Quinta-feira, 12 de Maio de 2011

Boat people de hoje -por Daniel Rondeau, embaixador de França em Malta

Boat people de hoje

 

Daniel Rondeau

 

Nomeado embaixador de França em Malta em 2008, Daniel Rondeau viu-se rapidamente confrontado com o afluxo dos imigrantes que chegam aos milhares a esta ilha, porta da Europa. O diplomata sobrevoa as suas embarcações de acaso, informa-se sobre as razões e as condições da sua viagem. É o escritor que nos dá aqui esta “crónica quase diária do sofrimento e do exílio”.

 

Figurinos com a dimensão humana foram instalados em meados de Novembro em face do monumento às mortes de La Valette. Estas estátuas representam os Reis Magos e anunciam o Advento. O negro, com o turbante é Baltazar. A primeira vez que o vi, imediatamente pensei que este Baltazar maltês devia às vezes sentir-se um pouco sozinho. Há poucos africanos nas ruas de Malta, mesmo se me acontece cruzar uma ou duas vezes, à noite, na alta da vila de Floriana, com fantasmas em jeans ou fatos coloridos, escondendo a sua miséria sob risos e com grandes passos.

 

No entanto, durante a bela estação, várias vezes por semana, os diários malteses relatam em primeira página a chegada de embarcações de imigrantes. O dia em que assumi as minhas funções em La Valette, numa Quarta-feira, 23 de Julho de 2008, o Malta Today contava que um barco carregado com 28 homens e 2 mulheres tinha sido interceptado a 6 milhas náuticas da costa de Marsaxlokk e escoltado até um cais próximo do Freeport e que os imigrantes ilegais tinham sido entregues às autoridades policiais.

 

 

publicado por Luis Moreira às 20:00
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Segunda-feira, 9 de Maio de 2011

O barco que não chegou a Lampedusa - por Júlio Marques Mota

Acabo de ler no jornal The Guardian que um  barco que tentava chegar a  Lampedusa foi deixado à deriva no mar  Mediterraneo  durante por 16 dias, apesar do alarme que  foi lançado.( Le Monde)

 

Há aqui abdicação  de  responsabilidades que levaram à morte de 60 pessoas , incluindo crianças.  Isto constitui um crime  que não pode ficar  de modo nenhum por punir só  porque as vítimas são migrantes africanos  e não turistas de  uma linha de cruzeiros de luxo, diz-nos o padre  Moses Zerai, em Roma.

 

O neoliberalismo continua a fazer das suas vítimas, pelas múltiplas  áreas em que actua. Este é mais um exemplo, apenas mais um.

 

Aos visitantes de estrolábio recomendo a leitura de um texto publicado há um ano  no âmbito do Ciclo de Cinema da Faculdade de Economia de Coimbra (FEUC), organização de que faço parte e façamos da sua leitura uma homenagem aos que agora morreram, texto escrito por Embaixador de França em Malta, Daniel Rondeau , em onde se lê:

 

“A História continua apaixonante e terrífica. Mas hoje, a única promessa

cumprida, e demasiado frequentemente, é o túmulo. Ulisses é negro e morre no

mar, no silêncio das ondas, depois de meses de espera, de aflição.” 

 

Para os mais interessados sobre o tema sugerimos os cadernos de textos de apoio que ao tema  o Ciclo de Cinema na altura e na FEUC publicou, disponível em  http://www4.fe.uc.pt/ciclo_int/2009_2010.htm

 

 

 

 Amanhã (16 h) texto escrito pelo Embaixador de França em Malta, Daniel Rondeau .

publicado por Luis Moreira às 16:25
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Quinta-feira, 27 de Janeiro de 2011

Dia das Beiras - Aveiro cidade

Luis Moreira

 

Na minha juventude passava as férias em Aveiro onde tenho duas irmãs e respectivas famílias. Sou do tempo em que se vivia ao ritmo das marés - ria cheia, ria baixa - aproveitando a saída e a entrada da água para a pesca em sítos estratégicos, e para os mergulhos de cima das pontes, seguindo o exemplo dos meus amigos filhos dos pescadores e dos "moliceiros" que nascem com "barbatanas". A Avenida Dr. Lourenço Peixinho era e é, mas agora menos só, o local das lojas e dos cafés da moda e também onde se encontra o Cinema famoso por ali se terem realizado alguns dos encontros mais emblemáticos da oposição política. Os antifascistas saiam do cinema à força de porrada da polícia e entravam directamente no café da frentre, que pertence a um primo meu, que não é para brincadeiras e deixava entrar os fugitivos e fechava a porta na cara à polícia.

 

A ria espraiava-se por campos desertos aqui e ali tratados mas logo à saida da cidade, onde hoje se encontra a Universidade de Aveiro, ainda a ria era selvagem e, para o outro lado, eram rainhas as salinas, a perder de vista , brancas como a neve e os homens e as mulheres a fazerem autênticos prodígios com os cestos cheios de sal à cabeça. Mais a seguir as secas de bacalhau com o "fiel amigo" a secar ao sol, esticado em cercas de arame a perder de vista e, mais adiante, os bacalhoeiros a aprontarem-se para nova demanda na Gronelândia, com os estaleiros de S. Jacinto a borbulharem de trabalho. Logo ali, as praias dos meus sonhos, cheias de francesinhas e belgas, namoradinhas que trcavam de namorado todos os dias. A água fria e as ondas alterosas não eram caso para desistencias embora por duas vezes me visse muito atrapalhado para de lá sair.

 

 

Universidade de Aveiro

 

A cidade deu um salto fantástico de modernidade com a Universidade de Aveiro uma das mais prestigiadas, onde nasceu o motor de busca "o SAPO" e o controlo de passagem da "Via Verde", produtos utilisados em todo o mundo, bem como foi ali inventado o "cartão pré-pago" dos telemóveis. Além disso faz o controlo e a monitorização da fauna píscicola e flora aquática da ria, bem como a monitorização da qualidade das águas de todo aquele belo e magnífico estuário. O Mosteiro de Santa Joana Princesa tem um belo acervo de obras e o próprio mosteiro é digno de se ver. O seu Jardim Central cheio de água a correr, com o velho campo de futebol Mário Duarte, agora substituído por um dos novos estádios à roda do qual se desenvolveu uma urbanização moderna. Aveiro com a sua neblina noturna, o pavimento perigoso por escorregadio, o cheiro característico da "ria baixa", o som "feérico" das rádios em ligação com os homens que andavam alto mar à pesca, fazem parte da minha vida. De uma juventude muito feliz da minha vida!

 

publicado por siuljeronimo às 13:00

editado por Luis Moreira em 25/01/2011 às 02:24
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Terça-feira, 2 de Novembro de 2010

O Mar - um hipercluster 1

Com três milhões de habitantes dominamos o mundo quando nos associamos ao mar. É preciso voltar!

Se a proposta que Portugal apresentou na ONU para que a extensão da nossa Zona Marítima vá para além das actuais 200 milhas ( para as 350 milhas) for aprovada, o que é certo , ficaremos a ser um dos países mais extensos do Mundo e um dos (potencialmente) mais ricos.

O abandono do mar por parte de Portugal é de tal ordem que produzimos três vezes menos emprego do que a Grécia, geramos um valor que é mais de três vezes inferior ao da Bélgica e mais de seis vezes inferior ao da Dinamarca. Arriscamo-nos a ver os nossos recursos marítimos a serem explorados por outros.Para evitar isso é preciso determinação, exploração e investigação cientifica e tecnologia de ponta.

Alguns números: Número de pescadores: 17 339; 10 000 toneladas de pescado; 8 700 embarcações, a quarta maior frota da UE; 4 792 empresas de pesca; 1320 espécies descobertas; 98% das espécies vivem no fundo do oceano;58,5 kgs é quanto come cada português, em média,por ano,em produtos do mar; 945 000 passageiros passaram pelos portos portugueses este ano; 415 804 turistas em cruzeiro passaram pelo porto de Lisboa este ano; 37 865 209 toneladas é o total da carga que passou nos portos portugueses no ano passado; 6 023 navios já passaram, entre Janeiro e Julho pelos portos portugueses; 350 milhas são a segunda maior Zona Marítima mundial logo a seguir aos US;

Há que desenvolver os portos, a náutica, turismo de cruzeiros, a energia do mar, a piscicultura, as quintas marítimas. Nos próximos dias iremos publicar uma série de artigos, seguindo o estudo do Prof Ernâni Lopes sobre o hiper cluster do Mar.
publicado por Luis Moreira às 02:00
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Terça-feira, 28 de Setembro de 2010

Um barco para encalhar em Gaza e em Washington

Luis Moreira

As negociações entre a Autoridade Palestiniana e o Estado de Israel defrontam-se com o primeiro grande problema, como aliás, já se sabia. A moratória que impede a construção de mais colonatos termina hoje. Este assunto é, tanto para os Israelitas como para os Palestinianos, absolutamente fundamental para que se encontre um caminho para a existência de dois estados. A moratória vai ser renovada?

Então de que se iriam lembrar os corajosos "amantes da paz" para ajudar as negociações? Enviar um barco para Gaza com a finalidade confessa de romper o bloqueio que os Israelitas fazem naquela região. Se passa, no caso dos Israelitas acharem que não vale a pena prejudicar as negociações, os extremistas vão cantar vitória, o que terá uma reacção muito negativa na opinião pública israelita; se não passa, aqui d'el rei que há um bloqueio ilegal a pessoas que só querem ajudar; e afastemos a possibilidade de haver mortos e feridos como bem há pouco tempo aconteceu.

Perante este cenário alguém tem dúvidas que há muita gente que com palavras mansas mais não quer que a injustiça se mantenha e os mortos e feridos se amontoem? Que a situação interessa a muita gente, que há muita gente que só tem poder nesta situação e não querem que mude? Que tudo farão ainda e sempre para que a guerra continue ? Da direita já sabemos que quer uma vitória unilateral Israelita, não há que estranhar.

Não se arranja um barco assim sem mais, custa muito dinheiro, quem paga? Há bem pouco tempo foram os Turcos, às voltas com a liderança na região. Perguntaram ao povo mártir da Palestina se está interessado em trocar uns quantos pacotes de arroz pela possivel paz que se negoceia em washinton?

Perante um assunto tão sério e onde tanta gente sofre, os observadores exteriores ao conflito deviam, se estão de boa fé, deixarem as ideologias de lado e manterem uma atitude reservada, tendente a contribuir para o que realmente interessa. A PAZ!
Tudo o resto são atitudes negativas para parceiro ver, entre um bem regado jantar e um último charuto.

PS: Já depois deste texto estar escrito, soube-se que o barco transporta Judeus de diversas nacionalidades e que a moratória não foi prolongada, embora com o pedido que as 2 000 casas autorizadas não sejam construídas. Há coincidências curiosas.
publicado por Luis Moreira às 13:30
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Quarta-feira, 19 de Maio de 2010

O hipercluster do mar!



Luís Moreira

A curto prazo, as 35 empresas reunidas no Forum Empresarial para a Economia do Mar, estabeleceram como objectivos:

Marítimo – portuário – envolve portos,transportes,logística e serviços. Tem um peso no PIB de aproximadamente 3.2 mil milhões de euros, empregando cerca de 76 000 pessoas.É preciso tornar os portos portugueses mais competitivos, especializá-los (são sete) com taxas mais baixas e mudar a fiscalidade, criando o imposto de tonelagem. Hoje a Europa, que tomou estas medidas a tempo e horas domina 40% da frota mercantil do mundo!

Pescas, aquacultura e indústria do Pescado – Pesa no PIB à volta de 2.6 mil milhões de euros, e emprega cerca de 90 000 pessoas. Portugal tem uma enorme comunidade de pesca mas o futuro está na aqualcultura do mar.

Construção e reparação naval – Portugal foi muito forte neste sector, pelo menos na reparação naval. Vale 400 milhões de euros e quase 13 000 pessoas. A crise é que deu cabo da parte da construção.

Turismo náutico – Gera actividades conexas , embora valha só 212 milhões de euros e empregue 5 000 pessoas. Exclui o turismo costeiro, mas inclui actividades tão diversas como náutica de recreio, desportos náuticos e submarinos. O turismo de cruzeiro é o único que se mantem, mas são necessários mais terminais, marinas e postos de amarração e colocar o país nos pontos de entrada ou de saída.

Energia,investigação e cultura – é o que vem depois, precisa de investigação, ainda está mal estudado. A energia eólica offshore é o futuro, bem como as esperanças que se abrem no campo da biologia.

É uma boa notícia, dois anos após o estudo do Prof Hernâni Lopes ” O Hipercluster do Mar”, as empresas privadas terem as actividades marítimas na sua agenda. A má notícia é que tambem já apareceu a Comissão Interministerial para os assuntos do Mar, a funcionar na dependência do primeiro ministro.
A nossa zona exclusiva marítima é a maior da UE e já temos apresentado nas
Nações Unidas o pedido de propriedade sobre a zona continental do mar, envolvendo o Continente, Açores e Madeira.

Mais uma enorme fonte de riqueza a que, por décadas, viramos as costas.
publicado por Luis Moreira às 10:00
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