deuses. O colégio das vestais era um dos mais famosos. Na Roma Antiga, o termo latino Pontifex Maximus ("Sumo Pontífice") designava o sumo-sacerdote do colégio dos Pontífices, a mais alta dignidade na religião romana de Rómulo e Remo. Historia completa em: http://roma-antiga.blogspot.com/2006/10/religio-romana-iii-os-primeiros.html

Anexo 3

Infância: Essa inexplorada fonte do saber.

Por Alice Miller, Ph.D.

Este tipo de textos de Alice Miller, faz-nos pensar no imaginário da criança. No seu livro de 1986: Bilder einer Kindheit, Suhrkamp Verlag, Franckfurt am Main, traduzido para inglês em 1995: Pictures of a Chilhood, com novo Prefácio da autora, editado por Virago Press, Londres, livro que tenho comigo, a psicanalista diz na página 7: “Ainda me lembro desses tempos em que queria ser uma pintora “real”, munida com as minhas ideias e técnicas, expondo e vendendo a minha obra...… o que estava oculto em mim, era esse desejo de identificação como artista. No entanto, o que realmente interessa é entender a história contada por essa criança nos seus desenhos.

Desde o início da civilização a humanidade debate-se sobre o surgimento do mal e de como poderá ser combatido. Parece-me ter existido sempre uma convicção difusa e intuitiva de instintos destrutivos dentro das crianças, isto é, que as sementes do mal, aliás, do demónio, podem-se encontrar nas crianças. A lei que domina esta triste ideia é a imaginação da existência, esta tendência de pensar que as sementes do Demónio, do mal entre as crianças, são congénitas. A manifestação de instintos destrutivos inatos pode ser corrigida em bondade, decência e nobreza de carácter, tratando-se a criança com uma boa quantidade, muito liberal, de castigos corporais.

Esta é a posição que frequentemente triunfa. No entanto, hoje em dia, ninguém pensa seriamente que o Mal tenha o poder de se intrometer entre as coisas, introduzindo desafios dentro do berço da criança. Maldade que nos obrigue a usar métodos punitivos para submeter este pequeno demónio às forças da ordem social. Apesar de tudo, ouvimos, a partir de vários universos sociais, a séria e severa proposta da existência de genes que predispõem crianças para a delinquência. A perseguição destes genes “marotos” tem inspirado vários e respeitáveis projectos, parte deles realizando, até, inquéritos. Apesar da hipótese por detrás desta ideia não ser suficiente para provar um número de factos em que se acredita. Os defensores da teoria da existência do “mal congénito”, deveriam explicar, por exemplo, porque é que 30 ou 40 anos antes do Terceiro Reich, o gene do mal parecia mostrar a sua hedionda cabeça, bem como o surgimento da imensidão de crianças com “genes perversos”, para que Hitler, mais tarde, tivesse uma desculpa para justificar a morte e humilhação de milhares de seres humanos.

Há hoje evidência científica suficiente e bem provada, para refutar a noção de que há certas pessoas que nascem com o “gene do mal”. Este mito absurdo encontra-se em várias culturas e tem sido investigado de forma efectiva. O mito tem sido aniquilado, todavia, entre a população, subsiste. Bem sabemos hoje em dia, que o cérebro com o qual nascemos, não é um produto acabado como se pensou em tempos. A estruturação do cérebro depende mais das experiências no decorrer da vida, especialmente nas primeiras horas do nascimento, dias, horas e semanas da vida de um indivíduo. O estímulo indispensável para desenvolver a capacidade de empatia, é a experiência de carinho amoroso. Ao faltar esse carinho ao longo do seu crescimento, a criança sente-se negligenciada, cheia de fome de emoções positivas e sujeita a crueldades físicas, pelo que ele ou ela, pode-se sentir confiscado de amor e desenvolver uma capacidade inata de crueldade.

Como sabemos, não nascemos limpos como a alvura. Todo o recém-nascido traz consigo a sua própria história. A história dos nove meses entre a concepção e o nascimento, para além da herança genética dos seus pais. Estes factos podem determinar o tipo de temperamento que a criança venha a ter no seu futuro, as suas inclinações, dotes e pré-disposições. Tudo depende se a pessoa recebe amor, protecção, ternura e compreensão nesses seus primeiros anos que a vão estruturando. Se fica exposta à rejeição, frieza, independência e crueldade, o seu carácter, no futuro pode ser negro e cruel.

Da imensidão de infantes que comete assassínios, normalmente, são crianças nascidas de pais adolescentes, ou de mães toxicodependentes ou aditas a drogas. A negligência, a falta de convívio afectivo e outro tipo de traumas, são as regras que governam estes comportamentos.

Os neurobiólogos, nos últimos anos, têm aprofundado as suas análises; dizem que crianças traumatizadas e negligenciadas, desenvolvem lesões neurológicas severas que afectam até 30% das áreas do cérebro que controlam as emoções. Traumas severos inflectidos nas crianças, que sofrem o escarafunchar/remexer dos pais nas suas emoções, incrementam a libertação de adrenalina, destroem as hormonas que controlam o stress acabando por aniquilar o sistema neuronal recentemente formado e as suas inter conexões. O dano cerebral é imenso.

O médico neurologista e psicanalista da infância, Dr. Bruce D. Perry, é um dos defensores destas descobertas que nos ajudam a estudar e a compreender o crescimento das crianças e o efeito retardado do trauma infantil, que aparece apenas na idade adulta. Os seus estudos vêm confirmar o que eu analiso no meu livro For Your Own Good. The roost of violence on Child-rearing escrito há pouco mais de 20 anos [em 1987], resultante da observação dos meus pacientes e das minhas pesquisas sobre estes casos. No trabalho supra, menciono diversos manuais que contêm a teoria do que eu denomino a pedagogia do envenenamento. Insisto na importância de refutar ou tamborilar princípios de obediência e de trato correcto para com os bebés, especialmente nos seus primeiros dias de vida. Este estudo tem-me ajudado a entender os indivíduos, como Adolf Eichmann, que funcionam como robots assassínios, sem a menor emoção pelos crimes cometidos. Pessoas como Hitler, têm que prestar contas pelo seu agrado em matar desde esse primeiro, até ao último morto. Foram pessoas que jamais prestaram contas pela falta de amor inflectidas sobre elas em crianças. O seu potencial destrutivo não corresponde ao que Freud denomina “síndrome de morte”. Era apenas a supressão, na sua vida de criança, de reacções emotivas naturais.
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Terça-feira, 9 de Novembro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade –21 por Raúl Iturra.

(Continuação)
Chegava ao fim o Paraíso encantado, sem barulho, longe da cidade, com carros para nos deslocar, ou com as nossas bicicletas ou, simplesmente, a pé ou a cavalo.

Com a minha amada irmã Blanquita, mal havia temporal, ou os bem conhecidos terramotos, normalmente um por ano, ou tremores de terra, quase diários, lá íamos à procura de asilo para os que sem casa ficavam solicitando aos ricos o empréstimo dos seus armazéns, das suas adegas ou terrenos abandonados para construir casas designadas meias águas, feitas em madeira com um tecto para a água da chuva, sempre muita, escorregar – daí, meias água (porque tinha apenas uma placa de madeira, para resguardo da água). O nosso crescimento fez-nos pessoas implicadas persistentemente na defesa dos direitos humanos. A minha doce irmã, nos Centros de Madres com a nossa Senhora Mãe, de uma simpatia e solidariedade impossível de descrever, doce e muito religiosa, de terço às tardes, de joelhos, a família toda, até que, a pouco e pouco, foi ficando apenas com os empregados de casa. O nosso irmão, a converter operários para o marxismo, eu a fundar sindicatos de pescadores e de operários da fábrica, outra a dançar andaluz o tempo todo enquanto criava uma escola para as raparigas operárias.

O primeiro sindicato a reclamar leveza no trabalho, organizei-o com quinze anos de idade e dois anos mais tarde, aos dezassete, criei o teatro; o Centro de Madre, foi fundado pela minha amada irmã apenas com catorze anos; o nosso irmão aos treze anos de idade formou centros marxistas de rebelião ao passo que a mais nova, completava os seus estudos.

Enquanto um era advogado para defender causas perdidas e apoiar os sindicatos (eu), outra formou-se como Assistente Social (Blanquita), mais tarde, já como analista, concebeu o Programa de Atención Integral en Salud, PRAISE, que hoje, após o terramoto da ditadura, coordena em quatro províncias do Centro do Chile, trabalhando desde as 8 da manhã até noite dentro, na constante procura de melhorar as depressões causadas pelo nefando assassínio que faleceu réu de crimes imensos, e em tribunal. O nosso irmão Jaime, Engenheiro Agrícola e Florestal, é hoje em dia membro do PC Chileno, enquanto Flor Maria foi educada, na mesma Universidade dos Senhores Pais, como de todos nós e dos nossos descendentes, para Ser Senhora. Assim, Senhora é, dedicando-se actualmente à pintura. Maria de los Ángeles estudou e criou família, filhos, netos e bisnetos – com esse programa, relatado por mim noutro livro.

Já não havia tempo para correr e cantar, como outrora. O teatro foi à vida, as danças andaluzas também, os Centros de Madres e de Escuteiras, orientados pela Senhora Mãe, e o Sindicato, pela lei que organizámos na segunda metade dos anos cinquenta do século XX. Agora, nos verões, dedicávamo-nos à alfabetização, recorrendo ao método de Paulo Freire, construíamos estradas, levantávamos escolas, ensinávamos higiene, lutávamos pelo nosso candidato, Dr. Salvador Allende e os seus ideais.

Nessa época, ganhei a mania de pregar nas homilias celebradas pelo nosso amigo Mário Erazo às 10 da manhã de todos os Domingos. Nessas manhãs dominicais, levado de carro até à Igreja, eu batia e batia o sino da solidariedade, até conseguir que paroquianos detentores de muitas terras oferecessem algumas das que não usavam, para construção de um bairro que, até hoje, tem por nome Don Raulito Iturra, tal como o que organizara em Viña del Mar, para os pescadores ou o de Caleta Abarca, que visitei em 2004, designado Raúl Iturra. Os santos padroeiros com muito dinheiro e terras comoviam-se com os meus sermões, especialmente quando, como um Lutero, um Calvino ou um Knox qualquer, afirmava que iam ganhar o Reino dos Céus. Foi com essa segurança que, o secretamente ateu Rir – eu – soube levantar a população, nomeadamente em alguns bairros de lata de Valparaíso. Foi assim que me formei em advocacia.

No decurso desses trabalhos de verão, conheci uma rapariga, doce como o mel; perdido de amores pela recém retornada ao Chile, vinda da Europa, solicitei ao meu Senhor Pai que a pedisse em casamento (para mim, claro). Foi longa a espera, mas a minha persistência foi tanta, que ela acabou por dizer sim. E porque sim, casámos. Partimos para a Europa, onde prossegui os meus estudos em Antropologia, e, como antropólogo, deslocámo-nos de novo para o Chile quando aconteceu o assassinato do nosso Presidente e da sua via chilena para o socialismo.

Tivemos duas filhas preciosas e extremamente bem cuidadas, especialmente pela mãe, a minha mulher, que, um dia, ficou farta de mim e pediu-me o divórcio. As suas perspectivas eram, afinal, bem diferentes das do radical revolucionário, com quem casara, que vivia para a prática do Direito e Lei e das Ciências Sociais. O resto, não é a minha história.

Paradoxalmente, a minha história de vida não me parece minha. Assim, para me entender, entre o Id, o ego, o superego, as fantasias e as relações sociais e porque um dia disseram-me que podia falecer por causas neurológicas, apressei-me a escrever as minhas memórias e as lembranças das minhas ultra amadas filhas e as dos seus filhos.

O resultado dessa escrita intensa, apareceu como Mis Camélias-Recuerdos de Padres intresados, texto pensado para ser escrito pela minha pequena família. Não aconteceu. Pelo contrário, criticam-no duramente, apesar de ter ganho um prémio. Esse livro fez-me perder a família. Louvores na escrita, profunda tristeza na vida familiar, solidão das solidões. Gostaria, no entanto, de realçar que pedi licença aos interessados, ao enviar-lhes um exemplar para lerem, sugerirem, darem a sua opinião e, naturalmente, autorizarem a edição. Mas os meses foram passando e uma vaga de silêncio instalou-se por um livro não lido.

Como Etnpsicólogo, como sujeito de uma psicanálise de dez anos para ser etnopsicólogo, decidi auto analisar-me. Por não saber qual o erro, recorri a Freud e aos seus discípulos.

Dir-me-ão porquê Freud? Porque ele, tal como Copérnico e Charles Darwin, revolucionaram a forma do ser humano se ver dentro do infinito Universo. Para Sigmund Freud, as acções e os desejos não são fruto da vontade e da vaidade humana, mas sim do Inconsciente, esta nova maneira de pensar a psique humana, abalou o mundo científico. Ansioso na obtenção de respostas plausíveis para aplacar o sofrimento dos seus pacientes, enveredou pela doutrina de Charcot e utilizou a hipnose nos seus estudos sobre histeria. Muito embora os seus estudos encontrassem resistência na ala conservadora da Medicina, que via nas teorias freudianas uma ameaça à primazia do ser humano, Freud prosseguiu a sua linha de pensamento e descobriu que o ser humano é dividido entre o Consciente e o Inconsciente, lançando as bases da Psicanálise.

É interessante observar como ao comparar etapas da vida de si próprio com a da sua descendência é possível articular as suas descobertas com as experiências pessoais do psicanalista. Como a teoria que desenvolveu sobre o Complexo de Édipo, fundamentando-se na relação com o seu pai morto, recorrendo a uma linguagem metafórica e onírica. O conflito interior que Freud viveu, enquanto tentava penetrar no obscuro Inconsciente dos seus pacientes, temendo encontrar o inefável, o impensável, era, na verdade, receio de encontrar a sua própria essência. Esta questão, também é parte do conflito da minha auto-análise para entender o que foi desastroso na minha escrita de Mis Camélias.

(Continua)
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Segunda-feira, 8 de Novembro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade –20 por Raúl Iturra.

(Continuação)

Pelo seu terceiro ano de idade, o pequeno, já na idade de empatia, torna-se capaz de reabituar as representações que havia aprendido das representações do mundo mental da sua mãe, as suas motivações, as suas intenções e as suas crenças: "Ele ainda vai pensar que sou eu quem tem comido o seu chocolate, apesar de ser o seu irmão. Um bebé a crescer dentro de um mundo frio de afectividade, que se desenvolve num mundo frio, está prestes a pôr atenção a toda a afectividade fria que tudo dos outros lhe pode entregar”. Praticamente pensa: “Toda relação afectiva arrefece ao ser humano. No caso inverso, uma criança que se sente amada, pensa-se amável, por causa dele próprio ser amado”. Este impingir na sua memória de afectividades de sobrevivência, pode criar no pequeno uma representação do seu ego confiante e amável, que usa com simpatia ao entrar na interacção social.

Esta aprendizagem cria um estilo de vida afectivo durável, que se estende, além do mais, para as relações externas, especialmente nos seus encontros amorosos:" Ao saber o que sou, nem por isso oiço aos que me desprezam, não vale a pena". O jovem amado na sua infância pode também pensar :" Ao pensar no que eu sou, estou certo que ela vai-me aceitar”. Esta representação do eu com um outro, é “uma construção a dois” da vida social que depende dos encontros e reencontros, mas que pode-se desenvolver, como todo o fenómeno da memória em relação ao apagar ou esquecer, o reforço da mesma ou a metamorfoses das relações.

O texto original, em francês, tenho-o guardado tal e qual, para os leitores saberem que traduzir não é apenas uma mudança de palavras, é, antes sim, todo um estilo gramatical a ser alterado.

A resiliência passa a ser de uma importância capital para saber e entender o comportamento dos outros. Para, especialmente, entender o Id ou o Isto. Para além de tudo, esse saber das crianças. É a terceira via, para a qual tornamos agora.

Essa terceira via é o saber que o contexto social dá à criança, como Giddens tem desenvolvido nos seus textos, especialmente nos por nós citados nas páginas 54 e seguintes.

O governo e as várias associações cívicas deviam apostar na educação sexual da nossa população, pois, infelizmente, continuamos a ser recordistas, a nível da União Europeia, de gravidezes adolescentes e da prática de sexo desprotegido. Contudo, o mais confrangedor é saber que, relativamente ao primeiro caso, há gente que pensa que não se engravida na primeira relação sexual, e quanto ao segundo, está a aumentar exponencialmente em todas as faixas etárias o número de seropositivos.

Pelo que ficou dito, em nossa opinião, é urgente investir em campanhas de educação sexual a todos os níveis, nomeadamente entre os adolescentes, mais sensíveis aos impulsos da libido e ansiosos por experimentar determinadas fantasias sexuais, mas desconhecendo as suas implicações…Ideias impostas no meu argumento pelo blogue de Maldonado, escrito a 28 de Dezembro de 2008. Durante o dia denominado dos inocentes . Dos Inocentes, pelas mortes causadas por Herodes Antipas, Rei dos Hebreus no Século I da nossa era, ao saber que ia nascer um rei que iria disputar o seu trono. Mandou matar. Quantos? Nem sabemos, mas eram crianças de Belém da Judeia, desde os dois anos de idade para cima. É o que as crianças, as nossas crianças, aprendem enquanto os nossos legisladores tencionam ultrapassar a crise económica que nos habita e não sabem resolver .

É-me quase impossível fechar o texto sem tornar a esse começo afectivo de Boris Cyrulnik. Não duvido que a teoria de Freud, Klein, Bion, e Miller, sejam teorias de importância capital, especialmente as de Alice Miller, para quem procura penetrar o saber da mente cultural da criança. Bem como é-me impossível, após estudar tanta criança, analisar as suas aventuras e desventuras, deixar de referir que, se Freud fosse vivo, deveria rever e modificar a sua definição do Complexo de Édipo e a ideia da figura paterna ser um castrador ao mandar e impor ordem dentro da casa ou lar. Hoje em dia, são os pais – eles e elas –, esta péssima língua portuguesa machista tem palavras iguais para acções diferentes, que sofrem o denominado complexo de Édipo com a saída dos seus descendentes de casa, muito novos. Não casam, vivem juntos em amancebamento ou concubinato , ou seja, não assinam contratos nem se juntam publicamente em cerimónia ritual, e se estão satisfeitos um com o outro, casam depois e trabalham em conjunto desde o primeiro dia em que começam a viver em concubinato, este é o seu experimento pré nupcial que, hoje em dia, a maior parte das pessoas faz, especialmente no Alentejo (Portugal), na Andaluzia (Espanha) ou nos meios burgueses, situação que se verifica pela inexistência contratual ou pela existência, como está definido no Código Civil Português, de impedimentos dirimentes . Antigamente, na minha infância, o Natal era como nas aldeias portuguesas, galegas, polacas, húngaras e em várias da América Latina que o comemoram. Nem todos o fazem, porque na América Latina têm sobrevivido cultos ancestrais que os invasores portugueses, britânicos, franceses e espanhóis não conseguiram tirar.

O melhor modelo para entender a vida e o saber das crianças, é o escritor Quechua- obrigatoriamente peruano por lei - , Ciro Alegria e o seu encantador livro El Mundo Es Ancho y Ajeno . O Gabriel Garcia Marquez e os seus Cien Años de Soledad , ou ainda, de entre a sua vasta obra, Isabel Allende, especialmente com o seu livro Mi País Inventado.

É evidente que um saber para curar de maus-tratos infantis, definidos por Cyrulnik, acaba por nos dizer: senhores, sim, a mente humana é um labirinto de paixões, como diz Garcia Marquez no seu melhor livro: El General en su Laberinto ou na obra El Amor en los tiempos del cólera . Se assim não for, deveríamos lembrar Gabo ou Isabel Allende em La Casa de los Espíritus . Também explica essa mente, o livro mais esquecido de todos, que herdei do meu pai, esse maravilhoso romance Gran Señor y Rajadiablos . Texto que nos facilita entrar numa mente cultural muito desconhecida. Mente cultural, que luta por saber, liberdade e desamamenta os pais mais cedo e ensina-lhes a serem adultos.

O saber das crianças, nas suas três vias, acarinha a sua sexualidade e emotividade como Simón Bolívar no seu Laberinto, como a procura do indigenismo primevo de Ciro Alegria, como a nostalgia do que foi e já não é, no País Inventado. O saber das crianças precisa de psicanálise para entender esse precoce desejo, mas dos seus adultos, porque este texto é para os adultos entenderem as crianças e saberem que a liberdade delas conta desde o primeiro dia, como referi na minha obra Yo, Maria de Botalcura . Texto que advoga pelo saber livre dos mais novos, sem serem impedidos ou travados pelos seus adultos. A psicanálise do saber e da sexualidade das crianças, é para os adultos saberem por onde andam como adultos maiores com descendência liberta pelo neo-liberalismo, que Blair e Giddens não souberam encontrar como terceira via para a liberdade desses adultos. Talvez Obama hoje...


Em jeito de conclusão.


Parece-me, na minha fantasia, não a definida por Freud, mas a definida e invocada ao longo deste texto, essa que às vezes me faz pensar, outras temer, outras ainda ter pesadelos, essa minha fantasia usada na infância quando pensava que os filhos do último Czar da Rússia não tinham perdido uma filha (assassinada) mas sim um filho (que a família Romanoff não queria reconhecer) oculto, bem-criado, tratado com doçura, amor e todo o carinho do mundo, esse filho, mais não era do que o meu pai. Fantasia própria, que sempre povoou a minha mente e permitiu-me sonhar acordado, outorgando galardões aos meus seres mais queridos. Seres queridos, como o meu Senhor Pai, esse Engenheiro e Terratenente, o “el papá”, como era referido por nós, os seus descendentes, ou a nossa Senhora Mãe, Licenciada em Matemática e Línguas. Os dois, da mesma Universidade, essa Pontifícia Católica de Valparaíso, onde se conheceram, namoraram, casaram mais tarde e tiveram muitos filhos e, para acabar este parágrafo, é natural dizer que viveram felizes até ao fim das suas vidas. Final romântico, agradável e convencional.

É evidente que a paixão dessa juventude os levara a ser pais de imensos filhos, que foram estragando a felicidade da frase ritual do casamento: para sempre até ao fim dos seus dias. Colégios caros, a serem pagos todos os meses para que os filhos os pudessem frequentar, fim de mês sempre temido, quando as contas começavam a aparecer. As roupas que deviam ser de marca. Os descendentes eram filhos à Romanoff, dentro de um pequeno imenso estado, no qual, pela fantasia do “gallallla”, cabiam todas as Rússias. Mandava-se a torto e a direito, colaborava-se a direito e torto e montava-se a cavalo ao som do prazer numa praia imensa e privada. Uma fantasia de vida. Fantasia que devo ter vivido ao longo de toda a minha vida. Fantasia que, nesses tempos, me mantinha fechado na Quinta da Baía de Laguna Verde, a nossa pequena monarquia de luz, de sol, de um Pacífico verde-esmeralda, a brincar com irmãos e primos. Irmãos bem mais novos do que eu, primos de marca (não somente a roupa), filhos dos familiares consanguíneos dos nossos Senhores pais. Nem era preciso trazer amigos para casa: éramos tantos! Casa grande, sim, mas nem sempre capaz de receber tanta gente por longos períodos de tempo. Cada um de nós tinha os seus amigos, que adoravam visitar aquele jardim do Éden, comer repostarias bem preparadas pela multidão de servos da gleba que havia dentro da casa dos Senhores Pais. Às vezes, na casa de jantar, eu comia só, enquanto na copa e na cozinha havia mais pessoas do que no resto da casa. E a fantasia ia crescendo: leituras de mitos, de Dickens, Jules Verne, Pablo Neruda, Gabriela Mistral, Stephan Zweig, Pearl Buck, John Cronin entre outros e canto com Mozart, Vivaldi, Beethoven e especialmente Bach e os seus concertos de Branderburg, outros na imensidão das dívidas do Senhor Pai e da sua música, mas, também a fantasia da concertista de guitarra clássica, a nossa Senhora Mãe, com o seu Albeniz e Granados. Nós, os mais novos da casa, nem respeitávamos essa música que, por vezes, era acompanhada de música da casa Real de Espanha ou das impostas, anos mais tarde, pelo ditador (esse que matou a Segunda República de um dos Estados Ibéricos e foi rei até ao dia da sua morte, após cinquenta anos de tirania, essas matanças, também, a torto e a direito).

Eram senhores os meus pais? Mais do que isso, sabiam mandar com simpatia e doçura acolhendo em casa os mais desamparados, sabiam ensinar o que era trabalhar e, ainda, sabiam ensinar como fazer comidas que alimentassem. Ao mesmo tempo, divertíamo-nos com as peças de teatro que nós próprios encenávamos às quais toda a povoação assistia. Não pelo Senhor Pai ser quem mandava, empregava ou despedia pessoal da sua fábrica, mas porque não havia alternativas a este entretenimento, excepto as Missões de Padres organizadas pela Senhora Mãe, ou as sessões cinematográficas que o Senhor Pai promovia. Esse manda chuva que, na minha fantasia, ao longo do meu crescimento, de Romanoff, passou a ser, não na fantasia mas sim, na materialidade da vida, um senhor com quem foi preciso lutar para defender postos de trabalho, manter e respeitar os horários de técnicos e operários, que precisavam de descansar.

No Paraíso encantado, havia uma fada madrinha, a minha Nana Griselda, que me criara e tinha a paciência de esperar o meu regresso a casa, às vezes pela noite dentro. Época em que a organizava Sindicatos, defendia os plebeus definidos por Gracchus Babeuf em 1785 e teorizados por Marx em 1848. Por tratar de casos criminosos em bairros de lata, costumava chegar por volta das onze da noite. Lá estava ela, a calcetar e à minha espera para me servir a comida. Sem duvidar jamais, comíamos ambos na cozinha. Contava-me histórias, especialmente da nossa família que a nossa Senhora Mãe lhe havia contado e eu, depois, transmitia-as aos meus irmãos. Como na Casa dos Espíritus de Isabel Allende. Enquanto eu comia, ela tricotava, narrava e ria. Com um riso alegre e calmo, alimento de serenidade para o meu espírito rebelde e radical de combatente dos plebeus. A minha Fada Madrinha em breve passou a ser a Chela, alcunha inventada por mim ao longo da cronologia dos nossos cálidos jantares a dois, enquanto toda a casa dormia. De manhã, às seis, hora em que ela ainda dormia, eu acordava os meus irmãos e primos para o pequeno-almoço antes de partir para a cidade. A minha Fada Madrinha ou qualquer outra pessoa da cozinha, preparava a mesa da copa para os Iturra mais novos se alimentarem com queijos, o eterno porridge ou aveia com leite, ovos escalfados, torradas e manteiga, por vezes rins ou carne assada, era uma avalanche de alimentos para suportar essas enormes manhãs, sustentar o corpo e a nossa inteligência! A minha Fada Madrinha, que nos abandonou para entrar na eternidade, ainda muito nova, conheceu os seus “netos”- os nossos filhos - e orgulhava-se dos seus descendentes adoptivos. Foi ela, quando por motivos académicos saímos de Laguna Verde para Santiago, quem nos apoiou, enquanto os nossos Senhores Pais tratavam dos trabalhos da indústria nessa encantadora Laguna Verde. Baía que visito sempre que me desloco ao Chile e rememoro as nossas vidas especiais... A minha memória está incutida em Laguna Verde, na casa, hoje abandonada, que já não recebe a descendência dos Senhores meus Pais, espalhada pelo mundo, todavia acolhe a minha Chela, através das recordações. A sua passagem para a eternidade marcou o começo de um fim: das visitas dos primos, dos tios, dos amigos, dos artistas amigos dos Senhores pais; a criançada cresceu e o tango de Gardel, Adiós Pampa Mia, começou a ser cantado na materialidade da vida.

Chegava ao fim o Paraíso encantado, sem barulho, longe da cidade, com carros para nos deslocar, ou com as nossas bicicletas ou, simplesmente, a pé ou a cavalo.

 
Notas
 
O texto original é a nota de rodapé anterior na língua em que foi escrito, que pode ser lido em: http://www.psychotherapeutes.net/amour-gouffre.htm. A versão portuguesa de Martin Fontes, tem uma pequena nota importante para o argumento: “É carregar a morte dentro de si” (p. 5). “Todo traumatizado é obrigado a mudar, senão fica morto. A resistência impede a resiliênci”. Esses traumatizados não tiveram capacidade de usar ou desenvolver a resiliência, nem encontraram um tutor de resiliência, alguém ou um meio favorável que os empurrasse por debaixo do trauma para seguir em frente ou mesmo saltar em outra direcção” Texto em: http://pepsic.bvs-psi.org.br/pdf/rbp/v41n4/v41n4a16.pdf



Nesse vibrante ensaio sobre a felicidade, Falar de Amor à Beira do Abismo, Boris Cyrulnik, demonstra como graves feridas afectivas podem ser transformadas em felicidade. Para o autor, o percurso afectivo, transmitido aos filhos, é composto por feridas, mas também por vitórias e quando estas últimas são as valorizadas, então surge a criatividade.


Este texto, embora muito mal escrito, está acessível, em: http://www.planetanews.com/produto/L/129422/falar-de-amor-a-beira-do-abismo-boris-cyrulnik.htm


Texto completo em: http://a-terceira-via.blogspot.com/.


Apresentada como alternativa entre direita e esquerda, a Terceira Via ruma de facto para a fase mais adiantada da revolução marxista. Frase do blogue: Frente Universitário Lepanto: Estudos variados. Terceira via, “Centro radical” ou etapa avançada do marxismo? Em: http://www.lepanto.com.br/Esttercvia.html. Sitio onde pode, também, aceder ao texto que se segue:


O corifeu, o mestre e a escola


Em Inglaterra, a eleição para Primeiro-ministro de Tony Blair, em Maio de 1997, encerrou um ciclo de 18 anos de governo conservador. É ele o corifeu dessa Terceira Via. Por detrás do Primeiro-ministro britânico, e apontado como seu mentor intelectual, há uma figura: o professor Anthony Giddens. Há também uma escola, a prestigiada London School of Economics, da qual Giddens é o director. Em entrevista a "Veja", Giddens afirma: "A expressão ‘terceira via” nas últimas três décadas foi muito empregue na Europa, sobretudo em países como a Itália e a Suécia, exactamente nessa linha de socialismo de mercado. Falava-se num sistema misto, combinando planeamento central e instituições do mercado. A maioria dos estudos, porém, demonstra que a ideia é inviável. Resultaria em desemprego, estagnação, caos financeiro. Não existe ‘terceira via’ desse tipo". ("Veja", 30-Autor do livro Para além da esquerda e da direita (Beyond Left and Rifht, Polity Press, 1994), Giddens acaba de publicar outra obra, The Third Way. The renewal of Democracy, Polity Press, 1998 (A Terceira Via, citada no início do nº 3 deste texto). A esse propósito, artigos e entrevistas têm sido estampados pelos media. Contudo, o perfil real que emerge da Terceira Via não podia ser outro: uma esquerda disfarçada de centro. Pelas suas próprias características, ela tem que aparecer sorridente; as suas definições são vagas e imprecisas e nos seus métodos, não estão ausentes elementos da velha praxis marxista. Sua meta coincide, sobretudo, com o objectivo último da esquerda: uma sociedade igualitária. (Veja, 30-9-98, p. 11).


"A ‘terceira via’ defendida por nós é a social-democracia modernizada. Ela é um movimento de centro-esquerda, ou do que temos chamado de ‘centro radical”. Radical, porque não abandonou a política de solidariedade que tradicionalmente foi defendida pela esquerda. De centro, porque reconhece a necessidade de trabalhar alianças que proporcionem uma base para acções práticas. Da comparação entre os diversos países que têm lidado com essa hipótese, percebe-se que está emergindo uma agenda comum. Seus principais objectivos são (1) a reforma do Estado, (2) a revitalização da sociedade civil, (3) a criação de fórmulas para o desenvolvimento sustentado, (4) preocupação com uma nova política internacional. Dito assim parece vago, mas é exactamente o que políticos como o inglês Tony Blair, o francês Lionel Jospin, o italiano Romano Prodi e Fernando Henrique Cardoso estão fazendo hoje em dia" (id., ib., os números acima mencionados são da redacção). Mais texto, em: http://www.lepanto.com.br/Esttercvia.html


Estado de quem vive amancebado ou em concubinato, de acordo com o Código Civil Português no artigo 1871, página1545 do Código reformado em 2001 e 2006 que define a presunção de pai, se não houver matrimónio, e o direito da mãe a pedir pensão de alimentos do pai das suas crianças ou concubino, e 2020, que define o amancebamento ou concubinato, como união de facto, página 1602.

Diz-se da situação em que duas pessoas vivem maritalmente sem serem casadas.


ARTIGO 2020º (União de facto)

1. Aquele que, no momento da morte de pessoa não casada ou separada judicialmente de pessoas e bens, viva com ela há mais de dois anos em condições análogas às dos cônjuges, tem direito a exigir alimentos da herança do falecido, se os não puder obter nos termos das alíneas a) a d) do artigo 2009º.

2. O direito a que se refere o número precedente caduca se não for exercido nos dois anos subsequentes à data da morte do autor da sucessão.


3. É aplicável ao caso previsto neste artigo, com as necessárias adaptações, o disposto no artigo anterior.


Texto completo em: http://www.portolegal.com/CodigoCivil.html.


Artigo 1600: Têm capacidade para contrair casamento, todos aqueles em quem se não verifique algum dos impedimentos matrimoniais previstos na lei... Em suporte de papel, página 1358.


Livro IV, Direito de família, Título II: Do Casamento: Artigo 1601


ARTIGO 1601º (Impedimentos dirimentes absolutos)


São impedimentos dirimentes absolutos, obstando ao casamento da pessoa a quem respeitam com qualquer outra: a) A idade inferior a dezasseis anos; b) A demência notória, mesmo durante os intervalos lúcidos, e a interdição ou inabilitação por anomalia psíquica; c) O casamento anterior não dissolvido, católico ou civil, ainda que o respectivo assento não tenha sido lavrado no registo do estado civil (pg. 1358, em suporte de papel).


Artigo 1602: Impedimentos dirimentes relativos: (Impedimentos dirimentes relativos)


São também dirimentes, obstando ao casamento entre si das pessoas a quem respeitam, os impedimentos seguintes: a) O parentesco em linha recta; b) O parentesco em segundo grau da linha colateral; c) A afinidade em linha recta; d) A condenação anterior de um dos nubentes, como autor ou cúmplice, por homicídio doloso, ainda que não consumado, contra o cônjuge do outro (formato de papel, pp 1354 e seguintes).


Alegria, Ciro, 194, El mundo es ancho y ajeno, é uma Novela do escritor peruano Ciro Alegría, publicada em 1941. Considerada como uma das obras mais destacadas da novela indigenista e a principal do autor.1 Mario Vargas Llosa afirma que El mundo es ancho y ajeno constitui "el punto de partida de la literatura narrativa moderna peruana y su autor nuestro primer novelista clásico"2. Esta novela conta com inumeras edições em español e és a novela de Ciro Alegria mais traduzida.


Marquez, Gabriel, 1967: Cien Años de Soledad, Editorial Sudamericana, Buenos Aires.


Allende, Isabel, 2003: Mi País Inventado, Editora Sudamericana, Buenos Aires, México y Madrid.

Márquez, Gabriel, 1989: El General en su Laberinto, Mondadori, Madrid.

Marquez, Gabriel, 1985: El Amor en los tiempos del cólera, Bruguera, Barcelona.

Allende, Isabel, 1982: La Casa de los Espíritus, Plaza e Janés, Barcelona.

Barrios, Eduardo, 1967: Gran Señor y Rajadiablos, Editorial Nascimiento, Santiago de Chile.
Iturra, Raúl-2008-Iturra, Blanca, 2009: Yo, Maria de Botalcura. Ensaio de Etnopsicologia da Infância, Universidade Autónoma de Chile, antigo Instituto del Valle Central, Talca, Chile.

(Continua)
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