Desfile de Gomes da Costa e suas tropas após a Revolução de 28 de Maio de 1926
Carlos Loures
Faz hoje 84 anos.
No dia 28 de Maio de 1926, a partir de Braga, desencadeava-se mais um movimento militar. «Mais um», talvez não seja uma definição correcta para o que aconteceu – este golpe não seria uma intentona vulgar como houvera dezenas desde 5 de Outubro de 1910. Este movimento, modificaria radicalmente o País e influenciaria o curso da sua história durante quase meio século.
A República agonizava, sufocava no vómito de mil e uma dissensões: greves, revoltas, assassínios como os da «Noite Sangrenta», múltiplas conspirações. Na Europa, Portugal era ironicamente designado como o «pequeno México». Até alguns republicanos convictos reconheciam a necessidade de pôr ordem no caos.
Presidia Bernardino Machado. De Braga, nessa madrugada saiu uma coluna militar comandada pelo general Gomes da Costa, herói das campanhas africanas e da I Guerra Mundial. As guarnições militares do Porto, de Coimbra, de Santarém, de Lisboa, de Évora, foram aderindo… Aquilo a que se chamaria a Revolução Nacional, triunfou sem quase um tiro ser disparado.
Dias depois, a 6 de Junho, Gomes da Costa desfilava triunfalmente em Lisboa, na Avenida da Liberdade à frente de quinze mil homens. O povo da capital, aplaudia-o freneticamente. A Revolução Nacional deu passagem à Ditadura Nacional. Os espíritos bem pensantes mantiveram a serenidade – tratava-se apenas de arrumar a casa. Mas depois, em 1933, a Ditadura Nacional, supostamente transitória, dava lugar ao Estado Novo referendado e aprovado pela maioria dos cidadãos eleitores. Um Estado Novo, corporativista, anti-parlamentar, católico, com alguma inspiração vinda da Itália fascista, dominado por um ditador mesquinho e tacanho que redesenhou o País à imagem da sua aldeia.
Uma longa noite começou nessa madrugada de 28 de Maio de 1926.