Segunda-feira, 6 de Junho de 2011

A eterna questão do livro -13 - por Carlos Loures

 

 

 

 

 

 

(Continuação)

 

Termino hoje a transcrição de algumas opiniões do editor Peter Mayer sobre a revolução que a introdução de novas tecnologias promete ou ameaça provocar no universo da edição. Note-se que a transcrição não é literal. Digamos que estes textos são baseados na entrevista que concedeu a Juan Cruz, do El Pais. Falou sobre o papel do marketing, muito importante nos nossos dias, mas que, segundo vaticina, em 2020 ou 2030 será insignificante. Em 1995, o papel logístico das distribuidoras era imprescindível. Em 2020 já não o será, pois a distribuição far-se-á de outra maneira.

 

Referindo-se à maneira como a evolução tecnológica Irá afectar a indústria do livro, vaticinou que a literatura de informação será a mais atingida. O preço do livro aumentará muito. De há trinta anos a esta parte, mercê da co-edição, os custos de produção baixaram muito – imagine-se uma obra sobre pintura, com reproduções a cores em todas as páginas e suponha-se que é editada simultaneamente para os Estados Unidos, América Latina e Europa. Para uma cobertura desses mercados fazem-se versões em inglês, castelhano, português, francês e alemão – cinco versões em que as impressões a cor são feitas em simultâneo e só o negro do texto é impresso em separado

 

para cada idioma. Milhões de exemplares que permitem preços unitários baixíssimos.

 

Estabelecendo comparação entre o mundo editorial com os do cinema e da música no que se refere à pirataria, acha que no livro essa actividade não é tão preocupante como no cinema. Na música, a pirataria é desenfreada – a maioria dos jovens pensa que não sendo a música um objecto físico que é grátis. Não tem sequer a noção de estar a cometer uma fraude.

 

Mudará muita coisa, diz Mayer, o que não mudará é o mistério que está por detrás do êxito de um livro. Juan Cruz, refere que Gaston Gallimard, o fundador da editora francesa, afirmou que, após quarenta anos experiência, não sabia dizer o que leva um livro a ter êxito. Existe uma componente de sorte... mas sorte tem-se uma vez ou outra, o instinto de saber escolher o que vai ter êxito é indispensável.

 

E voltamos à questão do instinto do editor - Gallimard disse também que o êxito na selecção de livros é o atrevimento na escolha e o saber esperar. Será verdade, mas uma editora pertencente a um grande grupo não pode esperar. É um privilégio das pequenas editoras.

 

É no entanto provável que o livro de qualidade, cuidadosamente impresso e encadernado, volte a suscitar interesse.

 

Estamos quase no fim deste percurso pelo mundo da edição - o próximo artigo será baseado numa entrevista dada por Umberto Eco.

 

(Continua)

 

 

publicado por Carlos Loures às 21:00

editado por João Machado às 01:46
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