Domingo, 24 de Abril de 2011

Esta coisa das preferências nas leituras …, por João Machado

É um problema mais complicado do que talvez pareça a muita gente. Sem dúvida que gostos não se discutem (vocês não digam nada a ninguém, mas eu cá não concordo nada com esta afirmação). Mas o facto é que isto das leituras pesa muito, e de que maneira.

 

O nosso Estrolabio anda com vontade de entrar no assunto. Temos aquela rubrica Os Dez Livros mais lidos do Século XX, a qual, se bem me lembro (nada de comparações com o Nemésio; formidável o Mau Tempo no Canal), até à data, teve escassas participações. Mas as participações que houve foram de alto gabarito. Talvez por isso alguns tenham hesitado em dar o seu contributo. No meu caso, também não contribuí até à data, por várias razões que vou tentar explicar.

 

Quando começo a pensar no assunto fico atrapalhado. Ocorrem-me ideias diversas. Para começar, assalta-me uma data de nomes, uns atrás dos outros, e fico na dúvida. A alguns tinha que os ler outra vez. Recordo-me de Dostoievsky, que li quase todo há quarenta e tal anos, e encho o peito, e ver se consigo ir lê-lo outra vez. Reli há uns meses parte do Crime e Castigo e fiquei novamente de boca aberta. Será que ainda estou assim jovem?

 

Mas li o Germinal do Zola, há mais de cinquenta anos. Lembro-me tão bem … e eu era tão novo. Deve ser um dos tais livros da minha vida. Problema: estes que acabo de referir foram todos escritos no século XIX. Portanto não contam para a nossa estrolábica rubrica. Por vezes organizo-me e ponho-me a pensar no Camus. A Peste é para a lista, sim, senhor. E porque não O Estrangeiro, ou O Exílio e o Reino? Começam novamente as dúvidas. O Saramago, pronto, só ponho O Ano da Morte de Ricardo Reis. Mas se calhar estou a ser injusto com O Evangelho segundo Jesus Cristo, não é? E O Memorial do Convento? O Sartre tem que entrar (eh pá, vocês desculpem, mas A Idade da Razão, quem não a leu faz favor de ir ler. Eu sei que o Sartre era snob (isso dizem, mas não têm razão, uns tipos que refiro mais abaixo), mas caramba, aquilo vai até ao tutano. Bom, mas já que falamos em snobismo, O Ulisses, não é? Levei quase um ano a lê-lo (em inglês, meninos, com o dicionário ao lado, que muitas vezes não me servia de nada), mas garanto-vos que gostei. Vocês não acreditam, mas eu gostei. Bolas (não era esta a palavra que disse alto, mas lembrei-me da Augusta Clara, da Ethel, da Clara, etc. Claro que estou a ver se as provoco). E para continuarmos com o snobismo, o Raymond Chandler tem que entrar. Desta vez ponho só o Farewell, my Lovely, e deixo de fora The Big SleepThe High Window e o resto. Ficam de fora também os títulos em português, porque não me lembro. É o snob. E na passada, não esqueçam o Manuel Vasquez Montalban. Galíndez, de leitura obrigatória. A Autobiografia do General FrancoOs Mares do Sul. Que inveja que eu tenho! Já agora não posso deixar de vos lembrar A Balada do Mar Salgado, do Hugh Pratt (era melhor dizer do Corto Maltese, não acham?).

  

É pouco patriótico deixar os portugueses de fora. Eu não concordo com o patriotismo (é só conversa, que eu sofro á brava com os desaires da inditosa pátria, no futebol e no resto), mas realmente o Manuel da Fonseca e o seu Cerro Maior têm de lá estar. Este gajo põe-me tão parvo quando o leio … E acrescentem o Branquinho da Fonseca e O Barão, tão curioso. Mas deixei-me voltar aos russos e lembrar-lhes um tipo fabuloso, o Mikhail Bulgakov. Li O Mestre e Margarida em Janeiro de 1971, estava de cama, horrivelmente doente. Uma visita do diabo a Moscovo, sim, já depois da revolução … Fartei-me de rir. Se não leram, leiam, que se divertem. E o Soljenitsyne, e Um Dia na Vida de Ivan Denisovich. O homem era reaça, ao que dizem, mas genial, sem dúvida.

 

Bom, acho que já aí têm dez livros escritos no século XX. Contem-nos, faz favor, um por autor, e digam-me se não falhei. Mas vou dizer-vos outra coisa que me perturba. As edições  com grandes tiragens (exceptuando, claro, o Saramago) são de tipos melhores ou piores, mas de nível geralmente para o baixo. Tenho aqui um ponto fraco: realmente não os leio. Qualquer interlocutor daqueles muito inteligentes (acham eles), com uma voz forte e um ar dominador, arruma-me logo com esse argumento na cabeça. Posso tentar responder que vejo frequentemente o José Rodrigues dos Santos, com o seu ar juvenil, na televisão, e que fico a pensar onde é que ele vai buscar o tempo para escrever, que a Margarida Rebelo Pinto deve ser uma moça vistosa, e tem uma coluna no Sol, que já tentei ler, mas obviamente, não chega. Defendo-me ainda dizendo que já li e traduzi romances cor de rosa para ganhar uns cobres, que li o Irving Wallace, que o achei menos mau, mas escrevia (não sei se ainda é vivo), que até arrancava uns argumentos interessantes, mas enchia muito papel, mas tudo isto é pouco. Só os magoei um pouco (estavam a pedi-las) quando lhes disse (quase que confessei) que li Verónica tem de morrer, do Paulo Coelho, que achei abominável, e não percebo como se consegue aguentar escritos semelhantes. Um mais vivaço ainda me tentou vir com o Joyce, mas calou-se quando lhe disse que O Retrato do Artista enquanto Jovem, reproduzia as sensações e as amarguras suportadas pelo narrador, em situações vividas, que ele nos procurava transmitir na sua escrita. Não deu para mais.

 

O facto é que esta questão não é nova. Saber isso, pessoalmente, ajuda-me. Para não vos maçar mais, vou transcrever-vos O Mais Belo Livro, do André Brun, que ele publicou em 1914, na sua coluna de A Capital, incluído na série Praxedes, mulher e filhos. Verão assim que há quase cem anos, já se sentia este problema. Ora leiam:

 

O MAIS BELO LIVRO

 

O jornal A República abriu um inquérito entre os intelectuais no sentido de indagar qual será o mais belo livro português dos últimos trinta anos. Pela minha parte, lamento que a consulta seja feita apenas aos que fazem profissão de serem inteligentes. Desde que me constou que o inquérito estava em marcha, andava ansioso por saber qual a opinião do meu amigo Praxedes. Interessa-me bem mais do que a dos intelectuais, isto sem desprimor para nenhum, pois a todos respeito em geral e ao Sr. João Bonança em particular.

 

Praxedes amigo estava jungido à canga da repartição quando o fui entrevistar.

 

- O melhor livro dos últimos trinta anos? Oh, meu amigo!... Para mim, não há como Os Milhões da Viscondessa. Não leu? Veio em folhetins no Século. Sim senhor. Bela obra! A minha mulher gostou mais da Virgem parricida, que veio no Notícias; mas, aqui para nós, aquilo é uma estúpida que não entende nada de literatura. Tenho lido muitos folhetins. Aqui na repartição, leio quase todos, mas como aquele nenhum. Imagine você… Começa numa taberna de apaches, em Paris. Há uma rapariga que vende flores, e se apaixona por um conde, que é casado com uma filha de um duque, que, nos seus tempos de criança, teve um bastardo de um oficial, filho de um guarda-caça …

- O duque é que teve a criança?

- Não, a filha. A pequena cresce. Toca realejo e pede  esmola. Um dos apaches apaixona-se por ela. Um belo dia aparece morto o usurário …

- Qual usurário?

- O “Lagarto”.

- Qual “Lagarto”?

- É alcunha do homem.

- Ah!

- Surge um jornalista, que é polícia e tem um cão…

- Que morde no gato, que papa o rato, que rói o cebo, que unta a corda… Conheço essa história.

- Com você não se pode falar a sério. Ria-se à vontade, meu amigo; mas bem pode a Genoveva puxar para a Virgem parricida, a mim ninguém me arranca dos Milhões da Viscondessa.

- Mas, meu caro Praxedes, isso é literatura francesa de fancaria, de décima terceira classe, ad usum das porteiras da capital do mundo. Eu perguntava-lhe qual é o livro português de que você mais gosta.

- Ah! Livros portugueses… Nunca li nenhum…

 

Espero que tenham gostado. E perdoem ter actualizado a ortografia. O André Brun era genial. E o bocado acima foi escrito no século XX.

publicado por João Machado às 01:00
link | favorito
Sábado, 23 de Abril de 2011

Estes são alguns dos meus amigos- livros do século XX, por Maria Monteiro


 

Seis Contistas Alentejanos

(Américo Paiva, Antunes da Silva,

Eduardo Teófilo,

Garibaldino de Andrade,

Manuel da Fonseca,

Urbano Tavares Rodrigues)

 

O manuscrito na Garrafa

 (Daniel Filipe)

 

Treblinka

(Jean-François Steiner)

 

A Guerra das Salamandras

 (Karel Capek)

 

A Insustentável Leveza do Ser

 (Milan Kundera)

 

A Casa dos Espíritos

 (Isabel Allende)

 

Como Ser Anjo

(Vassilis Vassilikos)

 

As Sandálias do Pescador

(Morris West)

 

Ensaio sobre a Cegueira

(José Saramago)

 

Moço, Bengala e Cão

 (Adolfo Simões Müller)

 

e... extra lista dois tesouros

La Madre de Corea e La Educación en la Revolución

 


 

_____________________________________________

publicado por João Machado às 23:55
link | favorito

Os meus livros do século XX, por Carlos Loures


Começo por fazer uma advertência – os dez livros que vou escolher pertencem todos eles ao universo da minhas leituras. Talvez devesse dizer “Os dez livros so século XX que eu li”. Devo também dizer que só alguns, além dos escritos em língua portuguesa, li nas línguas originais. Não sou um poliglota e uma coisa é manter uma conversa num dado idioma ou ler um jornal, outra coisa é ler um livro sem estar frequentemente a consultar o dicionário. Dos originais em castelhano procuro nunca ler traduções (algumas péssimas, pese embora a semelhança dos idiomas). O mesmo para o francês, de que leio algumas traduções. O meu inglês, suficiente para ler jornais ou revistas, para ver a CNN, é pobre para ler obras de vocabulário muito rico. Muitas obras importantes não terei lido e, portanto, esta escolha está limitada aos livros que conheço. Alguns, como disse, através de traduções. O que, infelizmente, nem sempre permite ter acesso à verdadeira obra.

 

Segunda advertência: para mim não existem géneros literários menores. Existem, sim, escritores menores. E a esses, tal como aos maiores, é a posteridade quem os classifica. Fernando Pessoa para o público do seu tempo quase nem existiu, ofuscado por nomes como o de Júlio Dantas. Camões, foi superado em fama e em tenças por Pêro Andrade de Caminha, o “poeta do Minho”. Hoje, Camões e Pessoa são os dois ícones maiores da literatura e da cultura portuguesas. Pêro Andrade de Caminha e Júlio Dantas, são desconhecidos do grande público – nomes e obras para o trabalho necrófago dos coca-bichinhos.

 

A literatura de ficção científica, como a policial, é por muitos considerada um género menor. No que se refere à policial, bastavam, entre outras, as obras de Conan Doyle, Dashiel Hammett, Raymond Chandler, Agatha Christie ou, mais próximo de nós, Manuel Vázquez Montalbán, para desmentir esse preconceito. Quanto à literatura de ficção científica, autores como H.G.Wells, George Orwell, Karel Capek, Ray Bradbury e Ursula K. le Guin, entre muitas dezenas de outros, desmentem essa classificação.

 

Recapitulando - esta lista é só a das minhas preferências e, para mim, não há géneros menores.

 

Antes da lista uma não-lista.

 

À le recherche du temps perdu. Esta monumental e soberba obra de Marcel Proust, na minha opinião, é ainda uma obra do século XIX, motivo pelo qual não a considerei. O Ulisses, de James Joyce, que li na tradução de Palma Ferreira, é outra obra de grande importância. O Joyce foi um grande escritor, mas li  e reli o livro, por vezes, por saber da sua importância. Não me deu o prazer que tive com a leitura de outras obras mais modestas. Jorge Luis Borges, outro grande ausente, foi um escritor ímpar, mas colaborou com a Junta Militar, com os bandidos, com os miseráveis sem honra e sem vergonha, que transformaram a Argentina num pesadelo – e, mesmo sabendo que os escritores só devem ser julgados por aquilo que escrevem, não consigo perdoar a Borges.

 

Explicado mais ou menos o meu critério, cá está a lista:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

La nausée,

Jean-Paul Sartre. Podia escolher outro título de Sartre. Podia ter preferido Malraux, Camus ou Yourcenar, mas a revolução, o abanão, foi Sartre quem provocou.


 

 

 

 

 

A Montanha Mágica,

Thomas Mann

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sobre heroes y tumbas, Ernesto Sábato

 

Cien años de soledad,  Gabriel García Márquez

 

Canto General, Pablo Neruda

 

Obra poética, Fernando Pessoa

 

Memorial do Convento, José Saramago

 

 

 

O Zero e o Infinito,

 Arthur Koestler




1984,

George Orwell

 

A Guerra das Salamandras,

Karel Capek

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os Homens e os outros, Elio Vittorini

 

 

Algumas das minhas escolhas são óbvias e consensuais – Thomas Mann, Sartre, Neruda e García Márquez, Pessoa e Saramago, não serão contestados. Os outros nomes da lista – Sábato, Koestler, Capek, Orwell ou Vittorini, poderão parecer bizarros – mas foram livros cuja leitura me deu tanto ou mais prazer como os tais incontestáveis. Confessando até que Ulisses (que li na tradução do Palma Ferreira), com páginas de leitura agradável, tem outras que me foi difícil ler – e, sem sair desse bárbaro idioma, Dashiel Hammett ou Raymond Chandler?

 

Sobre a Montanha Mágica, livro fetiche da minha adolescência voltei a lê-lo há pouco tempo. Li a mesma edição e, embora não sabendo alemão, o velho notou deficiências óbvias na tradução em e o jovem de 16 anos não reparou (o português é pobre e uma das razões é a tradução ser feita por um brasileiro e a adaptação à norma portuguesa ter sido desleixada). Mas o encantamento foi o mesmo – que grande obra (mesmo para quem tenho lido “Morte em Veneza”)!

 

Relativamente à língua italiana, preferi o Elio Vittorini dos bons tempos a tudo o que de excepcional naquele idioma se tem escrito. E não é pouco. Mas nesta escolha quase ninguém estará de acordo. O que não me tirará o sono.

 

No castelhano, não ter posto o Vargas Llosa soube-me a traição, como quando tratamos melhor um amigo rico do que um que caiu em desgraça. Mas, de facto, os quatro livros que escolhi são, na minha opinião, de uma grandeza que o Mario não atinge (“La tía Júlia y el escribidor” ou “Pantaleón y las visitadoras”, são, no entanto, obras magníficas). E muitas outras traições cometi – José luís Sampedro, Gonzalo Torres Ballester, Manuel Vázquez Montalbán, Isabel Allende, Carlos Fuentes – a língua castelhana possui, no plano da ficção , a maior literatura do mundo.

 

Da língua portuguesa escolhi duas obras também óbvias – não gosto de fazer comparações, mas, a meu ver, Pessoa (ele mesmo ou em qualquer dos heterónimos) e o José Saramago do «Memorial» estão a uma distância apreciável de outros grandes autores portugueses, brasileiros e africanos. Mas citaria Carlos de Oliveira, Manuel da Fonseca, Rubem Fonseca, João Guimarães Rosa, e João Cabral de Melo Neto. Dos autores africanos destaco Pepetela e Germano Almeida. O terceiro plano, na minha classificação, vem muito distante, embora contenha nomes de grande valor mediático (alguns propostos para o Nobel). Mas que tenho eu a ver com isso?

 

Posso fazer muitas listas com um valor literário equivalente ou mesmo superior a esta. Porém, estes nomes ocorreram-me sem qualquer esforço – deve querer dizer alguma coisa quanto às minhas preferências.

 

publicado por João Machado às 23:00
link | favorito

Livros do século XX que me marcaram (antes dos meus 20 anos), por Clara Castilho

Clara Castilho

 

 

 

É só isso que sei dizer. A sua importância ou qualidade no meio de todos os livros não sei analisar.

 

Aqui vão os títulos e autores, por ordem alfabética, pois não sei dizer de outra forma:

 

A metamorfose

 – Franz Kafka

 

Admirável mundo novo

 – Adous Huzley

 

Diário de Anne Frank

 – Anne Frank

 

O anjo

 – Vassilis Vasilikos

 

O deus das moscas

 – William Golding

 

O lobo da estepe

 – Herman Hesse

 

O velho e o mar

– Ernest Hemingway

 

Os condenados da terra

– Frantz Fanon

 

Os esteiros

 – Soeiro Pereira Gomes

 

Poesia

– José Gomes Ferreira

publicado por João Machado às 22:00
link | favorito

Os dez livros do século XX, por Ethel Feldman

 

Arrepiei-me com o pedido. De alguma forma lembrei-me criança:

 

-  Gostas mais de quem?

 

E eu sem saber o que responder, sorria. E os filmes, e a música, a comida, os quadros...

 

- Gostas mais de óleo ou pastel?

 

 

 

 

Porque não sei o suficiente, os livros são aqueles que me desenham, desenhando os outros. Só assim atrevo-me a fazer uma lista. Assim o que partilho aqui, porque não quero sentir-me aparte, é pura emoção.

 

Em criança, com o grande Monteiro Lobato aprendi que era possível possível viajar com o 'faz de conta' do Sítio do Picapau Amarelo(1)

 

Segue a lista que me lembro enquanto crescia:

 

Henry Miller - Trópico de Câncer (2)

 

Kafka - Metamorfose (3)

 

Camus - Estrangeiro (4)

 

Lawrence Durrell - Quarteto de Alexandria (5).

 

Graciliano Ramos - Vidas Secas (6)

 

Gabriel Garcia Marques - Cem anos de solidão (7)

 

Kenzaburo Oé - Dias Tranquilos (8)

 

Sándor Márai - As velas ardem até ao fim (9)

 

Não posso deixar passar em omisso o livro do meu pai:

 

                                      Fernando Correia da Silva - Matacães (10)

 

___________________________________________________

publicado por João Machado às 21:00
link | favorito

Os meus dez livros do século XX, por Adão Cruz

Como já disse ao Carlos Loures, vejo-me grego para cumprir as minhas obrigações com o Estrolabio, até porque ainda trabalho, e a minha profissão exige muito. Por isso lhe disse que, se calhar, não ajudaria na tarefa dos dez livros.

 

Mas a chegada da Carla Romualdo estimulou-me e eles aí vão. Não por qualquer razão ao calhas. Apenas pelo facto de serem alguns dos livros que mais mexeram comigo e mais me fizeram tremer.

 

 

 

 

                                                   


 

                                                  

 

 

 

 

O Juiz, de Hall Caine

 

24 horas na vida de uma mulher,

 de Stefan Zweig

 

Les damnés de la terre,

de Frantz Fanon

 

O Homem neuronal,

de Jean Pierre Changeux

 

O sentimento de si,

de António Damásio

 

 

O Espectáculo da Vida, de Richard Dawkins

 

 

 

 

 

 

 

                                     

Vozes anoitecidas,

de Mia Couto

 

 

A santa Aliança,

de Eric Frattini

 

 

Ensaio sobre a cegueira,

de José Saramago

______________________

publicado por João Machado às 20:00
link | favorito

Os dez livros do exercício, por Carlos Mesquita


 

 

 

 

Por qualquer razão cabalística pediu-se que indiquemos dez livros que deviam ser conservados, não são onze, sete ou dezanove, são dez. Talvez porque dez são as emanações divinas, dez são os mandamentos ditados para as tábuas de Abraão, dez por cento é o limite para entender por cá, que o desemprego é preocupante.

 

Há várias formas de apresentar o “trabalho”, uma é escolher entre as milhentas listas alguns incontestáveis, Guerra e Paz, Ulisses, O Processo, os Cem Anos de Solidão, etc. outra maneira é pensar naqueles que foram mais importantes na nossa formação, e possamos num acto louco designar para fazer clones culturais de nós próprios. Nem as coisas são assim nem acredito que alguém saiba quais os livros que os influenciaram decisivamente; a não ser os adeptos do livro único, como a Bíblia, o Corão ou os livros vermelhos de Mao Tsé-Tung e do Vital Moreira.

 

Venho dum meio que lê. Na minha adolescência havia uma excelente biblioteca pública na colectividade (ainda há) e um irmão oito anos mais velho que comprava livros para casa; também era o tempo dos livros de bolso, Europa-América, Unibolso, RTP, (não me lembro agora doutras colecções) que editaram quase todos os “recomendáveis”. Depois do bicho introduzido continua-se a comprar, a consumir, são centenas; não me peçam para fazer uma escolha, porque não sei. Alguns releio outros já li há muito. Houve tempo em que lia aos trambolhões, lembro-me do meu irmão dizer aos meus pais que eu andava a ler livros que não eram para a minha idade, nunca soube se era por causa da Madame Bovary, ou O Crime do Padre Mouret se pelos autores como Vítor Hugo, Kafka ou Nietzsche.

 

A verdade é que li primeiro o Principe de Maquiavel do que O Principezinho de Saint Exupery, ou dentro do mesmo autor também li antes O Mar Morto de Jorge Amado que os Capitães da Areia, A Festa de Hemingway antes do Por Quem os Sinos Dobram, ou As Mãos Sujas antes de O Ser e o Nada, de Sartre. Um parêntesis só para dizer que “aqui atrasado” quando andou no Estrolábio uma discussão metafísica do Ser, a existência e a essência da natureza humana, estive para prescrever umas doses de Sartre, não o fiz porque me pareceu pretensioso.

 

Há livros que sei que me foram importantes na altura em que os li, como o Germinal de Zola, os Gaibéus de Redol, ou A Lã e a Neve de Ferreira de Castro, e depois Os Dez Dias Que Abalaram o Mundo, e Gramsci e Rosa Luxemburgo e Ruben Fonseca e, e…e escolhendo os Cem Anos de Solidão o que se faz a O Amor nos Tempos de Cólera, e Saramago no Ensaio Sobre a Cegueira, não toca mais toda a gente que no Memorial do Convento?

 

 

 

 

 

O que é importante da leitura é o que reservamos no cérebro depois de ruminarmos todos os livros, e isso não conhecemos, não está na memória imediata. Encontrei um artigo meu onde citava Raymond Chandler, um escritor “policial”, autor de “À Beira do Abismo”, passado a argumento de cinema (Hanks, Bogart, Bacall) pelo Nobel, William Faulkner; dizia a citação dum seu personagem julgo que da Dama do Lago, que “na polícia e na política deviam estar os melhores de nós, mas nem a polícia nem a política têm atractivos para os melhores de nós”. Para a matéria deu-me mais jeito que qualquer Fernando Pessoa.

 

Bom, perguntarão vocês, se este tipo não quer apresentar dez títulos de livros, o que veio aqui fazer? E eu respondo, vim só dizer que não contem comigo.

 

 

__________________________________

publicado por João Machado às 19:00
link | favorito

Alguns livros que mais influenciaram a minha formação, por José Brandão

 

1 – Os Subterrâneos da Liberdade

 – Jorge Amado

 

 

 

 

 

 

2 – Dez Dias Que Abalaram o Mundo

 – John Reed

 

3 – Obras Completas

 – Soeiro Pereira Gomes

 

4 – Um Homem Só

– Roger Vailland

 

5 – O Triunfo dos Porcos

– George Orwell

 

6 – A Voz e o Sangue

 – Carlos Loures

 

7 – Portugal. Uma Perspectiva da sua História

 - Flausino Torres

 

8 – Este Livro Que Vos Deixo

 – António Aleixo

 

9 – Porque Não Sou Cristão

– Bertrand Russel

 

10 – A Autópsia dos Estados Unidos

 – L. L. Mathias

 

 

A ordem de apresentação é aleatória.

_________________________________________

publicado por João Machado às 18:00
link | favorito

Os Livros do Século XX, por Augusta Clara de Matos


 

 

 

A minha lista não contempla livros a levar para uma ilha deserta porque esses são os que estão à espera de ser lidos.

 

 

Preferi privilegiar obras que são testemunhas de acontecimentos importantes do Século XX, embora possa haver entre elas algumas consideradas obras de ficção.

 

Como muitas das traduções portuguesas apareceram já neste século, decidi assinalar apenas, entre parêntesis, o ano da edição original.

 

A – Documentos/Testemunhos

 

1) John Hersey, “Hiroshima”, Antígona (1946) – relatos de várias pessoas presentes na cidade de Hiroshima no dia 6 de Agosto de 1945.

 

2) Norman Mailer, “Os Nus e os Mortos”, Publicações Dom Quixote (1948) - é um exemplo do efeito da guerra sobre os seres humanos, de como a desumanidade não se manifesta só entre as forças beligerantes. Também dentro de cada exército pode haver tanta ou mais crueldade do que a que existe entre facções inimigas em confronto. Para mim é mais um documento do que um romance.

 

3) Anna Larina Bukharina, “Bukharine, Minha Paixão”, Terramar (1990) – ao mesmo tempo que nos fala duma história de amor, denuncia os crimes de Estaline, que nem poupou muitos dos seus mais próximos colaboradores, e relata pormenorizadamente os processos de Moscovo e o universo dos campos de concentração do Gulag.,

 

4) Ryszard Kapuscinski, “ O Império”, Campo das Letras (1992) – as deambulações do autor pelo território de uma União Soviética já em colapso. Uma obra-prima do jornalismo.

 

 

 

5) Thomas S. Kuhn, “A Estrutura das Revoluções Científicas”, Guerra & Paz (1962) – o clássico e muito interessante livro que nos explica de que modo a ciência evolui, cria a noção de paradigma e nos diz em que consistem as revoluções científicas, dando exemplos das que ocorreram ao longo da História da Ciência.

 

 

6) George Orwell, “Homenagem à Catalunha”, Livros do Brasil (?) – uma das narrativas mais conhecidas sobre a Guerra Civil de Espanha feita por um directo interveniente no conflito.

 

7) Primo Levi, “Se Isto É Um Homem”, Editorial Teorema (1947) – testemunho do autor, químico, nascido em Turim, do seu internamento no campo de concentração de Auschwitz.

 

Estes são, também, livros da minha vida, constituindo, embora alguns, relatos dolorosos. Mas obrigaram-me a ver o mundo com os olhos bem abertos e a perceber como os seres humanos são multifacetados: tanto podem usar a sua inteligência na criação do conhecimento e da beleza, como descer aos infernos da maior crueldade e, igualmente aí, serem muito criativos.

 

B -.Ficção

 

Sendo tão pouco o espaço restante para os livros que adoçaram as minhas horas de leitura, foi muito difícil escolher. Vão estes sete como poderiam ir outros. Não vou resumir nenhum deles, todos são livros a não perder. Mas não resisto a referir a sensação solar que deixou dentro de mim o livro de Carlos Fuentes, um magnífico fresco sobre os últimos 100 anos da vida no México.

 

8) Vitorino Nemésio, “Mau Tempo no Canal”, Bertrand (1944)

 

9) José Saramago “Memorial do Convento”, Caminho (1982)

 

10) Marcel Proust, “Em Busca do Tempo Perdido” (1913/9127)

 

11) Marguerite Yourcenar, “Memórias de Adriano”, Ulisseia (1974)

 

12) William Faulkner, “O Som e a Fúria”, Publicações Dom Quixote 1994 (1984)

 

13) Gabrial Garcia Márquez, “Cem Anos de Solidão”, Publicações Dom Quixote, (1967)

 

14) Carlos Fuentes, “Os Anos Com Laura Diáz”, Publicações Dom Quixote, 2001 (1999)

 

 

 

E se me deixassem indicar só mais quatro obras, escolheria:

 

 

Lawrence Durell, “O Quarteto de Alexandria”, Ulisseia (1957/1960)

 

Albert Cohen, “Bela do Senhor”, Contexto (1968)

 

Mário Vargas Llosa, “A Festa do Chibo”, Publicações D. Quixote (2000)

 

 

Gabriel García Márquez, “O Amor em Tempos de Cólera”, Publicações D. Quixote (1985)

 

______________________________________________

publicado por João Machado às 17:00
link | favorito

Os meus dez livros do século XX, por Carla Romualdo

 

Entenda-se a lista que se segue não como a eleição de um cânon, cujas regras de selecção se atenham a uma qualidade literária que não tenho competência para julgar, mas como a descrição de um itinerário pessoal reduzido, a este efeito, ao século XX.

 

Estes dez títulos representam outros tantos momentos de iluminação num percurso de descoberta da literatura e, ao fim e ao cabo, de descoberta de si mesmo que é a aventura última de todos os leitores. Não sei se estes são os melhores livros do século XX, nem sequer sei seriam estes os livros que me acompanhariam no desterro de uma ilha deserta, mas são os livros que, tendo vindo ao meu encontro no momento em que, sem o saber, eu ansiava por lê-los, operaram o seu pequeno milagre de transformação e passaram a ser, dessa forma singular que os leitores bem conhecem, parte de quem sou.

 

A Balada do Café Triste,

de Carson McCullers

 

Coração Tão Branco,

de Javier Marías

 

Em Busca do Tempo Perdido,

de Marcel Proust

 

 

Histórias Quase À Maneira Clássica,

de Harold Brodkey

 

Lolita,

de Vladimir Nabokov

 

Marca de Água,

de Joseph Brodsky

 

Para sempre,

de Vergílio Ferreira

 

Património,

de Philip Roth

 

Poesia de Álvaro de Campos

 

Rumo ao Farol,

de Virginia Woolf

 

A ordem é alfabética e o título escolhido é o da edição portuguesa.

Fotografias de 
Carson McCullers, Harold Brodkey e Joseph Brodsky

publicado por João Machado às 16:00
link | favorito

Os 10 livros que devem ser salvos - a escolha do Hélder Costa

 

 

A Mãe - Gorki

 

Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley

 

 

 

Tudo o que é Sólido se Dissolve no Ar – Marshal Brehmen

 

Mein Kampf - Adolph Hitler*

 

La Historia me absolverá - Fidel Castro

 

 As I  lay Dying-William Faulkner

 

Santa Joana dos Matadouros - Bertolt Brecht

 

 

 

O Visconde Cortado ao Meio - Italo Calvino

 

Les damnés de la Terre  - Frantz Fanon

 

O Ano da Morte de Ricardo Reis - José Saramago

 

                                         

 

 


 

 

 

 

_____________

 

 

 

 

 

 

 * Esta escolha  insere-se na velha máxima : conhecer bem o inimigo para o poder combater.Penso que ele tinha lido muito bem o " Manifesto comunista" devido aos ataques que faz à burguesia e consequente "vénia/corte" a proletariado e lumpen, claro!

 

 

_______________________________

 

publicado por João Machado às 15:00
link | favorito

Os livros do século XX que devem ser salvos, por Raúl Iturra

 

 

 

Nem dez nem catorze, todos livros são uma aventura que devia ser salva. Quem me precedeu nesta crítica, dividiu por países. Parte da minha costela de Adão é da América Latina e para esse Continente me endereço. De entre os que escolhi, porque são tantos, apareceu-me primeiro Pablo Neruda, sobre quem tenho escrito uma história sintética neste simpático sítio de debate, Estrolabio. De todos eles, a grande novidade, os poemas escritos entre 1919-1920, reunidos num livro de 231 páginas, intitulado Cuadernos de Temuco, sítio ao Sul do Chile, onde foi criado pelo seu pai e a sua mamadre, como denominava a segunda mulher do seu pai; a primeira tinha falecido quando ele era pequeno. A novidade de Pablo Neruda neste livro, escrito em vários jornais, revistas, livros de outros, é a sua indefinição ideológica e poética. Tanto escreve sobre religiosidade, como as seguir passa aos campesinos e as suas mãos feridas pelo trabalho, outros de amor adolescente em Yo te soñé una tarde, o esse cansaço eterno que mostra de morar em Temuco, uma aldeia em que chuva não parava de cair, como en El deseo de irse, para passar ao romance no seu Primavera en la noche. De los 20 poemas, alguns são escritos en Chillán, outros en Santiago, apontando para o homem que viria a ser um dia prémio Nobel de Literatura. Los Cuadernos de Temuco apontam para a mão que escreve Canto General de Chile, un prelúdio al Pablo Neruda Eterno, esse que a sua directora de Liceo pergunta-lhe com arrogância ao ler uno destes poemas: de donde lo copiaste? Era Gabriela Mistral…

 

 

Una notável poetisa que soube escrever Los Sonetos de la Muerte, em 1914, que aparecem na sua compilação de poemas de 1922, intitulado Desolación. Versos que mostra a dor da sua vida, como Tala de 1934. A sua obra poética está compilada em livros que ela nunca escreveu, apenas aceitou a organização da sua obra entre esses dois antes mencionados e, a seguir, Ternura, 1924, Lagar de 1954, Poemas de Chile, 1967 e outros.

 

Gabriela Mistral, cuja vida narrei, neste sítio de debate, era antes de poeta, era uma excelente professora e diplomata. A sua diplomacia aparecia na sua obra, que ela lia ao público en todos os países em que representou a Chile. Especialmente o seu livro Lecturas para mujeres, de 1923, uma lição do que devia ser entendida por todos os seres humanos por sentir que as mulheres, especialmente as mais pobre e sem filhos, era de segunda categoria. A sua obra toda reflecte solidão e sentimentos maternais profundos, como amores frustrados, referidos por mim em outra página, como o suicídio do seu grande amor Romélio Ureta, homem fino que ela amava profundamente e passou a ser a base da sua poesia, como as mulheres do Chile e o país inteiro, no seu conjunto de poemas Recados. Chile era um país desconhecido, Gabriela ainda mais, mas a compilação, impressão e divulgação da sua poesia, mataram a visão pueril dela ser apenas uma maestra de escola. Gabriela Mistral, buscava nada menos que "o sentido da existência" em sua obra, de acordo com Cuneo. O legado de Mistral que esteve 50 anos no poder de sua amiga e inventariante, a norte-americana Doris Dana e, em seguida, de sua sobrinha, Doris Atkinson. E ainda há muito a aguardar….

 

Como o caso de Isabel Allende, que não apenas sabe escrever, essa escrita com comas, toda a seguir sem parar, em seus quase 20 livros publicados, entre 1988, La Casa de los Espíritus e o mais recente, La isla bajo el Mar, acabamos por não saber qual de todos eles é o que se deve salvar. Desde o seu romance de 1988 que lhe dera de imediato fama Universal, passou aos livros resultado de investigação prévia, como Retrato em Sépia, e Inés del alma mia. Todos os seus livros devem ser salvados, especialmente o primeiro, e que narra a vida de uma família de imensa riqueza e influencia política, onde as relações entre homem e mulher estão estruturadas pelas classes sociais de pertença, acabando o arrogante pai da protagonista Blanca, ser punido pela sua arrogância, amor à política de ultra direita e perde a sua família toda com o seu machismo de homem latino-americano.

 

Finalmente, nem é preciso dizer, que Cem Anos de Solidão de Gabriel García Márquez, é o livro que narra sem parar e sem concessões, trezentos anos de vida de uma família que se bate em todas as guerras de Colômbia e, sem deixar respirar ao leitor, não há diálogo, é uma narrativa de 1967 que apenas as vírgulas e as aspas, deixam respirar ao leitor.

 

Há também Mário Vargas Llosa, especialmente La Tía Júlia y el escribidor e o escritor quechua, autor de El mundo és ancho y ajeno, Ciro Alegría.

 

Eis a minha escolha. O leitor tem a palavra

publicado por João Machado às 14:00
link | favorito

Os meus 10(?) livros, por Luís Moreira

Luis Moreira

 

Este desafio lançado pelo nosso Carlos Loures é um bocado, para não dizer muito, injusto. Como vou eu, pobre sapateiro estar à altura do Prof. Sílvio Castro? Claro que tambem tenho os livros da minha vida, corro é o risco de serem meras "paixões" e não passarem disso, não serem "grandes livros". Por isso só continuo se fizermos um acordo. Os livros que eu salvo em caso de ir para uma ilha sozinho, são só isso, são os de que  gosto, independentemente de serem ou não "obras imortais".

 

Conversados sobre isto, aqui vai:

 

 

 

Mensagem de Fernando Pessoa, porque quando a li fiquei com a convicção, que dura até hoje, que há um antes e um depois da sua leitura. O Memorial do Convento de Saramago, por nos dar uma visão intimista das glórias e das miudezas de homens e mulheres que por circunstâncias alheias ficaram na história.

 

A Pestede Albert Camus, envio o leitor para o texto" Um livro que eu li: A Peste..." do João Machado, ele já disse o que eu não consigo dizer.

 

O Processo, de Franz Kafka, onde não há leis nem regras, ou se mudam ao sabor de quem manda, sem defesa possível, sem justiça possível.

 

Dr. Jívago, de Boris Pasternark, a grandeza, a paixão que elevam o ser humano a níveis nem sempre previsiveis.

 

Guerra e Paz, de Tolstoi, o amor em tempo de guerra e paz.

 

Jorge Luís Borges e Paulo Neruda , agarrava os que estivessem mais à mão. Podia ir à internet saber o nome de uns quantos livros mas na verdade não consigo escolher.

 

O Nome da Rosa , de Umberto Eco, os horizontes medievais, a religião feita prisão e entrave à cultura, o "livro" esse maldito que deve estar afastado dos seres fracos e indigentes. "

  

O Velho e o Mar ,de Ernest Hemingway, onde o nosso inimigo se pode transformar no único amigo que nos ouve,envolvidos nas mesmas circunstências que nos ultrapassam.

 

 

 

A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, o fim de um país pelos olhos de uma fotógrafa e de um cirurgião, o olhar revoltado sobre o fim de uma civilização.

 

 

 

E acabo com uma homenagem aos únicos dois amigos meus que são escritores. O Carlos Loures com a Sinfonia da Morte, que tanto me ensinou sobre o Regícidio e a política que nos haveria de trazer a República e o Rui Neves da Silva, com o seu Milicianos - os Peões das Nicas, um dos jovens que esteve na génese do movimento dos capitães por ter sido um dos poucos milicianos graduados em capitão.

___________________________________________________ 

 
publicado por João Machado às 13:00
link | favorito

Os dez (14) livros do século XX que devem ser salvos, por Sílvio Castro

Difícil e ingrato empenho assumem todos aqueles que aceitam o convite para indicar os 10 livros que devem ser salvos na produção literária relativa ao séc. XX. Isso porque todos nós sabemos de como foi rico, quanto à criatividade artística, esses tempos há pouco concluídos, mas que continuam a desaguar neste começo do séc. XXI; depois, porque quem faz uma tal escolha, o faz a partir de um determinado ponto de vista e de conhecimentos. Consequentemente, nos encontramos diante de claros limites de ação e prontos a muitas, infindáveis injustiças. Porém, de qualquer forma, já que essa é uma operação que pode ser proposta aos muitos, urge enfrentá-la. Se, como é claro, perfeitos não podemos ser, pelo menos seremos conscientemente empenhados...

 

Para começar, o empenho nos leva a indicar quatorze e não dez livros; depois nos conduz a enunciar claramente determinados critérios pelas escolhas feitas: 1) fixamos 7 grupos linguísticos preferenciais, com indicações de 2 livros para cada grupo; 2) quando o autor escolhido é um poeta, propomos o título “Poesia”, comum a todos mesmo quando não tenha sido publicada uma recolha de poemas de sua pessoal produção com este ou outros títulos; 3) em apêndice às singulares indicações, apresentamos nomes, somente os nomes, de autores da mesma família literária igualmente geniais. Assim procedendo confiamos de limitar as injustiças causadas pelos nossos limites críticos e de saber...

 

 

1 – Língua inglesa: a) Ulisse (1922), de James Joyce (1882-1941); b) “Poesia”, de T. S. Eliot (1888-1965).

 

O Ulisse, de Joyce, é possivelmente o máximo resultado da aventura relativa à linguagem assumida pelos grandes autores do Novecentos. Na obra-prima joyciana a narrativa da jornada dublinese de 10 de junho de 1904, vivida por Leopoldo Blum, transfigura-se no canto de um sentido radical da existência. O romance atinge tais graus de invenção ao ponto de conduzir o sitema do conhecimento do mundo e a sua corresponde expressão muito além da razão lógica, fazendo da palavra o núcleo narrativo por excelência. De tudo isso resulta uma escritura que descreve a existência do homem a partir de uma dimensão semântica geradora de uma nova poesia. Paralelamente à aventura de Ulisse se desenvolve uma parte significativa das literaturas de língua inglesa, em autores como John dos Passos, Faulkner, Virgínia Woolf, Ford Madox Fox, Synge, Katherine Mansfield, Nabokov.

  

A “Poesia” de T. S. Eliot se nos apresenta como um dos mais significativos exemplos da criação lírica do séc. XX. A investigação do poeta anglo-americano se mostra sempre ligada à linguagem, no desejo constante de um encontro entre criação lírica e racionalidade crítica. O poema que daí resulta é sempre amplo e completo, ainda que geralmente imbuído da dimensão estética do fragmento, uma herança da tradição romântica. Muitos poetas de língua inglesa podem ser colocados na esteira crítica eliotiana, mesmos aqueles mais claramente tendentes a uma integral investigação formal, como Pound, Cummings; até outros mais afins ao primado da imagem, como Yeats, Joyce, Sturge Moore, Roberto Lowell.

 

 

2 – Língua francesa : a) LaRecherche du temps perdu (1913/1927), de Marcel Proust (1871-1922) ; b) La Peste (1947), de Albert Camus (1913-1960).

 

La Recherche, de Proust, é a obra-prima que traduz mais integralmente um dos elementos-guias da criação literária do Novecentos: a memória. A genial língua impressionista de Proust atinge o mais profundo da “duração” dos fenômenos e dos sentimentos transmetidos diretamente do ato de recordar. A revolucionária lição bergsoniana sobre a duração do tempo e as suas relações com a memória encontra nos personagens proustianos a maior equação entre criação artística e pensamento filosófico. O tempo de Proust é amplo e universal , o que nos permite de colocar ao seu lado obras de autores tão diversos como Romain Rolland, Blaise Cendrars, Gide, Mauriac, Bernanos, Céline.

 

La Peste,de Camus, é a obra-prima da narrativa francesa moderna que alarga a dimensão proustiana, sendo o seu oposto. Camus se propõe de revelar a realidade vivida diretamente. Para chegar a tal revelação ele se apropria da linguagem de um realismo renovado a partir da escritura, ela mesma. Somente a afirmação da primazia da razão objetiva e da lógica em favor da criação poética leva a uma tal linguagem, ao mesmo tempo insólita forma de revelação do mundo e instrumento de poesia.

 

 

3 – Língua alemã: a) O homem sem nenhuma qualidade (1952), de Musil (1880-1942); b) O Processo (1925), de Franz Kafka (1883-1924)

 

O homem sem nenhuma qualidade, de Musil, e O Processo, de Kafka, são duas diversas obra-primas, muito diversas, mas que têm em comum o sentido do absurdo. Trata-se porém de diferentes expressões da absurdidade predominante na vida do homem: enquanto na obra-prima austríaca o absurdo não reside nos acontecimentos, mas vem compreendido a partir da narrativa apoiada em um tempo que passa e que não mais se reconhece, nos sentimentos das coisas que mais e mais se distanciam deixando os homens que os vivem como se existissem despojados de tudo, na obra-prima kafkiana o sentido do absurdo é direto. O Processo faz viver a absurdidade da vida em um tempo privado da razão e tendente à auto-destruição. Ambos os romances são exemplos da máxima partecipação do homem moderno com o seu tempo. Brecht, Thomas Mann, Schwitters, Kraus, Roth, Doblin, Doderer, Ghunter Grass são expressões paralelas às vozes de Musil e Kafka.

 

4 – Língua russa: a) O Doutor Zivago (1957), de Boris Pasternak (1890-1960); b) O Mestre e Margarida (1967), de Michail Bulgakov (1891-1940)

 

Doutor Zivago, de Pasternak, e O Mestre e Margarida, de Bulgakov, ainda que a partir de diversas estruturas literárias, são dois máximos exemplos de romances do Novecentos russo. A obra-prima de Pasternak é construída diretamente do testemunho histórico-político, sem fazer-se político. Pasternak permanece principalmente no plano da criação poética. O Maestro e Margarida se concentra principalmente no espaço onírico, na linguagem enquanto tal. Porém, ainda preso a uma maneira tendente ao literário, o autor não ignora a dimensão do empenho e do testemuno político. Os dois romances são duas obra-primas, pode-se dizer, complementares. Tão amplos ao ponto de poder ter ao lado escritores tão diversos como Belyj, Malevich, Babel, Eremburg, Solzenicyn.

 

 

5 – O italiano: aA consciência de Zeno (1923), de Italo Svevo (1862-1928); b) “Poesia”, de Eugenio Montale (1896-1981)

 

A consciência de Zeno, de Svevo, permanece como um dos grandes romances do Novecentos porque é capaz de transferir a atenção da análise psicológica da tradição realista às lições de Freud. A história de Zeno Cosini não é o resultado final de acontecimentos exteriores, mas a análise que o personagem faz de si mesmo. Svevo encontra dessa maneira para a sua obra-prima endereços que não interessam tão somente à literatura italiana, mas igualmente a outros sistemas literários nacionais. O período inaugurado por uma obra-prima como A consciência de Zeno permite a exaltação de outros narradores italianos, de Pallazzeschi a Gadda, de Landolfi a Emanuelli, Savinio, Pavese, Calvino.

 

A”Poesia” de Montale começa quase como que ignorando as perspectivas abertas pelas propostas das vanguardas históricas. O seu primeiro elemento de composição da voz lírica é a tradição, particularmente a lição leopardiana. Porém, logo sabe esclarecer as próprias intenções de modernidade, fundando sobre um particular endereço de linguagem a sua visão do mundo. As suas poesias, ainda que partindo de uma aparente visão negativa da existência, logo em seguida se faz um iluminante testemunho da mesma. Com Montale encontramos outros poetas da mesma dimensão: Quasimodo, Ungaretti, Penna, Luzi, Zanzotto.

 

 

6 – Língua castelhana: a) Névoa (1914), de Miguel Unamuno (1864-1936); “Poesia”, de Rafael Alberti (1902-1999)

 

Ao exaltar Névoa, de Unamumo, me permito de alargar a minha atenção a livros de autores espanhóis e hispano-americanos, como Borges, Cela, García Marquez, José Lezama Lima. Não que façam necessariamente parte da família unamuniana, mas porque são feitos com a mesma espessurra.

 

Névoa é uma dos romances mais especificamente ligados ao pensamento predominante do séc. XX. A trágica história de Augusto Péres, dominado por um sentimento de angústia existencial, corresponde a um dos traços mais profundos do homem moderno. Como afirmou o mesmo Unamuno, “Augusto Péres ameaçou todos os homens”, e assim fez com que permanecesse a sua história.

 

Na “Poesia” de Rafael Alberti podemos encontrar praticamente todos os endereços da produção poética de língua espanhola do Novecentos. Já na primeira criação de 1924 estão presentes as características fundamentais da sua poesia: ao lado de uma linguagem vinda da modernidade novecentista, o poeta visualiza a sua adesão à cultura popular e à tradição; bebe das lições do Ultraísmo futurista; atinge a nota principal de sua criação, o empenho social e político. Nestas variadas linhas da poesia albertina encontramos espaço para exaltar outros poetas espanhóis e hispanoamericanos do séc. XX: Antonio Machado, Juan Jamon Jimenez, Vicente Alexandre, Garcia Lorca, Gabriela Mistral, Neruda, Borges, Octavio Paz.

 

 

7 - Língua portuguesa: a) “Poesia”, de Fernando Pessoa (1888-1935); b) Grande Sertão: Veredas (1956), de João Guimarães Rosa (1908-1967)

  

Fernando Pessoa com a “Poesia”, distribuida na vastidão de uma personalidade mítica que vai da voz ortônima até os vários heterônimos – espelhos côncavos e convexos do poeta, sintetisa em si toda uma literatura. A aventura novecentista por uma nova linguagem poética encontra nos textos pessoanos dimensões que não permanecem somente ligadas à escritura, mas atingem a grandeza dramática da epopéia sem heróis e eventos maravilhosos, externamente até mesmo à própria linguagem. Na esteira mítica da poesia de Pessoa, ainda que quase sempre dele diferentes, podemos exaltar outros poetas portugueses e brasileiros: Mário de Sá Carneiro, Almada Negreiros, Sophia de Mello Breyner Andresen, Eugénio de Andrade, Manuel Bandeira, Cassiano Ricardo, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto.

 

Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, é a obra-prima da narrativa brasiliana contemporânea e um dos maiores produtos da língua portuguesa. Sendo o romance da linguagem na mais ampla dimensão do conceito, é também o romance de uma humanidade – os habitantes do “sertão“, gente da imensidade espacial do interior do Brasil – que, ainda que confinada na dimensão do regional, assume aquela do universal. Romance de amor e epopéia do homem em confronto com um mundo duro e difícil, Grande Sertão rompe as barreiras antes existentes entre prosa e poesia, facendo-se história. A moderna lição rosiana nos indica sobre a existência de outros grandes narradores de língua portuguesa do séc. XX: Euclides da Cunha, Aquilino Ribeiro, Raul Brandão, Adelino de Magalhães, Mário de Andrade, Miguel Torga, Graciliano Ramos, Jorge Amado,Adonias Filho, José Cardoso Pires, José Saramago.

___________________________________________________

publicado por João Machado às 12:00
link | favorito

O kindle e as tabuinhas, por Carla Romualdo

 

 Certa manhã, chegou-me a casa um Kindle, o modernaço livro electrónico que certa propaganda garante estar prestes a condenar à obsolescência os livros de papel a que nos acostumámos.

 

Retirá-lo da caixa foi já um prenúncio do que se seguiria. Como no passado, quando tinha a pungente consciência da expectativa dos adultos, a criança fingia um entusiasmo inexistente enquanto desembrulhava um presente que não lhe agradava. Mas desta vez fingia-o para si mesma.

 

A miserável superfície branca, de plástico, a ridícula espessura da coisa, raquítica, o fundo metálico, frio ao tacto. A escandalosa ausência de cheiro, nada, nem um vestígio de humidade, de tinta, de papel manuseado por mãos suadas.

 

Chega rodeado de anúncios que lhe gabam a leveza, a capacidade de albergar nas entranhas, comprimidas em minúsculos corpos de “chips” e outras matérias insondáveis, milhares e milhares de obras. E garante-me que a todas posso transportar sem esforço, sabendo-as sempre ali à mão, resgatáveis assim que eu as solicitar. Mas quem disse que segurar um livro pesado alguma vez foi um incómodo? Se nos agrada, se nos seduz, o seu corpo volumoso é uma promessa de prazer perdurável, é uma jura de felicidade prolongada. Não infinita, Deus nos livre da felicidade infinita, mas prolongada.

 

Experimentarei o engenho, escolherei três ou quatro obras de entre as inúmeras que aguardam por leitores nos arquivos online, e tentarei ler, nos próximos dias, em doses profilácticas, como quem experimenta um remédio que, sendo de gosto amargo, nos garante o médico que só nos fará bem.

 

Leio algumas páginas, a que não sei se continuar a chamar “páginas”, e não faço ideia se li muito ou pouco em relação à totalidade do livro. Pousar a marca na página onde estou, fechar o livro e observar a lombada é impossível. Descubro, afinal, que no inferior da página se assinala a percentagem da obra lida até ao momento: 19%. Li 19% desta obra, faltam-me, portanto, 81% e a coisa posta assim, na frieza das percentagens, desanima-me. Mas há vantagens, claro, então não há? Já não terei de dizer “ando a ler o Guerra e Paz”, não. A partir de agora poderei dizer “li, até ao momento, 34% do Guerra e Paz”, o que possibilitará de imediato ao meu interlocutor concluir que:

 

a) é respeitável a minha determinação,

 

b) mas não está ainda de todo clara a minha capacidade de chegar à última página (para chamar-lhe de alguma forma).

 

Virar a página reduz-se agora a carregar num botão. O acesso à loja online está de tal modo facilitado que onde quer que eu esteja, seja qual for a hora do dia ou da noite, poderei caprichosamente ordenar aos senhores da loja que me enviem, pelos ares, o livro que me apetecer, tenha eu saldo no cartão de crédito para tanto, e esteja o livro convenientemente convertido para este formato. Qual livraria, qual carteiro, qual espera, qual carapuça. Queres? É teu agora mesmo.

 

Há outras vantagens, evidentemente. A que mais me agradou é a incorporação de um dicionário que permite consultar de imediato o significado de qualquer vocábulo que conste na obra. Desde que esteja na língua inglesa, pelo menos para já.

 

Vá lá, reconheçamos que foi feito algum esforço para agradar aos leitores. Prova disso é que é possível sublinhar e mesmo escrever notas. Constato, porém, que escrever é quase impossível porque requer o uso de um teclado com letrinhas minúsculas, concebidas para dedos subdesenvolvidos, sem polpa, dedinhos tão de plástico quanto o Kindle no qual escrevem. Sublinhar é enfadonho e irritante porque, tendo dispensado a intervenção da caneta, ou de algo que se lhe assemelhe, somos obrigados a domar com perícia um temperamental botão quadrado, com o qual devemos realçar o texto que nos interessa, sem perder palavra pelo caminho. E com tanto esforço, esquecemo-nos da ideia que esteve na origem desse impulso de sublinhar ou tomar notas.

 

O futuro da leitura será, porventura, mais parecido com os “e-Livros” do que com os livros que conhecemos até agora, e a um leitor desse futuro este meu lamento parecerá tão incompreensível quanto para nós o é o relato de um cidadão de Uruk que lastime o abandono das tabuinhas de argila. Pensando bem, este Kindle tem qualquer coisa de tabuinha dessas, uma tabuinha que tivesse dado um salto Kubrikiano, o salto do osso para a nave espacial, nessa elipse compactando milénios de evolução. E assim reconfortada meto o Kindle na gaveta, com a ideia de deixá-lo de herança ao meu rapaz quando ele aprender a ler, e volto aos calhamaços que, benditos sejam, ainda me hão-de fazer alguma tendinite.

 

publicado por João Machado às 11:00
link | favorito

.Páginas

Página inicial
Editorial

.Carta aberta de Júlio Marques Mota aos líderes parlamentares

Carta aberta

.Dia de Lisboa - 24 horas inteiramente dedicadas à cidade de Lisboa

Dia de Lisboa

.Contacte-nos

estrolabio(at)gmail.com

.últ. comentários

Transcrevi este artigo n'A Viagem dos Argonautas, ...
Sou natural duma aldeia muito perto de sta Maria d...
tudo treta...nem cristovao,nem europeu nenhum desc...
Boa tarde Marcos CruzQuantos números foram editado...
Conheci hackers profissionais além da imaginação h...
Conheci hackers profissionais além da imaginação h...
Esses grupos de CYBER GURUS ajudaram minha família...
Esses grupos de CYBER GURUS ajudaram minha família...
Eles são um conjunto sofisticado e irrestrito de h...
Esse grupo de gurus cibernéticos ajudou minha famí...

.Livros


sugestão: revista arqa #84/85

.arquivos

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

.links