Domingo, 5 de Setembro de 2010

Amar na Galiza e em Portugal - 2, por Raúl Iturra

Cooperativas que têm auxilio de veterinários e técnicos agrícolas, que ensinam a genética das vacas, dá créditos para a construção de estábulos, muito diferentes das quadras medievais, que serviam para animais e aquecimento das casas. Quadras que desaparecem, como o trabalho manual, que passa a ser feito com tractores. Mas a maquinaria não pode ser parte do uso de uma população habituada ao trabalho em grupo, em carro de bois, em carro de mão, com tempo largo para fazer, com tempo curto para cumprir.

E mais curto ainda, para criar uma nova filharada a aprender o uso industrial da agricultura. Diz Pepe de Taboada, o parente de Pilar e o meu amigo por anos, de que é preciso aposentar cedo, para dar lugar aos mais novos ao entendimento do que é agora produzir e fazer as contas. Era mais claro saber a genealogia de uma vaca, do que a da própria família. Por isso é que para Pilar e família, é uma novidade procurar na história dos seus antepassados, quando a estudamos em 1998. Como é para Pepe de Taboada, já nada habituado a gastar tempo em falar da mamã, do papa, dos tios e primos. Estudo que tinha feito na escola quando o professor mandou inquirir a genealogia dos estudantes. Agora, era a genealogia da vaca, para saber raças, cuidados, possíveis doenças, litros que podem dar por dia e qual a época do ano em que esses litros podem ser produzidos. Todo feito, dentro da industria que a cooperativa privada por eles instalada e tributaria da internacional Feiraco de Pontedeume, instala para eles, a conta do que virá a ser produzido a futuro.




O industrial leiteiro nasce já com dívidas a serem pagas pela produção. Produção que pode ser assegurada se o dito proprietário assegura a reprodução humana, como garantia da continuidade da empresa. Pelo qual a lei (1994 e 1995) dispõem que em cada casa fique proprietária da industria, a pessoa mais nova, que garanta a continuidade reprodutiva humana, grupo que demonstre saber do trabalho do leite. Pepe declara invalidez, transfere o seguro da propriedade a sua mulher Josefa Cela, e começa a treinar ao seu filho de doze anos, no saber industrial da produção. E a pensar casar a sua filha de oito anos com uma pessoa de fora, ou fazer de ela uma profissional. Como todos os jovens das casas têm passado a ser. Porque, conforme a lei, as terras devem ter um mínimo de três hectares, quatro vacas e terras contíguas a proprietários que as quiserem juntar para a indústria ter crédito para existir, e receber subvenções.

Pelo qual o matrimónio endogénico de proprietárias de nacos de poucos ferrados, medida galega, equivalente a meia ou um quarto de hectare por casa, tem todo o interesse de juntar, como em Pencahue, propriedades, casando primos consanguíneos entre eles. Bem como limita à família ao nascimento de dois ou três filhos apenas, porque só um pode ser o gestor e proprietário. E a dita lei manda que um crédito de um milhão e meio de pesetas seja destinado a crédito, para retirar de casa aos irmãos que não ficaram a trabalhar na indústria. Eis que Vilatuxe está cheio de profissionais, feitos a partir de 1984, quando se previa que uma mudança curta e rápida podia acontecer nas formas da ter terra. Só que se pensava que seria para os próprios agricultores. Mas, como diz o Presidente do Sindicato de Jovens Agricultores, cunhado de Pilar, o Sr Bazán, Galiza tem que mudar séculos de trabalho, em quatro ou cinco anos. E Pepe de Taboada acrescenta de que o mais difícil, é os agricultores velhos, habituados a um investimento de emigração para instalar tecnologia para a venda de leite a Nestlé. E que esse velhos, como ele diz, nada facilitam e não querem trocar terras para concentrar, dificultando assim, o desenvolvimento da indústria, como estava mandado pela lei. As famílias hoje em dia, são convénios económicos também, onde a emotividade é cultivada pela conveniência de terem terras contíguas, como é o caso de Pepe de Taboada e da sua vizinha Carmen Cela, que de duas filhas, destina uma a Pepe, Carmen Cela como ela, e a outra, fica em casa e casa com um rapaz de fora que sabe agricultura. Essa Carmen Cela que, no grupo de trabalho de faz 26 anos antes, brincava com os seus amigos e comigo, quando apanhávamos folhas secas das árvores, no Outono. E que agora destina o seu tempo a gerir a família para formar indústrias do leite. Muito agricultor desesperado suicidasse na época que eu lá estava, e os filhos, a espera de poder aprender deele, matam-se também por falta de orientação. Muitos pais expulsam os filhos inúteis para o trabalho e casam as filhas com potenciais agricultores, como o caso relatado de Carlitos Fernández, cuja irmã Olga e a proprietária da indústria, mas que não sabem, nem ela nem ele, trabalhar. E o meu amigo Eduardo Fernández Ramos, da raça dos Ferradas do José Ferradas alçado contra a monarquia em 1870 como foi relatado, é obrigado a trabalhar com tractor, e aos seus setenta anos começa a guiar. Como tinha feito a sua cunhada Neves, mulher do seu recentemente defunto irmão, nos anos sessenta, quando Vilatuxe era produto da emigração. As contas feitas com Pepe de Taboada, resultam em 40 tractores para os duzentos lares da Paróquia. Pilar sabe todo isto, o vive e vai largando a agricultura junto com a família, como foi já referido. Para ficarem com uma agricultura de brincadeira, à antiga forma de laborar com cavalos, com arado, charrua e grade, como presenciei.

Da mesma forma de que o diálogo igual de faz 26 anos, acaba por ser desigual a prática do trabalho, diferenciado. E só para três vizinhos e parentes, futuros agricultores industriais apoiados estatalmente: Pepe de Taboada, que tem terras e sabe de raças de vacas e é novo de 49 anos – aposentado por doença combinada; a casa de González ou Canda, de Gondoriz Grande, os parentes de Hermínio, e Neves Arca, a cunhada de esse Eduardo que tenta desenfreadamente de salvar o seu investimento de quinze anos de emigração, que casa a uma das suas três filhas com um possível agricultor. Sabido e conhecido o facto por Pilar e todos os outros, o hábito faz ao monge e a agricultura de subsistência que eu presenciei faz 26 anos, subsiste também para salvar a vida em objectivos e alimentos, embora todo receba uma pensão estatal.

As trocas matrimoniais, são trocas de conveniência, projectadas ao desenvolvimento industrial de uma Galiza que deve ser uma Holanda dentro de dez anos, a partir de 1995. Como diz o Presidente dos agricultores, esse sindicato do Partido Popular, para proprietários novos. Os sindicatos de antes, já não têm razão de ser. Pelo qual a opção de Pilar, é a livre empresa que faz com o marido técnico em electricidade, e ela própria, em musica.





A União Europeia tinha formalmente mudado Vilatuxe em poucos anos. Embora fiquem ainda os rituais, os parentescos, mas não o tempo livre para as trocas de amizade e conversa. Pilar vê que há a Vilatuxe antiga, bem como e a que começa a emergir, e fica pelo meio de transição enquanto os seus pais forem activos e vivos. Porque, ao que pensa, cabe a ela tomar conta deles, a causa dos irmãos serem comerciantes a andarem de um sítio para outro. E os amigos, como a seu antigo colega de Escola, Carlos Varela, que é Técnico em Engenheira nos seus 29 anos, enquanto o seu irmão Jorge é Arquitecto em Barcelona e a sua irmã Blanca, Maestra ou professora primaria, filhos do pedreiro e construtor Amalio Varela e de Rita Ramos filha de Celestino Ramos Ferradas, e Luís Ramos, esse filho de Guilhermo Arca morto aos 45 anos, que é o apoio da sua mãe solteira Rosa Ramos, Mecânico, e Berta e Pedro Tomé, os sobrinhos de o Xastre Novo, Pepe Fernández e Aurora Santomé, filho e nora dos meus amigos alfaiates e lavradores Pedro Fernández O Xastre Velho e Esperanza Bernárdez já defuntos, Maestra e Desenhador em Compostela, e Carmen Montoto Pichel a sua prima filha de António o Ferreirinho sobrinho de Hermínio, Modista, e Mariquinha Fernández, neta do Pedro do Cabo que aos seus trinta anos é medico, e Maria Ferreiroa López, advogado aos seus trinta e um anos, e Florentino Rodríguez, que aos seus vinte e nove é Construtor Civil em Compostela, esse filho segundo dos meus amigos Florentino e Avelina, enquanto o filho mais velho Eládio, é Agricultor, e Fina, filha dos meus antigos vizinhos e amigos Ismael e Saladina Ferreiroa, proprietária e enfermeira, e Luís o filho do meu vizinho contíguo Pepe Gil o Ferreiro , mecânico de profissão e trabalho, e o seu primo José Gregório, esse irmão de Carmen a Modista, que soube casar com Beatriz Ramos, a sobrinha dos irmãos proprietários sem filhos, José e Celso Ramos, cuja herança ela aprendeu a gerir e possuir. Em essa casa grande, elegante, antiga, restaurada á cor dos pergaminhos da família Ramos, que seu estudara 26 anos antes como um café, esse José Gregório comerciante em máquinas de computação para jogos. E tantos, que só posso detalhar em anexo para arrumar o meu pensamento e a leitura do leitor.

Esses todos que vão e vêm. Esses todos que são a velha e a antiga Vilatuxe. Uma Vilatuxe que avança para a agricultura industrial e de fim-de-semana, como faz o Engenheiro de Aguas Luís, filho de Luís Iglesias e de Luz Taboada Medela, a descendente de Ramón Taboada e Maria Medela, comerciantes de ultramarinos y netos de Manuel Medela, o irmão de José António, pai do Hermínio, pai de Pilar. Uma voragem de dados e mudanças em curtos anos, uma voragem de lembranças e de passagem do tempo, de idades que avançam e fazem pensar, de objectivos diferentes a conviver, de classes sociais removidas e alteradas, de crianças que cresceram não apenas no tempo, bem como em sabedoria. Donde, a sua epistemologia retirada da de seus pais permite-lhes serem fruto do experimento da União Europeia, enquanto os seus valores são fruto da experiência. Donde, a ciência entrou a causa das opções feitas por bisavós, avós, pais e eles, num crescendo Haydiniano de Strum und drung (1790-1792). Como Benson (1981) estuda para um bairro de Londres e Gough (1981), para a Índia. Aí onde eu pensava que só Pierre Bourdieu revelava no seu Homo Academicus (1984) e Godelier no seu Meurtre du père. Sacrifice de la paternitè (1994), a sua origem rural e operária. Como fez Richard Hoggart em 33 Newport Street (1988), a sua raça proletária, como a de Anthony Giddens, ao longo da sua obra. Essa análise que Ricardo Vieira faz entre trânsfugas e oblatas (1997). É o que são os intelectuais como seres humanos, a combinarem a cultura de experiência, com a cultura da experimentação, como os meus novos da antiga Vilatuxe, que fazem de ela um sítio em transformação. É o que Pilar é. É o que Pilar percebe. É o que Pilar sabe dos ciclos, a traves do tempo por ela vivido e, agora, estudados comigo no meu reestudo de 1998. O que Victoria é, como já debateram em dados, e o que deve ser Anabela. A qual de novo visitamos, para fechar o entendimento de como a experiência quotidiana não retira a aceitação da Ciência experimental, do entendimento.
publicado por Carlos Loures às 17:07
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1 comentário:
De Anónimo a 6 de Setembro de 2010
Completo quadro dos filhos e filhas da PAC de Vilatuxe.

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