(Continuação)Cena 13Sonhos de amor( Em gravação o fado da “Triste Feia”. Berta, em casa . É jovem e espera por Carlos Deita-se num sofá fingindo dormir .Jogo de sedução entre os dois.)Berta – meu amor
Carlos – minha mulherzinha
Berta – estás feliz?
Carlos – não.
Berta – não? Já não gostas de mim?
Carlos – não.
Berta – sou feia?
Carlos – és.
Berta – tu és mau.
Carlos – sou.
B
erta – vou-me embora
(Ela foge ,ele agarra-a)Carlos – só se me deres um beijo.
Berta – era o que faltava.
Carlos – então, dou eu.
Berta – não quero.
(
Pequena briga. Beijam-se apaixonadamente)Berta – quero ter um filho teu.
Carlos – não pode ser.
Berta – tem de ser, tem de ser.
Carlos – tu sabes que não pode ser. Não temos dinheiro.
Berta – o Carlos da Maia, sem dinheiro ! O Carlos da Maia, heroi da Republica, ex-governador de Macau!
Carlos – querias que eu tivesse feito o mesmo que os outros que estiveram em Macau?
Berta - não digo isso, mas... e o nosso filho, a nossa vida?
Carlos – tu sabes que nós, os que lutámos pela Republica, temos de ser sempre um exemplo de honestidade. Tu conheces os jornais que intrigam contra nós de manhã à noite, para corromper pessoas, para lançarem calúnias contra a gente.
Berta – toda a gente sabe que é mentira.
Carlos – as pessoas sabem, mas calam-se. Lá no fundo, preferem continuar escravos dos antigos senhores a terem que construír o seu próprio futuro. É por isso, que nós temos de ser sempre um exemplo de verdade e de dignidade.
Berta - eu sei, e é por isso que te amo.
Carlos - a vida não há-de ser sempre tão má para o nosso amor.
( Beijam – se. Criada “fecha” cortina)(Continua)